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47º Congresso Nacional de Saneamento da ASSEMAE

De 19 a 23 de junho de 2017 – Campinas - SP

O PAPEL DO CONSÓRCIO PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE


SANEAMENTO BÁSICO EM MUNICÍPIOS DO MARANHÃO

Tainan de Lima Lopes (1)


Graduanda em Engenharia Ambiental, estagiária no Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento
Regional dos Lagos Maranhenses – CONLAGOS.
José Ronald Boueres Damasceno
Jornalista, Especialista em Gestão de Cidades Diretor Executivo no Consórcio Intermunicipal de
Desenvolvimento Regional dos Lagos Maranhenses – CONLAGOS e Secretário Geral da
Federação Maranhense dos Consórcios Intermunicipais – FEMACI.
Darles da Luz Gonçalves Pires de Matos
Bacharel em Ciências Sociais, Coordenadora Institucional no Consórcio Intermunicipal de
Desenvolvimento Regional dos Lagos Maranhenses – CONLAGOS e Chefe de Gabinete do
Secretário Geral da Federação Maranhense dos Consórcios Intermunicipais – FEMACI.

Endereço(1): Avenida Santa Clara, qd 25 lote 42, n° 51, Vila Riod, CEP 65058-357, São
Luís, Maranhão – Brasil – Tel. + 55 (98) 98736-9453 – e-mail: tainan.llopes@gmail.com.

RESUMO

A necessidade de soluções para as problemáticas do saneamento básico tornou-se um


desafio mundial, principalmente em países subdesenvolvidos que sofrem com gestões
inadequadas e com a falta de planejamento das cidades. No Brasil, a gestão do
saneamento ainda é deficiente e na maioria dos casos não prevê diretrizes de prevenção
para os problemas e acabam aumentando sua escala. No Maranhão, muitos municípios
ainda estão em situações precárias quanto ao tema, salientando a necessidade de uma
gestão competente e urgente. Como solução viável e estrategista para essa problemática
tem-se a gestão compartilhada feita por consórcios públicos intermunicipais, que buscam
oferecer serviços com menores custos e que priorizem as deficiências das cidades com
relação ao saneamento. Assim, os Consórcios Intermunicipais, atuam junto aos
municípios do Maranhão prestando assessoria técnica com o objetivo de suprir a falta de
mão-de-obra qualificada e promover o fortalecimento desses entes através do
planejamento urbano, buscando inserir esses municípios no contexto nacional através da

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elaboração de planos e projetos que visam melhorar a qualidade de vida da população do


Estado. Como resultado, temos um total de 16 municípios que receberam assistência
técnica dos consórcios públicos no processo de elaboração do PMSB, dos quais, 6
econtram-se finalizados e com suas Leis aprovadas.

Palavras-chave: Desenvolvimento Regional, Federação Maranhense, CONLAGOS.

INTRODUÇÃO/OBJETIVOS

As ações de saneamento de acordo com Rosen (2006) sempre fizeram parte do processo
civilizatório, com maior ou menor ênfase. Significa dizer que diferentes civilizações, estabelecidas
em diferentes locais e em diferentes épocas, chegaram à mesma conclusão: as ações de
saneamento básico são benéficas à sociedade de uma forma geral.
O governo federal através da Lei 11.445 de 2007 institui a Politica Nacional de Saneamento
Básico que obriga os municípios a fazerem um diagnostico da sua atual situação através da
Elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico, que tem como objetivo apontar
problemas e buscar solução para resolver os problemas com saneamento em municípios ou
regiões/territórios.
O Maranhão é um dos estados menos assistidos do país em coleta de esgoto e fornecimento de
água. Os dados foram divulgados pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
(SNIS) em janeiro deste ano e mostram que apenas 12,1%, dos maranhenses têm acesso a esse
tipo de serviço em relação a esgoto e segundo dados do Ministério das Cidades, menos de 10%
dos 217 municípios já possuem Plano de Saneamento Básico.
Em relação aos outros componentes do saneamento (abastecimento de água, drenagem urbana,
manejo de águas pluviais e resíduos sólidos), os dados não se diferem muito.
Entre as dificuldades encontradas pelos municípios para elaboração dos planos de saneamento
estão: a baixa capacidade técnica, financeira e administrativa, falta o comprometimento em tratar
o saneamento básico como política pública prioritária, dificuldades de alocação de recursos e a
falta de gestão desses recursos, o que acaba acarretando no interesse em elaborar os planos.
É nesse cenário de crise, que aparece a Figura 1, referente ao mapa dos Consórcios
Intermunicipais do Maranhão – FEMACI, que atualmente é composta por 6 consórcios:
CONLAGOS, CONTURI, CONGUARÁS, CONDERSUL, CIDR SERTÃO e CONLESTE
Maranhense, onde estes se colocam como opção para resolução de problemas e demandas de
forma conjunta diminuindo gastos e criando alternativas.

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Assim, reafirma-se que este trabalho tem o objetivo de apresentar o papel da gestão consorciada
em relação a prestação de serviço na elaboração do PMSB no Estado do Maranhão.

Figura 1 – Mapa dos Consórcios do Maranhão

Fonte: FEMACI (2017)

MATERIAL E MÉTODOS

Para a elaboração dos planos municipais de saneamento, os consórcios se basearam na Lei do


Saneamento Básico que estabelece o conteúdo mínimo do Plano de Saneamento Básico, bem
como dos aspectos relativos ao processo de elaboração do Plano Municipal de Saneamento
Básico, Ministério das Cidades e FUNASA. O Plano deve ser elaborado com a participação social,
por meio de mecanismos e procedimentos que garantam à sociedade informações,

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representações técnicas e participações nos processos de formulação de políticas, de


planejamento e de avaliação relacionados aos serviços públicos de saneamento básico.
Seguindo estes preceitos, os consórcios auxiliram na criação dos Comitês de Coordenção e
Execução, nas realizações de capacitações técnicas, levantamento de campo, onde foram
coletados dados sobre os componentes do saneamento e a população pode expor suas opiniões
para a realização de um diagnóstico municipal fidedigno, os trabalhos foram realizados em quatro
etapas conforme Figura 2.

Figura 2 – Processo de Elaboração do Plano de Saneamento Básico

Fonte: FEMACI (2017)

Etapa 1: Preparação e Mobilização


Produto 1 – Plano de Trabalho: Documento de detalhamento dos trabalhos que foram
executados durante os trabalhos da elaboração do PMSB.
Produto 2 – Plano de Mobilização Instituir: Documento de planejamento da mobilização
social prevendo as atividades de participação social que serão executadas durante todas
as fases do PMSB.
Produto 3 – Decreto de Formação dos Comitês: Grupos de Trabalho contemplando vários
atores sociais, Poder Público e Sociedade Civil.
✓ Comitê de Coordenação – Instância consultiva formalmente institucionalizada,
responsável pela coordenação, condução e acompanhamento da elaboração do
Plano.

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✓ Comitê Executivo – Instância responsável pela operacionalização do processo de


elaboração do Plano.

Etapa 2: Diagnóstico Municipal


Esta etapa foi constituída pelo produto 4 que foi subdividido em 3 partes:
Produto 1/4 – Unidade de Planejamento e Base Cartográfica: Definições as unidades
espaciais de análise e planejamento, as quais serviram de referência para a elaboração
dos estudos e propostas das ações do Plano Municipal de Saneamento Básico, para tanto
foram realizados os seguintes procedimentos:
- Delimitação em mapa das bacias hidrográficas e respectivas Sub-bacias, a partir das quais serão
definidas as bacias hidrográficas elementares do município. Esta proposição vem ao encontro das
orientações da Política Nacional de Saneamento Básico, Lei Federal nº. 11.445/2007, que adota
como unidade espacial de planejamento a bacia hidrográfica.
- Definição das unidades territoriais de análise e planejamento, utilizando os instrumentos: Bacias
Hidrográficas; Consórcios Intermunicipais; Distritos Administrativos do Estado e do Município;
Mapa do território do Município; Mapa de perímetro urbano.
- Mapa urbano e municipal, com identificação de ruas, infraestrutura implantada de saneamento,
logradouros públicos, edificações públicas e institucionais, recursos hídricos, vegetação, geologia,
climatologia, hidrologia, topografia, demografia, principais povoamentos, estradas vicinais e
fotogrametria.
Produto 2/4 – Dados Gerais do Município: Histórico, panorama do ambiente natural e
construído, aspectos socioeconômicos, demográficos e caracterização dos 4
componentes do saneamento: abastecimento de água; esgotamento sanitário; limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos (PMGIRS); drenagem e manejo de águas pluviais,
analisando indicadores;
Produto 3/4 – Diagnóstico Técnico Participativo: Caracterização das áreas de estudos
(bairros e polos) de acordo com levantamento técnico realizado in loco, paralelamente ao
diagnóstico participativo com análises das percepções sociais sobre o setor de
saneamento.

Etapa 3: Estratégias de Ação


Produto 5 – Prognóstico e Planejamento Estratégico: Elaboração de prospectiva
estratégica compatível com as aspirações sociais e com as características econômicas e

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sociais do município; compilação e armazenamento de informações produzidas, utilizando


o sistema de informações para auxílio à tomada de decisão.
Produto 6 – Programas, Projetos e Ações: Detalhamento das medidas a serem tomadas
por meio da estruturação de programas, projetos e ações específicas para cada
componente do setor de saneamento hierarquizadas de acordo com os anseios da
população; compilação e armazenamento de informações produzidas, utilizando o
sistema de informações para auxílio à tomada de decisão.
Produto 7 – Plano de Execução e Procedimentos para Avaliação da Execução do Plano:
Elaboração de programação de implantação dos programas, projetos e ações em
horizontes temporais de curto, médio e longo prazo estimando e identificando as fontes de
recursos necessários para a execução do PMSB e definição da metodologia, sistemas,
procedimentos e indicadores para avaliação da execução do PMSB e de seus resultados.
Inclusão de procedimentos automatizados para avaliação dos indicadores no sistema de
informações, para auxílio à tomada de decisão.

Etapa 4: Avaliação e Revisão Final


Produto 8 – Projeto da Minuta do Projeto de Lei
Foi elaborada a minuta do projeto de lei, em conformidade com a técnica legislativa e
sistematizada de forma a evitar contradições entre os dispositivos inseridos no PMSB com
as demais normas vigentes. Essa minuta foi submetida à discussão com a população, em
evento especialmente convocado para este fim. Neste evento foi concluída a versão final
do plano e encaminhada à Câmara de Vereadores.
Ao final de cada etapa, foram realizadas audiências públicas, onde foram apresentados
os produtos para apreciação e consulta.

RESULTADOS/DISCUSSÃO

O Plano Municipal de Saneamento Básico tem como objetivo principal promover o acesso
universal aos serviços de saneamento básico, à saúde e à qualidade de vida e do meio ambiente.
Para isso, torna-se necessário organizar a gestão e estabelecer as condições para a prestação
dos serviços de saneamento básico com integralidade, regularidade e qualidade. Propor soluções
através da análise e construção de alternativas para a gestão dos serviços públicos de

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saneamento e tecnologias de infraestrutura urbana; Promover a participação da comunidade e


dos diversos segmentos da sociedade em todo processo de elaboração do Plano.
Diante do exposto e da realidade dos nossos municípios, o Consórcio Intermunicipal de
Desenvolvimento Regional dos Lagos Maranhenses – CONLAGOS e o Consórcio Intermunicipal
de Desenvolvimento Regional dos Vales do Turi e Gurupi – CONTURI surgiram como opção para
prestar assessoria técnica na elaboração do PMSB, que deve abranger todo o território do
município, suas áreas urbanas e rurais (inclusive áreas indígenas, quilombolas e tradicionais)
considerando os conteúdos mínimos definidos na Lei Federal nº 11.445/07 em um horizonte de
planejamento de 20 (vinte) anos e sendo revistos periodicamente, em prazo não superior a 4
(quatro) anos.
Os dois consórcios citados acima, auxiliaram 16 municípios na elaboração do PMSB,
destes, 6 já finalizaram e tiveram suas Leis aprovadas. No processo de elaboração, foram
criados os Comitês de Coordenação e Execução, foram realizadas visitas técnicas para
levantamento de campo, onde a população foi consultada sobre os problemas existentes
em relação aos componentes do saneamento, alem disso, foram realizadas quatro
audiências públicas, sendo a última para aprovação do Plano.

Tabela 1 – Municípios auxiliados na elaboração do PMSB


Município Consórcio Pertencente
Anajatuba CONLAGOS
Cajapió CONLAGOS
Cantanhede CONLAGOS
Godofredo Viana CONTURI
Lago Verde CONLAGOS
Matinha CONLAGOS
Monção CONLAGOS
Olho D’Água das Cunhãs CONLAGOS
Passagem Franca CIDR SERTÃO
Penalva CONLAGOS
Peri-Mirim CONLAGOS
Santa Helena CONTURI
Santa Luzia do Paruá CONTURI
São Pedro dos Crentes CONDERSUL
São Vicente Férrer CONLAGOS
Vitorino Freire CONLAGOS

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Na tabela 1, podemos observar a predominância dos municípios que fazem parte do


CONLAGOS.

CONCLUSÃO

O estudo feito para este trabalho foi baseado na experiência dos consórcios públicos
intermunicipais maranhenses, os quais seguem os requisitos mínimos estabelecidos na
Lei nº 11.445/2007, e que adotaram metodologias e procedimentos adequados para
elaboração e aprovação dos Planos Municipais de Saneamento Básico no Estado do
Maranhão, visando a melhoria na qualidade de vida da população.
Assim, sressalta-se a importância do papel dos consórcios na assistência técnica dos
municípios que são desprovidos de corpo técnico qualificado disponível para atuação no
campo da gestão e universalização dos serviços de saneamento.
Este trabalho mostrou as deficiências do Estado do Maranhão em relação ao saneamento
básico, que mesmo com a atuação dos consórcios públicos como um instrumento efetivo
de uma política pública, boa parte do Estado encontra-se precário, pois de 217
municípios, somente 16 buscaram auxilio para elaborarem seus Planos Municipais de
Saneamento Básico.

REFERÊNCIAS

BRASIL. (2005). Lei nº 11.107, de 06 de abril de 2005. Lei que dispõe sobre normas
gerais de contratação de consórcios públicos e dá outras providências. Brasília (DF),
2005. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2005/Lei/L11107.htm>. Acesso em: 09 fev. 2017.
BRASIL. (2007). Decreto Federal nº 6.017, de 17 de janeiro de 2007. Regulamenta a lei nº
11.107, de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais de contratação de

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consórcios públicos. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-


2010/2007/decreto/d6017.htm> Acesso em 09 fev. 2017.
BRASIL. (2007). Lei nº. 11.445 de 05 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais
para o saneamento básico. Brasília (DF), 2007. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11445.htm>. Acesso
em: 09 fev. 2017.
CARULICE, C. B.; SCHMITT, V. F.; HÜBNER, R. (2016). Agência Reguladora nos Planos
Municipais de Saneamento: Uma Visão da Experiência de Atuação. In: XX
EXPOSIÇÃO DE EXPERIÊNCIAS MUNICIPAIS EM SANEAMENTO, Jaraguá do Sul –
SC. 46ª. Assembléia Nacional da ASSEMAE. 2016.
FUNASA/ASSEMAE (2014). Política e Plano Municipal de Saneamento Básico. 2d.
Brasília/DF. 13 p.
MINISTÉRIO DAS CIDADES – MC (2011). Guia para a Elaboração de Planos
Municipais de Saneamento Básico. 2d. Brasília/DF. 37 p.
ROSEN, G. (2006). Uma história da saúde pública. 3ª ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

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