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Primeira parte | Dylan

Capítulo 1

Encoberto em sua capa, Dylan olhava para sua


irmãzinha. O vento noturno do litoral batia em seus longos
cachos, mas ela, só de pijama e echarpe, parecia não se importar
com o frio. Era por volta da primeira hora da lua, todos estavam
dormindo, com exceção de Anne, Dylan e os guardas. O olhar
de Anne, distante, contemplava cada onda da praia que se
aproximava. Dylan via a preocupação em seu semblante e já há
muito tentava reconfortá-la, mas já não havia mais nada a ser
dito. Só pedia ele que fosse dormir.

— Só mais um pouco, por favor — respondia sua irmã a


cada vez que a pedia para deitar-se.

— Olhe, se seu marido voltar — disse Dylan, depois de


novamente pedir que Anne fosse dormir —, com certeza lhe
avisarão e você poderá ser a primeira a cumprimentá-lo.

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— Não quero que ele me encontre dormindo, Dylan.

— Não, não vai, vai lhe encontrar acordada e cheia de


vida como você sempre foi — diz Dylan levantando o queixo de
sua irmã que estava cabisbaixa —, mas para isso, é preciso que
você durma.

Finalmente, Anne concorda e seu irmão a acompanha até


a porta de seu quarto, onde estavam dois guardas e duas damas
que haviam acordado para procurar sua senhora. Ele a deixa
com elas e vai em direção aos seus aposentos escrever uma
carta. Ao caminhar pelos corredores, Dylan passa pela varanda
onde ele e Anne estavam, olha novamente o mar por um instante
com a mão apoiada no peitoril grosso que cercava o local.
Voltando ao seu trajeto, ele encontra-se com um moço que não
lhe era familiar. Ora, Dylan, sendo cunhado do senhor do
castelo e tendo morado ali desde os sete anos, conhecia todos os
que moravam na cidade.

— Quem é você, rapaz? — pergunta e percebe que o


jovem parecia cansado. — você não é daqui, é?

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— Não, senhor, sou mensau-mensu-sal-mensageiro,
senhor — responde o garoto, aparentando nervosismo.

— De quem? Nunca te vi por aqui — continua Dylan,


aparentando desconfiança.

— Facavento, senhor.

— Não é o que costumava vir — responde Dylan de


maneira rápida e ríspida.

— O outro era o meu pai, ele morreu — diz o menino,


ainda nervoso.

— Ah, desculpe, mas enfim, o que foi?

— Seu irmão, Francis está para tomar posse de


Facavento, ele disse que se o senhor não fosse lá cobrar sua
herança, ele tomaria tudo para si.

Dylan bufa discretamente e sai andando ligeiro. O


mensageiro olha pra trás, na direção onde ele ia e tentou chamá-
lo, mas logo desistiu. Dylan Legrand continua andando e chega
ao seu quarto, ao adentrar ele bate a porta com força e a tranca.

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Ele então começa a escrever uma carta a sua irmã, a rainha
Montserrat Vega. Em sua carta, ele fala para a rainha como sua
família era a mais importante de todo país, não só ela era a
consorte do rei Pedro, como Anne era a senhora de Pedra
Branca, castelo onde Dylan morava, Lia era casada com George
Dawson, lorde de um dos mais importantes ducados do reino e
seu último irmão, Francis, que era dono de vastos terrenos
banhados pelo mar oriental e pela Manopla (mar em formato de
mão que dividia o território). Tudo isso contando somente esta
geração, as glórias passadas dos Legrand são quase incontáveis.

Dylan finaliza a carta pedindo uma escolta real para


assumir o trono de Facavento, ele suspeitava que Francis fosse
tentar algo contra ele durante o trajeto e Pedra Branca não tinha
gente suficiente para ir com ele e manter a segurança do castelo.
Francis era jovem, tinha catorze anos, enquanto Dylan e suas
irmãs tinham vinte e seis, vinte e quatro, vinte e dezenove sendo
Dylan o mais velho e Anne a mais nova. Fora a diferença de
idade, Francis sempre gostou do irmão, via nele um exemplo e
copiava seu estilo discreto de vestir com muitas camadas de
roupa, mas com poucos detalhes, um tempo ele até chegou a
raspar o cabelo como Dylan. Mas desde que descobriu sua

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origem, desenvolve indiferença, e depois uma grande repulsa
para com o irmão.

Dylan selava a carta quando faltando poucos minutos pra


segunda hora da lua ouviu-se em todo o castelo um grito
desesperado, ele, então sai de seu quarto e vai procurar de onde
veio o som. Ao perceber que o grito pode ter vindo do quarto de
Anne, Dylan começa a correr para lá. O que pode ter acontecido
com ela? Ele havia deixado damas com ela o tempo todo. O
grito não parecia ser de sua irmã. Se aproximando, ele viu duas
damas chorando do lado de fora do quarto, junto com um
guarda. Legrand aborda os três gritando preocupado:

— Quem gritou!? Onde está lady Anne!?

— Fui eu, senhor — responde a senhora da esquerda, —


minha senhora caiu da janela enquanto dormíamos.

As outras aias estão no quarto com o outro guarda que


está investigando — completa a outra porque a que gritou
soluçava demais para falar.

Sem que a moça terminasse de falar, Dylan entra


desesperado no quarto, vai até a janela e de lá vê a irmã caída de

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bruços sobre uma poça de sangue e a perna esquerda quebrada.
As lágrimas finalmente vazam, mas ao invés de tristeza, raiva o
preenche. Seus dentes se cerram e o resto do rosto se enrijece.

— Como isso aconteceu? Quem permitiu que isso


acontecesse?!

— Nós estávamos dormindo quando aconteceu — disse


uma das damas.

— Mas haviam duas acordadas quando ela veio pra cá.

— Eu era uma delas, senhor — responde a mesma dama,


— nós vimos lady Anne dormir, só depois nos deitamos.

Prendam todas — ordena Dylan ao guarda que estava no


quarto, — mas antes, tragam-me a que gritou.

Assim ele e o guarda que estava fora o fizeram. Dylan


disse ainda:

— Ninguém deve saber da morte da Anne além de vocês


dois e as damas, prendam-nas e deem aos carcereiros qualquer
motivo de prisão. Guardem vós mesmos o corpo de lady Anne,

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levem ele para o meu quarto. Depois vejo como resolvo tudo
isso, estou triste e com muita raiva pra decidir qualquer coisa.

— Mas, senhor — pergunta a dama que gritou em meio


a lágrimas e soluços, — e o grito? Todos do castelo devem ter
ouvido.

— Bem, para isso, diremos que você se machucou e


gritou de dor.

Após dizer isso, Dylan pega o braço da mulher e quebra


a jarra de água vazia que estava numa mesinha perto no
antebraço e no pulso dela. A dama grita novamente.

— E gritou novamente ao passar o bálsamo — disse o


guarda em tom de piada, quase rindo.

Perdão, meu senhor — diz o guarda após Dylan o


encarar com ar de repreensão.

— Senhor? — disse o outro.

— Que mais? — diz Dylan hiperventilando.

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— Eu encontrei esse bilhete de mi lady perto da cama,
no chão, não me atrevi a abri-lo.

Depois de entregar o bilhete ao senhor, os três saem do


quarto e Dylan volta para seu quarto. Lá ele se assenta onde
estava escrevendo a carta que ia mandar à rainha e abre o que o
guarda havia achado, um papel dobrado onde com a letra de
Anne estava escrito em letra cursiva: “Venhīī Forëhi”.

Capítulo 2

Disseram que foi de desgosto, que morreu do coração.


Somente Dylan, dois guardas e quatro damas sabiam o que
realmente aconteceu. Por sorte, ninguém viu o corpo na praia,
todos se focaram no grito que ouviram, que foi justificado pela
ferida no braço de lady Anaida. Tudo foi organizado às pressas,
mas ficou até que descente. Um velório, e um enterro dignos de
sua alteza. Durante o Santo Sacrifício da Missa, Dylan não se
conteve e saiu durante o Confiteor, a rainha não se fez presente,
mas enviou uma carta pública lamentando a morte da irmã. E
outra em resposta ao seu irmão:

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“Irmão, lamento muito a morte de Anne, como já disse.
Sobre sua escolta, mandarei 200 guardas com você até a
Manopla, e pelo norte. Tome cuidado com o rei da Manopla,
foram interceptadas cartas entre ele e os Dawson onde faziam
acordos econômicos, mas não duvido que tenham também
aliança política, e o senhor meu irmão sabe como os Dawson
são grudados com Francis, de sua majestade, a rainha
Montserrat.
Post scriptum: vá e tome posse de Facavento, o povo lhe
apoiará, mas deixe um regente dos nossos em Pedrabranca, está
perigoso confiar em qualquer um.”
Dylan mandou então chamarem Bruno Legrand, este era
um primo de segundo grau de Dylan, era jovem, quinze anos, no
entanto recebeu boa educação por parte dos Stone, família que
até então, governava Pedra Branca, e como o leitor bem deve
saber está sem lorde e com a lady morta sem herdeiros, esse é o
fim de famílias rasas, como a de Brandon.
Bruno como todo adolescente de sua idade, já havia
aprendido a lutar, a ler e escrever, minimamente reger uma casa,
e demais assuntos pertinentes para alguém que se tornaria um
nobre sem posses. No entanto, ele será agora administrador

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temporário do ducado. Dylan conversa com Bruno sobre tudo o
que aconteceu.
— O que foi, senhor?
— Bruno, sabes bem, Francis quer o Norte e não há
ninguém, ninguém além de mim para ir e dominar Facavento.
— Sim, queres ajuda? Cuidarei daqui.
— Como sabes que era isso que eu te pediria?
— Porque o senhor não pode estar em dois lugares ao
mesmo tempo e eu sei que sou capaz.
— Você não é muito humilde, tem bastante autoestima.
— Autoestima não, tio, não preciso acreditar em
mentiras sobre mim mesmo, apenas me conheço, sei até onde
minhas pernas curtas vão.
— Olha o respeito, baixinho, agora não são horas, nem
dias, nem meses de brincadeira.
— Não estou brincando, senhor, meu tio, conheço
também nossas perdas, não acha que eu também sinto a falta de
tia Anne? Ela era linda, meiga, por que não abriram o caixão?
Por que o senhor saiu no meio da Missa?
— Não te interessa.

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— Nas aulas de catecismo aprendi: devo amar a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo, mas a
família, deve se amar mais do que a si, pois ela é o retrato da
relação entre nós e o Senhor. Confie em mim, senhor, sabes que
colocarei meu coração no serviço ao ducado.
— Você me inspira, primo — diz Dylan, saindo ainda
cabisbaixo por sua irmã, mas confiante que, pelo menos, não
havia nada a mais para piorar.
Tudo ocorria no castelo conforme o protocolo, todas as
cerimônias, decorações, tudo era luto e Dylan se preparava para
ir até Facavento enquanto esperava a chegada das tropas reais.
Ele comunicou-se com os Johnson, família do Arquipélago da
Manopla cujo ducado batizaram criativamente de
“Arquipélago”, o chefe deles aconselhou que Dylan passasse
uma noite em um de seus castelos para descansar, o mar era
agitado por demais a ponto de ser quase impossível dormir em
sua travessia, que duraria em torno de uma semana.
A calma de Dylan começa a acabar e a de Francis
também, tanta espera, Francis não veio ao cortejo de sua irmã
por medo de armadilhas. Já passa do sétimo dia de sua morte e
Dylan ainda está no ducado Oeste, mais ainda o tempo até

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chegar ao litoral ocidental para o norte e a travessia da Manopla,
Dylan desejava poder voar, só assim chegaria rápido a
Facavento. “O tempo em que Francis ainda não tomou posse é
por puro sadismo de ver-me tentando impedi-lo, bruto, gavião
cruel, rebelde, nem aparece no funeral de Anne. Ah, Anne tudo
o que eu poderia ter feito e não fiz.”, pensava Dylan consigo e
relembrava do que Bruno dissera, sobre amar a família. “Minha
família é Anne e Montserrat, este verme consanguíneo não vem
da onde eu venho e sua insolência receberá a paga por ela.
Soou então as trombetas, as tropas chegaram, Bruno e
Dylan estavam lá para recebe-las. Dylan enchia-se de ódio, e
este o consumia, um sentimento puro como o amor e desejo de
proteger sua irmã virara uma podridão de desejos contra a vida
de Francis. O lorde foi então conduzido à estrada.
Em meio ao caminho, ele começa a sentir -se mal, dores
de cabeça, raiva intensa, sua vista escurece e esclarece
repetidamente, havia na carruagem de Dylan, um servente que
nota seu mal-estar e lhe oferece água. Ele aceita,, mas então
lembra do papel de Anne, que ela havia escrito, ele o tinha em
seu bolso e pega para olhar; assim que relê as palavras ”Venhīī
Forëhi” a água em sua boca começa arder como se tivesse

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tomado algum ácido, metal derretido ou o próprio fogo, ele
coloca as mãos sobre a garganta enquanto o servo pula do carro
para pedir socorro, a visão de Dylan se apaga e ele cai
desmaiado dentro do carro, como morto.
Então apareceu uma visão para ele, ele estava
acorrentado às colunas de Facavento e o fogo reinava, pelas
chamas surgia uma mulher, como que nascida da brasa, tinha
pele cinza com um vestido preto em chamas vermelhas, o cabelo
também era vermelho e comprido, em sua cabeça trazia uma
coroa ardente, ela toda ardia, mas a mulher não sentia dor.
Chegou ao seu lado, um homem de aspecto semelhante ao seu,
este tomou a mão da dama e a conduziu até Dylan, a mulher
olhou nos olhos dele e ele ficou cego, então a mulher falou as
mesmas palavras que estavam escritas no bilhete e o lorde
acordou.
Dylan estava sobressaltado, ele sentia como se aquilo
tivesse ocorrido mesmo com ele, ele sentiu a temperatura do
fogo, o atrito das correntes que o prendiam, seus olhos
derretendo ao ser chegado pela mulher. Ele mantinha os olhos
cerrados e as mãos sobre eles, ainda ardiam. Quando finalmente
os abriu sua visão estava turva ele enxergava somente vultos

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com formas e cores pouco definidas. Sua visão permaneceu
assim até chegarem à Manopla, Dylan não disse nada a ninguém
sobre a visão que teve, apenas fingiu se tratar de um desmaio
pelo calor ou coisa parecida, nem mesmo ao padre que ia junto
da caravana ele contou, no entanto, Pe. François, exorcista e
confessor logo identificou que havia algo esquisito ali. Ele
tentou conversar com o nobre, mas este nem lhe deu chance de
falar-lhe, no domingo, durante a breve homilia feita à estrada,
ele falou brevemente sobre o que ele achava que poderia ser,
possessão demoníaca, porém Dylan ainda não estava
convencido até que o padre comentou:
— Um jeito fácil de reconhecer, é que a pessoa fala
línguas que não conhece, e isso nada tem a ver com o dom de
línguas, isso tem a ver a falar uma língua antiga que a pessoa
não conheça, como sânscrito, grego, egípcio.
Aquilo ficou na cabeça de Dylan que procurou o padre
para se confessar de todo o seu ódio contra o irmão e para contar
o que lhe ocorrera.
— Venhīī Forëhi? — perguntou o padre.
— Sim.

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— Estranho, isso não é nenhuma língua antiga que eu
saiba, vou procurar saber e lhe informo.
— Obrigado, reverendo — e a confissão prosseguiu
normalmente.
Chegando às margens da Manopla, o padre estava
intercedendo por Dylan, enquanto ele dormia, quando acordou,
sua vista havia se recuperado e ele estava enxergando como
sempre.
Haviam barcos de Brutus Johnson esperando pela
caravana, Dylan, os guardas e os demais entraram e foram
levados até a ilha principal do Arquipélago. Ao desembarcarem,
foram recebidos em festa e todos aclamavam a Dylan, dizendo
“Ave, senhor do Norte, libertador!”
— Libertador? — perguntou Dylan. — O que isso quer
dizer?
— Bem, senhor a administração de Francis não deve
estar sendo muito boa, e a fama chegou até aqui — respondeu
um figurante sem importância que estava ao lado de Dylan.
Na porta de Torresmo, o castelo do Arquipélago estava
toda a família Johnson: Brutus, o chefe e lorde dali, sua velha
senhora e seus dois filhos, Brutus Filho e Brutus Júnior, estes já

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eram jovens adultos que de preparavam para tomar de conta das
coisas quando o velho Brutus falecesse. Então, avistam ao longe
os barcos do rei da Manopla, aquele que fazia acordos com os
Dawson, é conveniente dizer que eram piratas que saqueavam
todo o país e que de vez em quando faziam alianças com um e
outro estado por uma paz temporária. Eles não só representavam
uma ameaça à coroa de Pedro, como também pareciam estar
envolvidos com os Dawson, Francis e seus aliados, alguns
senhores de poucas terras que queriam nivelar as posses de
todos para proveito comum, como lhes foi prometido por
Francis, caso conseguisse ficar no poder.
A presença daqueles piratas não representava boa coisa,
enquanto ao seu “rei”, ninguém nunca o viu, somente
representantes, alguns diziam que ele nem existia e que servia
apenas para amedrontar os donos de navios roubados. Todos se
trancaram dentro do castelo e na hora do jantar, Brutus Johnson
toma a palavra:
— É muito bom estar aqui, com meu camarada Dylan,
duque do Norte, senhor de Facavento, desde que ouvi que
Francis pretendia assumir seu lugar eu fiquei estarrecido; sabia
que ele não tinha experiência e nem competência, muito menos

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o direito de fazê-lo. Então mandei espiões meus para
investigarem ele, os Dawson e o rei da Manopla.
Todos se espantam e Dylan começa a preocupar-se e sua
dor de cabeça volta. Pensamentos iam e viam como gotas numa
cachoeira, tantas que não se podiam contar e cada vez mais iam
surgindo novas. “Como pode? Fazer trato com gente desse
nível, piratas, bandidos!?”
— E foi descoberto — continuou Brutus — que ele
planeja uma reforma agrária para agradar a nobres do Norte e
para isso, pediu ajuda financeira, estratégica e politica para seu
cunhado Dawson. Foi na verdade ele que contratou o rei da
Manopla para roubar ainda mais dos estados e quando o plano
de saúde falhasse, os dois dariam saúde de graça como esmola
para o povo, que os adoraria como salvadores da pátria.
— Grande é sua rede de espionagem meu lorde — disse
o Pe. François, — se sabe tanto a respeito das intenções destes
homens, deve saber de tudo que se passa no reino.
— Bem, não é difícil, eles sempre me comunicam tudo,
sabe? Um rei deve saber o que fazem aqueles que governa.
As palavras de Brutus caem como uma bomba e depois
de dois segundos encarando uns aos outros, todos

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desembainham suas espadas. O duque do Arquipélago era o rei
da Manopla, parecia quase óbvio.
— Não era óbvio? — prosseguiu Brutus, com sua espada
ainda na bainha, — o mar da Manopla [...], o Arquipélago [...],
Como poderiam estar divididos.
— Eram piratas, são piratas. Ladrões. Nem de longe são
da mesma laia que um nobre — disse Dylan, revoltado. —
Como você se rebaixou e todo o seu povo a isso?
— Rebaixar? Rebaixar a quem? Eu me tornei rei, meu
subordinados, súditos, aqueles piratas, marujos reais. Todos só
têm a ganhar.
— E você concorda com meu irmão Francis? Com seus
planos? Seus métodos?
— Não, ele vai levar o norte por água a baixo, farei o
mesmo que ele, darei esmolas à população.
Dylan solta um grito e corre em direção a Brutus
enquanto os guardas reais começam a atacar as tropas do
Arquipélago, tudo isso ainda dentro da sala de jantar do castelo
de pedras do rei da Manopla.

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Capítulo 3
Era fim da tarde quando tudo aconteceu.

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