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09/07/2017 Folha de S.Paulo - "Dicionário crítico das escritoras...

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São Paulo, sábado, 16 de novembro de 2002

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"DICIONÁRIO CRÍTICO DAS ESCRITORAS..."

Nelly Novaes Coelho organiza obra com 1.401 verbetes,


trabalho de 20 anos

Professora coleciona autoras


brasileiras
FRANCESCA ANGIOLILLO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Na próxima quinta, a professora Nelly Novaes Coelho, 80,


põe o ponto final num trabalho de duas décadas, ao lançar o
"Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras".
Se não é o primeiro a enfocar a literatura feminina no Brasil,
o dicionário da professora Nelly tem o mérito da extensão
(são 1.401 autoras) e de ser o mais novo volume do gênero -
do que supõe-se ser o mais atualizado.
A gênese do levantamento agora apresentado está em outro:
foi elaborando o "Dicionário Crítico de Literatura
Infantil/Juvenil Brasileira" (Edusp) que Novaes Coelho
deparou com uma "plêiade de novas escritoras de grande
força, mas sem circulação entre o grande público". Além de
buscar aumentar esse público, o novo dicionário pretende
servir de fonte a pesquisas na área universitária.
O critério para mergulhar num universo tão amplo foi limitar
a seleção a "ficcionistas, poetas, cronistas e dramaturgas"
que tivessem pelo menos um livro publicado, uma peça
representada. "Foi um critério de natureza quantitativa, para
dar limites materiais à pesquisa. Isso porque as ensaístas ou
as escritoras que só publicaram em antologias, revistas etc.
são às centenas", diz.
Como toda regra, deixa passar exceções: são autoras dos
séculos 18 e 19 que não puderam editar livros e "mulheres
notáveis" a "homenagear" -caso, por exemplo, de Chiquinha
Gonzaga.
A autora frisa que não conseguiria ter compilado os verbetes
se, além de usar outras obras de referência, não tivesse
armado uma rede composta de colegas, que enviaram
informações de todo o país, e de autoras, que manifestaram
interesse em estar presentes.
Ao mesmo tempo que possibilitou o trabalho de fôlego,
porém, o método, ao buscar primordialmente abrangência,
fez com que o resultado se ressentisse da ausência de um
crivo mais rígido a ditar a extensão ou mesmo a presença dos
verbetes. Surgem, assim, discrepâncias.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1611200218.htm 1/2
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Por exemplo, pode até ser que, à sombra vultosa de Clarice,


a menos famosa Elisa tenha acabado esquecida e deva ser
defendida como vítima de idiossincrasias mercadológicas.
Mas soa ligeiramente estranho que as irmãs Lispector
mereçam o mesmo peso no volume. Do mesmo modo,
parece esquisito que Márcia Peltier, notadamente uma
jornalista, seja contemplada de forma semelhante a Ana
Maria Machado, escritora reconhecida inclusive com
prêmios internacionais.
Por outro lado, fica impossível saber se foi um efeito do
método ou a vontade corajosa da professora a deixar de fora
uma escritora badalada como Fernanda Young e privilegiar
uma discreta, como Claudia Roquette-Pinto -da mesma
geração que a algo punk Young, Roquette-Pinto é dona de
uma poética sólida e ganha um verbete caprichado.
A suposta objetividade, vale dizer, se resume ao aspecto
macro do volume; no nível dos verbetes, a autora se coloca
muito pessoalmente, alguns comentários ficando no plano da
opinião, talvez respaldada pelos longos anos de carreira
acadêmica.
Faltaria somar aos índices (alfabético e por origem) um que
listasse as autoras por época -o que facilitaria a identificação
de seu lugar na literatura brasileira.
Por fim, é preciso dizer que, críticas à parte, o trabalho é
bem-vindo e se afirmará como o útil instrumento que
ambiciona ser.

DICIONÁRIO CRÍTICO DAS ESCRITORAS BRASILEIRAS (1711-


2001). De: Nelly Novaes Coelho. Editora: Escrituras (0/xx/11/5082-4190).
R$ 89,50 (752 págs.). Lançamento: quinta, às 18h, no Memorial da
América Latina (av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, portões 4 e 5,
SP; tel. 0/xx/11/3823-4600).

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