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Nos últimos anos, o desenvolvimento do esporte paraolímpico Keywords: Trauma-orthopedic lesions. Athletes. Paraolimpic.
N % N % N % N %
Amostra
Coluna
A amostra do tipo não probabilística intencional foi composta vertebral 11 019,3 06 054,5 28 038,9 09 036 054 032,7
de 60 homens e 22 mulheres (n = 82) atletas, com idade entre 15
MMSS 09 015,8 04 036,4 32 044,4 14 056 059 035,8
e 51 anos, participantes dos Campeonatos Mundiais de 2002 nas
MMII 37 064,9 01 009,1 12 016,7 02 008 052 031,5
referidas modalidades esportivas: natação = 37; tênis de mesa =
Total 57 1000, 11 1000, 72 1000, 25 100 165 1000,
19; atletismo = 19 e halterofilismo = 7. Os procedimentos da pes-
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TABELA 2
tas portadores de deficiências e habilidade especiais(5). Tanto os
Localização anatômica das lesões traumato-ortopédicas macro quanto os microtraumas têm maior possibilidade de ocor-
intra-segmentares mais freqüentes nos atletas paraolímpicos rer nesses atletas quando estão presentes os fatores intrínsecos,
nas diferentes modalidades – Mundiais 2002 como comprometimento da força, equilíbrio, marcha, coordena-
ção, sensibilidade, tônus, flexibilidade e desalinhamento anatômi-
Atletismo Halterofilismo Natação Tênis
de mesa co, muitas vezes levando ao overuse de segmentos não afetados
funcionalmente, hiperreflexia autonômica, disfunção da termorre-
Nº lesões % Nº lesões % Nº lesões % Nº lesões %
gulação, além dos fatores extrínsecos, como uso da cadeira de
C. cervical 02 003,5 – – 12 016,7 02 008 rodas, órteses, próteses, local inadequado da prática dos espor-
C. dorsal 02 003,5 02 018,2 09 012,5 04 016 tes, modo irregular de treinamentos(6-7). Esses atletas, portadores
C. lombar 07 012,3 04 036,4 07 009,7 03 012
de tais fatores, devem ser observados e cuidados individualmen-
Ombro 08 014,1 02 018,2 21 029,2 08 032
Braço – – – – 03 004,1 01 004 te, levando em conta suas deficiências, habilidades adicionais e
Cotovelo – – 02 018,2 05 006,9 03 012 modalidade esportiva praticada.
Antebraço – – – – – – 02 008 Dentro dessa visão mais ampla dos resultados, pode-se verifi-
Punho – – – – 02 002,8 – – car que o atletismo paraolímpico é um esporte caracterizado por
Mão 01 001,7 – – 01 001,4 – –
Coxa 05 008,8 – – 02 002,8 01 004
ausência de contato físico entre os competidores. No entanto, essa
Joelho 07 012,3 – – 05 006,9 01 004 modalidade é marcada por uma diversidade de provas com movi-
Perna 22 038,6 – – 02 002,8 – – mentos cíclicos e acíclicos (e grande número de movimentos as-
Tornozelo 01 001,7 – – 01 001,4 – – simétricos), que influenciam diretamente a biomecânica dos atle-
Pé 02 003,5 01 09, 02 002,8 – –
tas, o que favorece o aparecimento de um número elevado de
Total 57 1000, 11 1000, 72 1000, 25 100 lesões não só atribuídas a essas características distintas do pró-
prio esporte, como também sofrem influência das peculiaridades
do desporto paraolímpico, com o uso de órteses, próteses, etc.
TABELA 3 A literatura aponta que, dentre as lesões esportivas no atletis-
Tipos de lesões traumato-ortopédicas intra-segmentares mais freqüentes
mo mais evidenciadas nos atletas olímpicos, 17 a 76% são mús-
nos atletas paraolímpicos nas diferentes modalidades – Mundiais 2002
culo-esqueléticas, sendo 20% dessas ocorridas durante as com-
Atletismo Haltero- Natação Tênis Total %total petições(5,9,12), não sendo encontrada nenhuma referência quanto
filismo de mesa às lesões de atletas paraolímpicos nessa modalidade.
N % N % N % N % Dentre as variadas estruturas do MMII, destacamos, nos atle-
tas paraolímpicos, as lesões ocorridas na perna, o que corrobora
Algias coluna 11 019,4 06 054,5 28 038,9 09 036 054 032,7
os resultados apontados por Bennell et al.(12), que relatam em seu
vertebral
trabalho, com 95 atletas olímpicos, incidência de 27,7% de lesões
Contusão 03 005,3 01 009,1 08 011,1 03 012 015 009,1
nas pernas, seguidas pela coxa (21,5%), joelho (16,2%), pé (14,6%),
Tendinite 27 047,4 02 018,2 23 031,9 09 036 061 0370,
tornozelo (7,3%), dorso /pelve e quadril (13%). Embora Laurino et
Fasciite 01 001,7 – – – – – – 001 000,6 al.(13) demonstrem uma realidade diferente, já que, em seu traba-
Epicondilite – – 02 018,2 04 005,5 03 012 009 005,5 lho, as lesões na coxa foram o segmento corporal que obteve maior
Distensão 13 022,8 – – 06 008,4 01 004 020 012,1 incidência, com 53,3% casos, seguida do joelho com 17,5%,
Entorse 01 001,7 – – 03 004,2 – – 004 002,4 MMSS e tronco com 11,7%, tornozelo e pé com 9,1% e a perna
Metatarsalgia 01 001,7 – – – – – – 001 000,6 com 8,3%.
Total 57 1000, 11 1000, 72 1000, 25 100 165 1000, Quando comparamos os resultados apresentados pelos atletas
do halterofilismo paraolímpico, verificamos grande semelhança
com os estudos de Goertzen et al.(14), ao enquadrarem a grande
Tendo em vista os poucos trabalhos publicados na literatura in- maioria das lesões relacionadas ao halterofilismo olímpico nas le-
ternacional e, principalmente na nacional, sobre a incidência de sões musculotendíneas, com incidência de 83,6%, sendo que as
lesões esportivas traumato-ortopédicas nos atletas paraolímpicos, injúrias que envolvem coluna lombar e MMSS são as mais fre-
procuramos através deste estudo fazer um levantamento estatís- qüentes.
tico das mesmas e compará-las com os dados publicados referen- Na natação, esporte que vem sendo praticado por crescente
tes às lesões ocorridas em atletas olímpicos. número de pessoas, principalmente paratletas jovens, a grande
Diante dos dados colhidos durante o Campeonato Mundial de incidência de lesão no ombro tem sido um ponto marcante, che-
Atletismo Paraolímpico, encontramos predomínio das lesões mus- gando a ser considerada por muitos autores como um problema
culotendíneas. Entre as lesões segmentares, os atletas paraolím- ortopédico comum aos nadadores, afetando cerca de 60% dos
picos apresentaram maior incidência nos MMII, com 64,9% das atletas(15-17). Através dos resultados aqui analisados, verificou-se
lesões, tendo como destaque as pernas, com 38,6% dos acome- semelhança com os resultados encontrados por Richardson et al.(17)
timentos. e Cohen et al.(16), após avaliarem um grupo de 137 e 205 nadado-
A partir dos dados coletados durante o Campeonato Mundial de res olímpicos, respectivamente, evidenciando um histórico de le-
Halterofilismo Paraolímpico, podemos constatar grande incidên- são de 63,5% no ombro, seguido por acometimentos na coluna
cia de lesões na coluna vertebral, em torno de 54,6%, sendo a lombar, joelho, cotovelo e outras articulações. Quando nos referi-
coluna lombar a que apresenta maior destaque, com 36,4% de mos a outras estruturas anatômicas, os dados são semelhantes
incidentes. Os MMSS apresentaram freqüência de lesão de 36,4%. para ambos, olímpicos e paraolímpicos, destacando-se as lesões
Nos paratletas de tênis de mesa foi observado predomínio das de coluna, joelho e cotovelo.
lesões no ombro, com 32% e na coluna, com 36%. Verificou-se que as lesões relacionadas ao tênis de mesa parao-
límpico podem ser divididas em agudas e crônicas, em que as
mais prevalentes são as epicondilites, pois os atletas que compu-
DISCUSSÃO
nham a amostra eram, em sua grande maioria, usuários de cadei-
De acordo com o modelo multifatorial de causalidade de lesões ra de rodas. Fica, portanto, evidente que a utilização da cadeira de
musculares, hoje vastamente aceito, é fundamental a aplicação rodas favorece o risco de lesões adicional, somado aos treinamen-
de medidas de proteção e prevenção específicas para esses atle- tos e competições como fatores que levam ao afastamento dos
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atletas das atividades esportivas. As investigações na literatura 3. Vital R, Silva Hesojy GPV. As lesões traumato-ortopédicas. In: Mello MT, editor.
especializada apontam resultados semelhantes quanto às lesões Avaliação clínica e da aptidão física dos atletas paraolímpicos brasileiros: concei-
tos, métodos e resultados. São Paulo: Atheneu; 2004.
acometidas pelos atletas olímpicos nessa modalidade(18).
4. Lasmar NP, Camanho GL, Lasmar RCP. Medicina do esporte. Patologia tendinosa
Os resultados aqui apresentados podem ser extrapolados ape- na atividade esportiva. Revinter, 2002. p. 13-182.
nas para os atletas de alto rendimento no esporte paraolímpico.
5. Cohen M, Abdalla RJ. Lesões no esporte. Diagnóstico, prevenção e tratamento.
Lesões musculares. Revinter, 2003;42:615.
CONCLUSÕES 6. Tietz CC. Patellofemoral pain in dancers. J Operd. 1987;May/Jun:34-6.
7. Garrick JG, Requa RK. The epidemiology of foot and ankle injuries in sports. Clin
Neste estudo constatamos que as lesões musculotendíneas são Sports Med. 1988;14:218-24.
as mais prevalentes no esporte paraolímpico com localização mais 8. Leadbetter WB. In: Fu F, Stone D, editors. Soft tissue athletic injury. Sports inju-
freqüente, no atletismo, nos membros inferiores (64,9%); no hal- ries. Baltimore: Wiliams & Wilkins; 1994. p. 733-80.
terofilismo, na coluna vertebral (54,5%); no tênis de mesa e nata- 9. Whitman PA, Melvin M, Nicholas JA. Common problems seen in a metropolitan
ção, nos membros superiores (56% e 44,4%, respectivamente). sports injury clinic. Phys Sportsmed. 1981;9:105-10.
Com os resultados obtidos, constatamos alta incidência de le- 10. Schenck RC Jr. Lesões esportivas e a resposta dos tecidos à lesão física. Medici-
sões, sendo necessário melhor acompanhamento e padronização na Esportiva e Treinamento Atlético, 2003. p. 128.
das avaliações e condutas para os mesmos, recomendando-se 11. Lasmar NP, Camanho GL, Lasmar RCP. Medicina do esporte. Reabilitação na ati-
estudos futuros que identifiquem em que momento da participa- vidade esportiva. Revinter, 2002. p. 22-424.
ção dos atletas ocorrem as lesões, durante o treinamento e /ou 12. Bennell, et al. (1996). Atletismo. In: Cohen M, Abdalla RJ, editors. Lesões no
durante as provas de cada modalidade esportiva e a relação entre esporte. Diagnóstico, prevenção e tratamento. Revinter, 2003. p. 688-713.
a prevalência de lesões e a classificação dos atletas nas provas. 13. Laurino CFS, Lopes AD, Mano KS, Cohen M, Abdalla RJ. Lesões músculo-esque-
léticas no atletismo. Rev Bras Ortop. 2000;35:364-8.
14. Goertzen M, Schoppe K, Lange G, Schulitz KP. Injuries and damage caused by
Todos os autores declararam não haver qualquer potencial confli- excess stress in body building and power lifting. Sportverletz Sportschaden.
to de interesses referente a este artigo. 1989;3(1):32-6.
15. Johnson JE, Sim FH, Scott SG. Musculoskeletal injuries in competitive swim-
mers. Mayo Clin Proc. 1987;62(4):289-304 [Review].
REFERÊNCIAS 16. Cohen M, Abdalla RJ. Lesões no esporte. Diagnóstico, prevenção e tratamento.
Natação. Esportes aquáticos. Revinter 2003;60:819.
1. Silva AC. Atleta portador de deficiências. In: Ghorayeb N, Neto TLB. O exercício.
Preparação fisiológica – Avaliação médica – Aspectos especiais e preventivos. 17. Richardson AB, Jobe FW, Collins HR. The shoulder in competitive swimming.
São Paulo: Atheneu; 1999. Am J Sports Med. 1980;8(3):159-63.
2. Martins da Costa A. Trabalho de resultados. 2004; Revista Brasil Paraolímpico; 18. Pintore E, Maffulli N. Osteochondritis dissecans of the lateral humeral condyle in
8(14):17. a table tennis player. Med Sci Sports Exerc. 1991;23(8):889-91.