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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
PROJETO DE PESQUISA
TÍTULO PROVISÓRIO:
UBERLÂNDIA
2022
TÍTULO PROVISÓRIO:
UBERLÂNDIA
2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
RESUMO
A pesquisa tem por temática a arte e a educação, tem como eixo delimitador investigar
como professores de Arte de um Instituto Federal atuam enquanto Professores-Artistas
ao estabelecerem interrelações entre os processos arte-educativos e os processos de
criação e produção artísticos autorais que realizam no e em interação com o contexto de
atuação profissional. Tem por objetivo geral valorizar as práticas arte-educativas
desenvolvidas por professores de Arte enquanto Professores-Artistas que atuam nos
territórios do ensino, da pesquisa e da extensão, abarcando as dimensões ética, estética,
política e cultural na formação integral e na produção artística atual. A pesquisa
caracteriza-se por uma investigação cartográfica, de abordagem qualitativa e exploratória.
Tem por base epistemológica a complexidade (Morin) por apresentar uma visão complexa
e ampliada da realidade social contemporânea como fenômeno multifacetado e
multidimensional, a abordagem metodológica de análise dos dados será a análise do
discurso na perspectiva das práticas discursivas (Foucault). Os métodos de construção de
dados serão a observação de ações ocorridas no âmbito do campo de atuação profissional
e artístico, a entrevista semiestruturada e registros imagéticos (fotos e produções visuais).
A análise dos dados será realizada considerando-se os construtos filosóficos, pedagógicos
e artísticos, por meio de um processo de triangulação dos dados construídos pela
percepção da pesquisadora (notas da observação), pelo relato dos participantes (respostas
às entrevistas) e pela análise do material visual produzido pela pesquisadora (imagens –
fotos e esquemas visuais).
Palavras-chave: Arte, Educação, Professor-Artista, Educação Profissional e
Tecnológica.
1. INTRODUÇÃO
Ser Professor, ser Artista. Como duas profissões aparentemente tão distintas se
amalgamam no Professor de Arte? Como pensar o Professor – submetido à
sistematização de conhecimentos, saberes e práticas, comprometido com processos de
ensino, aprendizagem e avaliação, profissional socialmente tão desvalorizado –,
conjugado ao Artista – profissional da criação, da inventividade, da experiência estética,
que tem a liberdade e a sensibilidade como premissas de atuação, cujo mito da genialidade
e do talento inato lhe conferem um status social singular – num mesmo profissional?
Segundo Loponte (2005, p.45), nos livros e no discurso predominante sobre Arte
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Os Institutos Federais foram criados a partir da Lei nº 11.892 de 2008 e compõe a Rede Federal de
Educação Profissional Científica e Tecnológica que tem na educação integrada e na verticalização do ensino
seus princípios fundantes. Os Institutos Federais ofertam cursos presenciais e à distância em vários níveis
e modalidades de ensino: técnicos (integrados e subsequentes ao Ensino Médio), tecnológicos,
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HIPÓTESE
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OBJETIVO GERAL
Objetivos específicos:
a) Conhecer as práticas docentes-artísticas desenvolvidas pelos professores de Arte no
âmbito do ensino, da pesquisa, da extensão e da poética autoral no contexto de atuação
profissional;
b) Identificar a diversidade e complexidade das conexões estabelecidas entre elementos
pedagógicos e artísticos que compõem as práticas docentes-artísticas dos professores
de Arte pesquisados;
c) Analisar os significados e sentidos educativos e artísticos que permeiam as práticas
docentes-artísticas ocorridas na atuação profissional dos professores de Arte
participantes da pesquisa na perspectiva da atuação enquanto Professores-Artistas;
d) Tornar visíveis a multidimensionalidade, a amplitude e a diversidade de relações,
conhecimentos e territórios enredados nas práticas educativas, artísticas e culturais
desenvolvidas por esses profissionais no contexto do Ensino Profissional, Técnico e
Tecnológico do Instituto Federal no qual atuam.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
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Entre essas condições, Guattari (1992) inscreve a Música e as Artes Visuais como
“Universos de referência incorporais” que participam de modo significativo no
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mundo no qual ele vive. Como expressa Archer (2008), na contemporaneidade “A arte é
um encontro contínuo e reflexivo com o mundo em que a obra de arte, longe de ser o
ponto final desse processo, age como iniciador e ponto central da subsequente
investigação do significado” (ARCHER, 2008, p. 236).
Ao ter a Arte como área de conhecimento com a qual lida nos processos de ensino
e de aprendizagem, o professor de Arte acaba por extensão trabalhando com vivências
que ativam a percepção dos sentidos e da subjetividade, que por sua vez ampliam a
experiência educativa para além de conteúdos formalizados e aprendidos
conceitualmente.
Por sua vez, é necessário ao professor de Arte uma postura condizente com a
amplitude subjetiva do trabalho que realiza e dos sentidos que desperta tanto nele como
nos estudantes, assim como no contexto social e cultural onde opera.
Assim, o paradigma ético-estético que citei anteriormente em Guattari encontra
ressonância na ideia da vida como obra de arte, que podemos observar tanto em Nietzsche
(2012) como em Foucault (1985). Enquanto Nietzsche (2012) pensa a existência como
um fenômeno estético no qual a Arte adquire uma justificação prática como possibilidade
de vivenciar e suportar as mazelas da vida, Foucault (1985), que tem as leituras de
Nietzsche como referência e inspiração, apresenta a “estética da existência” como sendo
a culminância de uma postura ética que tem como base as práticas de “cuidado de si”.
Nas palavras de Nietzsche, "Como fenômeno estético a existência ainda nos é
suportável, e por meio da arte nos são dados olhos e mãos e, sobretudo, boa consciência,
para poder fazer de nós mesmos um tal fenômeno" (2012, p. 124 §107). Para este filósofo,
pensar a existência humana como obra de arte pode ser uma forma de encarar a vida como
um processo constante de autocriação que se desenvolve num cenário de múltiplas
relações que não se revelam pela razão, mas que podem ser melhor percebidas pela
sensibilidade artística do sujeito como um modo de superação da própria vida.
A Arte na sua perspectiva, supera a razão na medida em que não recorre a uma
verdade metafísica como fundamento para compreender a realidade. Segundo Nietzsche:
"[...] necessitamos de toda arte exuberante, flutuante, dançante, zombeteira, infantil e
venturosa, para não perdermos a liberdade de pairar acima das coisas, que o nosso ideal
exige de nós. (2012, p. 124 §107)
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Desse modo, ao tomar a Arte como um modo de existência incorporada à vida, tal
qual nos propõe Nietzsche (2012), o sujeito é capaz de interpretar o mundo por meio da
sensibilidade artística, o que o possibilita exercer sua potência criadora numa atitude
crítica e autônoma.
Por sua vez, Foucault (1985), ancorado nas leituras que empreende sobre a
filosofia grega em função dos estudos sobre a questão da constituição do sujeito e dos
processos de subjetivação realizados do final dos anos 70 até sua morte em meados dos
anos 80, argumenta que as práticas de “cuidado de si”3 desenvolvidas na antiguidade
constituem uma “cultura de si” que possibilitam pensar numa arte da existência para o
tempo presente.
As práticas de “cuidado de si” são tomadas por Foucault (1985) como um conjunto
de técnicas e exercícios que foram desenvolvidas tanto individualmente, por meio de
ações que cada sujeito empreende sobre si mesmo, como coletivamente, ou seja, como
prática social. O cultivo constante dessas práticas de cuidado de si proporciona um saber
sobre si mesmo, configurado numa espécie de estilo de vida, assim como um modo de
conhecimento sobre a sociedade. As práticas de cuidado de si são constitutivas do sujeito,
sendo ele formado (e não determinado) pelos atos e atitudes que se internalizam no seu
modo próprio de agir, elas devem proporcionar ações e pensamentos de transformação e
modificação ao longo de sua existência, de modo que o sujeito seja capaz de tomar as
rédeas de sua vida com liberdade e autonomia para viver conforme suas escolhas.
Segundo Foucault (1985), o paradigma filosófico da modernidade teria afastado o
cuidado de si do pensamento filosófico, sendo necessário retomar essa concepção ética
como uma forma de se libertar das normas e imposições que nos condicionam. Para este
autor, ao realizarmos práticas de cuidado de si refletimos sobre nossas próprias condições,
desejos, limites e potencialidades e “esculpimos” (criamos), tal qual uma obra de arte,
uma nova forma de viver, uma “estética da existência”.
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A respeito da expressão “cultura de si”, Foucault explica que “Por essa expressão é preciso entender que
o princípio do cuidado de si adquiriu um alcance bastante geral: um preceito segundo o qual convém ocupar-
se consigo mesmo é em todo caso um imperativo que circula entre numerosas doutrinas diferentes; ele
também tomou a forma de uma atitude, de uma maneira de se comportar, impregnou formas de viver;
desenvolveu-se em procedimentos, em práticas e em receitas que eram refletidas, desenvolvidas,
aperfeiçoadas e ensinadas; ele constituiu assim uma prática social, dando lugar a relações interindividuais,
a trocas e comunicações e até mesmo a instituições; ele proporcionou, enfim, um certo modo de
conhecimento e a elaboração de um saber”. (FOUCAULT, 1985, p. 50).
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imbuído da ideia de que sua vida seja de fato uma obra de arte em constante processo de
construção e transformação. Isso porque, quando se toma a vida como obra de arte, seja
pelo viés proposto por Nietzsche (2012) de ajustar artisticamente nossas forças e
fraquezas como pulsão que potencializa a nossa condição humana para existir, ou pela
perspectiva de Foucault (1985) de assunção de uma atitude ética e estética com a
existência humana, o professor de Arte torna-se testemunho da possibilidade de uma
existência docente-artística comprometida com sua autonomia e emancipação enquanto
sujeito e coletividade.
Por essa ótica, podemos afirmar que o professor de Arte, ao incorporar a postura
de Professor-Artista tem um papel fundamental na formação integral, que por sua vez
condiz com o ensino de Arte que se faz necessário na contemporaneidade e que
compreende a Arte como Conhecimento e Cultura (BARBOSA,1998).
Por isso, a investigação proposta nesta pesquisa busca produzir conhecimentos
sobre a complexidade dos múltiplos e heterogêneos processos de criação e produção em
Arte e sua participação na formação integral dos estudantes do Ensino Técnico e
Tecnológico, no sentido de agenciar a capacidade de criação, de expressão, de reflexão e
de invenção sobre a vida, a cultura, a sociedade e a história desses sujeitos.
Por esta perspectiva, a presente pesquisa de doutorado se apresenta como uma
possibilidade de discussão do papel da Arte na formação integral do sujeito e da atuação
do professor de Arte enquanto Professor-Artista, ou seja como profissional comprometido
com uma postura pedagógica criadora e dialógica, no sentido expresso por Freire (2000)
de provocar e propor “leituras de mundo” a partir do compartilhamento de vivências,
desejos, angústias, conquistas, retrocessos, expectativas, memórias, afetos, entre outros
fatores, que compõe as subjetividades individuais e coletivas de professores e estudantes
e que se atravessam no processo de criação e produção de um trabalho artístico.
3. JUSTIFICATIVA
Apesar da relação professor-artista ter sido tema de várias pesquisas que tratam da
importante complementaridade entre esses dois universos de atuação profissional que se
aproximam e se distanciam de maneiras diversas na composição do sujeito que ensina e
que produz Arte (ALMEIDA, 2009; FORTE, 2013, 2018; HONORATO, 2014;
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O trabalho do professor de Arte no contexto dos Institutos Federais se inscreve no cargo de Professor
E.B.T.T. (Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico) cuja carreira acadêmica prevê a atuação
profissional em diferentes níveis de ensino, além do desenvolvimento de ações de ensino, pesquisa e
extensão com estudantes e comunidade acadêmica.
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Sobre a história da relação do Ensino da Arte com a Educação Profissional, ver mais em: Licenciatura em
Artes Visuais. CIAR-UFG. Disponível em: <https://publica.ciar.ufg.br/ebooks/licenciatura-em-artes-
visuais/modulo/2/001.html>. Acesso em: 22 jun. 2022.
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4. METODOLOGIA
4.1. Contextualização
Considerando que esta pesquisa tem nas relações entre sujeitos seu foco de
investigação, se caracterizando pela produção de conhecimentos a partir do
acompanhamento de processos humanos dinâmicos e da constituição de suas
subjetividades, entendemos que a abordagem metodológica definida deve contemplar a
liberdade e a complexidade como princípios.
Desse modo, esta pesquisa caracteriza-se por uma investigação cartográfica, de
abordagem qualitativa e exploratória. Da perspectiva ontológica, é de natureza
subjetiva por procurar valorizar as práticas arte-educativas desenvolvidas por
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Por sua vez, a proposição de Luigi Pareyson (1993) de que “A arte é um tal fazer
que enquanto faz inventa o por fazer” reafirma essa compatibilidade da Cartografia como
método de pesquisa que permite acompanhar processos arte-educativos em curso,
abrangendo a multiplicidade de conexões que a experiência com a arte propicia e os
diversos modos e intensidades com que afetam os sujeitos que a vivenciam.
A abordagem metodológica de análise dos dados será a Análise do Discurso
na orientação da Análise das Práticas Discursivas conforme Foucault (2008), na qual
o discurso é configurado por enunciados, ou seja, produções de diferentes naturezas que
formam sistematicamente os objetos de que falam produzindo efeitos de sentido.
Na perspectiva de Foucault, a análise das práticas discursivas busca
[...] compreender o enunciado na estreiteza e singularidade de sua
situação; de determinar as condições de sua existência, de fixar seus
limites da forma mais justa, de estabelecer suas correlações com os
outros enunciados a que pode estar ligado, de mostrar que outras formas
de enunciação exclui [...] A questão pertinente a uma tal análise poderia
ser assim formulada: que singular existência é esta que vem à tona no
que se diz e em nenhuma outra parte? (FOUCAULT, 2008, p.31)
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Sendo essa uma pesquisa que se pretende aberta e inventiva no modo de conhecer,
na qual os procedimentos possam ser criados a partir de relações de confiança, afeto e
cumplicidade construídas entre pesquisador e pesquisados, podemos concluir que
A cartografia nos permite inscrever, num plano de forças onde
pesquisador e pesquisado estão mergulhados na experiência, no
propósito de construir pistas como indicações para a efetiva validação
da investigação, como procedimento não para ser aplicado, mas para ser
experimentado. A prática cartográfica é avessa a unificações e promove
sua abertura a variações, a multiplicidades, a desvios e a
indeterminações, pois o cartógrafo não varia de método, mas faz o
método variar. (PASTE, 2017, p. 11-12)
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exemplo, ateliês, espaços culturais da cidade, entre outros de escolha do professor de Arte
- pretende-se que seja possível realizar registros imagéticos (fotos e esquemas visuais) de
espaços, ações e produções docentes-artísticas que despontem como significativos para o
sujeito pesquisado e para a pesquisadora durante o percurso. É importante esclarecer que
os registros realizados por meio de fotografia respeitarão o direto de imagem das pessoas
retratadas de modo a terem como foco detalhes e fragmentos que componham o ambiente
da pesquisa, evitando o risco de que por meio da foto seja possível identificar pessoas.
Também pretendo realizar durante o período de imersão no contexto de atuação docente-
artística, uma entrevista semiestruturada com o professor de Arte de cada campus
visitado, sendo a mesma prevista para ter duração de 90 minutos e ocorrer em local e
horário definidos pela pessoa entrevistada, seguindo o Roteiro de Entrevista
Semiestruturada contendo 12 perguntas divididas em 3 blocos e registrada por meio de
gravação de áudio.
Os encontros com cada professor de Arte no seu contexto específico de atuação
(campus e cidade) serão agendados em conformidade com o calendário acadêmico do
Instituto Federal em questão, respeitando as especificidades de cada campus, os recessos
e feriados locais e períodos de férias escolares. Desse modo, os encontros ocorrerão nos
períodos entre outubro a dezembro de 2022 e fevereiro a junho de 2023.
As estratégias de construção de dados serão a observação, a entrevista
semiestruturada (individual) e o registros imagéticos por se apresentarem como
possibilidades abertas e sujeitas à complexidade dos processos que possam aproximar e
experimentar os sujeitos da pesquisa.
Uma vez que a pesquisa cartográfica estabelece que o pesquisador acompanhe o
ritmo dos processos numa posição de atenção ao acontecimento para captar sua
expressividade e singularidade (KASTRUP, 2015), entendemos ser necessário
estabelecer metodologicamente etapas que contemplem registros imagéticos (fotos e
esquemas visuais) e sonoros (gravação de voz) produzidos a partir do encontro da
pesquisadora com os contextos e os sujeitos envolvidos nas práticas docentes-artísticas
dos professores pesquisados, assim como produções artísticas visuais (fotos, desenhos,
esquemas visuais, diagramas, entre outras possibilidades de notação visual) e notas de
observação (anotações) produzidas durante os deslocamentos espaciais e os trajetos
pedagógicos, artísticos e reflexivos percorridos no contexto de atuação docente-artístico
de cada um desses sujeitos e que possam ser utilizados pela pesquisadora na elaboração
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A ideia de Cartografia Artística se inscreve nesta pesquisa no sentido próximo ao apresentado por
Gonçalves & Carmo (2017) no artigo Mapas abertos, espaços experimentais em cartografias de artistas
no qual as autoras citam exemplos de artistas que utilizam procedimentos comuns aos cartógrafos (porém
numa perspectiva pessoal, metafórica e ambígua), como mote subjetivo para o processo de criação artística.
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participar da pesquisa a qualquer momento. Entretanto mesmo se houver
impossibilidades, desistências ou abandono a investigação poderá ser realizada com um
percentual de até 37,5% da totalidade de 8 sujeitos previstos, pois como a pesquisa é
qualitativa, é possível uma análise substancial dos dados levantados com esta quantidade
de participantes.
6. RISCOS E BENEFÍCIOS
Riscos
No que diz respeito aos riscos que o projeto pode trazer aos participantes
apontamos a possibilidade de identificação, pois pode ocorrer a necessidade de utilizar
algum material imagético produzido durante a pesquisa que remeta a técnicas específicas,
à poética, à temática ou à materialidade da produção artística autoral do sujeito
pesquisado, uma vez que muitas dessas produções são ou já foram divulgadas por outros
meios como exposições, espetáculos, catálogos e apresentações. Nesse sentido, pelo
próprio caráter da pesquisa, ter sua identidade desvelada é algo passível de ocorrer ao
participante pois a sua produção artística autoral comporta singularidades que são próprias
da expressão poética de sua arte. Para evitar que os sujeitos pesquisados sejam
identificados, a denominação de cada participante no corpo da tese será feita por uma
palavra aleatória escolhida por cada sujeito pesquisado. Do mesmo modo, o campus no
qual cada participante atua será identificado na tese por um número conforme a sequência
de visita a campo realizada pela pesquisadora. Acredito que essas providências serão
suficientes para minimizar ao máximo os riscos de identificação associados à pesquisa.
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Benefícios
Acreditamos que os benefícios serão: a) a valorização do trabalho docente-
artístico realizado pelos professores de Arte enquanto Professores-Artistas; b) a
visibilidade das práticas docentes-artísticas como constituidoras de processos de
formação integral, artística e cultural dos estudantes da Educação Profissional; c) a
participação efetiva no compartilhamento de vivências pedagógicas-artísticas que
constroem uma percepção mais abrangente da atuação do professor de Arte e do artista
na sociedade; d) a modificação de conceitos ultrapassados a respeito da Arte e do Ensino
de Arte.
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8. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
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9. ORÇAMENTO
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BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, C. M. C. Ser Artista, Ser Professor: razões e paixões do ofício. São Paulo:
Editora UNESP, 2009.
ARCHER, M. Arte Contemporânea: uma história concisa. São Paulo, Martins Fontes,
2008.
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FRIGOTTO, G. A relação da educação profissional e tecnológica com a universalização
da educação básica. (p. 25-41) In MOLL, J. Educação Profissional e Tecnológica no
Brasil Contemporâneo: desafios, tensões e possibilidades. Porto Alegre; Artmed, 2010.
312 p.
GUATTARI, F. Caosmose: um novo paradigma estético. São Paulo: Ed. 34, 1992.
LIMA, C. D.; CUNHA, F. Percursos híbridos da criação: entre o ateliê e a sala de aula.
In Anais 25º Seminário nacional de arte e educação. Montenegro – RS: FUNDARTE,
2016.
NIETZSCHE, F. A gaia ciência. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das
Letras, 2012.
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