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RESUMO INVESTIGAÇÃO E ANÁLISES QUÍMICAS

LUCAS ALMEIDA DUARTE


18\05
PROF WILIAM OLIVEIRA

3. Pós-genética:
Em pouco mais de uma década, saltamos da genética à proteômica, ou seja, ao
estudo das proteínas em seu conjunto, que produzem os genes, os motores da vida
e também das doenças. Novos empreendimentos nasceram, como o Projeto 1.000
Genomas (para catalogar as variações genéticas humanas), o Projeto Genoma
Pessoal (o estudo do genoma de dez pessoas) ou o Varioma Humano (para analisar
as variações genéticas que afetam a saúde).Foram criados prêmios milionários para
desvendar as chaves genéticas das pessoas centenárias, e quadros mostrando o
perfil genético de seus donos entraram na moda. Foram descartadas as ciências
“ômicas” (como a embriogenômica, epigenômica, expressômica, metabolômica,
toxicogenômica), e o DNA foi jogado no lixo. Os oportunistas de sempre
patentearam 20% do genoma humano, e foram realizadas pesquisas faraônicas,
como o Genographic Project, para rastrear a origem comum dos 7 bilhões de seres
humanos. A medicina personalizada cresceu, a “nutrigenômica” (nutrição
personalizada) surgiu, e o código genético de chimpanzés, minhocas, moscas,
mamutes, ornitorrincos, aves, ratos (e muitas outras espécies) foi decifrado, assim
como o de tomates, batatas, bananas, arroz, melancia, laranja e melão (dentre
outros) para melhorar a produção e recuperar o sabor de muitos deles, que
perdemos há muito tempo.No entanto, o tempo passou, e a bioinformática avançou
com grande velocidade, mas o discurso esperançoso que sustentava essa epopeia
científica sofreu seus primeiros baques. De alguma maneira, nossa paixão foi
esfriando. Embora centenas de genes relacionados a muitas doenças hereditárias
raras e causadas por um punhado de modificações tenham sido identificados, as
grandes doenças assassinas da humanidade, como o câncer e o diabetes (que,
pelo que acreditávamos, já estariam erradicadas a essa altura), ainda não
desapareceram. Os cientistas admitem que o Projeto Genoma Humano definiu um
antes e um depois para a biologia molecular – e muitas outras áreas da ciências –,
mas que o conhecimento adquirido não teve muitas aplicações médicas. Assim, o
tom foi diminuindo. Os sonhos grandiloquentes foram erradicados por afirmações
cobertas de prudência. “O genoma não servirá para curar o câncer” , diz agora Craig
Venter, “mas ajudará os pesquisadores a saber como evitar certos tipos de
tumores”.

4. Genomania:
Com o início do século XXI, o Projeto Genoma Humano não fez senão aprofundar o
processo que já havia começado com um filme: de Jurassic Park (1993) para cá,
palavras até então balbuciadas por poucos passaram a ser mastigadas por muitos.
Agora, “gene” , “DNA” , “cromossomo” , “genoma” e “mutação” podem sair sem
grandes surpresas tanto da boca de uma criança de 7 anos amante da
paleontologia como de um rapaz de 17 fanático pelos super-heróis mais genéticos,
os X-Men. Mas assim como houve uma invasão retórica, também houve uma
avalanche de ideias falsas. O genoma foi mitificado. Os genes se revelaram o
fetiche de nossa era científica. Ao mesmo tempo que a genética se transformava em
uma aliada dos direitos humanos, permitindo identificar filhos de desaparecidos, na
Argentina, por exemplo, e que o sequenciamento dos genomas de várias espécies
incentivava o fantasma da manipulação que já havia deixado sem dormir o insone
H. G. Wells em A ilha do doutor Moreau, os equívocos se espalharam: os genes
foram endeusados. O reducionismo havia entrado em cena. Habituamo-nos ao
“geneísmo” , o anúncio constante do descobrimento do “gene da” maldade,
homossexualidade, fidelidade, felicidade, juventude e milhares de outras notícias
simplórias. “Os genes não têm vida própria. Não são bons nem maus” , aponta o
médico e geneticista Víctor Penchaszadeh. “Continuase a falar no ‘gene de’ , como
se fossem capazes de determinar sozinhos como as pessoas vivem. Hoje, sabemos
que todas as características humanas dependem de uma interação complexa e
contínua ao longo do tempo entre a constituição genética (os genes que herdamos
de nossos pais) e nosso ambiente.”

6. “DNA lixo”:
Além de expulsar do vocabulário científico a palavra “raça” , de reafirmar nosso
parentesco íntimo e próximo com os chimpanzés (o ser humano é aproximadamente
99% chimpanzé) e revelar que, geneticamente, estamos mais próximos dos ratos
que dos gatos, uma década atrás o Projeto Genoma Humano também concluiu que
cada indivíduo é, literalmente, um lixo. Aberta a caixa de Pandora – o nosso livro da
vida, o manual de instruções para construir e fazer funcionar um corpo humano –,
achou-se em um primeiro momento que apenas 3% do genoma tinha uma função
aparente e codificava (ou seja, fabricava) proteínas. Ou, como se disse, é como se,
em uma biblioteca com duzentos livros, apenas seis significassem alguma coisa. E
os 97% restantes? Esse resto, que não contém instruções como os genes e já era
conhecido havia décadas embora ainda não soubéssemos sua proporção, foi
batizado pelo japonês Susumu Ohno de “junk DNA” (ou “DNA lixo”), enquanto o
sempre polêmico Richard Dawkins o chamou de “DNA egoísta” , uma bagunça de
sequências repetitivas e aleatórias que nadam em todos os cromossomos e, não
muito tempo atrás, eram considerados imprestáveis, uma espécie de pano de fundo
para os genes protagonistas. Não faltou quem os visse como “pseudogenes” ,
“genes satélites” ou resíduos de vírus ancestrais que invadiram o genoma humano
há milhões de anos – ou seja, antes de nos tornarmos humanos – e, por
comodidade ou conveniência, ficaram acampados ali.A reinterpretação do “DNA
lixo” também fará com que vários conceitos fundamentais da biologia sejam
repensados. Até agora, acreditava-se que o DNA fosse organizado como uma
espécie de fio, em que os genes eram fragmentos ou unidades independentes
separadas por buracos nos quais só havia “DNA lixo”. Essa imagem linear foi
substituída por outra, a tridimensional: de agora em diante, concebe-se o DNA
enrolado, como um ovinho no núcleo das células. As regiões distantes (se fosse
possível estender todo esse ovinho de DNA) estão tão próximas umas das outras
que interagem entre si. Além disso, os genes atuam em rede, compartilhando
informações. O impacto do trabalho foi tão grande que muitos biólogos afirmam que
precisarão mudar sua forma de estudar o assunto. “No início da primeira década do
século XXI, o Projeto Genoma Humano foi algo semelhante a tirar uma foto da Terra
vista do espaço em que não apareciam estradas, restaurantes, o tráfego” ,
comentou Eric Lander, biólogo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
“Agora, os cientistas deram um zoom que permite ver esse código de forma
detalhada. O projeto Encode é o Google Maps da genética.”

21. Doping cerebral:


O doping é tão antigo quanto a mentira. Embora seu caso esteja mais associado à
trapaça, que nunca deixa de se aperfeiçoar. De fato, já se fala há algum tempo tanto
do doping sanguíneo (transfusões de sangue para conceder mais oxigênio a um
esportista) como do doping genético, ou seja, um leque de terapias para enxertar
nos músculos ou bíceps genes de hormônios, como a chamada eritropoietina
(EPO), que aumenta diretamente a produção de glóbulos vermelhos. Os músculos,
contudo, não são a última fronteira do doping. Ainda existe um continente a ser
explorado: o cérebro. O doping intelectual ou cerebral já está entre nós: é uma
prática para potencializar a criatividade ou aplacar os nervos, reduzir o cansaço e
combater a insônia ou a falta de concentração. Nos corredores dos laboratórios de
neurociência e nas salas de universidade, já são mencionadas com alguma
precaução as palavras como smart pills, “pílulas da inteligência” ou “drogas
racionais” , que esquentarão o debate nos próximos anos. Até já foi lançado um
filme que abordou o tema dos também conhecidos “upgrades cerebrais” ou
“melhorias cognitivas”: o neurothriller Sem limites (2011). “Tudo o que um dia eu li,
escutei ou vi em minha vida se organizou em minha cabeça” , conta Eddie Morra
(interpretado por Bradley Cooper), protagonista dessa mistura de ciência e ficção.
“De repente, eu soube exatamente o que fazer e como fazer.”Um mês após
começar a tomar a droga mágica NZT-48, esse escritor caótico e arruinado se
transforma em uma nova pessoa: aprende a falar italiano e a tocar piano em três
dias, escreve um livro em quatro, torna-se multimilionário, ludibria o personagem de
Robert De Niro e evita tomar uma surra daquelas ao lembrar de um antigo filme de
kung-fu. Embora, claro, não exista nada de bom sem efeitos colaterais: após um
período, perde a noção do tempo e acorda em lugares aos quais não sabe como
chegou (obviamente, todos sabemos que, muitas vezes, isso acontece sem
tomarmos nenhum comprimido).Em humanos, os casos de drogas mais próximas à
fictícia NZT (anfetaminas e outros estimulantes, como a cafeína) servem para
melhorar ligeiramente a concentração, mas não fazem mais que provocar a ilusão
de um aumento de inteligência. Por exemplo, uma droga chamada Modafinil, usada
por pessoas que sofrem de narcolepsia (um raro transtorno que as aflige com um
sono incontrolável durante o dia), é empregada para manter tropas
norte-americanas em estado de alerta durante horas sem sintomas de fadiga. Como
era de se esperar, esses upgrades cerebrais estão no olho do furacão: são a mais
recente grande polêmica neurocientífica, observada com atenção por um novo ramo
da ética, a “neuroética” , cujos entusiastas não deixam de se perguntar se chegará o
dia em que será necessário pedir aos estudantes uma amostra de urina antes de
uma prova para comprovar que não consumiram fármacos estimulantes da
memória.

Análisese Análises 18\

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