Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/262737454
CITATION READS
1 92
1 author:
Joao A Telles
São Paulo State University
25 PUBLICATIONS 490 CITATIONS
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Joao A Telles on 19 October 2014.
João A. Telles
Universidade Estadual Paulista
Resumo
Palavras-chave
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n.3, p. 509-530, set./dez. 2006 509
Arts-based educational research: thinking teacher
education as an aesthetic experience
João A. Telles
Universidade Estadual Paulista
Abstract
510 Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n.3, p. 508-530, set./dez. 2006
O objetivo deste artigo é explorar os pesquisa qualitativa entre docentes pode ins-
múltiplos modos como objetos de arte, tais taurar uma outra relação do professor com o
como a fotografia e o espetáculo teatral, po- conhecimento e com a prática pedagógica. Por
dem funcionar como dispositivos deflagradores meio dessa nova relação do professor com o co-
de reflexão compartilhada entre professores. Na nhecimento e das perspectivas representacionais e
primeira parte do artigo, apresento algumas de revisitação da vida nas escolas que a PEBA
considerações teóricas acerca de uma nova oferece, desejo mostrar a importância social e a
modalidade de investigação qualitativa no cam- força revitalizadora dessa modalidade de pesquisa.
po da Educação – a Pesquisa Educacional com
Base nas Artes1 (PEBA) –, descrevendo o modo A pesquisa com base nas artes
como a fotografia e o espetáculo teatral podem em Educação
funcionar como deflagradores desse tipo de
reflexão entre grupos de professores. Em segui- Embora o trabalho dos artistas seja
da, discuto algumas particularidades acerca do sempre considerado da perspectiva ampla da
funcionamento dessa modalidade de pesquisa e criatividade, vários artistas contemporâneos se
o seu papel em dois estudos que realizei com empenham na realização de formas altamente
professores franceses e brasileiros. Nessa opor- sistemáticas e profundas de pesquisa... Ao pre-
tunidade, exploro as diferentes naturezas dos dois pararem um espetáculo teatral, por exemplo,
objetos de arte que utilizei como deflagradores de diretores, dramaturgos e atores freqüentemente
reflexão e aponto para duas principais vertentes realizam uma ampla investigação da linguagem
dessa modalidade de pesquisa: a vertente de pro- e dos costumes daquele período ou mesmo a
dução de significados, pela qual os participantes da história das produções daquele determinado
pesquisa compartilham e constroem significados ao trabalho. Artistas visuais podem investigar a
entrarem em contato com um objeto de arte pre- química e durabilidade de determinados mate-
viamente pronto e confeccionado por um artista; riais ou investigar processos perceptuais... Com-
e a vertente representacional, pela qual os profes- positores e artistas performáticos [coreógrafos
sores e educadores participantes constroem, indi- e bailarinos, por exemplo] pesquisam nas bibli-
vidualmente ou de forma compartilhada, um deter- otecas, coletam histórias orais e se empenham
minado objeto de arte que reflita e expresse suas em estudos etnográficos sem dar nomes ao que
representações do mundo da docência. fazem (Sabatini, 1993; Barone, 1995).
Na segunda parte do artigo, aponto e O pioneiro a reivindicar o potencial das
discuto algumas especificidades das reflexões Artes para buscar instrumentos e formas alterna-
compartilhadas que foram realizadas por meio tivas de representação dos achados das pesqui-
da PEBA. Nessa parte, aponto para algumas sas em Educação foi Elliot W. Eisner em seu livro
possibilidades de elas oferecerem oportunida- The enlightened eye (1991). Para esse educador
des de concretização da experiência estética de professores, as Artes têm uma longa tradição
proporcionada pelos dois objetos de arte aqui em descrever, interpretar e avaliar o mundo e dar
utilizados. Nessa mesma parte, ainda discuto forma à experiência. A proposta de Eisner de
esse tipo de pesquisa como forma de estabele- utilizar as Artes para melhor compreender as es-
cer contextos reflexivos que propiciem oportu- colas e as salas de aula é ousada, já que, como
nidades aos alunos e professores para o desen- afirma o autor, o que tem limitado as universida-
volvimento de experiências estéticas. des e os acadêmicos de verem tal potencial é a
Concluo o artigo com uma breve dis-
cussão acerca do funcionamento da PEBA e o
1. Arts-Based Educational Research (Eisner, 1991, 1997; Diamond;
seu relacionamento com o desenvolvimento do Mullen, 1999; Telles, 2005), Arts-informed Research ou Arts-Based
professor, mostrando que essa modalidade de Approaches to Qualitative Inquiry (Gray, 2003).
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n.3, p. 509-530, set./dez. 2006 511
concepção limitada e limitante do que seja co- como o texto-dividido (split text) e palimpsestos
nhecimento e do que seja saber (Eisner, 1991). – textos nos quais são apresentadas, simultane-
Pluralismo metodológico e holismo amente, as histórias dos participantes da pesqui-
organizacional são os pilares que sustentam o sa e, às margens ou em rodapé, os textos do
trabalho desse autor. O primeiro diz respeito à pesquisador comentando as histórias dos parti-
utilização de métodos diversos e múltiplos ins- cipantes. Barone (1995), por sua vez, introduz a
trumentos de representação apropriados ao narrativa ficcional para dar acesso aos seus pro-
objeto de estudo (neste artigo, a fotografia e o fessores-leitores a experiência vicária por meio das
espetáculo teatral); o segundo diz respeito à artes. Eis como Denzin explica tal experiência:
atenção dada pelo pesquisador à mescla dos fa-
tores interagentes e interdependentes dos fenô- Exemplos de experiências vicárias são encontra-
menos no campo da Educação: “o que os profes- dos nas artes. Por meio da forma artística de
sores e alunos fazem é influenciado por suas pesquisa conhecida como narrativas de histórias
localizações dentro de um sistema” (1991, p. 2). educacionais, o leitor pode experienciar, de for-
Outro arte-educador que traça associ- ma vicária, um mundo virtual crível da escola
ações fortes entre as Artes e a pesquisa é ou sala de aula, habitado por pessoas que são
Richard Courtney (1987). Já nos anos 1980, as personagens virtuais da história. Este tipo de
esse autor faz referência aos modos alternati- experiência estética pode ser suficientemente signi-
vos de representação do conhecimento obtido ficativa a ponto de causar um questionamento das
por meio da pesquisa que são oferecidos pelas premissas fundamentais dos valores, assim como
Artes. Courtney assevera que: das bases ideológicas sobre as quais as decisões
relativas à educação são tomadas. (1992, p. 15)
[...] os artistas fazem pesquisas enquanto criam,
em um sentido popular, isto é verdade. Os ar- No Brasil, a PEBA na educação dos nos-
tistas descobrem novas maneiras de aprender, sos professores é ainda incipiente. Em publicações
usam métodos inovadores para explorar o signi- anteriores (Telles, 1997; 1998a; 1998b; 1998c;
ficado e estão no limiar do futuro. Eles se con- 1999; 2000), tentei concretizar uma nova forma
centram em processos mentais de imaginação, de representar o conhecimento obtido por meio de
vêem possibilidades e, então, as expressam por minhas pesquisas na área de desenvolvimento do
meio da ação – via um meio artístico durante professor de línguas estrangeiras, utilizando metá-
suas experiências de vida. Isto significa que os foras, narrativas e a videobiografia – um gênero de
artistas se empenham na pesquisa acerca das escrita autobiográfica por meio de imagens, músi-
experiências. [...] O que faz com que os artistas cas e narrativas das vidas de minhas participantes.
sejam diferentes é o meio pelo qual realizam [e Damianovic (1998) utiliza textos autobiográficos,
representam os achados de] suas investigações – poesia e fotografia para representar o seu desen-
a Arte. (1987, p. 1) volvimento e processo reflexivo como professora.
Melo (1999), Pires (1998), Motta (1997) e Dias
Partindo dos trabalhos de Eisner (1991), (2001) utilizaram narrativa de vida, metáforas e
outros pesquisadores da Educação têm imple- imagens para representar seus próprios processos
mentado suas idéias iniciais. Sarason (1999), por reflexivos e construir contextos para a reflexão de
exemplo, introduz a idéia de ensinar como arte suas professoras-participantes.
performática. Outros educadores de professores Na próxima sessão, aprofundo minhas
enfocam as metáforas utilizadas pelos professo- observações acerca das características, do fun-
res como representações de suas experiências e
seus conhecimentos2. Diamond e Mullen (1999) 2. Ver Lakoff; Johnson (1980); Munby (1986); Carroll (1994); Bullough;
introduzem novas formas de representação, tais Stokes (1994); Telles (1997; 1999; 2005).
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n.3, p. 509-530, set./dez. 2006 513
foram e são estudadas no campo da Semiótica, como dispositivo deflagrador de reflexão. Do
da Fotografia e das Artes Teatrais6 , e é certo ponto de vista de processo educador, o estudo
que tais estudos não estão relacionados somen- brasileiro parece-me, portanto, mais consoante
te a uma área de conhecimento nem são tare- e completo no que diz respeito aos objetivos
fas para um só pesquisador, mas sim equipes da PEBA. Por quê? Porque esse processo edu-
interdisciplinares de pesquisas, tal como mos- cador atinge, como diz Dewey (1934/1974), uma
tram as tendências da pesquisa qualitativa nos certa culminância e um princípio de contigüida-
dias de hoje. A discussão de tais questões, de da experiência educacional de se refletir so-
embora muito importante, não é o objetivo bre as questões da escola e do fazer dos profes-
deste artigo. Por questões do meu enfoque sores, representando e culminando os resultados
sobre a educação do professor reflexivo e do dessa reflexão em forma de uma peça teatral,
tempo e espaço que tive, já iniciei o meu es- mesmo que a qualidade desse espetáculo não
tudo de um determinado ponto do conheci- tenha atingido os desejados níveis artísticos que
mento nessas áreas. atores e diretores profissionais de teatro atingi-
Acredito que um dos desafios da PEBA, riam ou desejariam.
a qual está a dar os seus primeiros passos no Assim, no que tange às direções toma-
mundo (especialmente no Brasil), esteja no das por essa modalidade de investigação qua-
âmbito da significação. Isso porque, para sig- litativa, o pesquisador-educador pode partir de,
nificar, é preciso aprender e saber como utili- pelo menos, duas vertentes principais ao utili-
zar os sistemas de signos próprios a cada uma zar a PEBA. Ele pode: a) utilizar o objeto de arte
das Artes que o pesquisador em Educação es- já existente e produzido por um artista (uma
colhe. A possível solução que antevejo para tal fotografia, um filme, uma escultura, um trabalho
desafio é o trabalho em conjunto ou em par- coreográfico, uma peça de teatro que se encon-
cerias entre os educadores de professores e os tra em cartaz) ou b) representar suas reflexões e
artistas7. Isso, no caso de se almejar um produ- as de seus participantes e seus trabalhos de
to artístico final mais elaborado, o qual, acre- pesquisa via sistema(s) de signos de uma (ou
dito, pode ter maiores poderes de comunica- várias) Arte(s). Em dois estudos apresentados em
ção. Entretanto, pelo que tenho percebido na Telles (2005), utilizei as respectivas vertentes: a
literatura da área, os educadores que trabalham primeira, com os professores franceses e, a se-
com a PEBA estão pouco preocupados com o gunda, com os professores iniciantes brasileiros.
produto artístico final dessa modalidade de inves- A primeira vertente — a da produção de
tigação, mas sim com o processo transformador significados — parece proporcionar ao pesquisa-
que ela oferece, o qual objetiva proporcionar a dor e aos participantes a experiência estética que
professores e educadores de professores contex- está centrada na produção de significados por
tos apropriados para que eles expressem os acha- meio de um objeto de arte com o qual eles
dos de seus estudos e as reflexões por vias alter- entram em contato (foi o caso do estudo fran-
nativas ao tradicional texto verbal e escrito de cês, que utilizou as fotografias de Doisneau).
pesquisa. De certa forma, os dois estudos que Nessa primeira vertente, o objeto de arte já vem
apresento em Telles (2005) espelham essa pro- previamente elaborado por um profissional das
cura: os professores franceses já receberam o Artes para deflagrar reflexão. Já na segunda
objeto de arte pronto, com um alto nível pro- vertente — a da representação —, o educador de
fissional e artístico de elaboração (as fotogra- professores parece proporcionar ao pesquisador
fias do fotógrafo Robert Doisneau). No estudo
brasileiro (Telles, 2004), os alunos de Letras 6. Ver, por exemplo, Féral, 1988; Alba, 1988; Barrientos, 1988; Anspach,
1988; Barthes, 1984; Boal, 1991; 2003.
tiveram, primeiramente, que elaborar o objeto 7. Ver, por exemplo, Saldaña (2003) e sua proposta de dramatizar os
de arte (espetáculo teatral) antes de utilizá-lo dados de uma pesquisa em colaboração com atores.
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n.3, p. 509-530, set./dez. 2006 515
exclusivamente por meio das próprias fotogra- no, do trivial. Já outros artistas se mostram in-
fias elaboradas por Doisneau. Desse modo, esse teressados em saber acerca do impacto e das
fotógrafo pode falar unicamente por meio de repercussões de seus trabalhos nas vidas da-
sua arte e não pode responder às recriações de queles que os apreciam9.
significados dos professores franceses que fo- Ainda no que diz respeito à participação
ram realizadas a partir de suas fotografias. No do observador, as representações oferecidas pe-
entanto, acredito que a partir de suas exposições los objetos de arte no estudo realizado (a foto-
às fotografias de Doisneau, os professores par- grafia e o espetáculo teatral), de certa forma, pro-
ticipantes franceses puderam criar suas próprias porcionaram aos professores participantes um
experiências, realizando atos de abstração e ‘mundo virtual’, no qual eles puderam se envol-
extração daquilo que lhes pareceu significativo ver emocionalmente no processo de recriação de
nas fotos observadas. Como afirma Dewey: detalhes e no escrutínio das representações que
trouxeram de suas experiências profissionais. Para
[...] para perceber, um espectador precisa criar Barone (1995), Barone; Eisner (1997) e Eisner
sua própria experiência. E sua criação tem de (1991), esse envolvimento entre objeto de arte e
incluir conexões comparáveis àquelas que o pro- observador leva à empatia e a um conhecimento
dutor original sentiu. Não são as mesmas, em mais profundo da pesquisa do que por vias
qualquer sentido literal. Não obstante, com o representacionais mais tradicionais.
espectador, assim como com o artista, tem de Por fim, ainda no que tange aos proces-
haver uma ordenação dos elementos do todo sos de funcionamento dos dois objetos de arte
que é, quanto à forma, ainda que não quanto como deflagradores de reflexão, em alguns mo-
aos pormenores, a mesma do processo de orga- mentos de meus dois estudos, tais processos não
nização que o criador da obra experimentou ocorreram sem esforços, conflitos e certos sofri-
conscientemente. Sem um ato de recriação, o mentos como, por exemplo, no caso de uma
objeto não será percebido como obra de arte. O professora francesa quando, envolvida por uma
artista [Doisneau, no caso] selecionou, simplifi- das fotografias que lhe foi apresentada, recobra
cou, clarificou, abreviou e condensou [suas expe- suas histórias pessoais e as de sua própria filha
riências nas fotografias] de acordo com seu ponto como disléxicas; ou ainda, no caso de uma das
de vista próprio e seu próprio interesse. Em ambos professoras brasileiras que expôs a todos os seus
tem lugar um ato de abstração, isto é, de extra- colegas sua experiência dolorosa de estresse e
ção do que é significativo. (1934/1974, p. 261) tratamento por medicamentos, após presenciar
um ato de violência extrema em sua classe. É
Já no estudo realizado no contexto provável que, por vias mais tradicionais de edu-
educacional brasileiro, a interação entre os pro- cação de professores, os processos reflexivos se-
dutores do espetáculo teatral (os alunos de Le- jam mais seguros, no sentido de não apresenta-
tras que o idealizaram e eu – o seu diretor) e rem tantos desafios e momentos de desequilíbrio
os professores não aconteceu somente pelo ob- e de confronto. Para Greene,
jeto de arte, mas também pelas conversas refle-
xivas que pudemos realizar com os docentes. [...] os choques de conscientização produzidos
Convém apontar para o fato de que alguns ar- por meio dos encontros com as artes deixam
tistas se recusam a explicar suas produções,
principalmente aqueles que trabalham com lin-
9. Por exemplo, o Ballet Stagium, companhia paulistana de dança, aproximou,
guagens que não usam a palavra – pintores, desse modo, na década de 1970, a dança clássica ao público brasileiro ao iniciar
coreógrafos, fotógrafos. Para eles, suas artes já a prática de mostrar o aquecimento dos bailarinos, no palco, antes que o espetá-
culo se iniciasse. Além disso, é comum para essa companhia de dança realizar
dizem o que têm a dizer – falam por si própri- conversas reflexivas com as platéias, após o espetáculo, a respeito de seu con-
as. Explicá-las é cair na linguagem do cotidia- teúdo, principalmente quando realiza turnês pelo interior do Brasil.
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n.3, p. 509-530, set./dez. 2006 517
na sala de espetáculos [ou nas salas onde ocorre- Santagada me dá subsídios para posi-
ram as oficinas de fotografias]. (2004, p. 6) cionar a própria reflexão compartilhada como
um meio pelo qual a experiência estética é con-
Considerada de tal ponto de vista da cretizada, já que tal reflexão se deu essencial-
experiência estética, acredito que a PEBA colo- mente por meio da palavra (as interações verbais
cou diferentes tipos de ‘desafios’ frente aos por meio das conversas reflexivas), pelo menos
professores que participaram do estudo francês nos dois estudos aqui tratados. Para ele, a expe-
(reflexão pela imagem das fotografias) e fren- riência estética:
te aos professores, alunos e pais que assistiram
ao espetáculo teatral, no caso do estudo bra- [...] se concretiza por meios verbais. A superação
sileiro (reflexão pelo espetáculo teatral). Esse dos desafios lançados por um espetáculo [ou
último pareceu-me mais completo, em virtude pelas oficinas de fotografias] não é uma expe-
de proporcionar uma maior inclusão de todos riência inefável, mas que pode ser descrita por
aqueles que participam do processo educacio- meio dos jogos lingüísticos [as conversas refle-
nal – professores, alunos, educadores de pro- xivas], nos quais os participantes intervêm com
fessores e pais. Esses desafios apresentaram o intuito de atingirem compreensões de um
condições que dependeram (não exclusivamen- evento objetivo [assistir ao espetáculo, olhar as
te) de suas sensibilidades e de suas histórias de fotos] que lhes tenham causado impressões par-
vida, as quais, provavelmente, puderam ser afe- ticulares no mundo íntimo de cada um deles.
tadas de acordo com os múltiplos modos pe- Achamos que esses jogos lingüísticos [durante a
los quais os participantes experienciaram as reflexão compartilhada e as oficinas de foto-
fotografias, o espetáculo teatral e as conversas grafias, no caso] sejam a concretização de uma
reflexivas. Acredito que a PEBA e as reflexões experiência estética que um espectador [ou ad-
compartilhadas também forneceram aos parti- mirador de uma fotografia] efetua com base de
cipantes o contexto interativo, social e profis- sua vivência do espetáculo [ou observação de
sional apropriado para que eles pudessem se uma determinada foto]. (2004, p. 06)
entender, durante as reflexões compartilhadas,
a respeito de ‘eventos objetivos’ (olhar as fotos, Nos casos específicos das reflexões
assistir ao espetáculo teatral), os quais lhes deflagradas pela fotografia e pelo espetáculo
causaram, “impressões particulares em seus teatral (aqui considerados como dispositivos
mundos íntimos” (Santagada, 2004, p. 6). Em deflagradores de reflexão), ambos provocaram
tal processo de entendimento, os participan- processos de produção de significados de
tes tentaram superar os desafios lançados pela modo individual em uma primeira instância;
fotografia e pelo espetáculo teatral, funcio- isto é, cada professor, membro da platéia, que
nando como dispositivos deflagradores de re- assistiu ao espetáculo teve um (certo) espaço
flexão. Minhas referências teóricas sobre a para refletir sobre o que viu (reflexão sobre a
teoria da recepção teatral são, portanto, ação, aos moldes de Schön, 1983; 1991; 1987)
sociointeracionais — da interação do indivíduo e produzir seus próprios sentidos àquilo que lhe
com o mundo que o cerca (e logicamente con- foi apresentado. Se tais significados foram ou
siderando o fato de que tal interação é medi- não submetidos a um escrutínio crítico pelo
ada pelas linguagens). Tal referência teórica se participante da pesquisa, não é possível saber,
fundamenta no caráter social da representação pelo menos até o momento em que ele os
estética, a qual, de acordo com Lucero (2005), exteriorize a outrem, por meio da reflexão com-
“surge no momento da identificação com a partilhada. Acredito que esse modo individual
obra de arte interagindo com as impressões e de reflexão, o qual me pareceu tão criticado
conhecimentos do sujeito” (p. 1). por Pimenta e Ghedin (2002) quando trata do
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n.3, p. 509-530, set./dez. 2006 519
Variante e sensível a essas múltiplas diferenças professores em seus processos de ressignificação e
individuais e sociais e também ao grau de aber- estruturação das experiências profissionais e peda-
tura aos afetos de cada um dos indivíduos gógicas durante a reflexão compartilhada. Pelo
participantes, a reflexão compartilhada carrega, fato de trabalhar individualmente nos dois proje-
portanto, em seu bojo, as múltiplas e dominan- tos de pesquisa aqui mencionados, sempre estive
tes ideologias dos contextos sociais nos quais atento aos educadores de professores presentes
ela ocorre. Assim sendo, ela nunca é e nunca nas platéias que assistiram aos espetáculos. Como
será neutra e sempre será ideologicamente mediador das conversas reflexivas, sempre tentei
direcionada. A questão é estar ou não consci- suscitar as opiniões desses educadores presentes às
ente e estar ou não aberto às múltiplas direções reflexões, evitando dar respostas e redirecionando
ideológicas tomadas durante tal processo refle- as perguntas que a mim eram feitas aos participan-
xivo. Mesmo sendo a base do teatro, tal inten- tes dos grupos e das platéias. Isso para que esses
sidade transformadora será, portanto, depen- participantes não estivessem sujeitos àquilo que
dente da comunidade na qual ele é praticado14 . eu lhes apresentava como objetos deflagradores
Ainda sob o enfoque da perspectiva pro- de reflexão e aos meus próprios modos de pen-
cessual desse tipo de reflexão, os estudos com as sar a educação e de conduzir o processo refle-
fotografias e com o espetáculo teatral serviram xivo compartilhado.
para evidenciar a importância do papel do medi- O conhecimento teórico dos educadores
ador durante a realização da conversa reflexiva. de professores e dos professores participantes se
Uma autocrítica que faço a esses meus dois es- faz, assim, necessário. No entanto, a capacidade
tudos é que, devido às condições as quais eu dis- dos docentes de teorizarem suas próprias expe-
punha, realizei-o sozinho, sem estar associado a riências do fazer pedagógico não deve ser me-
um grupo de educadores de professores que nosprezada. As teorias construídas pelos professo-
comigo trabalhassem e compartilhassem tais ex- res a partir de suas práticas devem estar em rela-
periências de formação e de mediação das refle- ção dialética com, como diz Clandinin e Connelly
xões compartilhadas. Tal ação formadora e (1995), as teorias codificadas nos livros. Mediado-
intervencionista pode se tornar perigosa, porque res de reflexões compartilhadas, quando bem in-
se corre o risco de o mediador se tornar um ‘pre- formados e teoricamente atualizados, podem ace-
gador’, ‘doutrinador’ ou ‘manipulador’ que con- lerar tanto o ritmo e a direção da reflexão assim
duz as reflexões segundo as ideologias que ele como o processo de organização teórica dessas ex-
próprio abrace, caso os participantes não sejam periências e das práticas dos docentes. Tais qua-
suficientemente críticos para percebê-las e caso, lidades de mediadores fazem com que os profes-
ainda, esse mediador não seja suficientemente sores participantes da conversa reflexiva se tornem
aberto às diversidades de posições e de idéias que sujeitos de suas próprias histórias e agentes que se
emergem nas sessões de reflexão compartilhada. apropriam não somente do processo de constru-
Assim, seria mais apropriado que essas sessões ção dos conhecimentos acerca do ofício de ensi-
fossem mediadas por ‘grupos’ formados de edu- nar, mas também da palavra. Durante as conver-
cadores de professores, professores, alunos e pais sas reflexivas, os professores podem, em público,
de alunos, os quais devem expressar e deixar tornar seus discursos pedagógicos instrumentos
transparentes aos participantes as ideologias e os de empoderamento, de transformação e de ex-
paradigmas de educação e reflexão que abraçam. pressão e não um mero conjunto de ruídos e de
Mediadores de reflexão compartilhada manipulação ideológica. Ademais, os educadores,
também devem ser educadores de professores que
possuam, além de suas experiências práticas, o 14. Por exemplo, a intensidade transformadora do filme O segredo de
Brokeback Mountain e o talento de seu diretor, Ang Lee, podem ser questiona-
conhecimento de certos paradigmas e referenciais dos na China, onde nem o filme nem o seu sucesso foram divulgados, pelo fato
teóricos que possam contribuir e colaborar com os de tratar de temas ditos incompatíveis com aquela sociedade e seus membros.
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n.3, p. 509-530, set./dez. 2006 521
contextos reflexivos que propiciem oportunida- mento durante o processo de descrição, aná-
des aos alunos para o desenvolvimento de lise e interpretação é algo artificial. O impor-
experiências estéticas. Esses passos são: tante é articular razões para as nossas avalia-
ções. Entendida dessa maneira, avaliação é
a) Descrição – requer do aluno a descrição uma afirmação apoiada em evidências conti-
dos elementos visuais da obra de arte (o que das no próprio objeto de arte.
ele vê e o que ele escuta), tais como: cenário,
apetrechos, figurinos de uma peça, os movi- Os passos, acima, levaram-me a crer
mentos no palco e o posicionamento dos ar- que, provavelmente, durante boa parte do tem-
tistas no espaço, as cores, linhas e imagens po das oficinas de fotografias, das apresenta-
de uma pintura, por exemplo. ções dos espetáculos teatrais e das respectivas
b) Análise – requer a atenção do aluno para reflexões compartilhadas que se seguiram, es-
as escolhas realizadas pelo artista para com- tive trabalhando e elaborando as experiências
por o seu objeto de arte, um exame dos ele- estéticas dos meus participantes, enquanto eles
mentos que compõem a obra e como eles se refletiam acerca dos objetos de arte a eles ex-
relacionam um com o outro; o modo como os postos como dispositivos deflagradores de re-
elementos tempo, dinâmica e acentos sugerem flexão. Assim, foi por meio desses trabalhos de
uma determinada sensação ou até mesmo uma pesquisa, de minhas leituras acerca dos assun-
história; a maneira como as escolhas de cená- tos pertinentes e de minhas reflexões sobre o
rios, apetrechos, figurinos dão apoio à idéia processo que atingi uma certa compreensão
da obra de arte; as formas e os gestos que são daquilo que eu estava fazendo com os profes-
utilizados e como eles indicam a idéia, a per- sores por meio da PEBA e das experiências que
sonagem e a história; as relações que têm os tal modalidade de pesquisa pode oferecer para
personagens e os objetos em cena, na coreo- uma Educação Estética dos professores, dos
grafia ou na pintura; e como é apresentada a alunos e dos pais que comigo estiveram envol-
obra enquanto ela se desenvolve. vidos. Evidências dessas afirmações podem ser
c) Especulação e/ou interpretação – requer constatadas no Quadro I, no qual fiz um elen-
do aluno uma reflexão acerca dos possíveis co de excertos das reflexões compartilhadas
significados da obra de arte, utilizando as in- (coluna à direita) que corroboram com os pas-
formações coletadas nas fases de descrição e sos do processo de pesquisa estética, tal qual
análise acima expostas. Com isso, questiona proposta por Greene (1995).
quais idéias e sensações o artista desejou ex- Assim, a especificidade das reflexões
pressar, as questões com as quais o artista ou deflagradas a partir dos dois objetos de arte
diretor do filme ou peça de teatro estavam utilizados em cada um dos dois estudos este-
preocupados, quais os fatos da vida do aluno ve ligada ao potencial que eles tiveram de ofe-
vieram à sua cabeça enquanto observava o recer aos participantes dos contextos reflexivos,
objeto de arte, os significados pessoais que o caracterizados pela liberdade para se produzir
objeto de arte teve para ele, possibilidades de significados a partir dos desafios lançados a
outros significados e o significado desse ob- eles pelos objetos. Antes de eu oferecer as
jeto de arte para uma sociedade futura. fotografias aos professores franceses e de eu e
d) Avaliação – é entendida como o valor que os alunos de Letras oferecermos as apresenta-
damos a um objeto de arte enquanto o per- ções do espetáculo teatral, havíamos nós mes-
cebemos ou uma afirmação fundamentada mos passado por um processo reflexivo o qual,
por uma evidência contida no próprio objeto de certa forma, compreendia a seleção e esco-
de arte. Nessa perspectiva, entende-se que lha dos conteúdos que foram oferecidos por
suspender qualquer tipo de avaliação e julga- ambos os objetos utilizados. No entanto, a
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n.3, p. 509-530, set./dez. 2006 525
nossas ações, para se tornar transformador e PEBA. Por exemplo, no estudo realizado no
emancipador, requer um longo processo de in- contexto francês, eu sempre estive presente
vestimento pessoal e profissional, de autoco- como um estrangeiro. Apesar da disponibilida-
nhecimento e de conhecimento dos outros que de e da confiança dos professores franceses em
conosco trabalham voltados para objetivos co- mim depositada, ainda acredito que foi possí-
muns que visem à transformação e à emancipa- vel ouvir somente parte daquilo que um edu-
ção da equipe de profissionais. A segunda limi- cador de professores francês ouviria. Esta tal-
tação de meus dois estudos é de cunho vez seja a razão pela qual carrego a impressão
metodológico e contextual. Contextual porque de ter ouvido poucos ‘danos’ com relação à
realizei os dois estudos individualmente, sem educação francesa, à formação e ao trabalho
uma equipe de apoio formada por outros edu- dos professores franceses. É possível que eles
cadores de professores. Esse fato pode até su- não desejassem abrir totalmente as portas às
gerir uma certa onipotência, pois não é possível mazelas do sistema educacional francês aos ou-
implementar e desenvolver um programa de vidos de um estrangeiro. Em compensação, da
educação reflexiva de professores de modo in- perspectiva de um observador externo, foi pos-
dividual, mas sim por meio de uma equipe, in- sível acessar e entrever certas peculiaridades da
clusive e se possível interdisciplinar. Não cultura de aprender daquele país, as tensões,
obstante essas duas primeiras limitações, optei frustrações e expectativas dos professores fran-
por levar adiante os dois estudos devido ao meu ceses, como quando começaram a refletir acer-
interesse nas representações que poderiam tra- ca dos sistemas de formação inicial, dos está-
zer (e trouxeram) os professores a respeito de gios e do concurso de entrada na profissão
suas práticas e de suas formações profissionais daquele país (o CAPES). Sendo assim, se não
(essas últimas, no caso dos alunos de Letras). tive acesso a certos aspectos das instituições,
Por fim, a terceira limitação que gostaria de da vida e da profissão dos professores france-
apontar é de cunho teórico e metodológico e se ses, da perspectiva de um pesquisador e edu-
fez muito mais clara no estudo francês. Ela diz cador de professores estrangeiro, tive o privilé-
respeito ao enfoque exclusivo da reflexão reali- gio de acessar outros dos quais nem os próprios
zada somente entre professores, quando esta educadores de professores daquele país pode-
deveria incluir todos aqueles que participam do riam ter consciência.
processo educativo, em especial o aluno, assim A PEBA se apresenta como um viés fe-
como os pais e os administradores dos estabe- cundo da pesquisa qualitativa, pois oferece pos-
lecimentos de ensino. Desse ponto de vista de sibilidades alternativas às atuais abordagens de
inclusão dos agentes que participam do proces- educação e reflexão no campo da educação ini-
so educativo, o estudo realizado no contexto cial e continuada de professores. Isso porque ela
brasileiro por meio do espetáculo teatral foi, tem condições de viabilizar as intenções dos
portanto, mais completo. Ele incluiu professo- educadores de professores interessados na promo-
res, educadores de professores, alunos, pais de ção de contextos reflexivos como espaços de
alunos, coordenadores de cursos e diretores de pesquisa, de revisão e de recriação da prática
escolas que formavam as platéias. Provavelmen- pedagógica e do conhecimento pessoal e práti-
te seja esta a razão pela qual, após concluir os co que os professores trazem de suas salas de
dois estudos, trago a sensação de que aquele aula. Essa nova modalidade de pesquisa qualita-
realizado no contexto brasileiro foi mais com- tiva viabiliza tais intenções dos educadores de um
pleto e inclusivo. modo empoderador, já que ela permite e dá con-
Ainda é possível pensar em algumas dições aos professores de pesquisarem e produ-
outras limitações metodológicas que estão liga- zirem os conhecimentos da própria profissão entre
das aos procedimentos que tomei e à própria os seus colegas e dentro de seus próprios con-
Referências bibliográficas
ALBA, M. S. Funcionalidad de la simiotica teatral. Anales Del II Simposio Internacional de Semiótica. Universidad de Oviedo, p. 425-
436, 1988.
BARONE, T. The purposes of arts-based educational research. Interna tional Journal of Educa
International tional Research
Educational Research, v. 23, n. 2, p. 169-
180, 1995.
BARONE, T.; EISNER, E. W. Arts-based educational research. In: JAEGER, R. M. (Ed.). Complementar
Complementaryy methods ffor
or research in
Education. Washington, D.C.: American Educational Research Association, 1997.
BARRIENTOS, J. L. G. Identificacion y distancia: notas sobre la recepcion teatral. Anales Del II Simposio Internacional de
Semiótica. Universidad de Oviedo, p.181-196, 1988.
BOAL, A. Tea tro do oprimido (e outras poéticas políticas). São Paulo: Civilização Brasileira, 1991.
eatro
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n.3, p. 509-530, set./dez. 2006 527
_______. O teatro como arte marcial
marcial. Rio de Janeiro: Garamond, 2003.
BOCHNER, A. P.; ELLIS, C. An introduction to the arts and narrative inquiries: arts as inquiry. Qualitative Inquir
Qualitative Inquiryy , v. 9, p. 506-514, 2003.
BULLOUGH, R. V.; STOKES, D. K. Analysing personal teaching metaphors in preservice teacher education as a means for
encouraging professional development. American Educa tional Research Journal
Educational Journal, v. 31, n. 1, p. 197-224, 1994.
CARROLL, N. Visual metaphor. In: HINTIKKA, J. Aspects of meta phor. Dordrecht, The Netherlands: Marinus Nijhoff Publishers,
metaphor
1994.
CLANDININ, D. J.; CONNELLY, M. F. Teachers’ professional knowledge landsca pes. New York: Teachers’ College Press, 1995.
landscapes
inquiry: experience and story in qualitative research. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 2000.
______. Narrative inquiry
DENZIN, N. K. The many faces of emotionality. In: ELLIS, C.; FLAHERTY, M. G. (Eds.). Investiga ting subjectivity
Investigating subjectivity. Newbury Park, CA:
Sage Publications, 1992.
______. The promise and perils of alternative forms of data representation. Educa tional Researcher
Educational Researcher, v. 26, n. 6, p. 4-10, 1997.
FÉRAL, J. La théâtralité: recherche sur la spécificité du langage teatral. Poetique, v. 75, p. 347-361, 1988.
GRAY, R. E. Performing on and off the stage: the place(s) of performance in arts-based approaches to qualitative inquiry. Qualita tive
Qualitative
Inquir
Inquiryy , v. 9, n. 2, p. 254-267, 2003.
imagination: essays on education, the arts, and social change. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1995.
______ Releasing the imagination
LAKOFF, G.; JOHNSON, M. Meta phors we live bbyy . Chicago: University of Chicago Press, 1980.
Metaphors
MEZIROW, J. (Ed.). Fostering critical ref lexion in adulthood. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1991.
reflexion
MUNBY, H. Metaphors in the thinking of teachers: an exploratory study. Journal of Curriculum Studies
Studies, v. 18, n. 2, p.197-209, 1986.
TELLES, J. A. Metaphors as coalescences of teachers’ beliefs of language, their students and language teaching. Letras
Letras, v. 16,
n. 1, p. 86-115, 1997.
______. Lying under the mango tree: Autobiography, teacher knowledge and awareness of self, language and pedagogy. The
ESPecialist
ESPecialist, v. 19, n. 2, p. 185-214, 1998b.
______. A trajetória narrativa: histórias sobre a formação do professor de línguas e sua prática pedagógica. Tra balhos em
rabalhos
Lingüística Aplicada
Aplicada, v. 34, p. 79-92, 1999.
______. Biographical connections: experiences as sources of legitimate knowledge. International Journal of Qualitative Studies
in Educa tion
Education
tion, v. 13, n. 3, p. 251-262, 2000.
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n.3, p. 509-530, set./dez. 2006 529
______. Modos de representação: O espetáculo teatral como dispositivo de reflexão e representação do desenvolvimento do
professor. In: ABRAHÃO, M. H. V. (Org.). Prática de ensino de língua estrangeira
estrangeira: experiências e reflexões. Campinas: Pontes
Editores, 2004.
VALADARES, J. M. O professor diante do espelho: reflexões sobre o conceito de professor reflexivo. In: PIMENTA, S. G.; GHEDIN,
E. (Orgs.). Professor reflexivo no Brasil
Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo: Cortez, 2002.
Recebido em 26.08.05
Modificado em 13.03.06
Aprovado em 26.06.06
João A. Telles é professor livre-docente no Departamento de Educação, UNESP–Assis e atua nos Programas de Pós-
Graduação em Educação da UNESP–Marília e em Estudos Lingüísticos, UNESP–S.J. do Rio Preto. Doutor em Lingüística
Educacional pelo OISE – Ontário Institute for Studies in Education, Universidade de Toronto, Canadá. Pós-doutorado pela
Universidade Charles-de-Gaulle, Lille III, França e Mestre em Lingüística Aplicada pela PUC-SP.