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Pedro, li o histórico do seu personagem com atenção e tirei um tempo pra fazer alguns comentários por escrito.

Por favor peço que não entenda esses comentários como críticas ou arbitrariedade e sim como sugestões. Meu
papel como Mestre e criador do cenário é ajudar você a criar o melhor personagem possível e contar a melhor
história possível. Mas para isso seu personagem deve estar inserido no contexto do cenário e adequado ao mesmo.
Meus comentários buscam apenas ajudar a fazer isso da melhor forma possível. :)
CM= Comentários do Mestre
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Meu nome é Galahad, e essa é minha história
CM: Pedro, Galahad é um nome muito conhecido por ser um dos cavaleiros do Rei Arthur. Que tal mudarmos
esse nome? Eu criei uma lista de nomes próprios masculinos para ser usada no cenário. Se quiser posso te passar
essa lista. Mas vou dar algumas sugestões aqui:
Derrick, Edrick, Dalen, Mikayl, Gavryl, Alistair, Daven, Rober, Willam, Johan
Como seu personagem é de origem nobre, ele também possuiria um sobrenome, um nome de família. Cabe a
você decidir se vai ou não fazer uso desse nome.
Seu personagem poderia ter razões para querer esconder as origens dele ou poderia se orgulhar de sua
ascendência, mesmo sendo um bastardo.
No primeiro caso você escolheria um cognome, algo que descreva uma característica de seu personagem, sua
profissão ou até mesmo de onde veio. Por exemplo: Willem O Ruivo, Geralt de Rivia, Ambor Mão Negra etc…
No segundo caso você manteria seu nome de família, seria orgulhoso dele. Poderia até ostentá-lo.
Porém, note que para a grande maioria dos humanos, você é um elfo, com todas as implicações e preconceitos
que isso acarreta.
Para os elfos, a coisa é mais complicada. Os elfos puristas e elitistas consideram meio-elfos escória, sangue
impuro etc. Já um outro grupo que teve maior contato com humanos, que tem a cabeça mais aberta, consideram os
meio-elfos como são: o produto da união de duas raças. Ele possuem até um termo em élfico: “Dwytharil”
(pronuncia-se dí-THÁ-ríl) que significa literalmente “Filho(a) de Dois Pais” em alusão à Gwyddorion e Ellydyr,
os deuses criadores dos elfos e humanos respectivamente. Esse é o caso de Lenara e do grupo de Tylluanari que te
encontrou nas florestas de Valis.
Para os humanos, um elfo com sobrenome humano poderia ser absurdo, risível, obsceno, um insulto etc.. tudo
depende de onde seu personagem está e qual é a História, cultura e costumes da região / reino etc. Para os elfos
puristas, só faria com que concluíssem que seu personagem adotou de vez sua herança humana e faria com que
desprezassem e odiassem mais seu personagem.

Minha mãe era humana, meu pai elfo. Até onde eu soube, fui resultado de uma violência. Minha mãe era uma
nobre do reino de Nornia, e a verdade é que eu não sei o que ela fazia ao norte com os elfos, mas assim que ela
soube da gravidez, correu de volta ao seu reino.
CM:Se sua mãe é de Nornia, os elfos estão ao sudeste, em Valis ou Aldar. Como ambos são reinos de fronteiras
fechadas e fortemente vigiadas, acho difícil ela ter entrado nesses reinos. Como alternativa vou sugerir uma opção
mais verossímel:
A família de sua mãe é originalmente de Eristânia. Fazem parte da pequena nobreza, mais comumente mercadores
que ascenderam à condição de nobres ou mais raramente soldados e aventureiros que por seus feitos são
recompensados com um título e algumas terras.
Em Eristânia os elfos são escravos ou vivem em condição de quase escravidão. A família de sua mãe tinha alguns
escravos elfos, em especial um deles foi tutor de sua mãe: Dellwynn era seu nome. Sua mãe se apaixonou por ele
e seu personagem seria o fruto desse breve romance.
Os encontros de Dellwynn com sua mãe foram descobertos. Dellwynn foi torturado e morto. Como punição e
também afim de acobertar o escândalo, foi arranjado às pressas o casamento de sua mãe com um nobre de menor
importância de Nornia, o lugar mais distante para o qual conseguiram mandá-la. Sua mãe foi praticamente expulsa
e exilada de sua família e deixaram bem claro à ela que nunca mais voltasse.
Eles não sabiam que sua mãe estava grávida. Providenciaram para que sua mãe chegasse à Nornia o mais rápido
possível e não pouparam despesas para tanto. Usando alguns artifícios, sua mãe conseguiu esconder a gravidez e
fingir ainda ser virgem. Porém quando seu marido descobriu que ao invés de um herdeiro para sua Casa ela tinha
dado à luz à um bastardo meio-elfo, o casamento foi anulado e sua mãe foi jogada na rua carregando seu
personagem nos braços. Pouco se sabe o que aconteceu com sua mãe, mas sabe-se que ela deixou seu personagem
num dos orfanatos da cidade, que eram mantidos pela Igreja de Melkyor.

Eu fui entregue ao nascer para a Igreja de Melkyor, onde Graybol, da sua forma, me criou. Eu não entendia aquele
mundo: as pessoas me odiavam pela minha origem e não por quem eu era. Graybol, o clérigo principal de minha
igreja me protegeu como pode, mas um dia fui pego a força e espancado até perder a consciência. Nesse dia
arrancaram as pontas das minhas orelhas. Graybol ficou furioso.
CM: Não gostei muito do nome Graybol. Que tal Gravyll? (pronuncia-se grei-VÍL, tendo o grei o mesmo som de
grey em inglês) Acho que está mais de acordo com os nomes usados no cenário. :)

Seu personagem cresceu ouvindo todo tipo de insultos e sofrendo muito preconceito.

Aqueles garotos não viram o dia seguinte nascer. 

Graybol não fez aquilo para me proteger, ele tinha um objetivo para mim, e perder minhas orelhas atrapalhava
seus planos. 

Hoje sei que fui usado, Graybol não era diferente dos garotos que me mutilaram, era inclusive, pior. Fui criado
para enganar e dominar. Fui criado para ser uma ferramenta da aniquilação dos elfos. 

Fui treinado como paladino nos ensinamentos de Melkyor e, nos meus estudos, aprendi a diferenciar o que eram
Suas palavras e quais eram as palavras da sua igreja. Melkyor não me odiava, nem minha origem, Nornia sim,
mas Nornia não é Melkyor.

Soube novo o quanto deveria me proteger, pois quando não estava estudando era usado como saco de pancada
pelas outras crianças da igreja. Graybol nunca intervia, enquanto me mantivessem respirando, eu ainda poderia ser
usado para seus planos. Aprendi a me defender como pude e cresci forte para que nenhum daqueles garotos
pudesse mais me machucar. Não demorou muito para que eu transformasse raiva deles em medo.

Me formei homem, um guerreiro moldado a ferro e sangue e um ferrenho defensor de uma fé que pregava contra
minha própria existência. Uma noite Graybol me deu o primeiro presente de minha vida: pontas de prata para
cobrir minhas orelhas, no formato das minhas antigas. Nessa noite me contou que eu teria uma missão: guiaria
uma equipe pequena durante a invasão de Valis para caçar um grupo de elfos dissidentes, então conquistaria sua
confiança para depois executar o seu líder.

Enquanto minha igreja invadia Valis, eu adentrei as florestas com determinação cega para cumprir minha missão.
Porém não foi isso que aconteceu. Aquela floresta era encantada, ela queria proteger seus habitantes. Depois de 4
dias, todos os 3 homens que vieram comigo já haviam falecido e eu quase fui levado junto, mas a força da minha
fé me manteve seguindo. Foi somente no 7 dia que fraquejei e cai, esperando encontrar meu Deus.

Mas ela não deixou.


Lenara era seu nome. Ela me encontrou na floresta e tratou minhas feridas. Eu não encontrei o grupo de elfos, mas
eles me encontraram. E os elfos não eram os monstros que me ensinaram, não eram as aberrações perfidas e vis.
Eram seres com falhas e qualidades mil, iguais a mim. Eles me acolheram e me deram todo o cuidado que os
ensinamentos de Melkyor pregavam, muito mais que já vi em todos meus anos na Sua igreja.

Fui feliz ali, durante algumas semanas descobri que era possível ter esse sentimento. Lenara ficou cada vez mais
próxima e, não tardou, éramos amantes.

Mas isso durou pouco. Um mês após a invasão, Graybol nos encontrou.

Foi uma chacina. Graybol trouxe um exército em fúria para anaquilar os elfos. Só eu sobrevivi, e isso só
aconteceu porque Graybol quis assim. Ele me disse que eu era uma aberração ainda pior que um elfo, e não
merecia sequer morrer como eles. Me prendeu então ferido e nu numa árvore, me obrigou a assistir Lenara ser
degolada sem poder desviar o olhar, e depois me deixou ali para morrer.

Dias se passaram e confesso que senti raiva de Melkyor toda vez que olhava para baixo e via o corpo da minha
amada apodrecer aos meus pés. Amaldiçoei os céus até meus pulmões exaurirem e, por fim, tentei algo
completamente maluco: orar

Orei para Melkyor me guiar, orei por força e por coragem para melhorar e para que ele me desse uma direção e
um sentido.

E Ele me ouviu. Minhas amarras foram desfeitas, minha carne regenerada. O ar voltou a entrar limpo em meus
pulmões e senti toda a força do meu corpo voltar.

Enterrei meus amigos e parti dali certo do meu caminho. A igreja de Melkyor estava errada, uma nova igreja
precisava tomar seu lugar, e eu seria seu emissário. 

Mas antes, Graybol deveria pagar. Graybol deve morrer.

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