Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AULA 6
2
teologia deve preocupar-se com o diálogo com cada ser humano na busca da
verdade, e, de outro, deve adentrar o universo da fé, tentando penetrar sua
própria lógica e profundidade1 (Pontificia Academia Theologica, 2007, p.4).
Os artigos da fé não são inventados pelos teólogos, mas lhe são
transmitidos pela comunidade eclesial, esta guiada por Deus. A teologia parte da
fé, e ela mesma é um ato de fé, uma fé objetiva eclesial, herdada da tradição
viva da Igreja que se adere a uma fé subjetiva e pessoal. Crer é um ato pessoal,
pois implica o encontro pessoa (Deus) a pessoa (ser humano), no qual Deus se
autocomunica, deixa-se encontrar, e o ser humano responde ao seu chamado.
Nesse aspecto, não se trata de crer em algo, e sim crer em Alguém.
Assim, o traço particular da teologia, resumido no axioma credo ut
intelligam, quer expressar que na teologia eu aceito um presente que me precede
para encontrar dele e nele o acesso à vida real2 (Pontificia Academia Theologica,
2007, p. 6). Por essa razão, a fé é o princípio e o fundamento de uma vida
segundo o Evangelho (Rom. 6, 3-4), e o teólogo é desafiado a fazer de sua
própria vida uma teologia.
TEMA 2 – ESPIRITUALIDADE
nella teologia io accetto un dono che mi precede, per trovare a partire da esso e in esso l’accesso
alla vita vera (Pontificia Academia Theologica, 2007, p. 6).
3
Por essa razão, há uma busca crescente por uma teologia que, mais que
aceite, favoreça a espiritualidade. Consequentemente, há uma resistência a uma
teologia fria e racionalista, desprovida de vigor espiritual, que não afeta a
existência. A crítica sarcástica de Cioran (1991, p. 60), citada por Boff (2015, p.
114), define o teólogo como “um indivíduo que deixou de rezar, para estudar
Deus”.
TEMA 3 – INTELECTUALIDADE
TEMA 4 – ECLESIALIDADE
5
parece mais significativa para o teólogo obter intuições sobre a palavra e a obra
de Deus, sendo que aí é o contexto essencial e um ponto de referência para
suas indagações e interpretações. A comunidade enriquece a teologia, a qual se
empobrece quando se torna unilateralmente crítica às manifestações populares
dos crentes. O que os crentes professam como verdade é critério para validade
de um ensinamento.
O teólogo que serve à comunidade de fé terá que levar em conta as
dimensões locais, regionais e universais dela, utilizar as tradições e o sensus
fidei da Igreja, que constitui o contexto imediato do seu trabalho, e ler as fontes
cristas a partir do ambiente cultural, a fim de que a mensagem possa ser
anunciada de formas adequadas.
Vale ressaltar o caráter social da Igreja, como bem menciona Romano
Guardini, ao afirmar que a ela não é a soma dos indivíduos, mas um movimento
que deles procede. Uma verdadeira coletividade é algo mais que um simples
agrupamento, mas consiste numa vasta estrutura vivente, da qual cada indivíduo
é membro (Mondin, 1979, p. 85).
3
Discurso do Papa Francisco à Associação Teológica Italiana. Sala Clementina. 29 de dezembro
de 2017. Disponível em:
<https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2017/december/documents/papa-
francesco_20171229_associazione-teologica-italiana.html>. Acesso em: 30 jan. 2019.
6
dos temas refletidos e leve em conta algumas “regras hermenêuticas”
particulares, como aponta Boff. São elas:
7
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
Para encerrar o que até aqui foi abordado a respeito do perfil do teólogo,
vale tomar como coroamento o texto de uma autoridade maior, e a escolha foi
um texto clássico de Santo Agostinho:
8
REFERÊNCIAS