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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS


Cadeira de Analise Matemática 1
Texto de apoio

Unidade temática 1: SUCESSÃO NUMÉRICA E LIMITE DE SUCESSÃO


Objectivos: -Determinar um termo qualquer de uma sucessão dada; - verificar se um dado número é
termo da sucessão; - Averiguar se uma dada sucessão é monótona, é limitada, é convergente; - Identificar
progressões aritméticas e progressões geométricas e resolver problemas relativos á determinação de um
termo ou à determinação da soma de n termos consecutivos de cada uma das progressões; efectuar o
levantamento das indeterminações no cálculo de limite de uma sucessão.

SUCESSÃO NUMÉRICA E LIMITE DE SUCESSÃO

Introdução
O conceito de número está ligado a objectos cuja quantidade representa. É uma ideia
abstracta que associa a cada objecto a uma unidade.
Em linguagem corrente, uma lista ordenada de números corresponde a um conceito matemático
que se chama sucessão numérica. Assim, à sucessão dos números naturais, " 1, 2, 3, 4, 5, 6, … "
envolve outros conceitos além do conceito de número:

 Os números estão dispostos por uma certa ordem;


 Conhecido um elemento da sucessão, conhece-se o seguinte;
 Não há um último, mas há um primeiro elemento.
Esta sucessão é a mais simples de todas e a partir dela surgem todas a outras.
São várias as situações do dia-a-dia em que a sucessão dos números naturais é usada. Por
exemplo, paginar um documento, em que cada página se associa um número natural, que é
encarado como uma ordem (ordinal) e como uma quantidade (cardinal).
Outras sucessões podem ser construídas a partir da sucessão dos números naturais, por
processos variados.
` Na Grécia antiga, os pitagóricos representavam os números por pontos em
pergaminhos ou por pedras colocadas na areia, distribuindo-as segundo formas
1

geométricas regulares, cuja soma dava origem ao número representado. É neste contexto
que surgem os chamados números poligonais:
Triangulares (1, 3, 6, 10, 15, …), quadrados (1, 4, 9, 16, 25, ...), pentagonais (1, 5, 12, 22,
35, 51, …) hexagonais (1, 6, 15, 28, 45, …) , heptagonais ( 1, 7, 18, 34, 55, …) , ect. A
associação dos números a formas geométricas permitiu aos pitagóricas representações
visuais dos números, conferindo-lhe propriedades e relações entre eles. Observe o quadro
seguinte:

Números 1 2 3 4 5 (…)
naturais (ordem)
Representação (…)
visual dos
números
Triangulares

Representação (…)
visual dos
números
quadrados

Representação (…)
visual dos
números
pentagonais

Conceito de sucessão

Com base neste quadro, pode se admitir que, por vezes, as sequências numéricas resultam
de modelos geométricos, em que cada termo da sequência tem um determinado.

1
2

Números 1 2 3 4 5 (…)
naturais (ordem)
Representação (…)
visual da
sequência
constituída pelos 4
perímetros dos
polígonos
8 16
12 20
Sequência de
figuras
constituídas por 10
“quadrados” 7
4
feitos por
fósforos
` À sequência 𝟒, 𝟖, 𝟏𝟐, 𝟏𝟔, 𝟐𝟎, … podem-se associar os perímetros de polígonos. O
primeiro termo da sequência, que é 𝟒, representa o perímetro do polígono de ordem 𝟏.
O perímetro do polígono de ordem 𝟑 é 𝟏𝟐, que é identificado como sendo o termo de ordem 𝟑 da
sequência numérica.
Assim, a sequência numérica 𝟒, 𝟖, 𝟏𝟐, 𝟏𝟔, 𝟐𝟎, …, pode ser encarada como uma
correspondência do tipo:
Ordem da figura 1 2 3 4 5 6 7
Perímetro 4 8 12 16 20 24 28
No caso de a sequência de polígonos ser infinita, tem-se uma sequência numérica
também finita. A cada número natural 𝑛 (ordem do polígono) corresponderá um e um só valor
que representa o perímetro desse polígono.
Esta correspondência pode ser representada através da seguinte tabela:
Ordem da figura 1 2 3 4 5 6 7 …
Perímetro 4 8 12 16 20 24 28 …

Nada impede que a correspondência seja feita utilizando a linguagem de funções.


Com efeito, seja 𝒖 a função real de variável natural tal que 𝒖: 𝑰𝑵 → 𝑰𝑹 ⇔ 𝒏 ⟼ 𝟒𝒏

1.1 Definição de Sucessão:


Chama-se sucessão de números reais, ou simplesmente, sucessão numérica a uma função que a
cada número natural faz corresponder um número real, ou seja toda a função real de domínio 𝐼𝑁,
e contradomínio é um subconjunto de 𝐼𝑅.
Portanto, chama-se sucessão de números reais a toda aplicação de 𝑰𝑵 em 𝑰𝑹.
Os elementos do contradomínio chamam-se termos da sucessão. E ao contradomínio chama-se
conjunto dos termos a sucessão.

As sucessões têm notações e nomenclatura próprias. Geralmente usa-se a notação (𝒖𝒏 )𝒏∈𝑰𝑵 ou,
simplesmente, por (𝒖𝒏 ) para representar uma sucessão 𝒖: 𝑰𝑵 → 𝑰𝑹

2
3

A variável independente nas sucessões costuma representar-se por 𝒏 (𝒏 ∈ 𝑰𝑵) e a imagem de um


objecto 𝒂 por 𝒖𝒂 .
É usual designarem-se os termos de uma sucessão 𝒖 por 𝒖𝒏 , em detrimento de 𝒖(𝒂).
De igual forma, utiliza-se 𝒖𝒏 = 𝟒𝒏, em vez de 𝒖(𝒏) = 𝟒𝒏
Assim temos:
Escrita das funções Escrita das sucessões
𝑓 𝑥 = 4𝑥 e 𝑥 ∈ 𝐼𝑁, chama-se função 𝒇 𝒖𝒏 = 𝟒𝒏, chama-se sucessão (𝒖𝒏 )

Sendo dada a sucessão (𝒖𝒏 ), 𝒖𝒏 = 𝟒𝒏, temos:


𝑢1 = 4 × 1 = 4, diz-se que 𝑢1 = 4 é termo de ordem 1;
𝑢2 = 4 × 2 = 8, diz-se que 𝑢2 = 8 é termo de ordem 2;
𝑢3 = 4 × 3 = 12, diz-se que 𝑢3 = 12 é termo de ordem 3;
.
.
.
𝒖𝒏 = 𝟒 × 𝒏, diz-se que 𝒖𝒏 = 𝟒𝒏 é termo de ordem 𝑛.
Duma maneira geral, à expressão 𝒖𝒏 = 𝟒𝒏 chama-se termo geral da sucessão (𝒖𝒏 )

1.2 Representação geométrica ou gráfica de uma sucessão


Sendo o domínio 𝐼𝑁, qualquer representação gráfica de uma sucessão (𝒖𝒏 ) é um
conjunto de pontos isolados.
No caso de 𝒖𝒏 = 𝟒 × 𝒏, embora os pontos do tipo (𝒏; 𝒖𝒏 ) estejam sobre uma recta não se pode,
dizer que o gráfico da sucessão é uma recta.
Nesta sucessão, à medida que “𝒏” aumenta, os termos “𝒖𝒏 ” da sucessão também aumentam.
Observação: O conjunto dos termos de uma sucessão é o seu contradomínio.

3
4

Uma sucessão (𝒖𝒏 ) pode ser definida:


 Pelo termo geral (lei ou fórmula que nos permite determinar um termo de qualquer ordem
𝒏+𝟏 𝟐𝒏
da sucessão dada). Exemplo: (1) 𝒂𝒏 = 𝒏+𝟑; (2) 𝒃𝒏 = 𝒏+𝟏; (3) 𝒄𝒏 = (−𝟐)𝒏
 Por uma propriedade característica; Exemplo: Sucessão dos números primos
 Por um processo de recorrência (isto é, por uma lei que permite obter um termo a partir
𝒂𝟏 = 𝟑
dos anteriores); Exemplo:
𝒂𝒏+𝟏 = 𝟐 × 𝒂𝒏 − 𝟏

1.3 Sucessões monótonas


Consideremos as seguintes sucessões:
𝒂𝟏 = 𝟑 𝒏+𝟏
(1) ; (2) 𝒃𝒏 = 𝒏 ; (3) 𝒄𝒏 = (−𝟐)𝒏
𝒂𝒏+𝟏 = 𝟐 × 𝒂𝒏 − 𝟏
Achando alguns dos termos consecutivos (𝑢1 ; 𝑢2 ; 𝑢3 ; 𝑢4 ; 𝑢5 , 𝑢6 , . . . ) de cada
sucessão, podemos obter uma ideia sobre o comportamento dos mesmos.

Sucessão (𝒂𝒏 ): 3; 5; 9; 17; 33; 65; …, cada termo é maior do que o anterior (∀𝒏∈𝑰𝑵 : 𝒂𝒏+𝟏 > 𝒂𝒏 )
3 4 5 6 7
Sucessão (𝒃𝒏 ): 2; 2 ; 3 ; 4 ; 5 ; 6 ; …, cada termo é menor do que o anterior (∀𝒏∈𝑰𝑵 : 𝒂𝒏+𝟏 < 𝒂𝒏 )
Sucessão (𝒄𝒏 ): −1; 4; −8; 16; −32; 64; …, os termos da sucessão oscilam.

Duma maneira geral, diz-se que uma sucessão (𝒖𝒏 ) é:


 Estritamente crescente, se e só se (sse), ∀𝒏∈𝑰𝑵 : 𝒂𝒏+𝟏 − 𝒂𝒏 > 0;
 Crescente (em sentido lato) sse ∀𝒏∈𝑰𝑵 : 𝒂𝒏+𝟏 − 𝒂𝒏 ≥ 𝟎;
 Estritamente decrescente, sse ∀𝒏∈𝑰𝑵 : 𝒂𝒏+𝟏 − 𝒂𝒏 < 0;
 Decrescente (em sentido lato), sse ∀𝒏∈𝑰𝑵 : 𝒂𝒏+𝟏 − 𝒂𝒏 ≤ 𝟎;
 Oscilante, sse os seus termos oscilam;
 Constante sse todos os seus termos são iguais a uma constante. Exemplo: 𝒅𝒏 = 𝟑;
 Monótona se for crescente ou decrescente;
 Estritamente monótona se for estritamente crescente ou estritamente
decrescente.

Exemplos, estude a monotonia das seguintes sucessões:


𝑛
(1) 𝑎𝑛 = 𝑛+2
𝑛+1 𝑛 𝑛 + 1 × 𝑛 + 2 − 𝑛 × (𝑛 + 3) 𝑛2 + 3𝑛 + 3 − 𝑛2 − 3𝑛
𝒂𝒏+𝟏 − 𝒂𝒏 = − = =
𝑛+3 𝑛+2 𝑛 + 3 × (𝑛 + 2) 𝑛 + 3 × (𝑛 + 2)
3 𝑛
= 𝑛+3 ×(𝑛+2)
>0 ⇔ 𝒂𝒏+𝟏 −𝒂𝒏 > 0, ∀𝒏∈𝑰𝑵 , 𝑎𝑛 = 𝑛+2 é monótona crescente
𝑛+1
(2) 𝑏𝑛 = 𝑛

4
5

𝑛+2 𝑛+1 𝑛× 𝑛+2 −(𝑛+1)×(𝑛+1) 𝑛 2 +2𝑛−(𝑛 2 +2𝑛+1)


𝒃𝒏+𝟏 − 𝒃𝒏 = 𝑛+1 − 𝑛
= 𝑛×(𝑛+1)
= 𝑛×(𝑛+1)
=
𝑛 2 +2𝑛−𝑛 2 −2𝑛−1) −1
= < 0 ⇔ 𝒂𝒏+𝟏 − 𝒂𝒏 < 0, ∀𝒏∈𝑰𝑵 ,
𝑛×(𝑛+1) 𝑛×(𝑛+1)
𝑛+1
𝑏𝑛 = 𝑛 é monótona decrescente

1.4 Sucessões limitadas


𝟏
Consideremos as sucessões 𝒖𝒏 = 𝟐𝒏 e 𝒗𝒏 = 𝒏 . Graficamente, vem:

Enquanto que para a sucessão (𝒗𝒏 ) podemos encontrar uma faixa centrada em zero
que contém todos os termos da sucessão, para a sucessão (𝒖𝒏 ) por maior que fosse
o raio desta faixa nunca conseguiríamos ter dentro dela todos os termos da
sucessão.
Dizemos que a sucessão (𝒗𝒏 ) é limitada e que (𝒖𝒏 ) não é limitada.
Uma sucessão (𝒖𝒏 ) diz-se limitada, se o conjunto dos seus termos é limitado
Simbolicamente, temos:
(1) (𝒖𝒏 ) é limitada ⇔ ∃𝒌𝟏,𝒌𝟐∈𝑰𝑹 : 𝒌𝟏 ≤ 𝒖𝒏 ≤ 𝒌𝟐 , ∀𝒏∈𝑰𝑵
Ou
(2) (𝒖𝒏 ) é limitada ⇔ ∃𝑳∈𝑰𝑹 : |𝒖𝒏 | ≤ 𝑳, ∀𝒏∈𝑰𝑵.

Uma sucessão (𝑢𝑛 ), de números reais, diz-se limitada superiormente, sse


existir um número 𝑳 real , tal que: 𝒖𝒏 ≤ 𝑳, ∀𝒏∈𝑰𝑵
Ao número 𝑳 ou a qualquer outro número superior a 𝑳 chama-se majorante do
conjunto dos termos da sucessão.

5
6

2𝑛
Exemplo: Seja dada a sucessão 𝑢𝑛 =
𝑛+1
4 3 8 5 10000
𝑢1 = 1; 𝑢2 = ; 𝑢3 = ; 𝑢4 = ; 𝑢5 = = 1,6666; … ; 𝑢5000 =
3 2 5 3 5001
= 1,999, . ..
Nesta sucessão, nota-se que à medida que o valor de "𝒏" assume números
bastante maiores, os termos "𝒖𝒏 " da sucessão aproximam-se cada vez mais ou
tendem para “2”, mas nunca chegam a igualar-se a “2”.
𝟐𝒏
Assim diz-se que 𝒖𝒏 = 𝒏+𝟏 é limitada superiormente, pois todos os seus termos são
𝟐𝒏
inferiores a 2, ou seja: ∀𝒏∈𝑰𝑵 : 𝒖𝒏 ≤ 𝑳 ⇔ ∀𝒏∈𝑰𝑵 : 𝒏+𝟏 < 2

Uma sucessão (𝑢𝑛 ), de números reais, diz-se limitada inferiormente, sse


existir um número 𝒌𝟏 , tal que: ∀𝒏∈𝑰𝑵 : 𝒖𝒏 ≥ 𝒌𝟏
Ao número 𝒌𝟏 ou a qualquer outro número inferior a 𝒌𝟏 chama-se minorante do
conjunto dos termos da sucessão.
𝟐𝒏
Exemplo: a sucessão 𝒖𝒏 = 𝒏+𝟏 é limitada inferiormente, pois todos os seus
𝟐𝒏
termos são superiores a 1, ou seja: ∀𝒏∈𝑰𝑵 : 𝒖𝒏 ≥ 𝒌 ⇔ ∀𝒏∈𝑰𝑵 : 𝒏+𝟏 ≥ 1.

Uma sucessão (𝒖𝒏 ), de números reais, diz-se limitada se for limitada


superiormente e inferiormente, isto é, se existirem dois números reais 𝒌 e 𝒌𝟏 , tais
que: 𝒌𝟏 ≤ 𝒖𝒏 ≤ 𝒌
Simbolicamente: ∶ ∃𝒌𝟏, 𝒌∈𝑰𝑹 : 𝒌𝟏 ≤ 𝒖𝒏 ≤ 𝒌, ∀𝒏∈𝑰𝑵
𝟐𝒏
Exemplo: (1) Mostre que é limitada a sucessão 𝒖𝒏 = 𝒏+𝟏.

Resolução:
𝟐𝒏 𝒏
Sabemos que = 𝟐 × 𝒏+𝟏;
𝒏+𝟏
1 𝑛 1 𝑛 𝟐𝒏
Como ≤ 𝑛+1 < 1, ∀𝑛 ∈𝐼𝑁 , vem: 𝟐 × 2 < 𝟐 × 𝑛+1 < 𝟐 × 1 ⇔ 𝟏 ≤ 𝒏+𝟏 < 2
2
𝟐𝒏 𝟐𝒏
Logo, 𝒖𝒏 = 𝒏+𝟏 é limitada, pois ∀𝒏∈𝑰𝑵 : 𝟏 ≤ 𝒖𝒏 < 2 ⇔ ∀𝒏∈𝑰𝑵 : 𝟏 ≤ 𝒏+𝟏 < 2;

𝟏
Exemplo: ( 2) Mostre que é limitada a sucessão 𝒖𝒏 = 𝟐 + 𝒏

Resolução:

6
7

1 1 𝟐𝒏+𝟏
Como 0 < ≤ 1, ∀𝑛∈𝐼𝑁 , vem: 𝟐 + 0 < 𝟐 + ≤ 𝟐 + 1 ⇔ 𝟐 < ≤3
𝑛 𝑛 𝒏
𝟏 𝟏
Logo, 𝒖𝒏 = 𝟐 + 𝒏 limitada, pois ∀𝒏∈𝑰𝑵 : 𝟐 < 𝑢𝒏 ≤ 𝟑 ⇔ ∀𝒏∈𝑰𝑵 : 𝟐 < 2 + ≤𝟑
𝒏

1.5 Limite de sucessão


𝒏+𝟏
Consideremos a Sucessão 𝑢𝑛 = 𝒏

Estudemos o comportamento dos termos da sucessão à medida que o “𝒏” assume valores
cada vez maiores.
Com base na representação gráfica da sucessão, verifica-se que à medida que o “𝒏” assume
valores maiores, ou tende para o infinito (𝑛 → ∞), os termos "𝑼𝒏 " aproximam-se cada vez
mais a um certo numero finito ou seja tendem para “𝟏”
( 𝑢𝑛 → 𝟏).

Definição de limite de uma sucessão


Sejam ( 𝑢𝑛 ) uma sucessão e "𝒂 ∈ 𝑰𝑹". Diz-se que uma sucessão ( 𝑢𝑛 ) tende ou
converge para um número real "𝒂" (a que se chama limite da sucessão) se e somente se,
qualquer que seja 𝛆 > 0, existe uma ordem depois das qual todos os termos da sucessão da
sucessão são valores aproximados de "𝒂" a menos de "𝛆".
Traduz-se que "𝒂" é limite de uma sucessão ( 𝒖𝒏 ), escrevendo-se lim 𝑢𝑛 = 𝑎
𝑛→+∞
ou lim(𝑢𝑛 ) = 𝑎.

Simbolicamente, temos: ∀𝛆 > 0 ∃𝑝 ∈ 𝑰𝑵∗ : 𝒏 > 𝑝 ⇒ |𝒖𝒏 − 𝒂| < 𝜀 ⇔ 𝐥𝐢𝐦 𝒖𝒏 = 𝒂


𝒏→+∞

7
8

Isto é, dado qualquer 𝛆 > 0, podemos escolher 𝐩 tal que todos os termos da sucessão
(𝒖𝒏 ) estão no intervalo ]𝒂 − 𝛆; 𝐚 + 𝛆[ a partir da ordem 𝑝.

Uma sucessão de números reais diz-se convergente, se e só se, tende para um número
real finito.
Uma sucessão que não converge, diz-se divergente.

Aplicação da definição de limite de sucessão


𝒏𝟐 +𝟏 𝟏
Exemplo (1): Prove, aplicando a definição de limite que 𝐥𝐢𝐦 =𝟐
𝒏→+∞ 𝟐𝒏𝟐

Demonstração:
Seja ε um número real positivo qualquer,
𝒏𝟐 +𝟏 𝟏 𝒏𝟐 +𝟏 𝟏 𝒏𝟐 −𝒏𝟐 +𝟏 𝟏 𝟏
−𝟐 = −𝟐 = = 𝟐𝒏𝟐 < 𝜀 ⇔ 𝒏𝟐 > 𝟐𝜺 (1)
𝟐𝒏𝟐 𝟐𝒏𝟐 𝟐𝒏𝟐
𝟏
Sendo 𝜺 ≥ 𝟐, a condição (1) é válida para ∀𝒏∈𝑰𝑵 ;

𝟏
Sendo 𝜺 < 𝟐, a condição (1) é válida para todos os valores de 𝒏 superiores a 𝒑, sendo
𝟏
𝒑≥ 𝟐𝜺
Portanto, em qualquer dos casos podemos garantir que existe uma ordem 𝒑 tal que
𝒏𝟐 +𝟏 𝟏
𝒏 > 𝒑 ⇒ 𝟐𝒏𝟐 − 𝟐 < 𝜺.
Como ε é um número real positivo qualquer, é verdadeira a proposição
𝒏𝟐 + 𝟏 𝟏 𝒏𝟐 + 𝟏 𝟏
∀𝛆 > 0 ∃𝑝 ∈ 𝑰𝑵∗ : 𝒏 > 𝑝 ⇒ − < 𝜺 ⇔ 𝐥𝐢𝐦 =
𝟐𝒏𝟐 𝟐 𝒏→+∞ 𝟐𝒏𝟐 𝟐

Ficha de exercícios da 1ª unidade temática (Sucessões) de Análise Matemática – 1/2023

1. Escreva o termo geral da sucessão a que corresponde a sequência seguinte, supondo que
se mantém a regularidade:
a) 2; 2; 2; 2; 2; 2; … ; b) 2; −2; 2; −2; 2; −2; … ; c) 3; −4; 5; −6; 7; −8; … ;
2 3 1
d) 2; 7; 4; 7; 6; 7; … ; e) 1; ; ; ;… 3 5 7 9
f) 10 ; 20 ; 30 ; 40 …
4 9 8

2. Escreva os cinco primeiros termos das sucessões seguintes:


𝑛+1 𝑛−3 𝟏 − 𝟓𝒏, 𝒔𝒆 𝒏 é 𝒑𝒂𝒓
a) 𝒂𝒏 = 𝑛 2 −3; b) 𝒃𝒏 = − 𝑛+1; c) 𝒄𝒏 = ;
𝟐𝒏, 𝒔𝒆 𝒏 é 𝒊𝒎𝒑𝒂𝒓
𝒅𝟏 = 𝟐 𝟏
d) ; e) 𝒆𝒏 = (𝟏 + 𝒏)𝒏−𝟏
𝒅𝒏+𝟏 = 𝟐 × 𝒅𝒏 − 𝟑
𝟑𝒏+𝟏
3. Considere a sucessão: 𝒖𝒏 = 𝟏−𝟐𝒏 ,

8
9

𝟏𝟔 𝟑𝟕
a) Averigúe se − e− são termos da sucessão;
𝟗 𝟐𝟑
b) Diga justificando, se é verdadeira ou falsa a afirmação ∀𝒏∈𝑰𝑵 , 𝒖𝒏 ≠ −𝟏.

𝟐𝒏+𝟏 𝑛−3
4. Considere as sucessões de termos gerais: (1) 𝑢𝑛 = 𝒏−𝟏
(𝒏 ≠ 𝟏); (2) 𝒃𝒏 = 𝑛+1
a) Estude a monotonia de cada sucessão;
b) Verifique se são limitadas as sucessões dadas.
2
4 − 𝑛 , 𝑠𝑒 𝑛 é 𝑝𝑎𝑟
5. Considere a sucessão 𝑐𝑛 = 2−4𝑛
, 𝑠𝑒 𝑛 é 𝑖𝑚𝑝𝑎𝑟
𝑛
a) Calcule 𝒄𝟔 e 𝒄𝟕 ; 23
b) Mostre que ∃𝑝 ∈ 𝑰𝑵∗ , tal que 𝑐𝑛 = 6
;

c) Verifique se a sucessão (𝑐𝑛 ) é limitada, caso seja, indique majorante e minorante dos
termos da sucessão.

𝟑𝒏 𝟑
6. Prove, aplicando a definição de limite que 𝐥𝐢𝐦 =
𝒏→+∞ 𝟐𝒏+𝟐 𝟐

7. Considere os três primeiros termos consecutivos de uma progressão aritmética ( 𝑚 +


1; 2𝑚; 5; … ).
a) Ache o valor do parâmetro 𝑚.
b) Ache o valor da diferença 𝑑 entre os termos consecutivos da P.A. dada.
c) Ache a expressão analítica do termo geral da tal P.A.
8. Determine o valor do parâmetro p de modo que: 2𝑝 − 2; 𝑝2 + 1; 5𝑝 − 1 sejam termos
consecutivos de uma P.A, e determine a respectiva razão.
9. Calcule a soma 𝑆 = 51,5 + 49 + 46,5 + ⋯ + 1,5 − 1.

10. De uma progressão geométrica com termos positivos, sabe-se que 𝑎2 = 2 e 𝑎4 = 8.


a) Ache o termo geral da P.G. dada.
b) Ache a soma dos oito primeiros termos consecutivos a partir do sétimo, da P.G. dada.
11. A sucessão (… ; 2𝑚 + 1; 3𝑚; 8; … ) é uma progressão Aritmética.
a) Ache o valor de 𝑚;
b) Ache o valor da diferença entre os seus termos.
12. O primeiro e o terceiro termos de uma progressão geométrica são 4 𝑒 36. Determine:
a) A expressão do termo geral;
b) O oitavo termo da sucessão;
c) A soma dos primeiros seis termos.
13. Um individuo abriu uma conta bancária para a sua filha que frequentava um dos cursos da
Faculdade de Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais e garantiu lhe que caso

9
10

concluísse o curso em quatro anos é que poderia começar a movimentar os seus valores
para seus interesses particulares. No 1º mês 500,00MT; no 2º mês depositou 550,00MT, no
3º mês depositou 600,00MT e assim sucessivamente. No fim do curso o pai entregou a conta
com todo o dinheiro depositado nos quatro anos. Que montante encontrou a filha na sua
conta?
14. No primeiro dia do mês, um frasco recebe 3 gotas de um medicamento, no segundo dia
recebe 9, no terceiro dia recebe 27 gotas e assim sucessivamente. No dia em que recebeu
2187 gotas ficou completamente cheio. Em que dia do mês isso aconteceu?
15. Um estudante pretende regar 20 laranjeiras que se encontram distanciadas 8 metros uma da
outra. Sabe-se que a fonte de água encontra-se a 10 metros da primeira laranjeira. Calcule
quantos metros serão percorridos pelo estudante, no final do trabalho.
16. Num campo de cultivo eclodiu uma certa espécie de pragas que devastam a produção
agrícola. Sabe-se que a evolução do número 𝒏 da população de pragas por hora obedece o
uma lei matemática, de tal modo que, a partir dum indivíduo após uma hora gera outros
quatro, passado mais uma hora cada indivíduo gera também outros quatro, e assim
sucessivamente.
a) Quantas pragas existirão ao fim de seis horas?
b) Quanto tempo levará para que a partir de uma praga, sejam geradas 30000 pragas?

17. Quando 𝑛 → +∞, qual destas funções é infinitamente grande (divergente)?


𝑛 6 −2𝑛 2 +5 5 𝑛 7 −4𝑛 𝑛 7 +2𝑛+5
𝐴. 𝑎𝑛 = 𝐵. 𝑏𝑛 = 𝐶. 𝑐𝑛 = 𝐷. 𝑐𝑛 =
𝑛 7 −4𝑛 𝑛 2 −4𝑛 𝑛 6 −4𝑛 𝑛 7 −4
18. Resolva e encontre a opção correcta:

𝑛+1
a) lim𝑛→+∞ (𝑛− 3)2𝑛 𝐴. 1 𝐵. 𝑒 8 𝐶. 𝑒 2 𝐷. 𝑒
8𝑛
b) lim 𝐴. 0 𝐵. 𝑒 8 𝐶. 𝑒 2 𝐷. ∞
𝑛→+∞ 5𝑛 +1
19. Calcule os seguintes limites:
3
3𝑛 2 +4𝑛−2 𝑛 6 −2𝑛 2 +5 𝑛 3 −4𝑛 2 3𝑛−1
a) lim𝑛→+∞ 4𝑛 2 −3𝑛+5; b) lim ; c) lim𝑛→∞ ; d) lim𝑛→∞ ;
𝑛→+∞ 𝑛 7 −4𝑛 4𝑛 2 +3𝑛+5 𝑛 2 −4

9𝑛2 +1 𝑛 6 −2𝑛 2 3𝑛
e) lim𝑛→∞ ; f) lim ( − 2𝑛); g) lim ; h) lim ( 𝑛 − 1 − 2𝑛);
3𝑛+1 𝑛→+∞ 𝑛 𝑛→+∞ 5𝑛 𝑛→+∞

3𝑛 +7𝑛 +1 𝑛+1
i) lim ; j); k) lim𝑛 →+∞ (𝑛+2)2𝑛+3 ; l) lim𝑛→+∞ 2𝑛 ;
𝑛→+∞ 5𝑛 +7𝑛
1 1 1 1 1 1
+ + + + +…+ 𝑛
m) lim𝑛→+∞ ( 2 4 8 16 32
1 1 1 1
2
1 );
1+ + + + + … + 𝑛
3 9 27 81 3

1 1 1 1 1 1
20. Calcule a soma: 1 + 3 + 9 + 27 + 81 + 243 + … + 2187 ;

10
11

𝟑𝒏
21. Mostre que a sucessão 𝒖𝒏 = 𝒏 é convergente, para ∀𝐧 ∈ 𝑰𝑵∗.
𝟐𝒏−𝟏 𝟏
22. Prove, aplicando a definição de limite que 𝐥𝐢𝐦 = 𝟐;
𝒏→+∞ 𝟒𝒏+𝟐

Fim

11
12

Trabalho para entregar no dia de entrega: 07/02/2023


1. Escreva o termo geral da sucessão a que corresponde a sequência seguinte, supondo que
se mantém a regularidade:
3 5 7 9 b) 2; −2; 2; −2; 2; −2; … ; c) 3; −4; 5; −6; 7; −8; … ; d) 2; 7; 4; 7; 6; 7; … ;
a) ; ; ; …
10 20 30 40

2. As medidas em centímetros dos lados de um triângulo rectângulo são termos consecutivos


de uma progressão aritmética de razão 4. Determine a área do triângulo dado.
3. Deixa-se cair uma bola do 5º andar de um prédio que fica a uma distância do solo
𝟐
de 𝟏𝟓 𝒎. E cada vez que a bola bate no solo, volta a subir 𝟓 da altura da descida.

a) Calcule quanto sobe a bola depois de bater no solo três vezes;


b) Determine uma expressão matemática geral, que permite calcular a distância
percorrida pela bola em cada subida;
c) Determine a distância total percorrida pela bola até repousar no chão.
4. Calcule: 3 × 32 × 33 × 34 × … × 321
1 1 1 1 1 1
5. Calcule a soma: 1 + 2 + 4 + 8 + 16 + 64 + … + 512 ;

6. Sabendo que 𝑏1 = 128, 𝑏𝑛 = 250 e 𝑆𝑛 = 738, calcule 𝑛.


7. A sucessão (𝐶𝑛 ) é uma progressão geométrica de razão 𝑞 = 3, 𝐶2 = 18 e 𝑆𝑛 = 2184.
Calcule 𝑛.
8. Calcule os seguintes limites:
1 1 1 (−1)𝑛 −1 1 1 1 (−1)𝑛 −1
a) 1; − 2 ; 3
− 4;…; 𝑛
;…; b) 1; − 2 ; 3
− 4;…; 𝑛
;…;

c) 0,23; 0,233; 0,2333; … 3𝑛 + 49𝑛 3𝑛 3 −2


d) lim e) lim
𝑛→+∞ 5𝑛 +14 𝑛 +1 𝑛→+∞ 4𝑛 3 +5𝑛 2

𝑛 6 −2𝑛 2 2 𝑛 −1
c) lim ( − 2𝑛3 ) f)
𝑛+5
lim𝑛→+∞ (𝑛+1)2𝑛 g) lim 2 2𝑛
𝑛→+∞ 𝑛 5 +1 𝑛→+∞

1 𝒏𝒔𝒆𝒏(𝒏!)
h) lim𝑛→+∞ (1 − 5𝑛 )2𝑛+3 i) lim ( 𝑛 + 2 − 2𝑛); j) 𝐥𝐢𝐦
𝑛→+∞ 𝒏→+∞ 𝒏𝟐 +𝟏
12 +22 +32 +42 +⋯+𝑛 2 1 1 1 1 1
+ + + + +…+ 𝑛
1
k) 𝐥𝐢𝐦𝒏→∞ ( 𝑛3
) l) lim𝑛→+∞ ( 2 4 8 16 32 2
);
𝟏 𝟏 𝟏 (−𝟏)𝒏−𝟏
𝟏− + − +⋯ +
3 9 27 3𝑛

𝑛+1 𝑛+2 (𝑛+3) 𝟏 𝟐 𝟑 𝟒 𝒏−𝟏


m) lim n) 𝐥𝐢𝐦𝒏→∞ (𝑛 2 + 𝑛 2 + 𝑛 2 + 𝑛 2 + ⋯ + 𝑛2
)
𝑛→+∞ 𝑛3

Fim

12

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