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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO – CURSO DE PEDAGOGIA


DEPARTAMENTO DE PRÁTICAS EDUCACIONAIS E CURRÍCULO

Componente Curricular: Arte/ Educação


Período: 2023.4 Prof. Guilherme Bruno de Lima - Turno: Noturno
Discente: Letícia Fernandes da Silva

Atividade de estudo dirigido

Natal/RN
2024.1
Questões de estudo

Texto 1

1 - Como o texto caracteriza a Arte/Educação?


2 - A partir de um estudo bibliográfico sistemático, o autor e a autora sistematizaram
três tendências conceituais do ensino de arte no Brasil: (1) Pré-modernista – o ensino de
arte como técnica; (2) Modernista – o ensino de arte como expressão e como atividade;
e (3) Pós-modernista – o ensino de arte como conhecimento. Caracterize cada uma
delas.
3 - A partir do que o texto sugere, investigue, em outras fontes, sobre a
Abordagem/Proposta Triangular.
4 - O texto aborda que uma das características da tendência pós-modernista de ensino de
arte é a consideração da interculturalidade. Pesquise exemplos desse princípio em
estudos sobre o ensino de arte.

Texto 2

5 - Segundo o texto, a BNCC foi “[...] marcada pela perspectiva da uniformização


curricular em favor de proposições associadas à constituição de uma suposta unidade
nacional”. Quais as problemáticas evidenciadas pelo texto, nesse processo de
constituição da Base Nacional? Comente levando em consideração o cenário político-
econômico que engendrou esse processo.

6 – Qual o papel da Federação de Arte/educadores do Brasil nas reivindicações do lugar


da arte na BNCC?

7 – Cite um dos estudos acadêmicos apontados no texto sobre a Base e comente sobre as
críticas/problemáticas apontadas pelo/a pesquisador/a do estudo, estabelecendo diálogos
com o seu percurso no componente Arte/educação.

Texto 3

8 – A autora e o autor do texto argumentam que “[...] o processo de aprender na


Educação de Jovens e Adultos só serão compreendidas se observarmos a
história dos sujeitos sócio históricos que trazem consigo os saberes aprendidos
na vida e os ressignificam na prática pedagógica”. Segundo o texto, por que esse
processo precisa ser compreendido nessa perspectiva?
9 – Discuta as relações entre a Dança, o repertório e a Abordagem/Proposta
triangular na perspectiva da prática com a EJA que os autores desenvolveram junto
aos estudantes.

_______
10 – Escolha uma das visitas virtuais da aula sobre mediação cultural. Você pode
escolher o Theatro Municipal de São Paulo ou a Pinacoteca. No caso da Pinacoteca,
escolha um artista/exposição para falar sobre.
Comente sobre a experiência enquanto espectador/a nesse processo, levando em
consideração as discussões sobre mediação dialogadas em sala, bem como os textos do
programa e outras fontes sobre o assunto (mediação cultural). Para quem foi ao Câmara
Cascudo, pode escolher o Museu também.

Respostas das questões

1- O texto caracteriza a Arte/Educação como um campo amplo e multidisciplinar,


abrangendo diversos saberes de diferentes áreas do conhecimento. Essa
multiplicidade contribui para diversos estudos e pesquisas científicas, gerando
resultados significativos na área da arte e do seu aprendizado. Devido à sua
construção ao longo da história, a Arte/Educação se consolidou como um campo
de grande relevância para a área da arte e do seu ensino. Essa relevância se deve
à sua abordagem abrangente e inovadora, que incorpora práticas de ensino
experimental de arte tanto dentro como fora do ambiente escolar. A
Arte/Educação se concentra em diferentes focos para o ensino das mais variadas
linguagens artísticas na educação, incluindo história da arte, dança, música e
teatro.

2- O ensino da arte como técnica nos processos informais de educação se


caracterizava por oficinas de artesãos onde o ensino de técnicas artísticas era um
meio de catequizar os povos. Já os processos do ensino da arte na educação
formal se deu na Academia Imperial de Belas Artes, onde se caracterizava pelo
exercício da produção de figuras do modelo vivo e cópias de diversas obras.
Com o passar dos anos, ocorreram algumas mudanças, mas a orientação do
ensino de arte como técnica no período Pré-Modernista se baseava em dois
princípios: o primeiro, o ensino de técnicas para a preparação para a vida
profissional, e o segundo, como ferramenta de ensino para as matérias
consideradas 'mais importantes', como português e matemática.

O ensino da arte como expressão artística se caracteriza pela prática de ensino


de arte que se deu pelas metodologias ligadas ao movimento Escolinhas de Arte
(MEA) que teve forte influência na perspectiva filosófica e metodológica do
ensino de arte através da influência americana e europeia onde foi possível
observar no Brasil o desenho infantil como livre expressão da criança e ao
decorrer da história o MEA começou a buscar a valorização da criança na
concepção de ensino através da livre expressão e da liberdade criadora o que
refletiu no desenvolvimento de atividades que dão maior autonomia a criança de
forma espontânea no processo criativo ou seja uma forma de expressar o que ela
sente, vê, sabe, aprende, acredita e etc. Sendo possível analisar os processos de
desenvolvimento pessoal como a criatividade, comunicação e expressividade por
exemplo, e ela pode experimentar tudo isso nas mais diversas linguagens
artísticas. No ensino de arte como atividade podemos observar a construção de
sua caracterização através da lei de obrigatoriedade instaurada (LDBEN) de n°
5.692 onde os componentes curriculares foram divididos em duas modalidades
a primeira seria a modalidade das disciplinas e a segunda a modalidades de
atividades que foi onde a arte adentrou e passou a desenvolver o papel de uma
mera atividade em que o planejamento se dava apenas para o cumprimento dos
horários por professores não especializados na área. Com o ensino da arte como
conhecimento se tem uma ênfase maior na arte em si como se tem com as outras
áreas do conhecimento, porém há dificuldade até hoje para firmar tal
pensamento em sociedade, já que a construção social, cultural e histórica
constitui fortemente posicionamentos negativos em visão da arte como uma área
de conhecimento completa já que ainda se tem a ideia de sua prática como
atividade recreativa não como ferramenta de desenvolvimento do saber, tanto
que em três das versões da nova LDBEN o ensino de arte foi tirada do currículo
obrigatório por não ter a devida importância, apenas em 1996 os educadores
conseguiram com que o ensino de arte como obrigatoriedade em toda educação
básica com todas suas especificações, conteúdos de estudo, metodologia, sistema
avaliativo e os objetivos de ensino.

3- É interessante observar o mesmo assunto por fontes/perspectivas diferentes,


pois, as informações se complementam visto que no texto em questão a proposta
triangular é abordada através do que o autor denomina de esvaziamento dos
conteúdos do ensino de arte onde foi necessário o resgate dos conteúdos da arte
e foi onde Ana Mae com suas colaboradoras sistematizaram a partir das
atividades educativas no MAC- Museu de arte contemporânea da USP, a
proposta do ensino triangular que consistia em três ações comportamentais
básicas, a primeira seria a criação, a segunda seria a leitura da obra e a terceira a
contextualização, o texto tem essa fundamentação, e ao buscar uma outra fonte,
encontrei um TCC da Universidade Federal do Macapá que tem como tema
“Revisitando a proposta triangular na concepção e prática do arte/educador” em
que fala justamente desses aspectos históricos da criação e do aprimoramento da
proposta ao longo dos anos, em que é possível observar que não se tratava
apenas de conteúdos, mas, visava facilidade de se aplicar em vários assuntos
trazendo consigo ações praticas, o que contribuiu significativamente para o
ensino e aprendizagem de arte nas escolas já que muitas vezes os assuntos eram
retratados de forma mal interpretada pelo arte/educador. Durante o processo de
aprimoramento Ana Mae teve contato com outros educadores como Paulo Freire
e pode observar o que desenvolveu como proposta de ensino para educação o
que contribuiu para potencializar sua proposta pedagógica.

4- A interculturalidade é extremamente importante visto que os processos artísticos


e a arte que consumimos tem grande enfoque em movimentos da cultura
europeia o que não é algo ruim mas se torna problemático se todo
aprofundamento, conhecimento ou referencial artístico de cultura se restringir
em apenas uma, então considerar a interculturalidade trás um reflexo
fundamental no desenvolvimento do aluno em sua visão de mundo e de
representatividade de sua própria cultura e o meio em que está inserido para que
ele veja que muita das vezes a arte não está longe de dele, apenas a maneira que
apresentaram a arte para ele se torna distante de sua realidade. Esse fator de
consumo interno ou seja de se conhecer e reconhecer a cultura de quem o aluno
faz parte, tem uma importância gigantesca. Um dos exemplos que se pode
observar desse estudo e dessa busca de representar, relacionar e tornar acessível
a cultura é a Harmonia Rosales artista norte-americana de ascendência afro-
cubana, que fez algumas obras de ressignificação e entre elas temos "A criação
de Adão" e a obra do "Nascimento de Vênus".

Sendo assim é possível observar que as obras já existem e representam a


cultura europeia e ela trouxe as obras de uma forma a representar a sua cultura e
o seu povo, logo, é possível entender que existem possibilidades para trazer esse
ensino de modo a representar as cultura. Onde ele pode ser ressignificado como
nas obras apresentadas, mas também existem criações de artistas independentes
que ressaltam a importância da cultura de cada povo e local, porém é necessário
dar visibilidade à esses trabalhos, que podem e devem ser uma forma de
ensino/aprendizado de arte.

5- O texto em questão refere-se a problemática da uniformização curricular, onde é


possível observar a defesa de que a busca por uma suposta unidade nacional
ignora as múltiplas realidades socioculturais presentes no país ou seja podendo
ocasionar a marginalização de grupos e de saberes locais por exemplo, tendo em
vista que A BNCC teve a sua elaboração em um contexto de reformas
neoliberais no Brasil, conflitos e havendo também a crise que engendrou o
impeachment da presidenta Dilma, isso significa que a educação não foi
priorizada no orçamento público, ocasionando inúmeras dificuldades para
implementação da Base em condicionamento pertinente, então inúmeras
dificuldades foram encontradas no processo visto que as expectativas estavam
associadas à uma constituição com homogeneização Curricular, falta de recursos
e infraestrutura, e o excesso de conteúdos com protagonismo vigente mas sem a
visão do andamento de acompanhamento dos alunos.

6- A FAEB tem como papel principal defender os interesses dos arte/educadores e


buscando a garantia da arte como disciplina e área de conhecimento essencial
para formação acadêmica. O papel da Federação de Arte/educadores do Brasil
do lugar da arte na BNCC, foi de intensa participação em uma série de reuniões
que possibilitou revisões, reivindicações e solicitações de correções no
documento em pontos cruciais referentes ao ensino de arte, ao exercício
profissional de docentes de Artes Visuais, de Dança, de Música e de Teatro.

7- Um dos estudos apresentados durante o texto é o de José Roberto Peres, e o


interessante é que ao ler suas ideias e o que ele problematizou me veio a
memória o percurso que foi feito durante as aulas de Arte/Educação, pois me
senti convidada a refletir sobre o papel e a importância dada ao ensino de arte na
sociedade, tendo em vista nesse momento as dificuldades e opiniões de grandes
educadores experientes na área. Então observar esse estudo com a perspectiva na
BNCC, me possibilitou ver a falta de seriedade quando se lida com o campo
artístico e a arte, pois ele inicia ressaltando que o texto provisório de
apresentação desconsidera a arte como área de conhecimento e é possível
observar uma relação com a chegada da arte europeia no Brasil, tendo em vista
que o seu ensino era desconsiderado como área de conhecimento essencial, ele
aborda também, a forma que não se tem uma preocupação em proporcionar um
entendimento consistente e construtivo aos estudantes, contribuindo assim, para
uma formação limitada a respeito da compreensão sobre a arte e os seus
processos, juntamente a secundarização Curricular e de formação profissional já
que a busca era um professor especializado em pelo menos uma das áreas/
linguagens artísticas pois permanecia a polivalência, o que se pararmos para
analisar não é tão diferente dos dias de hoje tendo em vista a forma que muitos
compreendem a arte como mera atividade e que um pedagogo por exemplo pode
ser professor de artes pois a disciplina é resumida em colorir desenhos, quando
na realidade se tem a necessidade do ensino teórico, histórico e prático.

8- Esse processo precisa ser compreendido tendo em vista esse olhar como
perspectiva para que seja possível sistematizar, ampliar e aprofundar os saberes
trazidos de modo a considerar a sua própria vivência e realidade pois além de
“recuperar” os conteúdos como é colocado no texto, eles precisam de uma visão
de futuro como jovens e adultos do seu tempo, correspondendo a um melhor
viver capaz de mobilizar sonhos, trazendo um maior sentido na vida dos
educandos pois o “[...] processo de aprender e ensinar são, antes de tudo,
processos de produção do saber, de produção do conhecimento, e não
de transferência de conhecimento” (FREIRE, 2014, p.167). Ou seja descartar o
conhecimento de mundo dos jovens-adultos é como apagar sua história,
relativizando sua realidade pois mostra uma expectativa artística e de mundo as
vezes inalcançáveis, tendo em vista a necessidade de compreender todos esses
aspectos socio-históricos e culturais a arte trás inúmeras possibilidades de
desenvolvimento e autonomia em seu cotidiano, e um conhecimento mais
consistente e amplo em aprendizado e em aumento do conhecimento na
bagagem de vida em campo ético, artístico, social e humano.

9- É interessante observar o processo do desenvolvimento desse trabalho, tendo em


vista a consideração do conhecimento dos estudantes pois eles trouxeram as
danças já presentes em seu repertório, ou seja em sua realidade cultural, e a
partir disto os educadores abordaram essas referências através de um paralelo
referencial a partir de falas frequentes, foram escolhidas danças/gêneros para o
desenvolvimento do conhecimento através da abordagem triangular, pois
podemos entender que a dança como arte presente em seu cotidiano pode ser um
referencial artístico para os educandos que permite ressignificar ideias do corpo,
em parte concreta, de matéria que age, que pensa e que trabalha, então o fato da
utilização da proposta triangular enfatiza a forma como podemos relacionar,
refletir e fazer arte com o próprio corpo e em ações cotidianas, sendo uma forma
de trabalhar o contextualizar, o fazer e o apreciar, sendo possível observar de
modo mais amplo a dança como conhecimento de projeção estética e artística
no individual e no coletivo. Sendo assim, de grande notoriedade a contribuição
do ensino de arte no EJA, vivenciando e experimentando diferentes aspectos
expressivos através da dança e do corpo, representativos e técnicos por exemplo.

10- Antes de cursar a disciplina de Arte/Educação eu não sabia de forma concreta o


que seria um mediador cultural, pensei que seria apenas alguém que faz o
transporte de informações sobre uma determinada cultura mas ao decorrer da
aula pude observar que não possuía uma visão clara a respeito da temática. Um
ponto crucial para um melhor desenvolvimento de ideias sobre tal questão foram
as visitas realizadas virtualmente na Pinacoteca e Theatro Municipal de São
Paulo, mas a visita que causou um impacto ainda maior e significativo foi a
visita em grupo ao Museu Câmara Cascudo, onde pude vivenciar uma
experiência maravilhosa e viver tudo que antes ouvia falar em teoria, pude
transitar e conhecer sobre a história e cultura do meu estado, desde os
dinossauros potiguares, aves, artistas do nordeste e a identidade indígena
presente aqui, a sua história, referências portuguesas e os simbolismos e
construções envolvendo aspectos culturais e religiosos, logo, compreender todo
esse percurso só foi possível por meio de uma explicação consistente, tecendo
pontes entre o público e as obras apresentadas, trazendo à tona o que as vezes
não está visível ou compreensível sobre cada cultura ou do que o choque delas
ocasionou dentro de nossa própria história como é o caso da chegada dos
portugueses ao Brasil, fazendo com que seja possível ver o contexto por trás da
obra, facilitando a leitura e a compreensão de modo a deixar o espectador
refletir, pois ele apresenta as possibilidades e não impõe o que se considera
correto ou incorreto. Uma das exposições que mais me chamou atenção foi a
apresentação das canoas indígenas e a pedra portuguesa, onde fui convidada a

refletir sobre a concepção que criei a respeito da história, das influências que os
portugueses trouxeram mas a maneira brusca que tomaram as terras brasileiras.
Sendo assim, a sala me passou inúmeras sensações, junto com as paredes que
mostram o vasto céu e as constelações utilizadas para navegar que são um
referencial até os dias de hoje. Na sala somos apresentados a materiais que
carregam possibilidades mas as vezes não se tem certeza absoluta e se agarramos
em crenças, já as constelações me passam a sensação de esperança e guia, para
inúmeros caminhos que a história trilhou e ainda pode trilhar, basta tomarmos
uma direção.

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