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GEOFÍSICA, GEOLOGIA E ENGENHARIA SANITÁRIA & AMBIENTAL

CNPJ: 28.941.675/0001-54

LAUDO TÉCNICO HIDROGEOLÓGICO PARA


CONSTRUÇÃO DE POÇO TUBULAR

NO BAIRRO SÃO CRISTÓVÃO MUNICÍPIO DE


BELTERRA - PARÁ

Bairro: São Cristóvão

Cidade: Belterra

Belterra – Pará
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CNPJ: 28.941.675/0001-54

Equipe Técnica:

Janice Paiva de Sousa


Geóloga e Técnica Responsável
CREA-PA nº 1514664844

André Rogério da Silva Caldeira


Engenheiro Sanitarista e Ambiental
CREA-PA nº 1517542782

Iverson Costa Moya da Silva


Geofísico
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SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................... 5
2 – LOCALIZAÇÃO .................................................................................................. 5
2.1 - Localização do Furo do Poço ............................................................... 6
3 – GEOLOGIA REGIONAL ................................................................................. 6
3.1 - Bacia do Amazonas ................................................................................... 6
3.2 - Grupo Javari .................................................................................................. 7
4 – GEOLOGIA LOCAL ........................................................................................ 11
5 – HIDROGEOLOGIA......................................................................................... 13
5.1 - Aspectos gerais ......................................................................................... 13
5.2 - Aquíferos ....................................................................................................... 13
5.2.1 - Classificação dos aquíferos .......................................................... 13
5.3 - Aquífero Alter do Chão ......................................................................... 15
6. MODELO CONCEITUAL PARA PERFURAÇÃO DE POÇO EM
BELTERRA ................................................................................................................. 16
6.1 – Característica dos Poços em Belterra ......................................... 16
6.2 – Justificativa para profundidade da perfuração ..................... 18
7 - CÁLCULO DA ESTIMATIVA ...................................................................... 24
7.1 - Parâmetros do Projeto(Dimensionamento para 20 anos)
– Previsão para 2038 ........................................................................................ 24
7.2 - População Atual e Futura do Projeto ........................................... 24
8 – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS PARA CONSTRUÇÃO DE POÇO
TUBULAR PROFUNDO ........................................................................................ 25
8.1 – Objetivo ........................................................................................................ 25
8.2 - Projeto construtivo do poço .............................................................. 25
8.3 – Preparação do canteiro de obra e acessos .............................. 25
8.4 – Perfuração ................................................................................................... 26
8.5 - Perfuração do Furo Piloto ................................................................... 27
8.6 - Fluído de Perfuração .............................................................................. 27
8.7 - Perfilagem Geofísica .............................................................................. 28
9 – COMPLETAÇÃO DO POÇO ........................................................................ 28
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9.1 - Revestimento: Instalação de tubos de revestimento e


filtro ............................................................................................................................. 28
9.2 - Pré-filtro: Instalação ............................................................................. 31
9.3 - Cimentação Sanitária ............................................................................ 32
9.4 - Limpeza .......................................................................................................... 32
9.5 - Laje de proteção ....................................................................................... 32
10 – DESENVOLVIMENTO DO POÇO.......................................................... 32
11 - TESTE DE PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO ....................................... 33
11.1 - Teste de produção ................................................................................ 33
12.2 - Teste de recuperação ......................................................................... 34
13 – ENSAIO DE VERTICALIDADE E ALINHAMENTO ...................... 34
13.1 – Requisitos para o Ensaio ................................................................. 34
14 – PROTEÇÃO E QUALIDADE DE ÁGUA ............................................... 34
14.1 - Desinfecção do Poço ........................................................................... 35
15 – COLETA DE AMOSTRA DE ÁGUA PARA ANÁLISES ................. 35
16 – TAMPONAMENTO DO POÇO ................................................................ 36
17 – CONDIÇÕES GERAIS ............................................................................... 36
17.1 - Relatório Diário de Execução........................................................ 36
17.2 - Relatório final .......................................................................................... 36
17.3 – Fiscalização .............................................................................................. 37
17.4 - Recebimento do Poço ......................................................................... 37
17.5 - Itens a Cotar ............................................................................................ 38
18 - CROQUI CONSTRUTIVO E LITOLÓGICO ....................................... 38
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 39
APÊNDICE ................................................................................................................. 41
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1 – INTRODUÇÃO
Este relatório estabelece procedimentos e detalhes técnicos
para a construção de um Poço Tubular Profundo com profundidade
estimada de 280 m, localizado no bairro São Cristóvão município de
Belterra-Pará, para implantação do microssistema de abastecimento
de água. Os trabalhos serão desenvolvidos em conformidades com as
normas técnicas da ABN/ NBR 12.244 e 12.212, que dispõe sobre as
normas para construção e projeto de poço para captação de água
subterrânea. Cujo objetivo é definir e especificar os procedimentos
técnicos para a construção de um poço tubular, afim de melhorar a
qualidade de vida da população da cidade de Belterra e, ampliar a
oferta da água encanada dentro dos índices de potabilidade.

2 – LOCALIZAÇÃO
O município de Belterra localiza-se na região Oeste do Pará e
pertence à mesorregião do Baixo Amazonas paraense e microrregião
de Santarém, distando cerca de 870 Km da capital e 45 Km da cidade
de Santarém.

Município: Belterra

Estado: Pará

Sigla: PA

Região: Norte

Latitude: 02º 38' 11" S

Longitude: 54º 56' 14" W

Altitude: 152m

Área: 2640,6 Km2

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2.1 - Localização do Furo do Poço

O local de perfuração será na área urbana do município,


especificamente rua Pastor José Menezes, bairro de São Cristóvão sob
coordenadas geográficas 2°38’28,46’’S/ 54°56’6,94’’W (Figura 01).

Figura 1- Mapa de Localização da Perfuração do Poço

3 – GEOLOGIA REGIONAL
3.1 - Bacia do Amazonas
A Bacia do Amazonas ocupa uma área de aproximadamente
500.000 km², abrangendo parte dos estados do Amazonas, Pará e
Amapá. Limita-se a norte pelo Escudo das Guianas e a sul pelo
Escudo Brasil Central. De acordo com Caputo (1984), a configuração
atual da Bacia do Amazonas é resultado do agrupamento das bacias
anteriormente denominadas de Médio e Baixo Amazonas. No

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depocentro, a bacia apresenta espessura sedimentar com cerca de


5.000 m (Cunha et al., 1994).

A Bacia do Amazonas encontra-se sobre a litosfera rígida


(cristalina), com típica característica intracratônica. Diferente das
demais bacias Paleozoicas, a Bacia do Amazonas não foi implantada
sobre estruturas brasilianas, pois localiza-se sobre o Cráton
Amazônico de idade Pré-Cambriana (Cordani et al., 1984). Segundo
Cunha et al (1994), nos 5.000 m de preenchimento sedimentar
podem ser distinguidas duas sequências de primeira ordem:
Paleozóica, sendo esta cortada por diques e soleiras de Diabásio Jur-
Triássico e, outra Meso-Cenozóica. Figura 02. A primeira sequência
engloba os Grupos Purus, Trombetas, Urupadi, Curuá e Tapajós; a
segunda o Grupo Javari, sendo este grupo descrito por sua ocorrência
no município de Belterra.

3.2 - Grupo Javari

O Grupo Javari, de acordo com Eiras et al. (1994) reúne


sedimentos clásticos flúvio-lacustres dos quais integram a sequência
Cretácea-Terciária vinculada a orogenia Andina. Possui duas
principais formações, Solimões depositada no período
MiocenoPlioceno e Alter do Chão, Neo-Cretácea. O Grupo encontra-se
presente nas bacias de Solimões e Amazonas (VASQUEZ & ROSA-
COSTA, 2008).

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Figura 2 - Formação Alter do Chão Espessura máxima 1250 metros. Diagrama estratigráfico da Bacia do Amazonas (Cunha et al., 2007)
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3.2.1 - Formação Alter do Chão

Definida primeiramente por Kistler (1954), é representada por


uma enorme variedade de argilitos, incluindo caulins, subordinados a
uma fração de conglomerados, arenitos avermelhados e brechas
intraformacionais. É atribuída a essa unidade um sistema eposicional
continental no qual ocorre em discordância com algumas unidades
paleozoicas das bacias de Solimões e Amazonas.
No estado do Pará esta Formação ocorre desde sua fronteira
com o estado do Amazonas a oeste, até a borda da bacia do Marajó a
leste, abrangendo uma área de aproximadamente 9.870 km2, sendo
aflorante nas cidades de Faro, Oriximiná, Óbidos, Juruti, Terra Santa,
Santarém, Alenquer, Aveiro, Prainha, Brasil Novo, Vitória do Xingu,
Senador José Porfírio e Porto de Moz (Figura 3).

Figura 3 - Formação Alter do Chão

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A sequência litológica da Formação Alter do Chão apresenta


arenitos, argilitos, conglomerados subordinados e níveis de laterita
(TANCREDI, 1996). Os arenitos são finos a médios, geralmente com
estratificação cruzada, sendo de cor vermelha a variegada, com
intercalações argilosas. Os argilitos têm cores vermelha, creme,
branca, roxa, variegada, sendo pouco consolidados e com lentes de
areia. Os conglomerados possuem seixos de quartzo claro de até 5
cm de diâmetro e seixos de quartzo leitoso de até 15 cm de
diâmetro. Ocorre ao norte do rio Amazonas ainda um arenito de
textura média, com cimento caolínico e silicoso, branco, geralmente
manchado de vermelho, consistente, com impregnações de óxido de
ferro, tendo sido considerado por muito tempo como arenito Manaus.
Entretanto, o mesmo constitui um horizonte da Formação Alter do
Chão (TANCREDI, 1996).

Figura 4 -Poços de perfuração petrolífera realizados pela Petrobras

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4 – GEOLOGIA LOCAL
O contexto geológico desta região é representado
principalmente pelos sedimentos clásticos da formação Alter-do-
Chão, a qual ocorre em boas exposições no baixo curso do Rio
Tapajós e em outros locais e pelos depósitos aluviais quaternário.
Após os estudos realizados pela PETROBRAS houve um melhor
conhecimento da Formação Alter do Chão, definida a partir de uma
perfuração petrolífera na localidade de Alter do Chão (Figura04).
Essa formação é pobre em fósseis. Sua idade neocretácea foi baseada
em um dente de dinossauro terópodo, encontrado em uma
perfuração petrolífera em Nova Olinda e seu posicionamento
corresponde à idade Eoceoanomaniana a Maastrichtiana. Os estudos
micropaleontológicos mais recentes a esta descoberta indicaram que
a deposição se iniciou no Albiano Médio ou Inferior (Cretáceo
Inferior), estendendo-se pelo Cenomaniano e Turoniano (Cretáceo
Superior).

Analisando-se o perfil geológico de um poço petrolífero no


âmbito da Formação Alter do Chão, perfurado na vila homônima e em
Belterra (Figura 5), pode-se definir sua litologia como
predominantemente arenosa, com uma espessura de um pouco mais
de 600 metros. A litologia apresenta em sua parte superior um
capeamento argiloso com uma sequência arenosa, esta com níveis
argilosos e lentes de seixo em matriz arenosa. Este capeamento é
constituído de argilas de cor amarelada a creme, vermelha, as vezes
claras, caolínicas, argilas siltosas de coloração roxa e níveis de
laterização. Esta parte superior está situada nos platôs e atingem
espessura de mais de 50 metros. A sequência arenosa subsequente
apresenta níveis argilosos e lentes de seixos em matriz arenosa. As
areias e arenitos são de cor creme e clara, as vezes vermelhas com
granulometrias e seleções variadas e apresentam estratificações

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cruzadas. Estes sedimentos apresentam-se inconsolidados ou pouco


consolidados.

Os depósitos aluviais do quaternário são constituídos por seixos


e areias, claros, do Rio Tapajós e seus pequenos afluentes nessa
área. Mais ao sul, a Planície de inundação do Rio Amazonas é
constituída por areias, siltes e principalmente argilas. Estes
sedimentos apresentam coloração cinza.

Figura 5 - Perfis de poços petrolíferos que atravessam


a Formação Alter do Chão. FONTE: Tancredi (1996)

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5 – HIDROGEOLOGIA

5.1 - Aspectos gerais

Na região de Belterra, as distribuições dos recursos de água


subterrâneas são controladas pela litologia, e estruturas das rochas
sedimentares pertencentes essencialmente à Formação Alter do
Chão.

Após a infiltração no terreno, a água subterrânea desloca-se


dos níveis de energia hidráulicas mais altos para os mais baixos,
devido principalmente às diferenças de nível e pressão. Com isso, as
rochas da crosta terrestre armazenam e conduzem a água
subterrâneas constituindo os sistemas hidrológico.

5.2 - Aquíferos
São formação geológicas com suficiente permeabilidade e
porosidade interconectadas para armazenar e transmitir quantidades
significativas de água, sob gradientes naturais. No campo de
perfuração de poços significa quantidades que são economicamente
viáveis. Para um poço municipal típico, isso pode significar vazões de
1000 a 4000 m³/dia.

5.2.1 - Classificação dos aquíferos


Os aquíferos podem ser classificados com confinados e não
confinados, dependendo da presença ou ausência de um lençol
freático (Figura 06). Um lençol freático, também conhecido como
superfície freática, é a superfície superior a zona de saturação que
esta em contato direto com a pressão do ar atmosférico, através dos
espaços vazios no material geológico. A profundidade até essa água
pode ser de menos de 10 metros em regiões úmidas.

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O termo “não confinado” significa que a superfície freática não


esta confinada ou impedida de movimentar-se para cima e para
baixo, através de materiais menos permeáveis, tais como camadas
de argilas. Aquíferos não confinados são usualmente os primeiros
materiais saturados encontrados em programa de perfuração.
Dependendo da extensão e da espessura saturada, os aquíferos não
confinados podem ser fontes adequadas para poços residenciais
individuais. Eles são inadequados como fontes para poços municipais
bombeando por longos períodos.

Figura 6 - Tipos de Aquífero

Um poço confinado pode fornecer água para grandes


populações por um longo período e dependendo da topografia pode
ser necessário realizar perfuração a grandes profundidades. Aquíferos
confinados são ideais para abastecimento de comunidades e
principalmente para suportar o crescimento demográfico.

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5.3 - Aquífero Alter do Chão

Os aquíferos são construídos por areias finas a médias do


quaternário e areias e arenitos de granulação fina a grossa e
conglomerados da Formação Alter do Chão.

Os aquíferos do quaternário situam-se em planícies aluviais dos


principais igarapés, em seus baixos cursos. Suas espessuras máximas
atingem em torno de 20 metros, tendo pequena representatividade
espacial.

O sistema hidrogeológico da formação Alter do Chão estende-se


por toda a área, com espessura em torno de 600 metros. Os
aquíferos atingem espessuras totais de 480 metros e são constituídos
por uma sucessão de camadas arenosas, com permeabilidade e
espessura variáveis, intercaladas com a aquicludes e aquitardes de
pequenas espessuras. Estes aquíferos representam cerca de 80 % do
sistema hidrogeológico.

A formação Alter do Chão (Figura 07), na região, encerra dois


sistemas de aquíferos principais. A parte superior é constituída por
um aquífero livre e a parte inferior por aquíferos confinados.

Devido o espesso pacote de rochas sedimentares da Formação


Alter do Chão, o volume dos espaços porosos permite o
armazenamento de grande quantidade de água, essa reserva da água
subterrânea constitui a quantidade de água mobilizável existente nos
aquíferos. A reserva de água subterrânea se dá por meio de: reserva
reguladora, reserva permanente e recurso explotável. A reserva
reguladora abrange o volume de água compreendido entre os níveis
máximo mínimo do aquífero livre, ou seja, o volume de água
compreendido entre os níveis de flutuação sazonal do aquífero livre. A
reserva permanente consiste no volume de água armazenada abaixo

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do nível mínimo do aquífero livre, ou seja, abaixo do nível de


flutuação sazonal do aquífero livre. O recurso explotável representa a
fração do volume total da água subterrânea que pode ser utilizado,
sob as condições de viabilidade técnica, ambiental e econômica.

Figura 7 - Aquífero Alter do Chão

6. MODELO CONCEITUAL PARA PERFURAÇÃO DE POÇO EM


BELTERRA

6.1 – Característica dos Poços em Belterra

Em Belterra a formação Alter do Chão abrange todo o limite


territorial do município. Na área urbana as altitudes variam entre 150
e 180 metros acima do nível do mar, o que requer acessar grandes
profundidades para captar dos aquíferos confinados. A maioria dos
poços sob registro da prefeitura encontram-se com profundidades
que variam entre 100 e 170 metros aproximadamente (Figura 9).

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Figura 8 - Poços sob registro da Prefeitura de Belterra

Os poços STR – 13, STR – 15 e STR – 17, são os poços


profundos mais próximos do ponto de perfuração indicado pela
Prefeitura de Belterra (Figura 08). O poço STR – 13, fica localizado
no final da Rua Frei Vicente (2°37'36.03"S, 54°56'7.97"O) e possui
vazão de 30 m³/hora após a estabilização (Fonte: SIAGAS), com
nível estático em 130 metros. O poço STR – 15 fica localizado entre a
Estrada 1 e Estrada 8 (2°38'15.04"S, 54°54'6.96"O) e possui vazão
após a estabilização de 22 m³/hora (Fonte: SIAGAS), com nível
estático em 80 metros. O poço STR – 17, o mais próximo ao ponto de
perfuração, fica localizado na Estrada 1 próximo a travessa
Constelação (2°38'14.03"S, 54°55'39.97"O) e possui vazão após a
estabilização de 20 m³/hora (Fonte: SIAGAS), com nível estático em
80 metros.

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Figura 9 - Localização do Ponto de Perfuração e comparação com poços perfurados pela


Prefeitura de Belterra. Fonte: Google Earth

Por meio de um estudo realizado nas cidades de Santarém e


Belterra, Tancredi (1996) cadastrou dois poços petrolíferos que
atravessam a Formação Alter do Chão com 527 m em Alter do Chão e
603 metros em Belterra (Figura 10).

6.2 – Justificativa para profundidade da perfuração


Nos poços perfurados em Belterra com registro no SIAGAS não
há menção quanto a capacidade de fornecimento dos aquíferos bem
como discriminação e localização dos reservatórios. Também não
foram fornecidos dados precisos quanto a formação geológica e nem
houve o trabalho de prospecção geofísica da área. A prospecção
geofísica associada ao estudo geológico aumenta a precisão das
informações. Os projetos quando elaborados com esses dados obtidos
pela geofísica tendem a ser mais precisos principalmente quanto aos
custos com sondagens e aquisição de materiais.

Assim sendo, buscou-se referência aos registros de poços


tubulares profundos localizados em Santarém. Os poços 4ST-02, 4ST-
04 e 4ST-06 ficam localizados na região de abastecimento da

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Cosanpa Irurá (Figura 10) e estão respectivamente a 12m, 18m e


19m de altitude e possuem 160m, 160,50m e 200m de profundidade.

Figura 10 - Geolocalização dos poços 4ST-02, 4ST-04 e 4ST-06.

De acordo com o relatório de perfuração dos poços 4ST-02,


4ST-04 e 4ST-06, fornecem um esboço hidrogeológico da região
permitindo distinguir dois aquíferos: um superior em condições de
pressão livre (freático) e outro inferior confinado, que constitui um
conjunto de duas ou três camadas aquíferas que possivelmente se
intercomunicam hidraulicamente, devido a descontinuidade dos
horizontes argilosos que as separam.

A Figura 12 mostra a presença do aquífero confinado entre 90 e


100 metros de profundidade. Indica também que os poços tubulares
vão bem além dessa profundidade chegando a mais de 150 metros e
alcançando depósitos mais abundantes.

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Figura 11 - Poço COSANPA no município de Belterra.

Outra variável inserida foi as informações já existentes


sobre sondagens dos poços petrolíferos da Petrobrás. Especificamente
em Belterra onde a altitude fica a 150 m acima do nível do mar,
observa-se na sondagem que o perfil do poço cavado apresenta entre
0 e 150 m observa-se características litológicas idênticas aos perfis
registrados pelas perfurações da Cosanpa em Santarém.
Quando comparados os poços é possível ver a diferença de
disposição entre estes, ocasionadas pela altitude. Por estar inseridos
na Formação Alter do Chão e retiradas as diferenças de altitude é
possível presumir a profundidade para perfuração (Figura12).

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Figura 12 - Seção geológica esquemática da Formação Alter do Chão na região de Santarém. FONTE: Tancredi 1996.

Com base no perfil litológico descrito por Tancredi (1996) é


possível ter melhor visão do alcance dos poços e da projeção do poço
a ser perfurado (Figura 13).

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Figura 13 - Representação dos Poços perfurados pela Prefeitura de Belterra e pela Cosanpa
(Santarém) com comparação entre profundidade e altitude

Na projeção é possível notar que a 280 metros o poço alcança


a mesma zona em que se encontram os poços registrados pela
Cosanpa, mas com uma menor profundidade em relação ao nível do
mar. Esse alcance possibilitará maior perenidade do poço a ser
perfurado e maior segurança da água captada.
A localização fornecida pela prefeitura para perfuração do poço
tubular está situada em ponto central da Cidade distante à 1,65 Km
do Cemitério (2°39'2.85"S/54°56'47.63"O) e 2,11 Km do Lixão
(2°39'15.54"S/ 54°56'56.46"O), ambos a 162m de altitude. Uma
altitude menor em relação ao ponto de perfuração o que favorece o

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deslocamento hídrico contrário ao poço, mas que requer


monitoramento devido a curta distância.

Figura 14 - Distância entre o cemitério e o lixão para o local de perfuração do poço.

Os poços perfurados encontram-se entre 100 e 170 metros de


profundidade, porém em regiões muito elevadas. Para estimar o
alcance do poço a ser cavado, levou-se em consideração sua
finalidade: atender um bairro com 150 famílias com projeção de
aumento para 800 em 20 anos.

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7 - CÁLCULO DA ESTIMATIVA
7.1 - Parâmetros do Projeto(Dimensionamento para 20 anos)
– Previsão para 2038

• Número de famílias projeto.......................242 famílias


• Número de pessoas por famílias.................5 habitantes
• Coeficiente do dia de maior consumo......................1,50
• Coeficiente do dia e hora de maior consumo............1,20
• Consumo per capita.................................150L/hab. dia
• População no Bairro em 2038.................................1210

7.2 - População Atual e Futura do Projeto

Para o dimensionamento, considerou-se o número atual de


residências existentes de prédios na localidade (casas, escolas,
igrejas...), que serão beneficiados diretamente pela implantação do
microssistema, adotando-se como per capita habitacional 5
hab./residência. Para os cálculos as unidades do sistema serão
consideradas a taxa de crescimento no município de Belterra de 3,0
% ao ano, em consonância com a taxa de crescimento do restante do
Pará (IBGE, 2007) e o tempo de alcance do projeto de 20 anos.

Tabela 1 - População Atual e Futura do Projeto

Ano População Ano População


2018 670 2028 900
2019 690 2029 927
2020 711 2030 955
2021 732 2031 984
2022 754 2032 1013
2023 777 2033 1044

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2024 800 2034 1075


2025 824 2035 1107
2026 849 2036 1141
2027 874 2037 1175
2038 1210

Para o cálculo da população de projeto adotou-se um período


de 20 anos com crescimento populacional anual de 3,30% (fonte:
IBGE, 2010).

8 – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS PARA CONSTRUÇÃO DE POÇO


TUBULAR PROFUNDO
8.1 – Objetivo
Especificar os procedimentos técnicos para a construção de um
poço tubular profundo, destinado à captação de água subterrânea
para abastecimento público, no bairro São Cristóvão, município de
Belterra – PA.
8.2 - Projeto construtivo do poço

Sendo a área relacionada ao projeto, constituída de material


sedimentar a profundidade estimada do poço nesta região é da ordem de
280 m e a vazão em torno de 150m³/h, o nível dinâmico estimado é da
ordem de 80 m.

8.3 – Preparação do canteiro de obra e acessos


Os serviços preliminares referem-se a limpeza do terreno,
instalação do barraco, escavação dos tanques de sucção,
sedimentação, canaletas e fossa negra.

O canteiro de serviço deve ser projetado e executado levando-


se em conta a proporção e característica do poço tubular a ser
perfurado, cuja locação será feita pelo fiscal, em área livre. O local da

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perfuração deverá ser preparado para instalação da perfuratriz,


ferramentas, acessórios, materiais, unidades de apoio, bem como
para construção dos tanques de sucção, sedimentação e canaletas de
escoamento do fluido de perfuração, fossa negra e manobras
operacionais.

A disposição dos equipamentos, ferramentas, acessórios e


materiais deverão obedecer a critérios de organização e praticidade,
de modo a não prejudicar nenhuma das fases da construção do poço
tubular.

As escavações dos tanques, canaletas e fossa negra deverão


ser executadas, de acordo com as recomendações a seguir:

− tanque de sedimentação: volume correspondente a 50% do volume


de material a ser retirado na perfuração do poço tubular;

− tanque de sucção: volume correspondente a 50% do volume do


tanque de sedimentação;

− canaleta: volume correspondente as dimensões 10,00 x 0,20 x


0,15m (comprimento, largura e altura).

Após a conclusão da obra a empresa deverá retirar do local, às suas


expensas, toda e qualquer sucata e detritos proveniente da
construção do poço tubular, deixando a área completamente limpa,
recompondo-a à sua condição original, de forma a restabelecer o bom
aspecto local.

8.4 – Perfuração
A perfuração deverá ser feita pelo método rotativo, por tratar-
se de formação sedimentar, com circulação direta de fluído de
perfuração, a base de bentonita. A perfuração será iniciada no
diâmetro de 12 1/4', até a profundidade de 15 m, onde será instalado

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o tubo de boca, no diâmetro de 12'' e 15 m de comprimento. A


perfuração, a partir de 10 m, será executada no diâmetro de 8" até a
profundidade de 280 m. Os equipamentos a serem utilizados deverão
conter elevada potência, para que se atenda o projeto básico do
poço.

8.5 - Perfuração do Furo Piloto


Inicialmente será realizado um furo, o mesmo deve ter
diâmetro de perfuração do furo piloto de 12 ¼”, com amostragem a
cada 2 metros e anotações do topo e base das camadas, dando
prosseguimento deverá ser executada a perfilagem geofísica e o
alargamento para um diâmetro maior.

Para descrição da litologia com amostragem do material


perfurado através de coleta de "amostras de calha" em intervalos
iguais e sucessivos, anotando-se o tempo de penetração desses
intervalos; essas amostras serão posteriormente descritas, de acordo
com profundidades de topo e base e, em seguida, embaladas em
sacos plásticos apropriados e devidamente etiquetados.

8.6 - Fluído de Perfuração


A contratada deverá instalar circuito de lama composto de
tanque de lama, com caixas de decantação de areia posicionadas
antes do tanque de sucção. A profundidade do tanque de sucção
deverá ser tal que a válvula de pé da bomba de lama fique a 1,5 m
(um metro e meio) do fundo do tanque de lama. Deverá compor o
circuito do fluido de perfuração uma caneleta interligando o furo aos
tanques de decantação e de sucção. O volume do conjunto deverá ser
o dobro do volume final do poço, ou seja, 13m³ de fluido. Além do
preparo do fluido de perfuração a base de bentonita para a
perfuração até 280 metros para instalação do tubo de boca e
revestimento geomecânico do poço.

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8.7 - Perfilagem Geofísica


Visando uma melhor avaliação das condições de captação, o
poço poderá ser perfilado em sua extensão utilizando-se os seguintes
métodos: Raios – Gama (R- Gama), Resistência Elétrica (RE) e
Potencial Espontâneo (SP). Cujo objetivo é a melhor localização dos
revestimentos e filtros ratificando ou retificando o perfil litológico
elaborado através da coleta de material de calha e definições das
propriedades físicas das camadas identificadas no perfil. Tais
informações auxiliarão nas descrições litológicas, e no tempo de
perfuração para comporem o Perfil Composto.

9 – COMPLETAÇÃO DO POÇO
9.1 - Revestimento: Instalação de tubos de revestimento e
filtro

INSTALAÇÃO:

• ABNT NBR 12.212 - Projeto de poço para captação de


água subterrânea.

• ABNT NBR 12.244 - Construção de poço para captação de


água subterrânea.

Na elaboração deste projeto do poço tubular admite-se que, para a


vazão de exploração prevista do poço, o diâmetro da câmara de
bombeamento – componente do revestimento do poço tubular,
deverá cumprir os seguintes parâmetros, como mostra a tabela a
seguir.

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Tabela 2 - Parâmetros para revestimento do poço tubular

Para que a coluna de revestimento se mantenha equidistante


da parede do poço, facilitando a descida do pré-filtro, é fundamental
o uso de centralizadores. A instalação deverá obedecer a cuidados
especiais, de modo a evitar deformações e/ou rupturas do
revestimento, que venha comprometer ou dificultar a instalação do
conjunto motobomba. A descida do revestimento deverá ser realizada
em etapa única após o condicionamento do poço. O condicionamento
do poço constará de circulação da lama por um período suficiente
para deixá-la na menor viscosidade possível, para garantir limpeza do
poço.

FABRICAÇÃO:

• ABNT NBR 13.604 - Filtros e tubos de revestimento em PVC


para poços tubulares profundos.

ENSAIOS:

• ABNT NBR 13.605 - Filtros e tubos de revestimento em PVC


para poços tubulares profundos – Determinação Dimensional.

• ABNT NBR 13.606 - Filtros e tubos de revestimento em PVC


para poços tubulares profundos – Determinação do Módulo de
elasticidade à flexão.

• ABNT NBR 13.607 - Filtros e tubos de revestimento em PVC


para poços tubulares profundos – Verificação da Flexão ao Impacto.

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• ABNT NBR 13.608 - Filtros e tubos de revestimento em PVC


para poços tubulares profundos – Verificação do desempenho da
junta roscável.

• ABNT NBR 13.609 - Filtros e tubos de revestimento em PVC


para poços tubulares profundos – Verificação da resistência à tração
das juntas.

• ABNT NBR 13.610 - Resinas de PVC – Determinação do valor K.


O poço será revestido, com tubo e filtro de PVC Geomecânico
nervurado, Tipo Reforçado de 12’’ de diâmetro, sendo 280 m de
revestimento de PVC Geomecânico, Tipo Reforçado, de 8" de diâmetro,
com ranhura de 0,50 e 0,75 mm (respectivamente), conforme a tabela 01
abaixo.

REVESTIMENTO/FILTRO DIÂMETRO PROFUNDIDADE


(M)

Plástico 8 pol 10 - 172


geomecânico

Filtro geomecânico 8 pol 172 -176

Plástico 8 pol 176 -180


geomecânico

Filtro Geomecânico 8 pol 180 -200

Plástico 8 pol 200- 204


geomecânico

Filtro Geomecânico 8 pol 204 - 208

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Plástico 8 pol 208 - 212


geomecânico

Filtro Geomecânico 8 pol 216 - 260

Pedras 8 pol 260

Tabela 02 - Composição da coluna de revestimento do poço

9.2 - Pré-filtro: Instalação

Após o alargamento, será descida a coluna de revestimento e


filtros e posteriormente executado o encascalhamento do pré-filtro
que deve ficar do fundo até cobrir a coluna de filtro menos profunda.

Pretende-se instalar no espaço anular do poço, pré-filtro,


constituído de material quartzoso, sub-arredondado, lavado e
selecionado no intervalo granulométrico de 1.00 a 4,00 mm,
adequado a ranhura do filtro e a granulometria do aquífero. O mesmo
será instalado pelo sistema de "Contra Fluxo", que consiste na
injeção de fluido de perfuração através de uma haste de perfuração
acoplada a boca do revestimento do poço; esse fluido retorna pelo
espaço anelar do poço, o que possibilita o acamamento do pré-filtro
uniformemente até a superfície do terreno. A função primordial do
pré-filtro é reter material terrígenos provenientes dos aquíferos
perfurados, com o objetivo de preservar a integridade do
equipamento bombeador, que venha a ser instalado no poço.
Secundariamente promove estabilidade mecânica ao conjunto
revestimento e filtro e das paredes do furo do poço.

Observado a estabilização do pré-filtro é realizada a cimentação do


espaço anular do poço, espaço entre a parede de perfuração e a coluna de
revestimento, desde a superfície até a camada confinante do aquífero e

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como última etapa de construção do poço temos a execução da laje de


proteção sanitária.
9.3 - Cimentação Sanitária

Deverá ser realizada a cimentação para proteção sanitária,


situada no espaço anular entre o tubo de revestimento e a parede de
perfuração, de 10 m de profundidade até a superfície do terreno, com
objetivo de evitar infiltração de águas superficiais que possam
contaminar a água contida nos aquíferos explorados. No período de
48 horas, não poderá ser realizado nenhum serviço no poço.

9.4 - Limpeza
Segue-se a limpeza com hexametafosfato de sódio que deve
ser colocado por um período de 12 horas para fazer a solubilização do
fluido de perfuração existente nos filtros e camada filtrante,
desinfecção com hipoclorito de sódio e o desenvolvimento através de
bombeamento para remoção do material solubilizado e execução do
ensaio de bombeamento para definição dos níveis estático e dinâmico
do poço.

9.5 - Laje de proteção


Deverá ser construída laje de proteção na boca do poço,
envolvendo o revestimento. Essa laje deverá ter declividade do centro
para a borda, com espessura mínima de 15 cm e área não inferior a 1
m². O revestimento deverá ficar saliente 0,50 m acima da laje, com
objetivo de evitar possíveis infiltrações de efluentes, que possam
contaminar o aquífero.

10 – DESENVOLVIMENTO DO POÇO
O desenvolvimento do poço deverá ser feito, inicialmente, com
a troca do fluído de perfuração por água limpa, lentamente. O
desenvolvimento deverá ser iniciado através do método “Air-lift”,

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podendo ser complementado com uso de polifosfatos quando da


utilização de fluído de perfuração a base de bentonita.

Não será permitido o uso de pistoneamento no poço.

O compressor que deverá ser utilizado para limpeza do poço


deve possuir uma pressão mínima de 175 PSI e uma vazão de 600
PCM de ar.

O desenvolvimento será considerado concluído quando for


atingido uma turbidez igual ou menor de 5 (cinco) na escala de sílica
ou 10 (dez) mg de sólido para cada litro de água extraída.

11 - TESTE DE PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO

11.1 - Teste de produção


O teste deverá ser realizado com bomba submersa. O
dimensionamento da bomba deverá ser compatível com os resultas
de vazão obtidos durante o desenvolvimento de maneira a permitir
um rebaixamento estimado entre 20 (vinte) metros e 30 (trinta)
metros.

Todo o material, energia elétrica e combustível deverão ser


fornecidos pela contratada. A vazão poderá ser medida por recipiente
de volume conhecido (exemplo: tonel de 200 L). A medida dos níveis
de água dentro do poço deverá ser feita por medidor elétrico de nível,
com plaquetas numeradas metro a metro no próprio cabo, cujo
comprimento deverá ser feito por tubulação independente com
diâmetros de ½ a 1”. Não será aceito outros medidores tais como:
amperímetros, voltímetros, etc.

O teste será feito por vazão continua com duração de 24 h


(vinte e quatro horas), desde que o nível dinâmico se estabilize ou
tenda a se estabilizar nas ultimas 6 (seis) horas, caso contrário o
teste será prolongado por mais 6 (seis) horas. O resultado do teste

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deverá ser entregue no formulário da contratante parte integrante


desta especificação.

12.2 - Teste de recuperação

Concluído o teste de produção é iniciado imediatamente o teste


de recuperação do poço. O procedimento do teste consiste na medida
do tempo de recuperação do nível estático original do poço, isto é
feito com o preenchimento da planilha fornecida pelo contratante. O
teste de recuperação será dado por concluído quando o nível d’agua
retornar à posição original ou próxima do nível estático (NE).

O resultado do teste deverá ser entregue no formulário próprio


fornecido pela contratante.

13 – ENSAIO DE VERTICALIDADE E ALINHAMENTO

13.1 – Requisitos para o Ensaio

Os ensaios de verticalidade e alinhamento deverão ser


realizados após a completa construção do poço e antes de seu
recebimento. Ficará a cargo da CONTRATADA ou no caso de
solicitação expressa pela fiscalização, a execução desses ensaios
adicionais durante a execução da obra.

14 – PROTEÇÃO E QUALIDADE DE ÁGUA

A CONTRATADA deverá tomar todas as precauções necessárias


e exigidas pela fiscalização, a fim de evitar a entrada de água
contaminada e indesejada no Poço através do espaço anular, que
induzirá a contaminação do aquífero.

A CONTRATADA deverá ainda tomar extremo cuidado na


execução do trabalho, a fim de evitar colapso ou desmoronamento de

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camadas sobrepostas àquelas da qual será obtida a água. Deverá


desenvolver, bombear e limpar o poço por meio de métodos
acordados com a fiscalização.

No caso em que o poço se torne contaminado ou que as águas


com características físicas ou químicas indesejáveis entrem no poço
por negligência da CONTRATADA, esta deverá às suas expensas,
executar ações e obras tais que venham a garantir a vedação desses
horizontes, bem como, providenciar agentes desinfetantes ou outros
materiais que venham a ser necessários, para diminuir a
contaminação ou impedir a entrada de água indesejada.

14.1 - Desinfecção do Poço

Após inteiramente construído, o poço tubular deverá ser


complemente limpo, retirando-se todos os materiais estranhos
inclusive ferramentas, madeiras, cordas, fragmentos de qualquer
natureza, cimento, óleos, graxas, tinta de vedação e espuma.

Em seguida, o poço tubular deverá ser desinfectado com


solução de cloro, a solução utilizada na desinfecção do poço tubular
deverá estar em concentração, tal que, quando aplicada se obtenha
um teor residual de pelo menos 5 PPM de cloro em todas as partes do
poço, devendo permanecer em repouso durante no mínimo 12 horas.

15 – COLETA DE AMOSTRA DE ÁGUA PARA ANÁLISES

A coleta de água para análises físico-química e bacteriológica


deverá ocorrer, na saída do poço, após o bombeamento em descarga
livre por um tempo mínimo de 2:00 horas, utilizando-se garrafa de
plástico, limpa, com volume de 1 a 2 litros, antes da coleta lavar a
garrafa com água do poço e a seguir fazer a coleta diretamente na

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saída do poço. Para as análises bacteriológicas usar recipiente


devidamente esterilizado.

O prazo entre a coleta e a entrega da amostra no laboratório


não deve exceder a 24 horas. Durante a coleta da água devem ser
feitas as determinações do PH e da temperatura da água na saída do
poço. A amostra coletada deverá ser conservada dentro de gelo,
durante o seu transporte, até o laboratório.

16 – TAMPONAMENTO DO POÇO
Depois de concluídas todas as etapas de construção e teste de
produção do poço, o mesmo deverá ser lacrado com CAP macho.

17 – CONDIÇÕES GERAIS

17.1 - Relatório Diário de Execução

A CONTRATADA deverá manter Livro de Registro de Obra,


descrevendo os seguintes dados, descrição litológica concomitante à
coleta do material de calha, velocidade de perfuração nas unidades
geológicas, zonas de desmoronamento, profundidade perfurada,
revestimento instalado, orientações, densidades e viscosidade do
fluído de perfuração e outros dados pertinentes que forem solicitados
pela Contratante.

17.2 - Relatório final

A CONTRATADA deverá apresentar 3 vias do relatório final do


poço contendo todas as informações colhidas durante os trabalhos de
construção do Poço Tubular. Este relatório deverá ter no mínimo os
seguintes dados:

• Identificação do Poço;
• Coordenadas geográficas;

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• Perfil composto (descrição litológica, tubulações do


revestimento, perfil geofísico e outros dados);
• Cimentações;
• Planilhas e teste de produção;
• Análises Fisíco-Química e bacteriológica de água,
fornecido por laboratório idôneo.

17.3 – Fiscalização

A contratante designará um técnico para acompanhar os


trabalhos de construção e cumprimento das especificações, na
qualidade de fiscal.

Deverão ser executados na presença da fiscalização os serviços


de colocação dos revestimentos e filtro, cimentações,
desenvolvimento do poço, teste de produção, verificação da
verticalidade e alinhamento.

A fiscalização poderá a qualquer momento solicitar ao


responsável pela obra a substituição de funcionários da
CONTRATADA, por outra da mesma função por má conduta técnica ou
não cumprimento das especificações.

17.4 - Recebimento do Poço

Somente será aceito o poço que tiver as fases construtivas


aprovadas pela fiscalização e de acordo com o projeto final.
Constituem motivos para o não recebimento do poço:

Alinhamento ou verticalidade fora dos limites de tolerância;

Perda do poço por deficiência operacional ou equipamento;

Isolamento inadequado do aquífero superficial e/ou aquíferos


indesejáveis;

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Deficiência de produção de água decorrente de má conclusão do


poço tubular, e turbidez superior a 5 (cinco) na escala de sílica ou
produção de areia.

17.5 - Itens a Cotar


Nos custos dos itens da Planilha Orçamentária, relativos à
Captação Profunda devem estar diluídos, salários, impostos, seguros
e qualquer outro elemento que incida sobre os custos. Os
quantitativos são estimativos e poderão variar para mais ou para
menos e serão ratificados ou retificados nas medições que ocorrerem.

18 - CROQUI CONSTRUTIVO E LITOLÓGICO


É a representação em planta do projeto básico do poço. Deverá
estar em conformidade e ser elaborado contendo todos os detalhes
técnicos dos documentos anteriores: laudo geológico e
hidrogeológico; especificações técnicas e planilha orçamentária de
serviço com fornecimento de materiais.

Após a constatação da profundidade final da perfuração e, com


base nas informações registradas, será elaborado o perfil construtivo
do poço e perfil litológico pelo geólogo ou engenheiro de minas,
definindo as zonas aquíferas e os intervalos produtores de água.

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REFERÊNCIAS

ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas, Construção de


poço tubular para captação de água subterrânea 12.212/1990.
ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas, Projeto de poço
para captação de água subterrânea 12.244/1990

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Disponibilidade e


Demandas de Recursos Hídricos no Brasil. Brasilia, 2005.
Caderno de Recursos Hídricos. Disponível
em:<http://arquivos.ana.gov.br/planejamento/estudos/sprtew/2/2-
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CAPUTO, M. V. 1984. Stratigraphy, tectonics, paleoclimatology and


paleogeography of northern basins of Brazil. Tese (Doutorado). pp.
583. Universidade de Santa BárbaraCalifórnia, Califórnia.

CORDANI, U. G.; TASSINARI, C. C. G.; KAWASHITA, K. A. 1984.


Serra dos
Carajás como região limítrofe entre províncias tectônicas. Ciências da
Terra, v. 9, p. 6-
11.

CUNHA, P. R. C.; GONZAGA, F. G.; COUTINHO, L. F. C.; FEIJÓ, F. J.


1994. Bacia
do Amazonas. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro,
n.1, v. 8 p. 47-55.

EIRAS, J. F.; BECKER, C. R.; SOUZA, E. M.; GONZAGA, F. G.; SILVA,


J. G. F.;
DANIEL, L. M. F.; MATSUDA, N. S.; FEIJÓ, F. J. 1994. Bacia do
Solimões. Boletim
de Geociências da Petrobras, n. 1. v. 8, p. 17-45

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GALVÃO, P. H. F., DEMÉTRIO, J. G. A., SOUZA, E. L., PINHEIRO, C. S.


S., BAESSA, M. P. M. Hidrogeologia e Geometria dos Aquíferos
das Formações Cretáceas Içá e Solimões, Bacia Paleozoica do
Solimões, na Região de Urucu, Amazonas. Revista Brasileira de
Geociências, v. 42, p. 142-153, 2012.

GEOLÓGICO, SERVIÇO; BRASIL – CPRM, D. O. Relatório


Diagnóstico Aquífero Alter Do Chão no Estado no Pará Bacia
Sedimentar do Amazonas. Vol 7, 2012.

HEATH, R. C. Hidrologia Básica de Água Subterrânea. Título


original: Geological Survey Water Supply Paper. Trad. WREGE, M. &
POTTER, P. Associação Brasileira de Águas Subterrâneas Núcleo Sul-
ABAS 1982.
JUNIOR, Manoel Imbiriba; JUNIOR, HOMERO REIS DE MELO.
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Construídos Pela Rimas (SGBCPRM). Águas Subterrâneas, 2012.

KISTLER P. 1954. Historical resume of the Amazon Basin. Belém,


PETROBRAS/RENOR, Relatório interno 104-A.

TANCREDI, A. C. F. N. S. Recursos hídricos subterrâneos de


Santarém. Tese (Doutorado)- Centro de Geociências, Universidade
Federal do Pará, Belém, 153p.1996.

VASQUEZ, M. L. & ROSA-COSTA, L. T. 2008. Geologia e Recursos


Minerais do
Estado do Pará: Sistema de Informações Geográficas – SIG: texto
explicativo dos
mapas Geológico e Tectônico e de Recursos Minerais do Estado do
Pará. Escala
1:1.000.000. CPRM. Belém.

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APÊNDICE

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Dimensionamento de Bomba Submersa

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MEMÓRIA DE CALCULO
DADOS
 Número de economias atendidas:
Domicílios: 242 residências em 2038
 Consumo per capita:
Domicílio: C=150 l/ hab.dia
Taxa de ocupação familiar (considerando população futura): 5 hab/econ
 Coeficiente do dia de maior consumo: 1,2
 Coeficiente do dia de menor consumo: 1,5
 Coeficiente de rugosidade:
C=150
Vazão de Projeto
 Vazão Total
Qtotal = N x C x K1 x K2
8* 3600
onde: N=1210 - população futura (economias)
C=150 l/hab.dia - consumo per capita (economias)
K1=1,2 - coef. do dia maior consumo
K2=1,5 - coef. da hora menor consumo
Qtotal = (1210 x 150) x 1,5 x 1,2 Qtotal= 11,3437 l/s
8*3600

Vazão Total Diária: 326,7 m³/dia


Vazão por Hora: 326,7/8= 40,8 m³/h

Volume do Reservatório
 Reservação diária:
Qmáx diária = K1 x C x N
Qmáx diária = 1,5 x (0,150 x 1210)
Qmáx diária = 272,25 m³
 Volume do Reservatório:
Vreserv = 1/3 x Qmáx diária
Vreserv = 1/13 x 217,80
Vreserv = 20,94 adotado = 20 m³

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Cálculo Grupo Motobomba


Calculo de Perda

HfAdu= Q1,85.L = (0,01135)1,85 . 120 = 0,87m


1,85. 4,87 1,85 4,87
(C.0,279) D (140.0,279) .(0,2)

HfAdu= Q1,85.L = (0,01135)1,85 . 11,55 = 0,05m


(C.0,279)1,85.D4,87 (140.0,279)1,85.(0,14)4,87

Altura Manométrica de Elevação (AME) = AMT

Amt = Hg + ∑Hf= 126+0,87+0,05 = 126,92m (mca)

Cálculo da Potencia do Motor


. . . , . ,
P=
.
= . ,
= 27,38 30

Descrição da Bomba
Potencia: 30 CV
Vazão 40 m³/h
Tubulação Recalque 3”
13 Estágios
Distância do Motor para o quadro: 250,00 m
Painel: Utilizado para partida reduzida de motores elétricos submersíveis com tensões
trifásicas para potências de 10 a 100cv.
Característica: Armário de aço, fusíveis, disjuntores, contatores, rele de sobrecarga,
chave automático-manual, bornes para boia, amperímetro, voltímetro, sinaleiro, rele de
tempo, botoeira, autotransformador, transformador de corrente e rele falta de fase

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