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U N I V E R S I D A D E T E C N O L Ó G I C A F E D E R A L D O PA R A N Á
C A M P U S PAT O B R A N C O
cbna
Este trabalho é licenciado de acordo com a Licença Creative Commons
Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional (CC BY-NC-
1
http://creativecommons.org/ SA 4.0)1 . De acordo com essa licença você pode utilizar/compartilhar/adaptar
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Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que
restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.
Figura da capa: Ship of the Early Discoverers, em Gately’s World’s Progress. A general history of
the earth’s construction and of the advancement of mankind, C. E. Beale (Editor). Gately,
Boston, 1886. https://www.flickr.com/photos/britishlibrary/11306189555/
Ilíada
∆ variação ∆t
~ vetor ~a
⊥ perpendicular F⊥ , ~a ⊥ ~b
k paralelo Fk , ~a k ~b
q
|| módulo, norma | − 5| = 5, |~a| = a2x + a2y
∴ portanto ~FR = 0 ∴ ~a = 0
∵ pois ~a = 0 ∵ ~FR = 0
⇒ implica a−b = 0 ⇒ a = b
→ tende a ∆t → 0
7→ mapeia uma variável em outra (def. de funções) y = f ( x ) : x 7→ y = x2
d d
dx derivada em relação a uma variável x dt x ( t )
Rb
dx integral na variável x F (t)dt
R
a
Cronograma
As aulas seguirão o planejamento abaixo. No calendário ao lado, estão circuladas as datas das provas.
Engenharia Mecânica
Março
S T Q Q S S D
1 2 3 4 5 Aula Data Conteúdo
6 7 8 9 10 11 12
13 14 15 16 17 18 19 1 06/03 Apresentação da disciplina.
20 21 22 23 24 25 26 2 08/03 Movimento unidimensional: Posição e
27 28 29 30 31
deslocamento (posição, deslocamento, dis-
Abril tância percorrida, posição como função do
S T Q Q S S D
tempo), velocidade (velocidade média, velo-
1 2
3 4 5 6 7 8 9 cidade instantânea, velocidades escalares mé-
10 11 12 13 14 15 16 dia e instantânea, velocidade como função do
17 18 19 20 21 22 23 tempo, evolução temporal da posição para o
24 25 26 27 28 29 30
caso de velocidade constante).
Maio 3 13/03 Movimento unidimensional: Aceleração
S T Q Q S S D
(aceleração média, aceleração instantânea,
1 2 3 4 5 6 7
8 9 10 11 12 13 14 aceleração como função do tempo, evolução
15 16 17 18 19 20 21 temporal da velocidade para o caso de ace-
22 23 24 25 26 27 28 leração constante), sinais para a aceleração,
29 30 31
interpretação da área de gráficos (v × t, a × t).
Junho Equações cinemáticas para movimentos com
S T Q Q S S D aceleração constante: evolução para a veloci-
1 2 3 4
5 6 7 8 9 10 11
dade, equações para a posição, equação de
12 13 14 15 16 17 18 Torricelli, variáveis ausentes em cada equa-
19 20 21 22 23 24 25 ção.
26 27 28 29 30 4 15/03 Vetores: Vetores e escalares, representação
Julho geométrica de um vetor, operações envol-
S T Q Q S S D vendo vetores (soma, vetor nulo, subtração,
1 2
multiplicação e divisão por escalar), equações
3 4 5 6 7 8 9
10 11 12 13 14 15 16 envolvendo vetores, sistemas de referência
17 18 19 20 21 22 23 (bases, representação em vetores unitários,
24 25 26 27 28 29 30 bases ortogonais e componentes vetoriais, no-
31
tação módulo-ângulo).
5 20/03 Vetores: Sistemas de referência em três di-
mensões; projeções completas e negativas,
operações através de componentes, operações
através de vetores unitários.
6 22/03 Movimento bi e tridimensional: Variá-
veis cinemáticas (vetores posição e desloca-
mento, velocidade (velocidade média, velo-
cidade instantânea), e aceleração (aceleração
média, aceleração instantânea)), movimento
balístico (descrição do movimento e equações
para o movimento).
7
1 Revisão matemática 19
1.1 Variáveis e Equações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.1.1 Sistemas de equações . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.2 Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.2.1 Gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.2.2 Funções em Física . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.3 Geometria plana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.4 Trigonometria e funções trigonométricas . . . . . . . . 25
2 Unidades 31
2.1 Grandezas, medidas, e unidades . . . . . . . . . . . . . 31
2.2 Sistemas de unidades, Sistema internacional . . . . . . 34
2.3 Conversão de unidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3 Movimento Unidimensional 39
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.2 Movimento unidimensional . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.3 Posição e Deslocamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.3.1 Posição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.3.2 Deslocamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.3.3 Distância percorrida . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.3.4 Posição como função do tempo . . . . . . . . . . 43
3.4 Velocidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.4.1 Velocidade média . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.4.2 Sinais para a velocidade . . . . . . . . . . . . . . 45
3.4.3 Velocidade instantânea . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.4.4 Velocidades escalares média e instantânea . . . 48
3.4.5 Velocidade como função do tempo . . . . . . . . 48
3.4.6 Evolução temporal da posição para o caso de
velocidade constante . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.5 Aceleração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.5.1 Aceleração média . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.5.2 Aceleração instantânea . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.5.3 Aceleração como função do tempo . . . . . . . . 53
3.5.4 Evolução temporal da velocidade para o caso
de aceleração constante . . . . . . . . . . . . . . 54
3.6 Sinais para a aceleração . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.7 Interpretação da área de um gráfico v × t e a × t . . . . 56
14
4 Vetores 71
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.2 Representação geométrica de um vetor . . . . . . . . . 71
4.3 Operações envolvendo vetores . . . . . . . . . . . . . . 72
4.3.1 Soma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.3.2 Vetor nulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.3.3 Subtração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
4.3.4 Multiplicação e divisão por escalar . . . . . . . 74
4.3.5 Equações envolvendo vetores . . . . . . . . . . . 75
4.4 Sistemas de referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.4.1 Bases vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.4.2 Cálculo das componentes vetoriais, vetores uni-
tários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.4.3 Bases ortogonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
4.4.4 Sistema de referência em três dimensões . . . . 84
4.4.5 Projeções completas . . . . . . . . . . . . . . . . 85
4.4.6 Projeções negativas . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
4.4.7 Operações através de componentes . . . . . . . 88
4.4.8 Operações e equações através de vetores unitários 89
5 Movimentos bi e tridimensionais 91
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
5.2 Variáveis cinemáticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
5.2.1 Posição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
5.2.2 Deslocamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
5.2.3 Velocidade média . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
5.2.4 Velocidade instantânea . . . . . . . . . . . . . . . 95
5.2.5 Aceleração média . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
5.2.6 Aceleração instantânea . . . . . . . . . . . . . . . 97
5.3 Movimento balístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
5.3.1 Descrição do movimento de um projétil em ter-
mos de um eixo horizontal e um eixo vertical . 99
5.3.2 Equações para o movimento de projéteis . . . . 100
5.4 Movimento circular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
5.4.1 Aceleração centrípeta . . . . . . . . . . . . . . . 107
5.4.2 Decomposição da aceleração em componentes
tangencial e centrípeta . . . . . . . . . . . . . . . 109
5.4.3 Posição em uma trajetória curvilínea . . . . . . 111
5.5 Movimento Relativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
9 Rotações 289
9.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289
9.1.1 Variáveis cinemáticas para rotações . . . . . . . 290
9.1.2 Sinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293
9.1.3 Equações para aceleração angular constante . . 293
17
Algumas propriedades matemáticas importantes que serão utilizadas ao longo do curso são apresentadas abaixo.
a=b (1.10)
a2 = ab (1.11)
2 2 2
a − b = ab − b (1.12)
( a + b) · ( a − b) = b · ( a − b) (1.13)
a+b = b (1.14)
2b = b (1.15)
2 = 1. (1.16)
x=3 y=5 z = 7,
3x + 4y + z = 36 (1.20)
3 · (−2y + 7z − 36) + 4y + z = 36 (1.21)
−6y + 21z − 108 + 4y + z = 36 (1.22)
−2y + 22z = 144. (1.23)
4x + 8y − 3z = 31 (1.24)
4 · (−2y + 7z − 36) + 8y − 3z = 31 (1.25)
−8y + 28z − 144 + 8y − 3z = 31 (1.26)
0y + 25z = 175, (1.27)
e somar à terceira
onde a soma imediata das três equações faz com que os termos F1,2 e
− F1,2 , e F2,3 e − F2,3 se cancelem, resultando em
1.2 Funções
f y
Figura 1.1: Domínio, contradomínio e
x uma função f que relaciona ambos.
f
x y
f : x 7→ y, (1.43)
ou, o que é mais comum, Figura 1.2: Embora as duas primeiras fi-
guras representem conceitualmente uma
função, a terceira não representa, pois
y = f ( x ). (1.44) um elemento do domínio leva a dois ele-
mentos do contradomínio.
f
1.2.1 Gráficos x y
Contradomínio
mínio, cujo valor é representado visual-
mente através da distância v D , e um ele-
mento y correspondente do contradomí- P
nio — determinado através de uma fun-
ção f —, cujo valor é representado visu-
almente através da distância vC , marca-
vC
mos um ponto P. Como temos infinitos
elementos no conjunto do domínio, te- vD
mos infinitos elementos correspondentes
no contradomínio. Consequentemente, Domínio
temos infinitos pontos, que formam a
curva contínua mostrada.
Na Figura 1.4 mostramos um gráfico da função
y = g( x ) = 0,5 (1.46)
y = h( x ) = 0,4 · x + 0.5 (1.47)
y f (x)
y = m( x ) = 0,3 · cos(1000 · x ) + 1, (1.48)
θ
C D
Teorema de Pitágoras:
-90°
28 notas de aula
x = arccos θ
−1 0° 1
-90°
Círculo trigonométrico:
tan θ
sen θ
θ
cos θ
Neste capítulo faremos uma discussão inicial acerca de grandezas, suas dimensões, unidades, medidas, conversão
de unidades. Além disso, verificaremos alguns aspectos importantes de análise dimensional, sistemas de unidades
— em especial, o Sistema Internacional de Unidades – SI —, bem com um processo simples e geral de conversão de
unidades.
É claro que uma descrição como essa não é muito precisa, afinal um
pingo não tem um tamanho bem definido. Podemos, no entanto,
melhorar essa descrição.
Em primeiro lugar, podemos determinar o volume do balde em
termos de um volume padrão. Esse padrão pode ser um volume
de referência qualquer, como o volume de um copo em particular.
Assim, se mudarmos o balde por um maior ou menor, a descrição
dos volumes medidos e as relações com outras variáveis continuam
válidas. Ao realizarmos a medida, se podemos despejar o conteúdo
do copo exatamente 100 vezes dentro do balde, podemos denotar o
volume deste como
V = 100 copos. (2.1)
A expressão acima representa uma medida típica: uma grandeza (o
volume, representado por V) tem seu valor mensurado, resultando
32 notas de aula
V = f · t. (2.3)
5
Uma equação continua verdadeira sem- Se dividirmos ambos os lados da equação acima por t, obteremos5
pre que você fizer uma operação de um
lado e também fizer essa mesma opera- V f ·t
ção do outro. Exceto se essa operação = , (2.4)
t t
for uma divisão por zero, o que é contra
as regras. o que é igual a
V
= f, (2.5)
t
ou, virando a equação,
V
f =. (2.6)
t
Agora, substituindo os valores de volume e tempo, obtemos
V
f = (2.7)
t
(100 copos)
= (2.8)
(800 oscilações)
= 0,125 copos/oscilação. (2.9)
a · t2
x f − xi = vi · t + . (2.10)
2
No lado esquerdo dessa equação temos a diferença entre duas posi-
ções, cujas dimensões são de comprimento. Já do lado direito temos
10
É comum utilizarmos a notação [ X ] dois termos, um cujas dimensões são10
para denotar “dimensão de X”.
[ vi · t ] = [ vi ] · [ t ] (2.11)
comprimento
= · tempo (2.12)
tempo
= comprimento, (2.13)
[ a · t2 ] = [ a ] · [ t2 ] (2.14)
comprimento
= · [ t ]2 (2.15)
tempo2
comprimento
= · tempo2 (2.16)
tempo2
= comprimento. (2.17)
11
Em alguns casos pode acontecer de
você verificar que uma dimensão não
concorda com a outra em uma equação
Portanto, todos os termos têm a mesma dimensão. Note que mul-
e as coisas estarem corretas pois é co- tiplicações, divisões, potências, etc. não precisam ser entre termos
mum omitirmos uma medida nas contas com as mesmas unidades, somente somas, subtrações e igualdades.
quando ela é unitária, ou seja, seu valor
é 1. As dimensões associadas a tal valor Esse tipo de análise das dimensões, denominado análise dimensional,
omitido são as responsáveis por garantir é uma ferramenta útil para verificar se há algum erro grosseiro em
que a equação esteja consistente.
uma conta.11
Finalmente, devemos destacar que os símbolos para as unidades
12
A norma ISO 80 000 é dividida em são regulamentados pela ISO 80 000.12 Cada unidade é escrita usando
diversas partes, sendo que muitas de- símbolos específicos que devem ser grafados em caracteres romanos.
las, mas não todas, podem ser visualiza-
das gratuitamente em https://www.iso. As variáveis utilizadas para descrever as grandezas devem ser escritas
org/obp/ui/#home. utilizando caracteres romanos ou gregos em itálico e a norma ISO
80 000 sugere símbolos específicos para diversas grandezas.
[V ] = [ a3 ] (2.18)
3
= comprimento . (2.19)
m.n. 1 852 m
v = 3,40 · (2.31)
h 1 m.n.
m
= 6 296,8 . (2.32)
h
O termo entre parêntesis é uma fração “unitária” pois o numerador
e o denominador equivalem à mesma medida. Ao efetuarmos a
multiplicação, verificamos que a unidade m.n. aparece no numerador
e no denominador, e por isso se cancela.
Aplicando o mesmo raciocínio para converter a unidade de tempo,
obtemos
m 1h 1 min
v = 6 296,8 · · (2.33)
h 60 min 60 s
= 1,75 m/s. (2.34)
O primeiro passo para que possamos estudar a mecânica é a definição das variáveis físicas que descrevem o movimento
dos corpos e a caracterização de tais grandezas como funções do tempo. Vamos definir precisamente posição, velocidade
e aceleração, estudando a relação entre tais grandezas em casos simples. Nos capítulos seguintes, veremos que tais
grandezas são vetoriais, ou seja, têm um valor, uma direção e um sentido. Além disso, veremos que a aceleração está
ligada à força a que um corpo está sujeito o que nos dará uma forma de prever seu movimento a partir de observações
gerais acerca das circunstâncias em que o corpo está inserido.
3.1 Introdução
4
Como estamos tratando de um movi-
3.3 Posição e Deslocamento
mento unidimensional, ou seja, o movi-
mento ao longo de uma reta, é natural 3.3.1 Posição
que a direção do espaço seja simples-
mente uma linha reta. Verificaremos no O primeiro passo para que possamos determinar a posição de um
entanto que no caso tridimensional, po-
deremos descrever o movimento através corpo é verificar qual é a direção onde ocorre (ou ocorrerá) o movi-
de vetores, sendo que a direção nesse mento unidimensional. Podemos então colocar um objeto em um
caso será uma das propriedades dos ve-
tores.
ponto qualquer de tal reta4 :
e
x2 = 3 m, (3.2)
respectivamente.
Uma reta numerada como a mostrada na figura acima é denomi-
nada como eixo coordenado. A descrição de movimentos bi e tridi-
mensionais necessita de mais do que um eixo coordenado, por isso é
comum que eles sejam diferenciados através das denominações x, y
e z. Para um deslocamento unidimensional, em geral denominamos
tal eixo como um eixo x. A direção do eixo é arbitrária, podendo ser
horizontal, vertical6 ou mesmo inclinada, bastando ser na direção do 6
Ao tratarmos de movimentos unidi-
movimento unidimensional. O sentido positivo do eixo também é mensionais verticais, por exemplo, pode-
mos utilizar x. Quando trabalhamos em
arbitrário, e podemos fazer essa escolha livremente: poderíamos, por duas dimensões, no entanto, é preferível
exemplo, ter adotado o sentido positivo para a esquerda na Figura 3.4. que o eixo vertical seja denominado y.
Apesar de isso alterar os sinais dos valores numéricos associados às
posições, a descrição delas continua possível e sem ambiguidades.
Em alguns casos, podemos utilizar a distância até a origem para
expressar a posição mesmo para um movimento que não é retilíneo,
caso não haja ambiguidade em relação à definição da localização.
Um exemplo disso são estradas nas quais se utilizam marcadores de
distância. Se necessitamos declarar o endereço de uma propriedade
ao longo de uma rodovia, podemos utilizar a distância em relação
a um marco inicial. Apesar de esse claramente não ser um caso
unidimensional, pois o deslocamento não será em uma linha reta,
podemos marcar um ponto de maneira única através da distância
ao longo da estrada até o marco inicial. Fisicamente, no entanto, o
deslocamento ao longo da estrada estaria sujeito a mudanças de velo-
cidade e aceleração verticais e laterais que indicam que uma descrição
utilizando somente a distância percorrida ao longa da estrada não
é capaz de contemplar apropriadamente as propriedades físicas de
tal fenômeno. De fato, o deslocamento ao longo da estrada é um
fenômeno tridimensional, sendo que a distância percorrida ao longo
dela a é somente um parâmetro associado à descrição do formato da
estrada.
Unidades
3.3.2 Deslocamento
Vamos considerar um deslocamento do bloco da direita na Figura 3.4
para a posição x = −1,0 m. Podemos medir seu deslocamento entre
a posição inicial e a final utilizando uma trena e obteríamos um
deslocamento de 4 m para a esquerda ao longo da reta, porém se
sabemos os valores numéricos associados às posições inicial e final
7
A notação usando ∆ representa a varia- no eixo x, podemos calcular esse valor facilmente fazendo7
ção de uma grandeza qualquer entre um
estado inicial e um estado final. Vamos
∆x = x f − xi (3.3)
utilizá-la para posição em vários eixos
(∆x, ∆y, ∆z), tempo (∆t), vetores (∆~r), = (−1,0 m) − (3,0 m) (3.4)
etc.
= −4,0 m. (3.5)
assim,
x1 = x ( t1 ), (3.8)
x2 = x ( t2 ), (3.9)
x3 = x ( t3 ), (3.10)
..
. (3.11) x
x n = x ( t n ). (3.12)
3.4 Velocidade
x Unidades
x (t)
x ponto P:
vista, poderíamos pensar que a razão seria zero sobre zero, o que é uma
indeterminação matemática.
Vamos utilizar um exemplo para mostrar que não é esse o caso: x
v : t 7 → v ( t ), (3.37)
movimento unidimensional 49
(que discutiremos brevemente no Capítulo 7). Figura 3.16: Gráficos que exemplificam
possíveis formas para os gráficos da ve-
locidade v(t).
3.4.6 Evolução temporal da posição para o caso de velocidade cons-
22
tante O caso de velocidade constante é
aquele para o qual a razão ∆x/∆t re-
sulta sempre no mesmo valor, não im-
Se conhecemos a velocidade média, podemos então descrever a dis-
portando qual intervalo de tempo esco-
tância percorrida em função do tempo como lhemos.
y = A + Bx, (3.42)
(a) quanto tempo transcorre até que o primeiro veículo seja alcançado
pelo segundo?
(b) qual é a distância percorrida por cada um dos veículos entre o
instante inicial e o instante onde o segundo alcança o primeiro?
x1i = 0 (3.61)
x2i = 40,0 km (3.62)
v1 = 25,0 km/h (3.63)
v2 = −35,0 km/h. (3.64)
acontece a colisão:
3.5 Aceleração
Unidades
v
para a aceleração média, porém em um gráfico v × t. Observando a
Figura 3.21, temos que
v2
∆v
∆v v1 θ ·
h ai = tan θ = , (3.77)
∆t ∆t
ti tf t
isto é, a aceleração média está relacionada à inclinação da reta que
liga os pontos (ti , vi ) e (t f , v f ). Figura 3.21: Triângulo formado pela reta
que liga os pontos e as linhas horizontal
e vertical.
∆v
a = lim . (3.78)
∆t→0 ∆t
a : t 7 → a ( t ), (3.79)
Podemos ter formas complicadas para a aceleração (Figura 3.24), Figura 3.24: Em um gráfico a × t, um
porém, para que possamos trabalhar situações mais simples, nos movimento com aceleração constante
limitaremos a movimentos com aceleração constante. Faremos isso pois corresponde a uma linha horizontal,
como a linha cheia no gráfico acima. Já
além de simplificarmos o tratamento, temos um caso importante de no caso de um sistema massa-mola, um
aceleração constante: a aceleração da gravidade próximo à superfície da corpo oscila devido à força exercida pela
mola e devido à sua própria inércia, o
Terra. que implica em uma aceleração dada
por a(t) = Aω 2 sen(ωt) — onde A re-
presenta a amplitude de oscilação e ω a
frequência angular, que está relaciona à
frequência de oscilação —.
54 notas de aula
27
David Eager, Ann-Marie Pendrill e Também é possível definir27 uma variável que descreve a variação
Nina Reistad (2016). “Beyond velocity da aceleração no tempo — geralmente denominada “conforto”, pois
and acceleration: jerk, snap and higher
derivatives”. Em: European Journal of está ligada a vibrações e a variações súbitas de aceleração —, porém
Physics 37.6, p. 065008. url: http : / / isso não é muito comum. Verificaremos no Capítulo 6 que a aceleração
stacks.iop.org/0143-0807/37/i=6/a=
065008
está relacionada à força resultante que atua sobre um corpo, de modo
que a determinação do movimento não depende de variáveis que
descrevam a variação da aceleração.
∆v = h ai ∆t, (3.80)
ou
t v f = vi + h ai ∆t. (3.81)
Figura 3.25: Se a = const., verificamos
que o gráfico v × t segue uma linha reta. Em especial, se a aceleração é constante, então a = h ai, e obtemos
v f = vi + a∆t. (3.82)
x x
vi = −1 m/s vi = −5 m/s
x x
v f = −4 m/s v f = −2 m/s
x x
An = v(tn ) × ∆t (3.85)
v
t f − ti
= v(tn ) × , (3.86)
N
onde assumimos que o intervalo [ti , t f ] foi dividido em N barras,
sendo que a largura é então dada por ∆t = (t f − ti )/N. Note ainda
que dentro da largura da barra temos vários valores de v(t), porém
na Figura 3.29 escolhemos para a altura de cada o valor de v(t) no ti tf t
extremo esquerdo de cada uma delas. Somando os valores obtidos
Figura 3.29: Para determinar o valor da
para cada uma das barras, podemos determinar o deslocamento total
área, basta dividirmos a região em bar-
pelo menos de forma aproximada, uma vez que visivelmente temos ras com uma largura ∆t arbitrária e uma
“espaços” que não foram contabilizados e barras que compreendem altura v(t).
t t
a>0 a<0
v f = vi + at, (3.94)
vi = v f − at, (3.95)
at2
x f = xi + (v f − at)t + (3.96)
2
at2 − 2at2
= xi + v f t + , (3.97)
2
resultando em
at2
Evolução temporal da posição para x f = xi + v f t − . (3.98)
aceleração constante (2ª Equação). 2
Note que se a aceleração tem um valor negativo (devido à escolha
do sistema de referência), ao utilizarmos a expressão acima teremos
dois sinais negativos. Nesse caso efetivamente usamos um valor
positivo ao empregar a expressão acima.
∆x = hvi ∆t (3.102)
x f − xi = hvi ∆t (3.103)
x f = xi + hvi ∆t. (3.104)
v f − vi a v f − vi 2
x f − xi = vi + (3.107)
a 2 a
v f vi − v2i v2f + v2i − 2v f vi
= + . (3.108)
a 2a
multiplicando os dois lados da equação por 2a, temos
obtemos
∆x gt
vi = + (3.113)
t 2
(9,6 m) (9,8 m/s2 ) · (4,0 s)
= + , (3.114)
(4,0 s) 2
x (m)
o que resulta em 30
vi = 22 m/s. (3.115)
20
Podemos determinar se a pedra já atingiu o ponto mais alto da
trajetória de duas maneiras: uma delas consiste em fazer um gráfico 10
da posição em função do tempo e verificar se o máximo já foi atin-
0
gido (Figura 3.34); outra maneira, essa mais simples, é verificar se a 0 1 2 3 4 t (s)
velocidade em t = 4,0 s é positiva ou negativa: Figura 3.34: Gráfico da posição como
função do tempo para o lançamento da
pedra.
vt=4,0 s = vi + at (3.116)
= vi − gt (3.117)
2
= (22 m/s) − (9,8 m/s ) · (4,0 s) (3.118)
= −17 m/s. (3.119)
a = +g (3.121)
2
= 9,8 m/s . (3.122)
Assim,
gt2
∆x = , (3.123)
2
de onde obtemos
s
2∆x
t= (3.124)
g
= 4,52 s. (3.125)
64 notas de aula
gt2
∆x10% = (3.126)
2
(9,8 m/s2 ) · (0,452 s)2
= (3.127)
2
= 1,00 m, (3.128)
gt2
∆x90% = (3.129)
2
(9,8 m/s2 ) · (4,07 s)2
= (3.130)
2
= 81,0 m (3.131)
t2
∆x = v f t − a , (3.133)
2
bastanto determinar a velocidade final através de
t2
∆x = v f t − a (3.138)
2
(9,8 m/s2 ) · (1,0 s)2
= (44,27 m/s) · (1,0 s) − (3.139)
2
= 39,4 m. (3.140)
Determine uma expressão para a distância entre duas gotas que caem
de uma torneira, sendo o tempo entre a queda de cada gota dado por
τ.
at2
x f = xi + vt + . (3.146)
2
Como as gotas caem, temos que a velocidade inicial é nula. Esco-
lhendo um eixo x vertical, com sentido positivo para baixo, temos
66 notas de aula
g ( t + τ )2
x1 = (3.148)
2
gt2
x2 = . (3.149)
2
Temos entaão para a distância entre as gotas
g ( t + τ )2 gt2
x1 − x2 = − (3.150)
2 2 i
gh
= ( t + τ ) − t2
2
(3.151)
2h
g 2 i
= t + τ 2 + 2τt − t2 (3.152)
2
g
= [τ 2 + 2τt], (3.153)
2
de onde podemos verificar que a distância entre as gotas aumenta
linearmente com o tempo.
resultando em
∆x
ts = . (3.157)
vs
Sabemos que a soma dos dois tempos é igual a 4,2 s:
tq + ts = (4,2 s) (3.158)
s
2∆x ∆x
+ = (4,2 s). (3.159)
g vs
∆x = λ2 , (3.160)
o que resulta em
λ0 = −163,93 m /2
1
(3.164)
00 1/2
λ = 8,798 m . (3.165)
Vamos descartar o primeiro valor para λ pois sabemos que ele corres-
ponde à raiz quadrada de uma distância e deve ser positivo. Determi-
nando ∆x, temos
∆x = 77 m. (3.166)
3.9.1 Acelerador
Um erro bastante comum é imaginar que o acelerador de um carro
determina a aceleração do veículo. Certamente existe uma relação
entre o estado de aceleração do veículo e o quanto pressionamos
o pedal, porém essa relação não é simples. A função do pedal do
acelerador é controlar a quantidade de ar que é admitida no motor,
bem como a quantidade de combustível que é injetada nos cilindros
ou nos dutos de admissão, o que determina a potência desenvolvida
pelo motor33 . 33
Os números de potência divulgados
Se um veículo parte do repouso, ao pressionarmos o pedal do pelo fabricante se referem à potência má-
xima que o motor é capaz de desenvol-
acelerador, percebemos que ele começa a ganhar velocidade. No ver. A potência que é efetivamente de-
entanto, essa situação não passa de um caso específico. Podemos senvolvida depende da velocidade de
rotação, da quantidade de ar admitido e
analisar algumas situações que mostram que a aceleração não está da quantidade de combustível injetada.
diretamente ligada ao deslocamento do pedal:
68 notas de aula
Para que possamos estender o tratamento do movimento obtido no Capítulo 3 a três dimensões, vamos precisar utilizar
vetores. Neste capítulo discutiremos tais objetos e algumas de suas propriedades.
4.1 Introdução
Sentido: De A para B;
72 notas de aula
• soma;
• subtração;
4.3.1 Soma
~b
Dados dois vetores ~a e ~b, a soma ~a + ~b pode ser “calculada” geometri-
camente da seguinte forma (Figura 4.4): tomamos o segundo vetor (~b) ~a
e o transladamos de forma que sua origem coincida com o final do
~c
primeiro vetor (~a); traçamos um vetor da origem do primeiro vetor
até o final do segundo (~c). Este último vetor (~c) representa a soma Figura 4.4: Soma de dois vetores.
dos dois primeiros:
~c = ~a + ~b. (4.1)
Associatividade
b~
+
~a
Na Figura 4.7 temos uma série de deslocamentos sucessivos, iniciando Figura 4.6: Associatividade: note que
pelo vetor ~a. Após efetuar todos os delocamentos, voltamos para o d~ = (~a + ~b) + ~c = ~a + (~b + ~c) = (~a +
~c) + ~b.
ponto inicial, tendo um deslocamento total nulo. Nesse caso, temos
que a soma dos vetores é igual ao vetor nulo:
4.3.3 Subtração
~a + ~b = 0. (4.7)
−~b
−
~b
~b
~a
~b
−~b transladar o vetor ~b até que seu início coincida com o início do vetor ~a
−
~b
~a + ~b
−
~a
Figura 4.9: Subtração: podemos calcu-
lar a subtração ligando as extremidades 4.3.4 Multiplicação e divisão por escalar
dos vetores, quando eles partem de uma
mesma origem. Podemos multiplicar um vetor por um escalar α, obtendo outro vetor:
~c = α~b. (4.10)
O módulo do vetor ~c será dado por |~c| = |α||~b|. Note que a multipli-
~a
cação por um escalar positivo só é capaz de alterar o módulo do vetor,
~b = 2~a uma vez que escalares não possuem informação de direção e sentido,
e por isso essas informações são preservadas. Caso tenhamos uma
~c = 3~a multiplicação por um escalar negativo, além da alteração no módulo,
d~ = 3,5~a ocorre uma mudança de sentido.
Figura 4.10: Ao multiplicarmos um ve-
Para determinarmos o efeito de uma divisão por um escalar, como
tor por um escalar positivo, obtemos um por exemplo
~b = ~a ,
novo vetor que preserva as informações
de direção e sentido do vetor inicial, po- (4.11)
rém que tem um módulo diferente.
α
basta a reescrevermos como um produto pelo inverso do escalar:
~a
~e = −~a ~b = ~a (4.12)
α
~f = −2,3~a 1
= ~a. (4.13)
Figura 4.11: O efeito de multiplicar um
α
vetor por um escalar negativo é o de
alterar o seu módulo e o seu sentido.
vetores 75
~c = ~a + ~b, (4.14)
~a = ~c − ~b (4.15)
~b = ~c −~a (4.16)
~a ~a
~a + ~b −~c = 0, (4.17)
~e1 ~e1
α = 1,5 α = 2,5
β = 1,25 β = 1,2
~e2 ~e2
a2 cos ω,
pois o vetor ~a2 pode ser transladado para a posição da linha ponti-
lhada à direita. Assim, temos a relação
~a
~e2
ω
θ ω
·
~e1 ~a1
|~a2 | cos ω
a cos θ
ou, simplesmente,
o que implica em
a1 = αe1 (4.27a)
a2 = βe2 , (4.27b)
obtemos a relação
ae2 = a2 + a1 cos ω, (4.30)
ou
a cos(ω − θ ) = a2 + a1 cos ω. (4.31)
78 notas de aula
ω
cos |
|~a1
)
−θ
ω
s( ω
a co
~a2
~a
ω−θ
~e2
ω
θ
~e1 ~a1
ê1 , ê2 .
Note que esse passo não é necessário, uma vez que assumimos que
os módulos dos vetores da base são conhecidos, porém ele ajuda a
simplificar o processo de determinar os escalares α e β. Resolvendo o
sistema, obtemos:
~a = a x ı̂ + ay ̂, (4.46) y
onde
ay ~a
̂
a x = a cos θ (4.47) θ
ay = a sen θ. (4.48) ı̂ x
ax
Essa escolha é tão comum que muitas vezes simplesmente descreve- Figura 4.19: Sistema de referência orto-
normal com vetores unitários ı̂ e ̂.
mos um vetor em termos de suas componentes em um sistema de
referência, como em
~a = ( a x , ay ), (4.49)
80 notas de aula
y ou !
ax
~a = . (4.50)
~a ay
ay
σ Apesar de ser mais comum termos as informações de ângulo em
θ
x relação ao eixo x, também podemos ter informações acerca do ângulo
ax entre o vetor e o eixo y (Figura 4.20). O tratamento para a obtenção das
Figura 4.20: Decomposição de vetores componentes é igualmente válido, e também consiste em decompor o
usando o ângulo σ entre o vetor e o eixo vetor através das funções trigonométricas:16
y.
16
a x = a sen σ (4.51)
Note que o ângulo σ varia entre 90°
e −270° em uma rotação completa no ay = a cos σ. (4.52)
sentido anti-horário.
Ao analisar uma situação como a resolução de um problema, devemos
17
O melhor a se fazer é verificar quais estar atentos e utilizar a decomposição correta.17
são as expressões para o cálculo das
componentes utilizando a própria defi-
nição das funções trigonométricas seno Notação módulo-ângulo: coordenadas polares
e cosseno.
Da seção anterior, fica evidente que além de podermos descrever
um vetor ~a através de suas componentes nos eixos x e y, podemos
defini-lo completamente em duas dimensões através do ângulo θ entre
o vetor e um dos eixos de referência, e do módulo a do vetor. Um
sistema de referências desse tipo é denominado sistema de coordenadas
polares. Nesta notação, ainda estamos nos valemos da definição dos
eixos coordenados, uma vez que eles são utilizados para definir os
ângulos.
Em duas dimensões, podemos observar a partir das Equações (4.47)
e (4.48) que
ay a sen θ
= (4.53)
ax a cos θ
= tan θ, (4.54)
18
A função arco tangente (arctan) é a de onde podemos escrever18
função inversa da função tangente. Seu
efeito é determinar o ângulo correspon-
ay
θ = arctan . (4.55)
dente a um dado valor de tangente. Se ax
tomarmor arctan(tan θ ), obtemos sim-
plesmente o ângulo θ. Equivalentemente, podemos verificar esse resultado utilizando rela-
ções trigonométricas através da Figura 4.20.
Também podemos encontrar uma relação entre as componentes e
o módulo do vetor através de
~c
a = 3m b = 4,5 m c = 2,50 m
a x = a cos θ a ay = a sen θ a
= (3 m) · (cos 20°) = (3 m) · (sen 20°)
= 2,82 m = 1,03 m
bx = a cos θ a by = a sen θ a
= (4,5 m) · (cos 36°) = (4,5 m) · (sen 36°)
= 3,64 m = 2,65 m
c x = a cos θ a cy = a sen θ a
= (2,5 m) · (cos 58°) = (2,5 m) · (sen 58°)
= 1,32 m = 2,12 m.
y
y0
Exemplo: Decomposição de vetores em um referencial rotacionado ~a
x0
A Figura 4.22 mostra dois sistemas de referência ortogonais — um
constituido por um eixo x horizontal e um eixo y vertical, e outro θ
constituido por dois eixos x 0 e y0 —, sendo que o segundo foi obtido a ω
x
partir de uma rotação do primeiro sistema de referência por um ângulo
ω = 30°. Se um vetor ~a tem módulo a = 2,5 m e faz um ângulo θ = 45° Figura 4.22: O vetor ~a em relação aos
dois sistemas de referência.
em relação ao eixo horizontal, quais são as componentes do vetor nos
eixos do sistema rotacionado? y
y0
~a
Para que possamos determinar as componentes do vetor ~a nos eixos x0
x 0 e y0 , precisamos somente determinar o ângulo θ 0 que o vetor faz θ0
θ0 = θ − ω (4.62)
= 45° − 30° (4.63)
= 15°. (4.64)
θ0 = θ − ω (4.77)
= 26,565° − 20° (4.78)
= 6,565°. (4.79)
vetores 83
ay
θ = arctan (4.86)
ax y
−0,866
= arctan (4.87)
0,5
α
≈ −30° (4.88)
x
= 150°. (4.89) β
γ = 120°. (4.90)
α
Concluímos, portanto, que
β = 30°. (4.91)
Figura 4.28: Ângulos alternos internos
são iguais.
84 notas de aula
19
≈ 0,866. (4.93)
Esse tipo de base é denominada orto-
normal.
4.4.4 Sistema de referência em três dimensões
Para que possamos descrever o caso tridimensional, precisamos de
z uma base composta de três vetores não-colineares. Da mesma ma-
neira que no caso bidimensional, o tratamento utilizando uma base
ortogonal, com vetores unitários19 , é mais simples. Portanto, adici-
onamos mais um eixo de referência, denominado z, perpendicular
az aos eixos x e y, sendo que o vetor unitário que aponta em sua direção
~a
k̂ é denominado k̂. Assim, um vetor ~a qualquer pode ser descrito em
̂ y termos das componentes nos eixos x, y, e z como
ı̂ ax
~a = a x ı̂ + ay ̂ + az k̂. (4.94)
ay
a xy = a sen θ. (4.95)
x
Figura 4.30: Ângulos em um sistema de A projeção a x é então dada por
coordenadas esféricas.
a x = a xy cos φ (4.96)
= a sen θ cos φ. (4.97)
ay = a xy sen φ (4.98)
= a sen θ sen φ. (4.99)
a x = a cos θ (4.107)
ay = a sen θ. (4.108)
y
Quais são as componentes do vetor ~a nos eixos x 0 e y0 ? y0
ay ~a a x = a cos θ (4.113)
φ θ ay = a sen θ, (4.114)
| a x | = a cos φ, (4.116)
a x = − a cos φ, (4.117)
ay = − a sen φ. (4.122)
de onde obtemos
d~ = ~a − ~b, (4.134)
então
d x = a x − bx (4.135)
d y = a y − by . (4.136)
~e = α~a, (4.137)
então
ex = e cos θ (4.138)
ey = e sen θ, (4.139)
ex = αa cos θ (4.141)
ey = αa sen θ. (4.142)
vetores 89
ex = αa x (4.143)
ey = αay , (4.144)
~a = a x ı̂ + ay ̂ + az k̂ (4.145)
~b = bx ı̂ + by ̂ + bz k̂, (4.146)
podemos escrever
~c = a x ı̂ + ay ̂ + az k̂ + bx ı̂ + by ̂ + bz k̂. (4.147)
~c = ~a + ~b (4.151)
d~ = ~a − ~b. (4.152)
cy
θc = arctan (4.166)
cx
−0,99 m
= arctan (4.167)
4,12 m
≈ −13,51° (4.168)
dy
θd = arctan (4.169)
dx
−7,65 m
= arctan (4.170)
0,78 m
≈ −84,18°. (4.171)
Neste capítulo vamos redefinir as variáveis cinemáticas em termos de vetores, utilizando as propriedades descritas no
Capítulo 4. Obteremos assim relações vetoriais entre as variáveis cinemáticas que nos darão uma descrição completa
do movimento em três dimensões. Para simplificar a interpretação dos movimentos, nos valeremos do fato de que as
equações da cinemática podem ser escritas como um conjunto de três equações — uma para cada eixo — sendo que em
diversos movimentos um ou dois eixos apresentarão equações triviais.
5.1 Introdução
rz
~r ry 5.2.1 Posição
x
Quando tratamos do movimento unidimensional, utilizamos a dis-
tância até a origem (isto é, um ponto de referência) para descrever a
rx posição. Utilizando vetores, podemos fazer o mesmo para um movi-
z
mento bidimensional ou tridimensional: vamos escolher um ponto
Figura 5.1: Um vetor posição em três
dimensões.
como origem de um sistema de referência ortogonal e descrever a
posição por um vetor que parte da origem e termina no ponto onde o
objeto se encontra. Logo, temos que o vetor posição será dado por
(Figura 5.1)
~r = r x ı̂ + ry ̂ + rz k̂, (5.1)
~r (t1 ) ~r (t2 )
~r (t3 )
movimentos bi e tridimensionais 93
r x = x (t) (5.2)
ry = y(t) (5.3)
r z = z ( t ), (5.4)
de forma que
~r (t) = x (t) ı̂ + y(t) ̂ + z(t) k̂. (5.5)
∆~r
~r f
y f ≡ ry
f
f f f
yi ≡ ryi
∆x ı̂ + ∆y ̂ + ∆z k̂
h~vi = (5.16)
∆t
∆x ∆ŷ ∆zk̂
= ı̂ + + (5.17)
∆t ∆t ∆t
= hvi x ı̂ + hviy ̂ + hviz k̂. (5.18)
~v
~v∆t
Mais uma vez, verificamos a independência entre os eixos coordena-
dos.
~ri
~r f Descrição vetorial do movimento unidimensional
de onde obtemos
~r f = (rix + v x ∆t)ı̂. (5.24)
Ignorando o caráter vetorial dessa expressão, obtemos
x = xi + v x t, (5.25)
8
Veja que nessa situação a velocidade No caso de termos uma trajetória que não seja retilínea, podemos
certamente não é constante, já que sua
interpretar o deslocamento de acordo com deslocamentos infinitesi-
direção varia continuamente, porém po-
demos tomá-la como constante devido mais na direção da velocidade instantânea:8
ao fato que estamos considerando um
tempo infinitesimal. δ~r = ~vδt. (5.33)
~r
~a = a x ı̂ + ay ̂ + az k̂, (5.40)
+ =
~v f
~vi
θ
y Essa equação, associada às observações acerca dos lançamentos ver-
~a ticais, nos leva à conclusão de que a aceleração da gravidade é um
vetor cuja direção é vertical e cujo sentido é para baixo.
Se adotarmos um sistema de referência constituído por um eixo
x
horizontal x e um eixo vertical y, podemos escrever a aceleração como
Figura 5.13: Decomposição do vetor ace-
leração.
~a = a x ı̂ + ay ̂. (5.43)
θ
x
~a No entanto, sabemos que a aceleração gravitacional não altera velo-
y
cidades horizontais, pois ela é dirigida verticalmente. Logo, a x ≡ 0
e9
Alcance horizontal
y g 2
y f − yi = vi t − t , (5.64)
2
ou, devido à nossa observação de que ∆y = 0
y g 2
vi t = t . (5.65)
2
movimentos bi e tridimensionais 101
R ≡ ∆x = vix t (5.68) y
vi sen θ ~v
= (vi cos θ ) 2 (5.69)
g
2v2i θ
= sen θ cos θ. (5.70) x
g
R
Utilizando a relação trigonométrica sen 2θ = 2 sen θ cos θ, podemos Figura 5.17: Alcance em relação ao
ponto de lançamento.
reescrever a expressão acima de uma maneira mais amigável:
v2i
R= sen 2θ. (5.71) Alcance horizontal.
g
o que implica em -1
θ = 45° (5.73)
Figura 5.18: A função seno é limitada a
para o ângulo de máximo alcance. valores dentro do intervalo [−1, 1].
gt2 y
− + vi t − h = 0. (5.75)
2
Note que mesmo que a diferença de altura seja conhecida, não temos
como determinar uma expressão para o cálculo do tempo. Nesse caso,
devemos o determinar utilizando os dados particulares do problema
em questão e então obter ∆x através de
∆x = vix t. (5.76)
x f − xi g ( x f − x i )2
y f = yi + vi sen θ − , (5.78)
vi cos θ 2 (vi cos θ )2
y
onde utilizamos vix = vi cos θ e vi = vi sen θ. Para simplificar a
expressão acima, vamos escolher yi = xi = 0, y f = y e x f = x.
Obtemos assim
!
g
Equação da trajetória. y = (tan θ ) x − x2 . (5.79)
2v2i cos2 θ
y = A + Bx + Cx2 , (5.80)
ay = − g. (5.89)
y at2
∆y = vi t + , (5.90)
2
ou, se considerarmos que16 ∆y = −h e a = − g, 16
A constante h se refere a um compri-
mento e seu valor é positivo, porém o
y gt2 deslocamento é no sentido negativo do
− h = vi t − . (5.91) eixo e deve ser um valor negativo.
2
Podemos escrever a expressão acima com a forma
g y
− t2 + vi t + h = 0, (5.92)
2
104 notas de aula
obtemos
q
−(3,5 m/s) ± (3,5 m/s)2 − 4 · (−(9,8 m/s2 )/2) · (2,0 m)
t= .
2 · (−(9,8 m/s2 )/2)
(5.100)
Calculando os valores para a expressão acima, temos
∆x = vix t (5.105)
= vi · cos(θ ) · t (5.106)
= (4,0 m/s) · cos(60°) · (1,083 624 s) (5.107)
= 2,167 248 m (5.108)
≈ 2,2 m. (5.109)
de onde obtemos
φ
v = 7,429 666 m/s (5.117)
≈ 7,4 m/s. (5.118)
~v f vy
Para determinarmos o ângulo em relação à horizontal, basta notar-
mos que o as componentes e o próprio vetor formam um triângulo
retângulo (Figura 5.21). Assim,
vy Figura 5.21: Detalhe do ângulo entre o
tan φ = , (5.119)
vx vetor velocidade final ~v f e a horizontal.
e, finalmente,17 17
O sinal negativo no ângulo indica que
ele foi medido no sentido horário.
φ = −74,383 861° (5.122)
≈ −74°. (5.123)
Uma esfera rola sobre uma mesa com velocidade vr = 3,5 m/s e, ao
~vr x
chegar ao final dela, cai ao chão. Se a distância horizontal entre a borda
da mesa e o ponto onde a esfera atinge o chão é de 1,3 m, qual é a y
altura da mesa?
ax = 0 (5.124)
ay = g. (5.125)
vix = vr (5.126)
y
vi = 0. (5.127)
y at2
y f = yi + vi t + (5.128)
2
106 notas de aula
gt2
∆y = (5.129)
2
y
ao utilizarmos ay = g e vi = 0.
Resta agora determinar o valor de t, mas ele pode ser obtido através
do eixo horizontal x, pois
x f = xi + vix t, (5.130)
∆x
t= . (5.131)
vr
Finalmente, obtemos para a altura da mesa
H = ∆y (5.132)
g ∆x 2
= (5.133)
2 vr
g(∆x )2
= (5.134)
2v2r
= 0,68 m. (5.135)
Uma bola é rebatida com uma raquete e adquire uma velocidade ~vi ,
y cujo módulo é de 6,0 m/s e que faz um ângulo θ de 75° com a horizontal.
A altura a partir da qual a bola é rebatida é h = 1,2 m. A uma distância
` de 1,5 m, medida horizontalmente, há uma cerca de altura H = 2,0 m.
~vi θ
A bola passa sobre a cerca?
H
x
h ` Para determinarmos se haverá colisão, basta sabermos a que altura
em relação ao solo a bola estará na posição onde está localizada a cerca.
Figura 5.23: Lançamento a partir de uma
elevação com possível colisão com obs- Podemos determinar tal altura em relação ao ponto de lançamento ao
táculo. utilizar a equação para a trajetória:
gx2
y( x ) = (tan θ ) x − . (5.136)
2v2i cos2 θ
θ = 75° (5.137)
x ≡ ` = 1,5 m (5.138)
vi = 6,0 m/s, (5.139)
obtemos
y( x ) = 1,03 m. (5.140)
Essa distância se refere à altura da bola em relação ao ponto de
lançamento ao chegar na posição da cerca. Como a bola é rebatida
a uma distância de 1,2 m acima do solo, concluímos que a altura da
bola em relação ao solo ao passar sobre a cerca é de 2,23 m, passando
a 23 cm acima dela.
movimentos bi e tridimensionais 107
gura 5.26, por exemplo, temos que o vetor velocidade final tem um
módulo maior que o vetor velocidade inicial, e que sofreu uma rota-
~v f
ção em relação ao vetor inicial. De qualquer forma, podemos utilizar ∆v = ~at
a ideia de componentes vetoriais para decompor a aceleração em
uma componente na direção da velocidade inicial, e outra na direção ~vi
perpendicular ao vetor velocidade inicial. Essa estratégia simplifica Figura 5.26: O efeito mais geral de uma
bastante a análise de movimentos bi e tridimensionais, e será a base aceleração é o de alterar o módulo do
vetor velocidade e também o de causar
para a análise do movimento circular nas seções seguintes. uma rotação em tal vetor.
∆~v
h~ai = . (5.142)
∆t
Portanto, mesmo no caso de v constante, temos uma aceleração caso
ocorram mudanças na direção do vetor velocidade. Podemos calcular
o módulo desta aceleração se considerarmos a Figura 5.28. Inicial-
mente uma partícula ocupa a posição ~ri , com velocidade ~vi no instante
ti . Após um intervalo de tempo, ela passa a ocupar a posição ~r f , com
velocidade ~v f no instante t f . Vamos assumir que os módulos das
velocidades e das posições são constantes, isto é,
vi = v f = v (5.143)
ri = r f = r. (5.144)
v ∆r
a= lim , (5.151)
r ∆t→0 ∆t
21
Você estudará isso em Cálculo. onde usamos a propriedade21
movimentos bi e tridimensionais 109
v2
ac = . (5.154) Módulo da aceleração centrípeta
r
Essa aceleração é responsável por alterar constantemente a direção
do vetor velocidade, possibilitando que a partícula execute um mo-
vimento curvilíneo. Veremos no próximo capítulo que ela está re-
lacionada à força resultante que deve ser exercida por um agente
externo para que uma partícula execute um movimento circular com
velocidade v e raio r.
∆~v
~a = lim ,
∆t→0 ∆t
e no caso específico de um movimento circular com velocidade cons-
tante, ela aponta para o centro da trajetória circular, com módulo dado
pela Equação (5.154). No entanto, o caso de velocidade constante não
é geral: podemos ter um movimento circular com velocidade cujo mó-
dulo muda constantemente, ou mesmo ter um movimento curvilíneo
que não tem um formato circular.
No caso de termos um movimento curvilíneo com velocidade
constante, porém não circular, temos que a aceleração centrípeta não
é constante. Se temos uma curvatura que se “fecha” paulatinamente,
isto é, se o raio de curvatura diminui progressivamente, a aceleração
centrípeta aumenta. Se ocorre o contrário, a curvatura se “abre” e o
raio aumenta, temos que a aceleração centrípeta diminui. De qualquer
forma, podemos calcular instantaneamente a aceleração através da
Expressão 5.154.
Quando ocorre uma alteração do módulo da velocidade, pode-
mos determinar a aceleração simplesmente calculando a razão ∆v/∆t.
Como discutimos anteriormente, temos então dois efeitos possíveis
110 notas de aula
v2
ar = a c = . (5.155)
r
Podemos atribuir a esta componente o papel exclusivo de alterar
a direção do vetor velocidade. Podemos entender isso se conside-
rarmos que se só existisse essa componente, então teríamos um
movimento circular, onde somente a direção do vetor velocidade é
23
Lembre-se que um vetor aceleração ~a alterada.23
perpendicular ao vetor velocidade ~v só
é capaz de causar uma rotação do vetor Componente tangencial A outra componente da aceleração é a projeção
~v.
do vetor na direção tangencial à trajetória — ou seja, na direção da
velocidade instantânea —. Esta componente tem o papel exclusivo
de alterar o módulo da velocidade. Isso pode ser entendido se
movimentos bi e tridimensionais 111
v f = vi + at t. (5.162)
a t t2
s f = si + vi t + , (5.163) Evolução temporal da posição ao longo
2 de uma trajetória curvilínea para o
onde s é um parâmetro que denota a distância percorrida ao longo da tra- caso de aceleração tangencial
constante.
jetória. De fato, podemos reobter todos os resultados que verificamos
112 notas de aula
t= , (5.185)
at
de onde obtemos um tempo de
t = 249,20 s. (5.186)
114 notas de aula
ac = a sen θ (5.187)
= 25,98 m/s2 (5.188)
at = a cos θ (5.189)
2
= 15,0 m/s . (5.190)
v2
ac = , (5.191)
r
logo,
√
v= rac (5.192)
= 17,66 m/s. (5.193)
v f = vi + at t, (5.194)
temos
vf
t= , (5.195)
at
onde usamos o fato de que vi = 0. Obtemos então
t = 1,18 s. (5.196)
y0 ~vS0 S
Figura 5.32: Posição de uma partícula P
em dois referenciais diferentes.
y P
~rS0
~rS
S0 x0
~rS0 S
S x
ou seja, temos uma simples adição de dois vetores, como pode ser
visto na própria figura. Esta transformação, juntamente com as equi-
valentes para velocidade e aceleração, são denominadas transformações
galileanas. Dentro de Mecânica Clássica essas são as transformações ~vSS0
∆~rs
~vS = lim . (5.199)
∆t→0 ∆t
∆~rS0 ∆~rS0 S
~vS = lim + lim . (5.205)
∆t→0 ∆t ∆t→0 ∆t
Nos capítulos anteriores, nos preocupamos em descrever o movimento. Determinamos três variáveis que podem ser
escritas como funções do tempo e que descrevem o movimento: a posição, a velocidade, e a aceleração. Verificamos
também que essas variáveis são vetores, sendo que podemos separar a descrição do movimento em três eixos ortogonais
independentes. Vamos passar agora a nos preocupar com as causas do movimento. Para isso, vamos estudar as Leis
de Newton, que relacionam a força resultante exercida sobre um objeto com a sua consequente aceleração. Isso é
fundamental pois é raro que possamos afirmar qual será a aceleração a que um corpo estará sujeito através de uma
simples análise de uma situação, mas é comum que possamos determinar quais as forças atuam sobre um corpo na
mesma situação.
6.1 Introdução
Física Aristotélica.
Nessa teoria, acreditava-se que para que houvesse movimento,
deveria haver uma força sendo exercida constantemente. Essa ob-
servação parece razoável quando empurramos uma caixa sobre uma
mesa: enquanto exercemos uma força, há movimento; assim que a
força cessa, o movimento cessa. No entanto, no caso de um objeto
que é atirado, como uma bola ou uma flecha, percebemos que o
movimento não cessa após deixarmos de exercer uma força sobre o
corpo.
Galileu contestou tal visão. Ele percebeu que na verdade o que
ocorre é que, no caso da caixa que é arrastada, o movimento só cessa
pois outras forças atuam de maneira a “impedir” o movimento. Se
“removermos os impedimentos”, como — por exemplo — utilizando
superfícies progressivamente mais lisas, verificamos que o movimento
após empurrar a caixa perdurará por cada vez mais tempo. Um
exemplo no qual a resistência oferecida ao movimento é menor é o
de um objeto que é arremessado. Nesse caso temos só a resistência
oferecida pelo ar, que é pequena a baixas velocidades. Isso implica
em um movimento que se mantém por mais tempo.
Newton formulou a teoria definitiva que descreve o movimento
no âmbito da Física Clássica. Ele determinou três leis que descrevem
propriedades das forças e a relação delas com a aceleração, bem como
com a massa de um corpo. Veremos a seguir essas três leis e suas
118 notas de aula
Uma força impressa é uma ação exercida sobre um corpo com o intuito
Figura 6.1: Figura utilizada por New-
ton para explicar a composição da ação de mudar seu estado, seja de repouso, seja de movimento uniforme em
de duas forças considerando o desloca- uma linha reta.
mento causado por elas dentro de um
um intervalo de tempo ∆t e partindo
O conceito de força em Física é bastante próximo do que entendemos
de uma velocidade nula. Se uma força
atuando isoladamente causa um deslo- por força na vida cotidiana. Por exemplo, sabemos que para cada
camento de A até B e a outra causa o direção e sentido da força que aplicamos sobre um objeto, temos
deslocamento de A até C, então ambas
atuando conjuntamente causam o deslo- movimentos diferentes2 . Sabemos ainda que a composição de dois
camento de A até D. Note que a figura esforços, em laterais diferentes de um objeto, dá origem a um movi-
denota a soma de dois vetores, como ve-
mento diagonal (Figura 6.1). Tais características indicam que as forças
rificado no Capítulo 4.
2
Considerando que o corpo possa se são vetores, pois possuem módulo (intensidade da força), direção e
mover livremente. Em um sistema que sentido.
podem atuar diversas forças, algumas
Sobre a massa, Newton afirma que ela é uma medida da quantidade
delas podem sofrer alteração ao exer-
cermos uma força adicional, mantendo de matéria. Veremos que ela atuará como uma constante de propor-
o sistema em equilíbrio. Verificaremos cionalidade entre a força aplicada sobre um corpo, e a aceleração
mais adiante como proceder nessas situ-
ações. experimentada por ele. Ao contrário da força, a massa é uma quan-
tidade escalar, por isso sua determinação no caso de um sistema
composto por vários corpos é bastante simples: basta somarmos os
valores de massa de cada um dos membros do sistema. Além disso,
tal grandeza é estritamente positiva, não havendo valores negativos,
ou mesmo nulos. Em alguns casos, no entanto podemos considerar
que a massa de um corpo é desprezível em comparação com a de
outros corpos.
Note que não definimos nenhuma unidade para a massa ou para
a força. Faremos isso na Seção 6.2.3, pois precisaremos das Leis de
Newton para definir as unidades e métodos para aferir os valores
dessas grandezas.
~a ∝ ~F. (6.2)
m
Relação entre aceleração, força, e massa
Figura 6.6: A relação entre a e m é a de
que a primeira é proporcional ao inverso
Observando a dependência em relação à força, à massa, e o caráter da segunda.
vetorial das grandezas, temos que
~F
~a ∝ . (6.4)
m
Considerando que a aceleração só dependa de ~F e m, e também o fato
de que uma proporcionalidade pode ser escrita como uma igualdade
se utilizarmos uma constante de proporcionalidade C qualquer —
cujo valor precisamos determinar —, obtemos
~F
~a = C . (6.5)
m
Apesar de termos unidades para a aceleração e para a massa,8 não 8
Veremos as unidades para a massa adi-
temos para a força. Nesse caso, podemos englobar a constante C na ante.
Forças resultantes
Note que se a soma das forças resulta em um vetor nulo, temos uma
aceleração nula. Em tal situação, dizemos que o sistema se encontra
em equilíbrio.
F = m1 a1 . (6.12)
10
É mais fácil falar isso do que fazer. Se submetermos outro corpo à mesma força,10 temos
Ainda não discutimos um dispositivo
que nos permita medir forças, mas isso
F = m2 a2 . (6.13)
é relativamente simples de se fazer ao
empregarmos uma mola: veremos adi-
ante que a força exercida por uma mola Como a força é a mesma em ambos os casos, podemos escrever
é proporcional à distensão que ela sofre.
Assim, é possível elaborar um equipa- m1 a1 = m2 a2 , (6.14)
mento simples — um dinamômetro —
que consiste em uma mola associada a
uma escala graduada, através da qual ou
a1
verificamos a força exercida pela mola. m2 = m . (6.15)
a2 1
Este resultado é relevante pois não temos um método de deter-
minar a massa de um objeto a não ser por comparação com outro.
Utilizando o processo acima, podemos determinar a massa de um
11
No Sistema Internacional (SI), até objeto qualquer em relação ao padrão de referência.11
maio de 2019 se utiliza a massa de um No caso das forças, as unidades do SI são
cilindro metálico como massa padrão
em relação a qual as demais massas são
medidas, sendo atribuída a ele a massa [ F ] = [ma] (6.16)
de 1 kg. Atualmente, adotou-se que a
constante de Planck tem um valor exato
= [m] · [ a] (6.17)
h = 6,626 070 15 · 10−34 J · s. Como a uni- m
dade J · s equivale a kg · m2 /s, ao de-
= kg · 2 (6.18)
s
finirmos o valor de h e utilizarmos as
definições de metro e de segundo, temos
≡ N, (6.19)
um valor específico para o kg.
dinâmica da partícula 123
θ
Uma vez escolhido um sistema de referência, devemos aplicar a ~F3
Segunda Lei de Newton a cada corpo separadamente, uma vez para x
cada eixo de referência. Se, por exemplo, tivermos uma situação como
a da Figura 6.8, obtemos ao aplicar a Segunda Lei de Newton para ~F2
cada eixo:
Figura 6.8: Um corpo submetido a um
conjunto de forças. Note que devido
à escolha da orientação do sistema de
referência, as componentes F2,x e F3,y são
nulas.
124 notas de aula
Eixo x:
FR,x = ma x (6.20)
F1,x + F2,x + F3,x = ma x (6.21)
Eixo y:
FR,y = ma x (6.22)
F1,y + F2,y + F3,y = may , (6.23)
Eixo y:
F2,x = 0 (6.34)
F2,y = − F2 (6.35)
F3,x = − F3 (6.36)
F3,y = 0. (6.37)
nulas,
ax = 0 (6.42)
ay = 0, (6.43)
o que implica em
FR,x = 0 (6.44)
15
Note que as projeções do vetor ~F1 são FR,y = 0. (6.45)
negativas em ambos os eixos, porém
0 < α < 90°, o que implica em sen α > 0
e cos α > 0. Como o módulo de um ve- Note que na Figura 6.12 passamos a denotar o ângulo α entre o
tor é sempre uma grandeza positiva, de- vetor ~F3 e o eixo y, uma vez que θ = α + 90°. As componentes de
vemos inserir o sinal manualmente para
que as projeções tenham sinais apropri- cada força nos eixos x e y podem ser determinadas através de uma
ados. decomposição de vetores. Para a força ~F1 , em especial, podemos utili-
zar o ângulo α desde que os sinais sejam inseridos “manualmente”.15
Assim, temos
16
Devemos destacar que os sinais mos-
trados têm de ser inseridos “à mão” pois F1,x = − F1 sen α F1,y = − F1 cos α
estamos fazendo a decomposição atra-
vés do ângulo α. Se medíssemos o ân- F2,x = F2 F2,y = 0
gulo em relação ao eixo x, em sentido
anti-horário, as próprias funções trigo-
F3,x = 0 F3,y = F3 .
nométricas seno e cosseno já determina-
riam tais sinais, uma vez que para ângu- Note que as componentes de ~F1 são negativas, uma vez que as proje-
los no terceiro quadrante ambas são ne-
gativas. No entanto, é muito comum ao
ções apontam no sentido negativo dos eixos.16
se trabalhar com ângulos os restringir a Substituindo os valores das componentes nas expressões para a
valores do primeiro quadrante (note que força resultante, obtemos
α < 90°). Nesse caso, devemos tomar o
cuidado de inserir sinais adequados.
FR,x = F1,x + F2,x + F3,x (6.46)
= − F1 sen α + F2 + 0 = 0 (6.47)
FR,y = F1,y + F2,y + F3,y (6.48)
= − F1 cos α + 0 + F3 = 0, (6.49)
− F1 sen α + F2 = 0
(
(6.50)
− F1 cos α + F3 = 0.
F1 sen α = F2
(
(6.51)
F1 cos α = F3
F1 sen α F
= 2 (6.52)
F1 cos α F3
sen α F
= 2 (6.53)
cos α F3
F2
tan α = . (6.54)
F3
dinâmica da partícula 127
F2
α = arctan (6.55)
F
3
(15 N)
= arctan (6.56)
(10 N)
= 56,31° (6.57)
= 56°. (6.58)
F1 sen α = F2 (6.59)
F2
F1 = (6.60)
sen α
(15 N)
= (6.61)
sen(56,31°)
= 18,03 N (6.62)
= 18 N. (6.63)
temos
Figura 6.14: Através de um sistema de
Eixo x: referência, podemos determinar a acele-
ração resultante mais facilmente.
FR,x = ma x (6.64)
F1,x + F2,x + F3,x + F4,x = ma x (6.65)
F2 − F3 sen α + F4 cos φ = ma x . (6.66)
128 notas de aula
Eixo y:
F1 = 10 N F3 = 8,0 N
F2 = 10 N F4 = 5,0 N
φ = 40° α = 25°,
obtemos
o que resulta em
Figura 6.15: Aceleração resultante da Discussão: Sistema fora do equilíbrio de forças, com a direção da aceleração
ação de um conjunto de forças em um
corpo. conhecida
FR,x = ma x (6.77)
F1,x + F2,x = ma (6.78)
F1 cos θ = ma (6.79)
ma
F1 = . (6.80)
cos θ
~F21 ~F12
A Terceira Lei de Newton foi por ele enunciada como ~F
Para cada ação há sempre uma reação igual oposta: ou as ações mutuas
de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais, e dirigidas a partes Figura 6.18: Ao submetermos dois blo-
contrárias. cos a uma força ~F, ocorrerá uma intera-
ção na superfície de contato entre eles.
Denominamos tal par como um par ação–reação17 . Note que: Tal interação resultará na força ~F12 para
a direita atuando no bloco da direita, fa-
zendo com que ele acelere, e na força
• As forças do par nunca atuam sobre o mesmo corpo: em uma inte-
F 0 ≡ ~F21 para a esquerda atuando no
ração entre dois corpos quaisquer, uma delas, ~F12 , atua sobre um bloco da esquerda. No caso do bloco da
dos corpos, enquanto a outra, ~F21 , atua sobre o outro (Figura 6.18); esquerda a força resultante ~FR = ~F − ~F21
será a responsável pela aceleração.
• As forças atuam na mesma direção, porém com sentidos opostos; 17
Quem é a ação e quem é a reação é
completamente irrelevante.
130 notas de aula
~a1 ~a2 Discussão: Diferenças de aceleração entre dois corpos que interagem através
~F12 ~F21
de um par ação-reação
N
Figura 6.19: Mesmo no caso de uma in- Muitas vezes, devido às diferentes massas dos corpos que inte-
teração à distância, temos um par ação-
reação: Na situação mostrada na figura,
ragem, pode ser difícil perceber que um deles está sujeito a uma
na ausência de atrito, ambos os imãs se força quando interage com outro. Se, por exemplo, um patinador
deslocariam e estariam sujeitos a acele- arremessa uma bola com força, verificamos que a bola sofre uma
rações a1 = F/m1 e a2 = F/m2 .
grande alteração de sua velocidade. O patinador, por sua vez, sofre
uma aceleração na mesma direção, porém com o sentido contrário.
Observamos, no entanto, que sua velocidade final é muito menor. Isto
pode ser entendido através da Segunda Lei de Newton, pois, como as
forças que atuam em cada um dos corpos são iguais em módulo
F = m1 a1 (6.87)
0
F = m2 a2 (6.88)
e, consequentemente,
m1
a2 = a . (6.89)
m2 1
Logo, se supomos que a massa m1 da bola é muito menor que a
massa m2 do patinador, temos que m1 /m2 1 e, consequentemente,
a2 a1 . Como ambos os corpos estão sujeitos às acelerações durante
o mesmo intervalo de tempo, observamos que ∆v2 ∆v1 , pois a
variação da velocidade é diretamente proporcional à intensidade da
aceleração.
Ao lançar a bola o jogador exerce uma força sobre ela, porém sofre
a influência da força de reação. Sabendo a massa do jogador e a
força, podemos determinar a aceleração a qual ele está sujeito através
da Segunda Lei de Newton. Como a força é constante, a aceleração
também é, logo a velocidade pode ser calculada pelo produto da
aceleração pelo tempo de atuação da força.
Para determinarmos a força que atua sobre o jogador, podemos ve-
rificar o que acontece com a bola. Sabemos que ela é arremessada com
dinâmica da partícula 131
∆x = v x t (6.97)
∆x
vx = (6.98)
t r
g
v x = ∆x · , (6.99)
2∆y
o que resulta ao substituirmos os valores em
s
(9,8 m/s2 )
v x = (10,0 m) · (6.100)
2 · (1,70 m)
= 16,98 m/s (6.101)
= 17 m/s. (6.102)
v `, f = a ` t ` (6.105)
v x = a` t` (6.106)
vx
a` = (6.107)
t
`
g 1
r
= ∆x · · . (6.108)
2∆y t`
Substituindo os valores,
s !
(9,8 m/s2 ) 1
a` = (10,0 m) · · (6.109)
2 · (1,7 m) (0,80 s)
= 21,22 m/s2 (6.110)
2
= 21 m/s . (6.111)
F` = mb a` (6.112)
∆x g
r
= mb · · (6.113)
t` 2∆y
s
(10,0 m) (9,8 m/s2 )
= (0,600 kg) · · (6.114)
(0,8 s) 2 · (1,70 m)
= 12,73 N (6.115)
= 13 N. (6.116)
mb ∆x g
r
a`,j = · · (6.119)
m j t` 2∆y
s
(0,600 kg) (10,0 m) (9,8 m/s2 )
= · · (6.120)
(75 kg) (0,80 s) 2 · (1,70 m)
= 0,168 m/s2 (6.121)
2
= 0,17 m/s . (6.122)
6.3 Forças
• força gravitacional;
• força eletromagnética;
força elástica: força exercida por uma mola e que é proporcional à sua
distensão.
Fg = ma (6.131)
ou, " #
mT
ma = m G · 2 . (6.132)
rT
∆` ∝ Fe , (6.136)
22
A dina é uma unidade de força do sis-
onde ` representa o comprimento da mola e ∆` a variação de tal tema centímetro-grama-segundo (cgs) e
comprimento, ou seja, a distensão. Podemos escrever a relação acima equivale a 1,0 g · cm/s2 ≡ 1,0 · 10−5 N.
como uma igualdade introduzindo uma constante de proporcionali-
dade k, cuja unidade no SI é o N/m:
~Fe0 ~Fe0
0 x
Eixo y:
−k∆` = mg (6.145)
mg
k=− . (6.146)
∆`
Eixo y:
~Fe
~P ~a
~P
N = mg. (6.162)
Este resultado só é válido se a aceleração vertical for nula. Veja ainda ~a
o que implica em
N−P
ay = (6.166)
m
N
= − g. (6.167)
m
Note que m e g são constantes, logo, o que determina o valor da
aceleração do corpo é o valor da força normal. Além disso, verifi-
24
Ou está na iminência de perder con-
camos através da equação acima que quanto menor o valor de N,
tato. maior será a aceleração, uma vez que o corpo acelera para baixo, no
sentido negativo do eixo y. Verificamos ainda que o valor máximo da
aceleração se dará para
N = 0, (6.168)
FR,x = ma x (6.175)
Nx + Px = ma x (6.176)
P sen θ = ma x (6.177)
mg sen θ = ma x , (6.178)
A Figura 6.34 mostra dois blocos que estão dispostos sobre uma
Figura 6.34: Blocos acelerados por uma superfície horizontal sem atrito, de forma que suas laterais estão em
força lateral sobre uma superfície hori-
zontal. contato. A massa do bloco da esquerda é m1 , enquanto a massa do
bloco da direita é m2 . Ao submetermos o conjunto a ação de uma
26
Se dois corpos se movem juntos, a força horizontal ~F que atua sobre o bloco de massa m1 , o sistema
distância entre seus centros de massa é
constante, o que implica que suas veloci-
estará sujeito a uma aceleração a, que é comum aos dois blocos.
dades e acelerações devem ser idênticas. Estamos interessados em determinar uma expressão para o valor
Esse resultado é bastante evidente de de tal aceleração, assim como uma expressão para o módulo da força
um ponto de vista de Cálculo.
exercida pelo bloco da esquerda sobre o bloco da direita. Devemos
notar que os blocos andarão sempre juntos, portanto devemos assumir
y que suas acelerações serão sempre idênticas.26 Também devemos
destacar que a força de interação entre os blocos pode ser classificada
~1
N
como uma força normal.
~F ~F12 x
Para que possamos determinar a aceleração dos blocos e o módulo
~1
P
da força que atua na superfície de contato, devemos fazer um dia-
grama de corpo livre para cada um dos corpos. A Figura 6.35 mostra
Figura 6.35: Diagrama de corpo livre
para o primeiro bloco.
o diagrama de forças para o primeiro bloco. A escolha do sistema
de referência levou em conta o fato de que existe uma aceleração
dinâmica da partícula 143
y
Note que utilizamos o fato de que a aceleração no eixo vertical é nula,
pois escolhemos o eixo x de maneira a coincidir com a direção da ~
N
aceleração. Além disso, veja que utilizamos índices numéricos para
diferenciar entre as forças peso, normal, e componentes da aceleração ~F 0
12 x
de cada bloco.
Aplicando a Segunda Lei de Newton para o segundo bloco, utili- ~P
zando um sistema de referência em que o eixo x aponta na direção
da aceleração:
Figura 6.36: Diagrama de corpo livre
para o segundo bloco.
Eixo x: No eixo horizontal temos
Forças externas
Eixo x:
ext
FR,x = mt a x (6.202)
Fx + Nx + Px = mt a x (6.203)
F = mt a x . (6.204)
Eixo y
ext
FR,x = mt ay (6.205)
Fy + Ny + Py = mt ay (6.206)
N − P = 0. (6.207)
dinâmica da partícula 145
F = (m1 + m2 ) a, (6.208)
ou
F
a= . (6.209)
m1 + m2
Note que não temos informações acerca da força interna F12 , porém
podemos aplicar a Segunda Lei de Newton separadamente ao bloco
da direita na Figura 6.34 (veja também a Figura 6.36), de onde obtemos
Eixo x:
Eixo y:
FR,x = m1 a x (6.215)
Fx + F12,x + N1,x + P1,x = m1 a x (6.216)
0
F− F12 = m1 a x . (6.217)
Eixo y:
FR,y = m1 ay (6.218)
Fy + F12,y + N1,y + P1,y = m1 ay (6.219)
N1 − P1 = 0. (6.220)
146 notas de aula
Eixo x:
FR,x = m2 a x (6.221)
0
F12,x + f at,x + N2,x + N3,x + P2,x = m2 a x (6.222)
F12 − f at = m2 a x . (6.223)
Eixo y:
FR,y = m2 ay (6.224)
0
F12,y + f at,y + N2,y + N3,y + P2,y = m2 ay (6.225)
N2 − N30 − P2 = 0. (6.226)
FR,y = m3 ay (6.230)
N3,y + P3,y + f at,y = m3 ay (6.231)
N3 − P3 = 0. (6.232)
Nt = N1 + N2 (6.233)
= P1 + P2 + P3 (6.234)
= m1 g + m2 g + m3 g (6.235)
= (m1 + m2 + m3 ) g. (6.236)
FR,y = mt ay (6.240)
Nt,y + Pt,y + Fy = mt ay (6.241)
Nt − Pt = 0 (6.242)
Nr = Pt (6.243)
= (m1 + m2 + m3 ) g. (6.244)
FR,x = mt a x (6.245)
Fx + Pt,x + Nt,x = mt a x (6.246)
F = mt a x , (6.247)
o que resulta em
F
ax = (6.248)
mt 28
Para calcular f at , por exemplo,
F basta substituir a aceleração na Equa-
= , (6.249) ção (6.229).
m1 + m2 + m3
onde usamos o fato de que a massa total mt do bloco composto é
dada pela soma das massas dos três blocos.
A ideia de considerar um bloco composto é bastante útil para
calcular a aceleração do sistema. Já para calcular forças internas —
se, estivéssemos interessados em calcular f at , N2 , ou F12 , no presente
problema —, devemos analisar cada bloco em separado, como fizemos
primeiramente. Muitas vezes, no entanto, se já tivermos determinado
a aceleração, esse trabalho se torna muito mais simples.28
6.3.5 Tensão
Ao pendurarmos um objeto utilizando uma corda, se temos equilíbrio,
existe uma força de tensão exercida pela corda e que equilibra a força
Figura 6.40: Bloco suspenso por uma
peso do objeto. As forças de tensão também têm origem eletromagné- corda, em repouso.
tica (se originam das interações eletromagnética entre os átomos que
compõe as fibras da corda) e têm características parecidas com as da
força normal: podemos determiná-las somente a partir da aplicação
da Segunda Lei de Newton e temos um valor máximo de força, sendo
que a corda se rompe ao excedê-lo29 . Outra consideração importante 29
Na verdade a corda não se rompe re-
é que uma corda só consegue exercer forças quando são esticadas, não pentinamente, suas fibras se partem e a
corda estica, cedendo aos poucos e dimi-
exercendo — portanto — forças laterais ou no sentido de “dobrá-la” nuindo (mesmo que momentaneamente)
(no sentido contrário ao de esticá-la). Claramente a direção da força é a tensão exercida. Eventualmente mui-
tas fibras se rompem e dão início a uma
a própria direção da linha reta formada pela corda. “reação em cadeia” de rompimento das
É comum considerarmos que existe uma valor de tensão exercido fibras. O valor máximo de força exercido
pela corda, porém, se a massa da corda não puder ser desprezada, certamente ocorre antes de esse processo
ocorrer.
não faz sentido falarmos em uma “tensão na corda”: a intensidade
da força exercida será diferente em cada ponto dela. Em especial, em
uma situação como a da Figura 6.40, vemos que no ponto inferior a
tensão exercida deve sustentar somente o peso da caixa. Já no ponto
148 notas de aula
~T 0
i
~P ~P
x
Discussão: cordas de massa desprezíveis
Figura 6.43: Curva catenária.
Apesar de sabermos que cordas reais têm massa, tratar tal caso
requer conhecimento de técnicas de Cálculo. Por isso, vamos tratar o
caso de cordas de massa desprezível que pode ser considerado uma
dinâmica da partícula 149
Eixo y: y
~T
FR,y = may (6.255)
T − P = may (6.256)
T = P + may (6.257)
x
T = mg + may (6.258)
~P
T = m( g + ay ) (6.259)
T − P = may (6.260)
T−P
ay = (6.261)
m
T
ay = − g. (6.262)
m
Se considerarmos que a corda pode exercer uma força de tensão que
possui um valor máximo e que ao o ultrapassar a corda se romperá,
concluímos que existe uma aceleração máxima que pode ser exercida
pela corda.
150 notas de aula
Discussão: Tensão em uma corda que liga dois blocos que aceleram lateral-
mente
Eixo x:
FR,x2 = m2 a x2 (6.268)
F − T2 = m2 a x2 . (6.269)
Eixo y:
a x1 = a x2 , (6.273)
T1 = T2 ≡ T, (6.274)
T = m1 a
(
(6.276)
F − T = m2 a,
T + F − T = m1 a + m2 a (6.277)
F = (m1 + m2 ) a. (6.278)
Finalmente,
F
a= . (6.279)
m1 + m2
Substituindo esse resultado na primeira equação no sistema dado
pela Expressão (6.276), obtemos a tensão:
m1
T= F. (6.280)
m1 + m2
Tx + Px = ma x (6.282)
T − P sen θ = ma x . (6.283)
152 notas de aula
Eixo y:
a ≡ ax (6.287)
T − mg sen θ
= (6.288)
m
T
= − g sen θ, (6.289)
m
onde usamos Px = mg sen θ. Substituindo os valores de m e T, obte-
mos
T
a= − g sen θ (6.290)
m
(20,0 N)
= − (9,8 m/s2 ) · sen 30° (6.291)
(5,0 kg)
= −0,9 m/s2 . (6.292)
FR,x = ma x (6.293)
Tx = ma x (6.294)
T sen θ = ma x . (6.295)
Eixo y:
mg
sen θ = ma x , (6.300)
cos θ
e finalmente,
a x = g tan θ. (6.301)
FR,y = mb ay (6.302) y
Tbn − P = 0 (6.303) ~Tbn
Tbn = P. (6.304)
x
Nó: Para o nó, também temos equilíbrio: ~P
Eixo x:
Figura 6.51: Sistema de referência. Note
que estamos também interessados em
T1,x + T2,x = mn a x (6.305) analisar o nó.
Eixo y:
FR,y = mn ay (6.307)
T1,y + T2,y + Tnb,y = 0 (6.308)
T1,y + T2,y − Tnb = 0. (6.309)
154 notas de aula
e, finalmente,
P
T2 = . (6.314)
cos β tan α + sen β
Substituindo o resultado acima na Equação (6.311), podemos de-
terminar a tensão T1 :
P cos β
T1 = (6.315)
cos β tan α + sen β cos α
P
= cos α (6.316)
(cos β tan α + sen β) cos β
P
= . (6.317)
sen α + tan β cos α
Finalmente, temos que as tensões são dadas por
P
T1 = (6.318)
cos α tan β + sen α
P
T2 = . (6.319)
cos β tan α + sen β
Exemplo: Corpo suspenso por cordas ligadas uma à outra. Caso estático.
Eixo x:
FR,x = ma x (6.320)
T1,x + T2,x = 0 (6.321) y
− T1 sen α + T2 sen α = 0 (6.322)
α α
− T1 + T2 = 0 (6.323)
T2 = T1 (6.324) x
y0
≡ T. (6.325)
x0
Eixo y:
Figura 6.53: Sistemas de referência ado-
FR,y = may (6.326) tados.
y0
Finalmente, substituindo o resultado para T3 na Expressão (6.329)
~T3
obtemos:
2T cos α = mg (6.334) x0
mg ~P
T= (6.335)
2 cos α
(5,0 kg) · (9,8 m/s2 ) Figura 6.55: Diagrama de forças para o
= (6.336) corpo suspenso.
2 · cos(26,565°)
= 27,39 N. (6.337)
Exemplo: Corpo suspenso por cordas ligadas uma à outra. Caso dinâmico.
Eixo x:
FR,x = ma x (6.338)
θ
T1,x + T2,x = 0 (6.339)
~a
− T1 sen α + T2 sen α = 0 (6.340)
− T1 + T2 = 0 (6.341)
T2 = T1 (6.342)
Figura 6.56: Corpo em repouso sus-
penso por cordas, submetido a uma ace- ≡ T. (6.343)
leração vertical para cima.
Eixo y:
Eixo y0 :
2T cos α = T3 (6.352)
2T cos α = m( g + a) (6.353)
m( g + a)
T= (6.354)
2 cos α
(5,0 kg) · ((9,8 m/s2 ) + (3,0 m/s2 ))
= (6.355)
2 · cos(26,565°)
= 35,78 N. (6.356)
y
porém se temos aceleração, podemos ter que determinar a relação ~T
entre acelerações que ocorrem em eixos diferentes para cada corpo.
Algumas vezes podemos utilizar os mesmo eixos de referência
para todos os corpos — como na discussão para a aceleração lateral x
de dois blocos, na página 150 —, porém em muitos casos isso não
é possivel. Na Figura 6.57, ambos os blocos estão sendo acelerados ~a
T = m1 a1,x1 . (6.359)
~T
~P1
Eixo y1 :
x2
FR,y1 = m1 a1,y1 (6.360) 2
~P2
N1 − P1 = m1 a1,y1 (6.361)
N1 − P1 = 0 (6.362) Figura 6.58: Neste sistema, os blocos
têm acelerações em eixos diferentes, po-
N1 = P1 . (6.363) rém — devido ao fato de que eles estão
ligados por um fio inextensível —, te-
Bloco 2: Novamente, aplicando a Segunda Lei de Newton para cada mos que a1,x = − a2,y .
eixo:
x
FR,x = m1 a x (6.374)
Figura 6.59: O mesmo sistema da Fi- T = m1 a x . (6.375)
gura 6.58, porém com uma escolha di-
ferente de eixos. Como as acelerações Eixo y:
são iguais em módulo para ambos os
y
blocos nos mesmos eixos, podemos sim- FR = m1 ay (6.376)
plesmente ignorar a diferenciação entre
eles se estamos interessados em deter- N1 − P1 = m1 ay (6.377)
minar somente o módulo da aceleração.
N1 − P1 = 0 (6.378)
A direção e o sentido podem ser pronta-
mente determinados ao vermos a figura. N1 = P1 . (6.379)
dinâmica da partícula 159
Eixo x:
FR,x = m2 a x (6.380)
− T + P2 = m2 a x . (6.381)
Eixo y:
Eixo y:
~a = 0
FR,y = may (6.395) ~F x
N−P=0 (6.396)
~f at
N = P. (6.397) ~P
Nas equações acima, utilizamos o fato de que as acelerações em Figura 6.62: Numa situação com atrito,
podemos ter um bloco sujeito a uma
ambos os eixos são nulas, já que o corpo está em equilíbrio. força lateral sem que haja aceleração. A
Note que o fato de que temos aceleração nula implica que a força força que garante o equilíbrio é a força
de atrito e seu valor será igual ao da
de atrito, além de ter a mesma intensidade que a força aplicada,
força ~F, seja ele qual for. Sabemos, no
tem a mesma direção, porém sentido contrário. Em situações mais entanto, que existe um valor máximo
complexas podemos ter uma relação menos direta do que essa acima, para a força de atrito, a partir do qual
ela não será mais capaz de equilibrar a
porém a análise necessária para obter seu valor é a mesma. força lateral e o movimento iniciará.
A força de atrito não surge simplesmente em oposição a uma
força aplicada ao sistema. Uma outra possibilidade é a termos uma
superfície que acelera — uma esteira—, sobre a qual se apoia um
bloco. Como o atrito é contrario ao deslocamento relativo entre as
superfícies, quando a esteira acelera, surje uma força que tende a
acelerar o bloco. Novamente, para determinar o valor da força de
atrito, é necessário aplicar a Segunda Lei de Newton:
Eixo x:
FR,x = ma x (6.398)
e
f at = ma x . (6.399)
Eixo y:
FR,y = may (6.400)
N − P = 0. (6.401)
162 notas de aula
y
Nas equações acima utilizamos o fato de que a aceleração no eixo
~
N vertical é nula. Vemos, que nesse caso a força de atrito está relacionada
à aceleração do sistema.
x
Concluímos então que a força de atrito será nula, caso não haja
tendência ao deslizamento das superfícies, e alterará seu valor de
~f at maneira a evitar que um deslizamento ocorra. No entanto, sabemos
~P que — a partir de algum valor limite — o sistema sai do equilíbrio:
~a se a força ~F ou a aceleração ~a nos exemplos acima forem intensas o
Figura 6.63: Bloco apoiado sobre uma suficiente, o deslizamento das superfícies ocorrerá. Logo, existe um
superfície que se desloca para a direita valor máximo para a força de atrito estático.
com aceleração ~a.
FR,x = ma x (6.402)
Px − f at = 0 (6.403)
f at = mg sen θ. (6.404)
Eixo y:
A Figura 6.66 mostra um bloco disposto sobre uma esteira, sendo que
esta o acelera para a direita. Se a massa do bloco é m = 5,0 kg e a
~a aceleração tem módulo a = 1,5 m/s2 , determine a força de atrito entre
Figura 6.66: Bloco apoiado sobre uma o bloco e a esteira, assumindo que não ocorre deslizamento.
superfície que se desloca para a direita
com aceleração ~a.
dinâmica da partícula 163
Eixo x:
x
FR,x = ma x (6.415)
f at = ma. (6.416) ~f at
~P
Eixo y: ~a
Figura 6.67: Diagrama de corpo livre
para o bloco.
FR,y = may (6.417)
N−P=0 (6.418)
N = mg. (6.419)
f at = ma (6.420)
2
= (5,0 kg) · (1,5 m/s ) (6.421)
= 7,5 N. (6.422)
FR,x = ma x (6.429)
Px − f at = 0 (6.430)
y P sen θ − µe N = 0 (6.431)
mg sen θ − µe N = 0 (6.432)
~
N
~f at mg sen θ = µe N (6.433)
o que resulta em
µe = tan θ. (6.439)
Experimentalmente, basta elevar lentamente a inclinação do plano até
que o bloco comece a deslisar. Registrando o ângulo para o qual o
movimento inicia, temos um valor limite para o ângulo. Repetindo
o procedimento algumas vezes, podemos determinar com alguma
precisão qual é o ângulo para o qual temos iminência de movimento.
y
Adotando um sistema de coordenadas como o mostrado na Fi-
gura 6.71 e aplicando a Segunda Lei de Newton a cada um dos eixos, ~
N
obtemos
Eixo x: x
FR,x = ma x (6.440) ~f at
~P
f at = ma x . (6.441)
~a
Eixo y: Figura 6.71: Diagrama de corpo livre
para o bloco.
f at = µN. (6.445)
Assim, obtemos
f at = ma x (6.446)
µN = ma x . (6.447)
ma x = µmg (6.448)
a x = µg. (6.449)
166 notas de aula
a x = g. (6.450)
Figura 6.72: Diagrama de corpo livre Adotando o sistema de referência mostrado na Figura 6.73 e apli-
para o bloco. cando a Segunda Lei de Newton a cada eixo, obtemos
y
Eixo x:
~
N
~F
FR,x = ma x (6.451)
θ
Fx − f at = 0 (6.452)
x
F cos θ − f at = 0. (6.453)
~f at
~P Eixo y:
N = F sen θ + P. (6.457)
F cos θ − µN = 0 (6.459)
F cos θ − µ( F sen θ + P) = 0 (6.460)
F cos θ − µF sen θ − µmg = 0 (6.461)
F (cos θ − µ sen θ ) = µmg, (6.462)
o que resulta em
µmg
F= . (6.463)
cos θ − µ sen θ
Substituindo os valores de m, g, µ, e θ, obtemos
µmg
F= (6.464)
cos θ − µ sen θ
(0,75) · (10,0 kg) · (9,8 m/s2 )
= (6.465)
cos(45°) − (0,75) · sen(45°)
= 415,78 N. (6.466)
dinâmica da partícula 167
Eixo y:
Eixo x:
FR,x = ma x (6.477)
Px − f at = ma x (6.478)
mg sen θ − µc N = ma x . (6.479)
Eixo y:
~
N Substituindo a expressão para a força normal na Equação (6.479),
~f at
podemos escrever
(v xf )2 = (vix )2 + 2a x ∆x (6.487)
0 = (vix )2 + 2a x ∆x (6.488)
2a x ∆x = −(vix )2 (6.489)
(vix )2
∆x = − . (6.490)
2a x
Substituindo os valores,
(4,5 m/s)2
∆x = − (6.491)
2 · (−1,04 m/s2 )
= 9,73 m. (6.492)
dinâmica da partícula 169
6.3.8 Arrasto
Sabemos que um paraquedista é atraído pela força gravitacional da
Terra e, portanto, deve estar submetido a uma aceleração dirigida ver-
ticalmente para baixo. Se considerarmos somente esta força, teremos
um movimento com aceleração constante, levando a um aumento
linear da velocidade com o tempo. No entanto, não é o que se
observa na realidade: a velocidade aumenta até certo ponto e se
torna constante. Quando o paraquedas abre, a velocidade diminui
progressivamente até chegar a outro valor constante.
Para explicarmos essa situação, precisamos levar em conta a força de
arrasto. Essa força é notável para um ciclista que se move em grande
velocidade, ou para um passageiro de um automóvel que coloca a mão
para fora da janela em velocidades elevadas. Sempre que um objeto
se move através de um meio fluido, ele estará sujeito a uma força no
sentido contrário ao do movimento relativo entre o objeto e o meio.
A intensidade dessa força aumenta com a velocidade, o que — como
veremos adiante — explica a existência de uma velocidade máxima.
Além dessa dependência na velocidade, temos uma dependência na
densidade do meio (o arrasto é maior na água que no ar, por exemplo)
e na área de seção reta do objeto que se desloca no meio fluido. Essa
área é a “área frontal” do objeto, isto é, a área máxima que ele tem
quando cortado por um plano perpendicular à direção do movimento.
Tal dependência explica o funcionamento do paraquedas, pois a área
aumenta significativamente quando ele é aberto. Portanto, podemos
escrever
1
FA = CD ρAv2 . (6.493) Força de arrasto
2
A força de arrasto é uma força muito complexa e essa expressão
tem interpretações diferentes de acordo com a velocidade. O valor
de CD pode ser considerado constante somente no caso em que
consideramos a força de arrasto que atua em um objeto com formas
“angulosas”, como um cilindro cuja base faz um ângulo de 90° com a
lateral, e quando temos velocidade suficiente para que – após passar
pelo objeto – o escoamento do fluido seja turbulento.
Arrasto de Stokes
mg − FA
vt a= = 0, (6.500)
m
p de onde podemos escrever
vt
FA = mg, (6.501)
t
Figura 6.79: Em um salto de para-
e — utilizando a expressão (6.493) — podemos isolar v obtendo
quedas, temos uma velocidade que au- s
menta até uma certa velocidade termi- 2mg
nal vt . Após a abertura do para quedas, v= . (6.502)
a velocidade diminui até uma nova ve-
ρACD
p
locidade terminal vt , menor do que a
anterior.
dinâmica da partícula 171
F = ma (6.503)
v2
ac = (6.504)
R
para relacionar a força exercida para manter um objeto em uma
trajetória circular aos valores de massa, velocidade e raio da trajetória:
v2
Fc = m . (6.505) Força centrípeta.
R
Note, no entanto, que essa relação não nos diz nada sobre a natureza
da força, ela simplesmente nos diz qual é a intensidade de força
172 notas de aula
y • Se temos um carro que faz uma curva em uma estrada plana, temos
~
N
θ uma força de atrito.
e finalmente
√
v= rg. (6.514)
~
N
Para qualquer velocidade abaixo daquela dada pela expressão
~v acima, teremos que o corpo perderá contato com a pista antes de
chegar ao topo da trajetória. A partir do momento em que ocorre a
~P perda de contato, o corpo passa a estar sob influência da gravidade
x somente. Nesse caso, ele passa a executar um movimento parabólico,
característico de um lançamento oblíquo.
Figura 6.84: Corpo percorrendo a parte
externa de uma pista com perfil circular. Condição de perda de contato e velocidade máxima
Veja que a normal tem que ser menor
que o peso na posição indicada pois a Uma outra possibilidade de movimento em que pode ocorrer perda
diferença entre essas duas forças é res-
ponsável pela aceleração centrípeta que de contato é se o corpo de desloca pela parte externa da pista (veja
faz com que o corpo execute a curva. a Figura 6.84). Nesse caso, temos que no caso de velocidade nula,
teríamos que a normal seria igual ao peso. Conforme aumentamos a
velocidade, a força normal deve diminuir, para que a força resultante
para o centro da trajetória aumente. Para um certo valor de velocidade
máxima, temos que a normal será zero. Nesse caso, podemos afirmar
que
v2
FR,x = m (6.515)
r
v2
N+P=m (6.516)
r
v2
45 mg = m (6.517)
Isto é, estamos na iminência de perder r
contato.
v2
g= , (6.518)
r
ou seja, a velocidade máxima com que podemos fazer a trajetória
circular sem perder contato45 é
√
v = rg. (6.519)
Eixo x:
FR,x = ma x (6.520)
Figura 6.85: Movimento sobre a superfí-
cie do planeta. v2
P−N = m . (6.521)
R
Eixo y: Não há forças/componentes.
~v ~P
θ
Tx = mac (6.525)
v2
T sen θ = m . (6.526)
r
Eixo y:
v2 mg
m = sen θ (6.531)
r cos θ
v2 = rg tan θ (6.532)
v = rg tan θ. (6.533)
p
FR,x = ma x (6.536)
v2
Nx ± f at,x = m . (6.537)
r
Eixo y:
v2
ax = , (6.551)
R
onde R é o raio da trajetória circular.
Podemos ver que mesmo que o ângulo θ entre o eixo x e a vertical
seja conhecido, não podemos calcular a tensão na corda a menos
que a velocidade também seja conhecida. Note que o termo devido à
velocidade se torna preponderante rapidamente com o aumento de v,
pois temos uma função quadrática da velocidade.
Finalmente, verificamos que no eixo y a aceleração é tangencial, e é
dada por
at = ay = g sen θ. (6.552)
~F3
f 00 (0)( x − 0)2
f ( x ) = f (0) + f 0 (0)( x − 0) + +.... (6.557)
2
No entanto, f (0) é a força na posição de equilíbrio, ou seja, é zero –
caso contrário não seria um ponto de equilíbrio –. Além disso, se x
é muito pequeno, temos que x2 é menor ainda e por isso podemos
desprezar todos os termos de ordem 2 (termos quadráticos) ou maior.
Obtemos então:
f ( x ) = f 0 (0) x, (6.558)
e se fizermos k ≡ f 0 (0),
f ( x ) = kx. (6.559)
6.5 Apêndice
6.5.1 Diálogo
Segue abaixo uma tradução do trecho do Diálogo sobre os dois máximos
sistemas do mundo: ptolomaico e copernicano de Galileu Galilei, onde
encontramos a discussão acerca do movimento contínuo e uniforme
que ocorreria caso tivéssemos uma superfície horizontal de onde
retirássemos todos os “impedimentos ao movimento”. O texto se dá
como um diálogo entre duas pessoas, Salviati e Simplício:
Salviati: Pense bem no que você disse, senhor Simplicio, por que eu
estou seguro que ela ficará em qualquer lugar que você a colocar.
Salviati: Você tem então por seguro que ela se moverá para o declive
espontaneamente?
Salviati: E você tem isso por firme, não por que eu o tenha ensi-
nado (por que eu tentava o persuadir do contrário), mas por você
somente e pelo seu juízo natural.
Simplicio: Para mim sim, quando o corpo for de material que durasse.
53
Uma força impressa é uma ação exercida sobre um corpo, com o intuito de
Aqui cabe alertar que Newton acredi-
tava que existiria uma força de inércia cujo
mudar seu estado, seja de repouso, ou de movimento uniforme para frente em
papel era o de manter o estado atual de uma linha reta.
movimento do corpo, resistindo a mu- Essa força consiste na ação somente; e não permanece no corpor, quanto
danças. Hoje utilizamos a interpretação
a ação é finalizada. Pois um corpo mantém cada novo estado que
mais simples de que tal força não existe,
mas sim que para alterar o estado de adquire por sua inércia53 somente. Forças impressas são de diferentes
movimento, é necessário aplicar uma origens [. . . ]
força, sendo que se o ele se mantém se
nenhuma força atua sobre o corpo.
dinâmica da partícula 187
Leis do movimento
Note que para que haja um movimento circular, deve haver uma força.
No caso do movimento dos planetas, citado por Newton, a grandeza
que se conserva no movimento é o momento angular, que será visto no
capítulo sobre rotações.
A Segunda Lei é enunciada como
A alteração do movimento é sempre proporcional à força motriz a ele aplicada;
e é feita na direção da linha reta em que tal força atua.
Se uma força qualquer gera um movimento, o dobro de força gerará
o dobro de movimento, o triplo de força gera o triplo de movimento,
seja a força aplicada subitamente, ou gradualmente. E este movimento
(sendo sempre direcionado no mesmo sentido que a força geradora), se
o corpo se encontrava em movimento, é adicionado a ele ou subtraído
do movimento anterior, de acordo com eles conspirarem diretamente
ou diretamente contrário um ao outro; ou composto obliquamente,
quando são oblíquos, de tal forma a produzir um novo movimento
composto pela determinação de ambos.
∆p ∝ F. (6.563)
∆p = F∆t. (6.564)
dp
F= , (6.565)
dt
ou, considerando m como constante
dv
F=m (6.566)
dt
= ma. (6.567)
Para cada ação há sempre uma reação igual oposta: ou as ações mutuas de dois
corpos um sobre o outro são sempre iguais, e dirigidas a partes contrárias.
Qualquer coisa que puxa ou empurra outra é tão puxado ou pressio-
nado quanto pela outra. Se você pressionar uma pedra com seu dedo, o
dedo também é pressionado pela pedra. Se um cavalo puxa uma pedra
amarrada a uma corda, o cavalo (se posso assim dizer) será igualmente
puxado para trás em direção à pedra: pois a corda distendida, pelo
mesmo esforço para relaxar ou se afrouxar, tanto puxará o cavalo em
direção à pedra, quanto puxará a pedra em direção ao cavalo, e obs-
truirá o progresso de um tanto quanto avança aquele do outro. Se um
corpo colide com outro, e por meio de sua força muda o movimento
do segundo, o segundo corpo também (devido à igualdade da pressão
mútua) sofrerá uma mudança igual, em seu próprio movimento, em
direção à parte contrária. As mudanças feitas por essas ações são iguais,
não nas velocidades, mas nos movimentos dos corpos; isto se os corpos
não são obstados por outros impedimentos. Pois, devido ao fato de
que os movimentos são igualmente alterados, as mudanças das velo-
cidades efetuadas em direções a partes contrárias são reciprocamente
proporcionais aos corpos [massas]. Esta lei também ocorre em atrações,
como será provado adiante.
mdv/dt = mg − bv (6.568)
Z Z
m [dv/dt/(mg − bv)]dt = dt; (6.570)
mg y(t)
v(t) = − (6.573)
b b
Logo:
dv 1 dy
=− (6.574)
dt b dt
e então
m dy/dt
Z
− dt = ∆t (6.575)
b y
m y
− ln y|y0 = ∆t (6.576)
b
y b
ln y|y0 = − ∆t (6.577)
m
dinâmica da partícula 189
y b
= exp − ∆t (6.578)
y0 m
b
y = y0 exp − ∆t (6.579)
m
b
mg − bv(t) = (mg − bv0 ) exp − ∆t (6.580)
m
b
mg − (mg − bv0 ) exp − ∆t = bv(t) (6.581)
m
mg mg b
v(t) = − − v0 exp − ∆t (6.582)
b b m
mg mg b
v(t) = + v0 − exp − ∆t . (6.583)
b b m
6.6 Exercícios
2
Questão 2. A Figura 6.93 mostra um bloco que está apoiado sobre
uma mesa sem atrito e que está ligado a uma mola. Sobre este bloco,
1
repousa um segundo bloco. Na interface entre os blocos, existe atrito.
Qual é a maxima distensão xm que a mola pode ter para a qual
os blocos aceleram juntos ao liberarmos o sistema para se mover?
Considere que k = 120,0 N/m, m1 = 3,0 kg, m2 = 1,0 kg, e µe = 0,65.
Diversas situações podem ser bastante complicadas de se resolver utilizando as Leis de Newton. Verificaremos
neste capítulo um método alternativo baseado em uma grandeza escalar: a energia. Apesar de ser um método que
inicialmente é uma consequência das leis do movimento, ele se revela uma característica fundamental dos fenômenos
naturais: a conservação da energia em um fenômeno físico é tida como um princípio geral da Física.
7.1 Introdução
Eixo y:
y
FR = may (7.4)
Py = may (7.5)
x
mg sen θ = may ; (7.6) θ
R
A aceleração no eixo x é responsável pela alteração da direção da velo- ~T
1 2 1 2
mv f − mvi = Fx ∆x. (7.10)
2 2
Através da expressão acima, verificamos que durante o desloca-
mento do objeto existe uma variação entre os valores inicial e final de
uma grandeza K definida como
1 2
Energia cinética K= mv (7.11)
2
e que denominamos como energia cinética. A variação de tal grandeza
está relacionada ao produto da força e do deslocamento o que define
uma grandeza W denominada trabalho:
W = Fx ∆x. (7.12)
• Se, por outro lado, θ > 90°, a força tende a desacelerar o objeto, 1
Lembre-se que o objeto está limitado
diminuindo sua energia cinética; a se deslocar no eixo x, portanto não
podemos ter aceleração no eixo perpen-
• Finalmente, se θ = 90°, a força não é capaz de acelerar o objeto1 , dicular ao deslocamento.
deixando a energia cinética constante, o que implica em um traba-
~b
lho nulo.
θ
Essas três observações podem ser conciliadas se definirmos um vetor ~a
d~ que descreva o deslocamento do objeto (a direção e sentido de d~ Figura 7.4: Ângulo θ entre dois vetores
são a do semi-eixo x positivo; o módulo é dado por ∆x) e tomarmos para o cálculo do produto escalar.
o produto escalar com a força. O produto escalar toma dois vetores
e resulta em um escalar. Podemos calcular este produto através da
expressão
~a · ~b = ab cos θ, (7.13) Produto escalar
Unidades
1 J ≡ 1 kg · m2 /s2 . (7.17)
WFR = ∆K (7.24)
~FR · d~ = 0 (7.25)
WF1 + WF2 + WF3 + . . . = 0, (7.26)
WN = ~F · d~ (7.33)
~ · d~
=N (7.34)
= 0. (7.35)
W = ~F · d~ (7.37)
= ~F · (d~1 + d~2 + d~3 + . . . ) (7.38)
= ~F · d~1 + ~F · d~2 + ~F · d~3 + . . . , (7.39)
isto é, o trabalho total pode ser determinado pela soma dos trabalhos
realizados em cada segmento do deslocamento.
Uma consequência particularmente útil do resultado acima é o
fato de que podemos separar o deslocamento em uma componente
196 notas de aula
W = ~F · d~ (7.41)
= ~F · (d~k + d~⊥ ) (7.42)
= ~F · d~k + ~F · d~⊥ . (7.43)
W = ~F · d~k . (7.44)
W = ± Fdk . (7.45)
onde
dk = d cos θ (7.50)
Fk = F cos θ, (7.51)
o que implica em
Fk d = Fdk . (7.52)
Sinal do trabalho
Wg = ~ ~
P · d. (7.53)
para baixo. Podemos escrever o vetor deslocamento como a soma Figura 7.8: Corpo que se desloca diago-
nalmente para baixo. Veja que a distân-
de um vetor na direção paralela ao peso e de um vetor na direção
cia percorrida verticalmente é dada pela
perpendicular a ele (veja a Figura 7.9): linha pontilhada e corresponde a d cos θ.
P · d~k
W=~ (7.59)
= P|∆y| cos 0°, (7.60)
P · d~k
W=~ (7.62)
= P|∆y| cos 180° (7.63)
= mg|∆y| cos 180°, (7.64)
198 notas de aula
W = mg∆y. (7.65)
WN = ~F · d~ (7.67)
~ · d~
=N (7.68)
= Nd cos 90° (7.69)
= 0, (7.70)
~
N Força de atrito: Podemos verificar que o atrito realiza um trabalho
~f at dado por
d~ W f at = ~f at · d~ (7.71)
~P = f at d cos θ. (7.72)
y
direção da aceleração, será no mesmo sentido do deslocamento.
~
N
Nesse caso, temos que o trabalho realizado pela força de atrito
deve ser positivo, pois tal força é responsável por aumentar a energia
cinética. d~ x
~a
WP = mg∆y (7.74)
Figura 7.11: Bloco apoiado sobre uma
= mgd sen α. (7.75) superfície que se desloca para a direita
com aceleração ~a. Note que a força de
atrito é na mesma direção que o deslo-
Note que em geral não temos uma expressão fechada que nos dá camento e por isso o trabalho realizado
pelo atrito é positivo.
o trabalho, como no caso da força peso6 . Se não temos expressões
5
Estamos assumindo que o eixo y
fechadas, devemos então utilizar a Expressão (7.15), como fizemos
aponta para baixo.
acima7 . Outras forças — como, por exemplo, a tensão e o arrasto —
6
Veremos adiante que as forças que pos-
também não têm expressões fechadas, e deveremos proceder da suem expressões como a Equação (7.61)
mesma maneira que fizemos para a normal e o atrito. são especiais.
Quando tratamos a força de arrasto, em particular, também temos 7
Assumindo que elas são constantes, se
não forem verificaremos adiante o que
a impressão de que o trabalho é sempre negativo, o que é incorreto.
fazer.
Quando um paraquedista cai, chegando à sua velocidade terminal,
claramente temos um trabalho negativo, pois a força de arrasto tem
direção contrária ao deslocamento. Porém se soprarmos uma bola
de ping-pong, ela ganhará velocidade. Temos então que a força de
arrasto, que tem a mesma direção e sentido que o deslocamento,
realiza um trabalho positivo.
Velocidade de um pêndulo
1 2
mv f = mgL (7.77)
2
v2f = 2gL (7.78)
v f = 2gL. (7.79)
p
~
WF = ~F · d. (7.80)
~f at
~P
Considerando que a força é na direção horizontal, e que o desloca-
Figura 7.14: Forças que atuam no pro- mento é paralelo à superfície do plano inclinado, o ângulo entre os
blema.
vetores força e deslocamento é o mesmo que entre o a horizontal e
o plano (veja a Figura 7.15). Logo,
d~ ~
N
W = Fd cos α (7.81)
α ~F
= (100 N) · (5,0 m) · (cos 35°) (7.82)
~F
2
~f at = 4,1 · 10 J. (7.83)
~P
Figura 7.15: O ângulo entre os vetores ~F Força normal: Sabemos que o deslocamento do bloco é paralelo à su-
e d~ é igual a α, uma vez que d~ é paralelo perfície do plano inclinado. Como a força normal é perpendicular
à superfície do plano e ~F é uma força
horizontal. a superfície, ela também é perpendicular ao deslocamento. Logo,
y
WN = ~F · d~ (7.84)
~
N ~ · d~
=N (7.85)
~F
= 0. (7.86)
x
~f at
α Atrito: O trabalho do atrito pode ser calculado através de
~P
Eixo y:
y
FR = may (7.89)
Ny + Py + Fy = 0 (7.90)
N − mg cos α − F sen α = 0 (7.91)
N = mg cos α + F sen α, (7.92)
W fat = ~f at · d~ (7.93)
= (µN ) d cos 180° (7.94)
= −µ(mg cos α + F sen α) d (7.95)
y0
2
= −(0,6) · [(2,0 kg) · (9,8 m/s ) · (cos 35°)
∆y0 = d sen α
+ (100 N) · sen 35°] · (5,0 m) (7.96) d~ ~
N
2 ~F
= −2,2 · 10 J. (7.97) α
~F
~f at
Força peso: Para determinarmos o trabalho da força peso, podemos ~P
utilizar a Expressão 7.66, bastando para isso adotar um eixo y0 α
vertical e verificando que ∆y0 = d sen α: Figura 7.17: Referencial vertical para a
determinação do trabalho da força peso.
WP = −mg∆y0 (7.98)
= −mg(d sen α) (7.99)
2
= −(2,0 kg) · (9,8 m/s ) · ((5,0 m) · (sen 35°)) (7.100)
= −56 J. (7.101)
W = WF + WN + WP + W fat (7.102)
= 1,3 · 102 J, (7.103)
∆K = W (7.104)
1 2 1 2
mv f − mvi = W (7.105)
2 2 r
2W
vf = , (7.106)
m
onde usamos o fato de que a velocidade inicial é nula. Substituindo
os valores para o trabalho e para a massa, obtemos
r
2W
vf = (7.107)
m
s
2 · (1,3 · 102 J)
= (7.108)
(2,0 kg)
= 12 m/s. (7.109)
202 notas de aula
1 2
Ki = mv (7.110)
2 i
1
= · (1,0 kg) · (3,0 m/s)2 (7.111)
2
= 4,5 J. (7.112)
Sua energia cinética final será nula, uma vez que o corpo pára ao final
de um metro. Portanto,
∆K = K f − Ki (7.113)
= −4,5 J. (7.114)
W = WF + WP (7.115)
= ~F · d~ + mg∆y, (7.116)
WF = − Fd. (7.117)
∆K = − Fd + mgd, (7.118)
ou seja,
Fx
A = base × altura (7.123)
= ∆x × Fx (7.124) xi xf x
= ∆x × F × cos θ (7.125)
∆x
= WFx . (7.126) Figura 7.18: A área hachurada está rela-
cionada ao trabalho em um movimento
Este artifício é útil para calcularmos o trabalho realizado por forças sujeito a uma força ~F. Note que o grá-
fico expressa somente o valor da com-
que não são constantes, bastando que tenhamos uma maneira de ponente da força na direção do movi-
calcular a área do gráfico. mento.
F = −kx, (7.127)
B
y
Exemplo: Queda de um bloco sobre uma mola
∆K = W (7.133)
= WP + WFe (7.134)
k
= mg∆y − (y2f − y2i ), (7.135)
2
onde estamos descrevendo a distensão da mola através do próprio
eixo y vertical utilizado para determinar o trabalho realizado pela
força peso. Na posição em que temos a distensão máxima, o bloco se
encontra parado momentaneamente. Logo, podemos assumir que a
velocidade final é nula. Assim
k
∆K = mg∆y − (y2f − y2i ) (7.136)
2
k
K f − Ki = mg∆y − (y2f − y2i ) (7.137)
2
1 2 k
− mvi = mg∆y − (y2f − y2i ). (7.138)
2 2
Podemos simplificar a expressão acima se escolhermos yi = 0, ob-
tendo
1 k
− mv2i = mgy f − y2f (7.139)
2 2
−mv2i = 2mgy f − ky2f (7.140)
ky2f − 2mgy f − mv2i = 0. (7.141)
A f ( x ) ( x ), (7.144)
A f ( x) ( x p ) = F ( x p ) + C. (7.150)
10
Na verdade podemos calcular a área A constante C não nos permite10 saber exatamente o valor da área
entre a e um limite superior qualquer entre a e x p , mas não nos impede de calcular a área entre dois limites
simplesmente escolhendo um ponto de
referência mais a esquerda. Logo, o re- xi e x f quaisquer (Figura 7.24): basta determinarmos a diferença entre
sultado não depende da posição de a e as áreas contidas nos intervalos [ a, x f ] e [ a, xi ]. Assim,
é geral.
A[ xi ,x f ] = A f ( x) ( x f ) − A f ( x) ( xi ) (7.151)
= (F ( x f ) + C ) − (F ( xi ) + C ) (7.152)
f (x)
= F ( x f ) − F ( x i ). (7.153)
g 0 ( x ) = f ( x ). (7.157)
d n
x = nx n−1 . (7.159)
dx
d m +1
x = ( m + 1) x m . (7.161)
dx
Portanto, temos que
x m +1
Z
x m dx = + C. (7.162) Integral indefinida de um polinômio
m+1
a(t)
Exemplo: Variação da velocidade para aceleração constante
a
Determine a variação da velocidade entre os instantes ti e t f para o
caso de aceleração constante em direção e sentido.
Z t
f
Figura 7.26: A variação de velocidade é
∆v = a dt. (7.166) dada pela área do gráfico a × t.
ti
208 notas de aula
f (x) = α (7.174)
a b x
g( x ) = β, (7.175)
Considerando ainda
a b x
Figura 7.27: A área abaixo de h( x ) é h( x ) = f ( x ) + g( x ) (7.178)
igual à soma das áreas abaixo de f ( x ) e
= α+β (7.179)
de g( x ).
= γ, (7.180)
Exemplo: Deslocamento
t f
at2
Z t
f
vi + at dt = vi t + +C (7.184)
ti 2 ti
2
at f at2i
" # " #
= vi t f + + C − vi ti + +C (7.185)
2 2
at2
= vi t + , (7.186)
2
at2
∆x = vi t + (7.187)
2
(10,0 m/s2 ) · (10,0 s)2
= (2,0 m/s) · (10,0 t) + (7.188)
2
= 520,0 m. (7.189) sen(θ )
F 0 (θ ) = f (θ ) (7.191)
= sen(θ ). (7.192)
d
sen(θ ) = cos(θ ) (7.193)
dθ
d
cos(θ ) = − sen(θ ), (7.194)
dθ
Logo,
Z π
A= sen(θ ) dθ (7.196)
0
π
= − cos(θ ) 0 (7.197)
x2
F (x) = + C. (7.214)
2
Logo,
x2
WFe = −k +C (7.215)
2
x2f xi2
" ! !#
= −k +C − +C (7.216)
2 2
" 2
xf xi2
#
= −k − (7.217)
2 2
k
= − ( x2f − xi2 ). (7.218)
2
Verificamos, portanto, que recuperamos a Expressão (7.132) para o
trabalho realizado por uma força elástica.
7.6 Potência
[W ]
[ P] = (7.221)
[t]
= J/s. (7.222)
212 notas de aula
W = Fr cos θ, (7.224)
dW
P= (7.225)
dt
d
= ( Fr cos θ ) (7.226)
dt
dr
= F cos θ (7.227)
dt
= Fv cos θ (7.228)
= ~F · ~v. (7.229)
W = lim
|∆~ri |→0 i
∑ ~Fi · ∆~ri . (7.230)
13
Não se assuste, nessa seção so quero e é conhecido como integral de linha,13 onde C denota uma curva que
transmitir a ideia principal daquilo que define a trajetória seguida pelo corpo sobre o qual a força ~F atua. Note
estamos discutindo, você não vai preci-
sar fazer essas contas. Foque na inter- que na expressão acima a força é denotada como ~F (~r ),14 pois ela pode
pretação. variar em tese ela pode variar em intensidade e direção em cada ponto
14
Aqui a força é uma função vetorial, ~r do espaço. Além disso, a expressão contém um produto escalar, entre
pois ela toma um vetor posição e retorna
um vetor. a força e o vetor infinitesimal d~r que denota a direção instantânea
do deslocamento; esse produto escalar é responsável por calcular a
projeção da força na direção do deslocamento. Na prática, a solução
trabalho e energia 213
Forças não-conservativas
−U ( x f ) = F ( x f ) + C (7.240)
−U ( xi ) = F ( xi ) + C, (7.241)
−U ( x ) = F ( x ) + C. (7.242)
−U 0 ( x ) = F 0 ( x ) + C 0 (7.243)
−U 0 ( x ) = F ( x ) . (7.244)
~P = m~g. (7.245)
Py = −mg. (7.246)
d
αx n = nαx n−1 . (7.247)
dx
Como a força não envolve a posição vertical y, o valor de “n − 1”
deve ser igual a zero, ou seja, n = 1. Logo, a função primitiva de
F (y) = P ≡ mg é simplesmente
F = −mgy + C. (7.248)
Logo,
Ug (y) = mgy − C, (7.249)
W = −∆U (7.251)
19
Estamos considerando um eixo verti- e que já determinamos o trabalho da força peso:19
cal que aponta para cima.
WP = −mg∆y. (7.252)
Ui = mgyi
(
(7.255)
U f = mgy f ,
ou seja,
Ug = mgy. (7.256)
Note que a constante C não aparece pois ela se cancela pois partimos
de ∆U.
É importante notar que utilizamos a força peso para descrever
a atração exercida pelo planeta sobre o corpo, o que limita a uti-
lização desse potencial às imediações da superfície da Terra. No
caso de estarmos interessados em calcular o potencial gravitacional a
trabalho e energia 217
−kx2 + C. (7.260)
1
F ( x ) = − kx2 + C, (7.261)
2
De onde obtemos,
1 2
Ue ( x ) =
kx − C. (7.262)
2
Mais uma vez, podemos utilizar a constante C para escolhermos o
valor do potencial em um ponto qualquer, mas o mais comum é a
adotarmos como sendo zero, assim
1 2
Ue ( x ) = kx . (7.263) Energia potencial elástica.
2
218 notas de aula
W = −∆U (7.264)
k
− ( x2f − xi2 ) = −U f + Ui , (7.265)
2
de onde vem que
1
Ui = kxi2
2 (7.266)
U = 1 kx2
f
2 f
e, finalmente,
1 2
Ue ( x ) = kx . (7.267)
2
∆K = W (7.268)
= WP + WFe (7.269)
= −∆Ug − ∆Ue , (7.270)
`max
= 0,73 m. (7.278)
~T
W = −∆U (7.280) ~P
= −[mgy f − mgyi ] (7.281)
~T ~T
obtemos ~P
~v
∆K = −[mgy f − mgyi ] (7.282) ~P
~P
K f − Ki = −mgy f + mgyi . (7.283)
Figura 7.36: Sistema de referência em
Note que a energia cinética inicial Ki é nula, uma vez que o pêndulo que o zero do eixo vertical coincide com
a posição inicial.
parte do respouso. Logo,
mv2f
= −mgy f + mgyi , (7.284)
2
onde utilizamos K f = mv2f /2.
Isolando a velocidade, obtemos
L
v2 = −2g(y f − yi ) (7.285) y
q
v = −2g(y f − yi ). (7.286)
~T
Note que na expressão acima o resultado depende da diferença entre ~P
as posições final e inicial. Logo, a escolha do zero do sistema de ~T ~T
referência não altera o resultado obtido. ~P
Se, por exemplo, adotarmos um sistema de referência como o da 0
~v
Figura 7.36, verificamos que ~P
~P
yi = 0 (7.287) Figura 7.37: Sistema de referência em
y f = −L (7.288) que o zero do eixo vertical coincide com
o ponto mais baixo da trajetória.
∆y = − L. (7.289)
yi = L (7.290)
yf = 0 (7.291)
∆y = − L. (7.292)
220 notas de aula
21
Isso é notavel ao se tratar de poten- Consequentemente, não só os resultados são iguais em ambos os
ciais elétricos: a tensão elétrica em um
casos, como serão os mesmos para qualquer posição da origem dos
condutor em um circuito elétrico nada
mais é do que uma medida da diferença eixos de referência.
de potencial elétrico entre tal ponto e o
ponto de menor potencial.
7.8 Análise de gráficos de potencial
22
O fato de que a energia é um escalar faz com que em algumas
Vamos fazer uma discussão conside-
rando forças unidimensionais. No en- situações seja muito mais simples se obter informações analisando
tanto, as conclusões aqui obtidas podem diretamente o potencial associado a uma força21 Veremos a seguir
ser extendidas às três dimensões.
que um simples gráfico do potencial em função da posição encerra
várias informações interessantes.
23
Isto é, a inclinação da reta tangente faz
um ângulo θ maior que zero em relação 7.8.1 Forças em um gráfico de potencial
ao eixo x.
Verificamos anteriormente que a força pode ser obtida através da
derivada do potencial:22
24
Inclinação da reta tangente fazendo dU
ângulo θ menor que zero em relação ao F=− .
eixo x. dx
A derivada nos dá a taxa de variação de uma grandeza. Em um gráfico,
isso equivale à inclinação da reta tangente. Isso significa que em
gráfico U × x de um potencial unidimensional U ( x ), a inclinação da
Ue
reta tangente à curva num dado ponto ( x p , U ( x p )) nos dá o módulo da força
exercida sobre um corpo quando ele ocupa a posição x p .
A Para determinar o sentido, basta notarmos que:
~
N
• Se — por outro lado — a inclinação é negativa24 , temos que a força
é no sentido positivo do eixo x. (Ponto B na Figura 7.38.)
~Fe
Forças eletrostáticas
~P
Como um exemplo onde podemos extrair informações sobre a
xB xA x
força a partir de um gráfico de potencial, verificaremos agora as ca-
Figura 7.38: A inclinação da reta tan-
gente à função Ue ( x ) nos pontos A e racterísticas do potencial entre duas cargas elétricas pontuais. Tal
B nos dão a força exercida pela mola potencial também será essencial para que possamos analisar o poten-
quando o corpo ligado a ela ocupa as
posições x A e x B , respectivamente. cial interatômico que veremos na seção seguinte.
A força eletrostática entre duas cargas pontuais quaisquer é dada
por
q q2
F1el→2 (r ) = k 1 2 . (7.293)
r
Fel0 Fel
+ − Nas equações acima, q1 e q2 representam os valores de duas cargas
r
elétricas que podem ser positivas ou negativas e estão separadas por
uma distância r. A constante k é caraterística da interação eletromag-
nética e seu valor é 8,99 · 109 N · m2 /C2 .
Fel0 Fel
+ + A expressão para a força F1e→2 nos dá a força exercida sobre a
r
carga q2 pela carga q1 . A reação F2e→1 exercida pela carga q2 sobre
Figura 7.39: Forças entre cargas elétricas q1 tem o mesmo módulo que F1e→2 . A força se dá sempre na direção
de sinais opostos são atrativas (figura su- da reta que liga as duas cargas e, consequentemente, temos um
perior); entre cargas elétricas de mesmo
sinal são repulsivas (figura inferior).
trabalho e energia 221
r −1 r Uel r
− r −1
F0 F
+ +
r
Potencial inter-atômico
A B
Potencial de Lennard-Jones ULJ (r ) = 12
− 6, (7.301)
r r
U ULJ onde A e B são constantes. Verificamos que esse potencial apre-
senta um ponto de equilíbrio que podemos determinar igualando a
derivada do potencial a zero:
r
d 12A 6B
ULJ (r ) = − 13 + 7 (7.302)
dr r r
=0 (7.303)
U0
Potencial de Woods-Saxon UWS (r ) = − , (7.305)
1 + e(r− R)/a
características de estabilidade.
224 notas de aula
x y x y
x
trabalho e energia 225
U ( x ) = 2 · sen(6x ) · e− x , (7.306)
de onde obtemos
arctan(6)
x= (7.314)
6
≈ 0,234 274 6. (7.315)
226 notas de aula
tan(6x + nπ ) = 6 (7.316)
nπ
tan 6 x + = 6. (7.317)
6
A relação acima não pode ser invertida de uma maneira simples, mas
para determinarmos todos os resultados basta determinar a solução
para n = 0 — o que já fizemos, obtendo x ≈ 0,234 274 6 —, e verificar
sempre que escrevemos tan(6x + nπ ) ou tan(6( x + nπ/6)) a equação
acima é verdadeira. Isso equivale aos valores de xn dados por
nπ
xn = x + , (7.318)
6
onde x = arctan(6)/6 = 0,234 274 6, conforme a solução encontrada
acima. Isso resulta nas soluções
d2 d2
U ( x ) = [2 · sen(6x ) · e− x ] (7.319)
dx2 dx2
d
= [2 · (6 cos(6x ) − sen(6x )) · e− x ] (7.320)
dx
= 2 · [(−36 sen(6x ) − 6 cos(6x ))e− x (7.321)
−x
+ (6 cos(6x ) − sen(6x )) · (−1) · e ]
−x
= −2 · [35 sen(6x ) + 12 cos(6x )]e , (7.322)
d2 d2
U ( x )| x= x0 = −57.748 < 0 U ( x )| x= x4 = −7.111 < 0
dx2 dx2
d2 d2
U ( x )| x= x1 = 34.209 > 0 U ( x )| x= x5 = 4.213 > 0
dx2 dx2
d2 d2
U ( x )| x= x2 = −20.265 < 0 U ( x )| x= x6 = −2.496 < 0
dx2 dx2
d2
U ( x )| x= x3 = 12.005 > 0.
dx2
Logo, são pontos de equilíbrio instável os pontos x0 , x2 , x4 , e x6
— que equivalem aos pontos A, C, E, e F na Figura 7.48 —, enquanto
os pontos de equilíbrio estável são os pontos x1 , x3 , e x5 — que
equivalem aos pontos B, D, e F —.
Finalmente, devemos notar que através da função do potencial
podemos determinar diversos outros pontos de equilíbrio. Acima
determinamos somente os pontos que estão presentes no gráfico da
Figura 7.48.
trabalho e energia 227
∆K = WTotal (7.323)
nf
= ∑ WFj . (7.324)
j =1
Wj = ∆Uj , (7.326)
obtemos
ncf nnc
f
∆K = ∑ ∆Uj + ∑ WFk . (7.327)
j =1 k =1
ncf
f
∆K = ∑ (U j − Uji ) (7.329)
j =1
ncf ncf
f
= ∑ Uj − ∑ Uji , (7.330)
j =1 j =1
de onde obtemos
ncf ncf
f
Kf + ∑ Uj = Ki + ∑ Uji . (7.331)
j =1 j =1
228 notas de aula
ou, equivalentemente,
∆Emec = 0, (7.334)
onde Eimec representa a energia em uma configuração inicial qualquer
do sistema e Emec
f a energia em uma configuração final qualquer do
sistema.
Verificamos, portanto, que se a soma do trabalho das forças não-
conservativas que atuam em um sistema for nula:
nnc
f
nc
Wtotal = ∑ WFknc (7.335)
k =1
= 0, (7.336)
Eimec = Emec
f ≡ Emec . (7.337)
Eimec = Emec
f (7.338)
f f
Ki + Uei + Ugi = K f + Ug + Ue (7.339)
Note que a energia cinética final não é nula, já que o bloco não pode
ter velocidade nula ao chegar ao topo da seção circular da pista. Sua
velocidade será dada por29 29
Esse resultado foi obtido na subseção
Condição de perda de contato e velocidade
v = Rg. (7.341) mínima, na Seção 6.3.9.
p
kxi2 mv2f
= + mgy f (7.342)
2 2p
k `2 m( Rg)2
= + mg2R (7.343)
2 2
k `2 mgR
= + 2mgR (7.344)
2 2
k `2= 5mgR (7.345)
r
5mgR
`= . (7.346)
k
Substituindo os valores das constantes, temos finalmente
s
5 · (0,750 kg) · (9,8 m/s2 ) · (1,30 m)
`= (7.347)
(1 200 N/m)
≈ 0,20 m. (7.348)
FRx = ma x (7.349)
−kx = ma x , (7.350)
~
N
o que pode ser escrito como
k
~Fe a+ x = 0. (7.351)
m
~P
Sabemos que a aceleração é a derivada segunda em relação ao
−A 0 A
x tempo, logo,
Figura 7.50: Um oscilador harmônico
d2 x k
2
+ x = 0, (7.352)
exibe duas formas de energia: cinética e dt m
potencial elástica.
de onde percebemos que a solução para a equação acima é uma função
do tempo:
t 7 → x = x ( t ). (7.353)
d
v(t) ≡ x (t) = Aω cos(ωt + φ) (7.355)
dt
d2
a(t) ≡ 2 x (t) = − Aω 2 sen(ωt + φ), (7.356)
dt
onde ω e φ são constantes e A representa o máximo deslocamento em
relação à posição de equilíbrio, e é conhecida como amplitude da osci-
lação. Substituindo as Expressões (7.354) e (7.356) na Equação (7.352),
obtemos
k
− Aω 2 sen(ωt + φ) + A sen(ωt + φ) = 0, (7.357)
m
de onde obtemos que as soluções para a posição, velocidade, e acele-
ração são válidas se
k
ω2 = . (7.358)
m
A grandeza ω é denominada frequência angular do oscilador e está
relacionada à frequência de oscilação ν, sendo que
ω = 2πν. (7.359)
Emec = K + U (7.366)
1 1
= mA2 ω 2 cos2 (ωt + φ) + kA2 sen2 (ωt + φ) (7.367)
2 2
1 2
= A mω cos (ωt + φ) + k sen2 (ωt + φ) .
2 2
(7.368)
2
Usando a expressão (7.358) para a frequência angular, obtemos
1 k
Emec = A2 m cos2 (ωt + φ) + k sen2 (ωt + φ) (7.369)
2 m
1
= A2 k cos2 (ωt + φ) + sen2 (ωt + φ) (7.370)
2
1
= kA2 , (7.371)
2
E
onde usamos sen2 α + cos2 α = 1. Observe que o resultado obtido Emec
mec mec
ES,i = ES, f , (7.372)
onde
n
ESmec = ∑ Emec . (7.373)
i =1
Máquina de Atwood
nulas. Assim,
i f f f
Ug,2 = K1 + Ug,1 + K2 (7.378)
1 f f 1 f
m2 gy2i = m1 (v1 )2 + m1 gy1 + m2 (v2 )2 , (7.379)
2 2
f f
ou, como v1 = v2 ≡ v f ,
1 f
m2 gy2i = (m + m2 )v2f + m1 gy1 (7.380)
2 1
2gd(m2 − m1 ) = (m1 + m2 )v2f , (7.381)
f
onde usamos o fato de que y2i = y1 = d. Finalmente, temos que a
velocidade final é dada por
m2 − m1
r
v f = 2gd . (7.382)
m1 + m2
dU
F=− ,
dx
234 notas de aula
o que fará com que ele sofra uma aceleração no sentido contrário ao
deslocamento e eventualmente pare. Como ele continua sob efeito da
força, ele passará a retornar após atingir tal ponto. Devido a esse com-
portamento, em potenciais mais complexos, podem ocorrer regiões
U U
em que o movimento está confinado a um poço de potencial limitado
por dois pontos de retorno, mesmo que existam outras regiões em
que o movimento do sistema seria possível (veja a Figura 7.54). Um
aumento da energia mecânica possibilitaria, se o ganho energético
x for suficiente, que o sistema ultrapassasse as barreiras de potencial que
E delimitam o poço e ampliasse o tamanho da região de confinamento.
Figura 7.54: Dependendo do valor de
energia mecânica, o movimento pode
ficar restrito a um “poço de potencial”.
Se aumentássemos a energia mecânica, Exemplo: Aproximação máxima entre duas partículas com cargas de mesmo
poderíamos ultrapassar a barreira de po- sinal
tencial central e ter uma oscilação entre
as barreiras esquerda e direita. Uma partícula com carga positiva q1 é lançada em direção a outra
partícula, fixa, também de carga positiva q2 . Se sua velocidade inicial é
v, sua massa é m, as cargas são q1 = q2 = q, e o ponto de lançamento
é muito distante da carga q2 , qual é a máxima aproximação entre as
partículas?
Uel (r ) = E (7.385)
E
kq1 q2
= E. (7.386)
r r
de onde obtemos
2kq2
r= . (7.391)
mv2
trabalho e energia 235
N
∑ ∆K = WTotal (7.392)
n =1
N N N nf
f f
∑ Kn − ∑ Kn = WNC − ∑ ∑ ∆Uj,n (7.393)
n =1 n =1 n =1 j =1
W = −∆U (7.394)
= −(U f − Ui ). (7.395)
N N
f
∑ En − ∑ Eni = WNC (7.397)
n =1 n =1
f
ES − ESi = WNC (7.398)
e, finalmente,
∆ES = WNC . (7.399) Variação da energia mecânica de um
sistema devido a forças
Portanto, através da expressão acima, verificamos que no caso de não-conservativas
uma ou mais forças não-conservativas realizarem trabalho sobre um
sistema, a variação da energia mecânica do sistema é igual ao trabalho
realizado por tais forças. Note que não impusemos nenhum sinal para
o trabalho, portanto ele pode aumentar ou diminuir a energia do
sistema. Finalmente, esse resultado também é válido para um sistema
que possui só um corpo. Nesse caso a energia mecânica total do
sistema é a própria energia mecânica de tal corpo.
Devemos notar que a Equação (7.399) relaciona o trabalho total
devido a forças não conservativas com a variação da energia mecânica
de um sistema. Como já verificamos na Seção 7.9.1, em muitos
sistemas, existem forças não conservativas que realizam trabalho,
porém de forma que o trabalho total devido a esse tipo de força seja
nulo. Um exemplo disso são pares ação-reação de forças como a
236 notas de aula
WF = −WF0 . (7.400)
= Wat (7.402)
~Fe
= ~f at · d.
~ (7.403)
~P
Figura 7.58: Devido ao atrito, a energia
No sistema em questão, a força de atrito é cinético; além disso, a
mecânica do sistema sofre uma dimi- normal é igual ao peso. Logo, temos que
nuição progressiva, fazendo com que
os pontos de retorno fiquem mais pró- Wat = µc mgd cos θ, (7.404)
ximos à posição de equilíbrio em cada
oscilação. Eventualmente o sistema pa-
rará devido ao atrito estático, restando
uma energia residual na forma de ener-
gia potencial elástica.
trabalho e energia 237
Sabemos que 33
Esse problema foi visto na Seção 7.9,
∆Emec = WNC . (7.406) porém sem atrito.
Note que a energia cinética final não é nula, já que o bloco não pode
ter velocidade nula ao chegar ao topo da seção circular da pista. Sua
velocidade será dada por34 34
Esse resultado foi obtido na subseção
Condição de perda de contato e velocidade
v = Rg. (7.409) mínima, na Seção 6.3.9.
p
238 notas de aula
35
Lembre-se que estamos tratando do Se as dimensões do bloco são desprezíveis35 , sua posição vertical
movimento de partículas, trataremos final será igual ao diâmetro da pista circular — ou seja, y f = 2R —.
corpos extensos somente a partir do pró-
ximo capítulo. Finalmente, sabemos que o atrito é dado por f at = µc N, sendo que
— devido ao fato de que não há aceleração vertical na seção reta da
pista — a normal é igual ao peso.
Substituindo os resultados acima na Equação 7.408 obtemos
mv2f kxi2
! !
+ mgy f − = −µc mgd. (7.410)
2 2
k `2 m( Rg)2
p
= + mg2R + µc mgd (7.411)
2 2
5mgR
= + µc mgd, (7.412)
2
o que resulta em
Segundo a equação acima, a energia mecânica deve diminuir, po- Figura 7.61: Sistema formado por um os-
rém estamos considerando um sistema fechado, ou seja, não pode haver cilador massa-mola sujeito a uma força
de atrito. Se nenhuma força que atra-
fluxo de energia através da fronteira. Nesse momento, aparentemente vessa a fronteira do sistema realiza tra-
deveríamos argumentar que a energia se perdeu, afinal, estamos tra- balho, então o sistema é fechado.
tando de uma situação em que atua uma força não conservativa. Essa
ideia, porém, não descreve o que acontece quando uma força não
conservativa atua de maneira a realizar trabalho através da fronteira,
como no caso da força exercida pela haste no exemplo anterior. Além
disso, é comum em situações como a da Figura 7.61 que se note um
aumento da temperatura do sistema, isto é, um aumento da temperatura
do bloco e da superfície onde ele se apoia.
Figura 7.62: No sistema acima, a mola
Por outro lado, se tormarmos um sistema como o mostrado na inicialmente armazena energia potencial
Figura 7.62 e que é constituido por um cilindro contendo um gás e elástica. Ao a liberarmos para que se
que é fechado por um êmbolo ligado a uma mola, ao aquecermos o mova, a energia mecânica sofre uma va-
riação devido ao trabalho exercido atra-
gás através e uma chama, ou qualquer outro meio, verificamos que o vés da haste sobre o gás.
gás se expande. Durante essa expansão, é realizada uma força sobre
o êmbolo e, consquentemente, o gás realiza trabalho. Tal trabalho é o
responsável pelo acúmulo de energia na mola.
Concluímos, portanto, que no primeiro caso a energia mecânica
deve ter sido transformada em algum outro tipo de energia, que deno-
minamos como energia interna, e que está relacionada à temperatura
do bloco e da superfície sobre a qual ele se apoia37 . Da mesma ma- 37
Microscopicamente, a energia interna
neira, no sistema da Figura 7.60, devido à força de arrasto presente no associada à temperatura de um corpo
está relacionada à velocidade média das
sistema, verifica-se que ocorre um aumento da temperatura da água partículas que o compõe.
— ou seja, a energia mecânica é transformada em energia interna —. Já
no sistema onde temos o gás contido no êmbolo, verificamos que essa
forma de energia que está associada à temperatura pode ser usada
para gerar um trabalho mecânico.
Logo, podemos tornar a Expressão (7.399) para a variação da ener-
gia mecânica de um sistema em algo mais completo se escrevermos
240 notas de aula
de conservação da energia:
FRx = ma x (7.423)
Px = ma x (7.424)
mg sen θ = ma x (7.425)
a x = g sen θ (7.426)
Eixo y:
θ
y ~T y
FR = may (7.427)
v2 Px
T − Py = m (7.428)
r θ
~P
Sabemos que a aceleração centrípeta é responsável por alterar somente x
a direção da velocidade, por isso não precisamos nos preocupar com Figura 7.63: Em um pêndulo, a acelera-
ção está ligada à componente da força
o eixo y. Podemos reescrever a expressão para a aceleração como peso na direção tangente à trajetória.
Para que possamos determinar a veloci-
dv dade precisamos realizar uma integra-
= g sen θ, (7.429) ção.
dt
onde θ varia entre 0 e π/2. Podemos então escrever
ds
v= , (7.432)
dt
ds
dt = . (7.433)
v
g sen θ ds
dv = (7.434)
v
v dv = g sen θ ds (7.435)
s = θr, (7.438)
si = θi = 0 (7.440)
s f = θ f = π/2. (7.441)
vi = 0 (7.442)
v f = v, (7.443)
temos,
v2
Z π/2
= rg sen θ dθ (7.444)
2 0
= −rg[cos θ ]0π/2 (7.445)
= −rg[(0) − (1)] (7.446)
= rg. (7.447)
Finalmente,
v= 2rg. (7.448)
p
trabalho e energia 243
dv
a= (7.449)
dt
e de
ds
v= (7.450)
dt
podemos escrever
a
dv = ds. (7.451)
v
Através da Segunda Lei de Newton, podemos escrever, considerando
um eixo tangencial à trajetória
Ft ds
dv = (7.452)
m v
Ft
m dv = ds (7.453)
v
mv dv = Ft ds. (7.454)
v2 v f
Z s
f
= Ft ds (7.455)
2 vi si
mv2f mv2i
Z s
f
− = Ft ds. (7.456)
2 2 si
mv2f mv2i
− = W, (7.458)
2 2
onde
Z
W= ~F · d~r. (7.459)
C
244 notas de aula
7.13 Exercícios
-4
Questão 2. Considerando que a energia cinética de um projétil que
emerge de um canhão é sempre a mesma, que a energia potencial
-6
gravitacional só depende da posição no eixo vertical, e desprezando
Figura 7.64: Questão 1.
a força de arrasto, não deveríamos observar sempre a mesma altura
máxima para qualquer ângulo de lançamento do projétil? Explique.
8 Momento Linear
Verificaremos neste capítulo mais algumas consequências das Leis de Newton, apresentando a formulação original
para a Segunda Lei de Newton em termos do que chamamos de “momento linear”, bem como uma forma integral para
tal lei. Verificaremos através disso que podemos tratar um sistema de partículas como um só corpo, determinando a
posição de seu centro de massa. Finalmente, veremos que sob certas condições o momento linear do sistema é uma
constante do movimento, o que nos permite analisar várias situações complexas de maneira relativamente simples.
~p = m~v. (8.1)
~F = dm ~v + m d~v (8.3)
dt dt
dm
= ~v + m~a. (8.4)
dt
Note que se temos uma massa constante, o primeiro termo é zero,
restando a conhecida expressão ~F = m~a. No entanto, sistemas com
massa variável não são incomuns: um exemplo onde a variação de
massa é importante é o caso do lançamento de um foguete, pois tal
grandeza varia sensivelmente conforme o combustível é consumido.
Não trataremos aqui sistemas onde a massa possa variar, pois estamos
246 notas de aula
1
Mais do que isso, só tratamos de trans- tratando somente de corpos rígidos1 , mas uma análise a partir do
lações do centro de massa de um corpo conceito de momento nos trás resultados bastante interessantes. O
rígido. Verificaremos como determinar
a posição desse ponto nas próximas se- principal deles é o surgimento de uma nova lei de conservação, que
ções desse capítulo. permitirá uma análise mais simples de diversos problemas.
d~pi
∑ ~Fiint + ∑ ~Fiext = dt
, (8.7)
ou seja, para cada uma das N partículas temos uma relação com a
forma acima:
d~p1
∑ ~F1int + ∑ ~F1ext = dt
(8.8)
d~p2
∑ ~F2int + ∑ ~F2ext =
dt
(8.9)
d~p3
∑ ~F3int + ∑ ~F3ext =
dt
(8.10)
..
. (8.11)
d~p N
∑ ~FNint + ∑ ~FNext = dt
. (8.12)
momento linear 247
d f ( x ) dg( x ) dh( x ) d
+ + +··· = [ f ( x ) + g( x ) + g( x ) + . . . ], (8.18)
dx dx dx dx
podemos escrever
N
~FRext = d ∑ ~pi . (8.19)
dt i=1
A soma à direita na expressão acima é o vetor resultante da soma
de todos os momentos lineares das partículas do sistema – ou seja, é
o momento linear total do sistema–, que denotamos por ~
Psis :
N
~Psis ≡ ∑ ~pi . (8.20) Momento linear de um sistema de
i =1 partículas
Assim, temos
~FRext = d ~Psis . (8.21) Segunda Lei de Newton para um
dt sistema de partículas
Note que o resultado acima para um sistema de partículas é análogo
à própria Segunda Lei de Newton para uma partícula, Equação (8.2),
porém representa a relação entre a variação do momento linear de
um sistema como um todo, quando sujeito a forças externas; como
visto acima, as forças internas não são capazes de alterar o momento
linear total do sistema devido ao fato de que os efeitos das forças
do par ação-reação se cancelam. Verificaremos na Seção 8.3 que a
equação acima está ligada a uma lei de conservação que será muito
importante para analisarmos alguns fenômenos, como por exemplo
colisões ou explosões.
248 notas de aula
i
~Psis f
Princípio da conservação do momento = ~Psis . (8.23)
linear
A expressão acima é extremamente relevante pois é muito comum
que possamos definir um sistema de maneira que a força resultante
externa seja nula. A conservação do momento linear nos fornece um
valor cujo cálculo é simples e descreve uma característica do sistema
como um todo. Além disso, como o momento linear do sistema é
dado pela soma dos momentos lineares das diversas partículas que o
compôe, temos uma relação entre os momentos de tais partículas. De
uma maneira geral, podemos traçar um paralelo com a conservação
da energia, e podemos afirmar que o fato de que o momento linear se
conservar nos permite a obtenção de variáveis em um sistema sem
a necessidade de entender quais são as minúcias de cada interação
entre as partículas do sistema.
Se considerarmos uma situação em que a força externa é nula — a
explosão de um corpo no espaço, longe de qualquer planeta, por
exemplo —, verificamos através da Expressão 8.23 que o momento
linear antes e depois da explosão devem ter o mesmo valor, pois a
força resultante externa é nula. Se fixarmos o sistema de referência
na posição do próprio projétil, temos que o momento linear inicial é
nulo, logo
i
~PCM f
= ~PCM (8.24)
0= ~P f . (8.25)
CM
Sabemos que o corpo inicialmente está sobre uma mesa e está ~v3
em repouso. Nesse caso, sabemos que ele está sujeito a uma força
normal e à força peso. No entanto, como não há aceleração no sistema,
Figura 8.1: Explosão de um corpo em
sabemos que as forças devem estar em equilíbrio. Nesse caso, não há três partes.
nenhuma força externa resultante atuando sobre o sistema, portanto
~
N
podemos utilizar a conservação do momento linear:
i
~Psis f
= ~Psis . (8.30)
y y y (8.34)
m1 v1 + m2 v2 + m3 v3 = 0.
−3 m1 + 2,55 m2 + 0,33 m3 = 0
(
(8.35)
0 m1 + 0,8 m2 − 1,2 m3 = 0,
m2 = 0,271 kg (8.36)
m3 = 0,181 kg. (8.37)
M= ∑ mi . (8.44)
e, ao substituirmos ~
Psis,S0 por zero,
0
~Psis,S
~vS0 S = (8.48)
0 M
∑ mi~vi,S
= . (8.49)
M
As expressões acima nos convidam a definir uma partícula virtual
— que denominamos como Centro de massa —, cuja massa é dada
pela soma das massas das partículas que formam o sistema e cuja
velocidade é dada por ~vS0 S . Podemos considerar que a velocidade
0
~vS0 S dada pela Equação (8.49) pode ser escrita como a derivada de
0
∑ mi~ri,S
~rCM = , (8.50) Posição do centro de massa de um
M sistema de partículas
sendo que tal posição corresponde à posição do centro de massa no
referencial S. Se a velocidade ~vS0 S representa uma “velocidade do
0
sistema”, então a posição do centro de massa representa uma “posição
do sistema”. Adotando essa nova nomenclatura, podemos denotar a
velocidade e até mesmo definir uma aceleração do centro de massa:
d ∑ mi~vi,S
~vCM = ~rCM = (8.51) Velocidade do centro de massa de um
dt M sistema de partículas
d ∑ mi~ai,S
~aCM = ~vCM = . (8.52) Aceleração do centro de massa de um
dt M sistema de partículas
Note ainda que, através da definição ~vCM ≡ ~vS0 S o momento linear
0
do sistema pode ser escrito como
y (m) m2
~r1 = 1 m ı̂ + 1 m ̂ (8.56)
1
yCM =
M ∑ mi yi (8.63)
i
1
= [m · (1 m) + m · (2,5 m) + 2m · (2 m)] (8.64)
4m
1
= (7,5 m) (8.65)
4
= 1,875 m. (8.66)
momento linear 253
Logo,
~rCM = 2,125 m ı̂ + 1,875 m ̂. (8.67)
y (m) m2
CM
Suponha que as partículas do exemplo anterior tenham velocidades m1
dadas por
~v1 = 1,5 m/s ı̂ + 4,9 m/s ̂ (8.68)
~v2 = −2,4 m/s ı̂ + 0,9 m/s ̂ (8.69) x (m)
~v3 = 0,45 m/s ı̂ + −1,9 m/s ̂. (8.70) Figura 8.5: Posição do centro de massa
do sistema.
Determine a velocidade do centro de massa do sistema.
y 1 y
vCM =
M ∑ mi vi (8.75)
i
1
= [m · (4,9 m/s) + m · (0,9 m/s) + 2m · (−1,9 m/s)] (8.76)
4m
1
= (2 m/s) (8.77)
4
= 0,25 m/s. (8.78)
Assim, obtemos
~vCM = 0,25 m/s ̂. (8.79)
y 1 y
vCM =
M ∑ mi ai (8.87)
i
1
= [m · (22 m/s2 ) + m · (15 m/s2 ) + 2m · (−13,6 m/s2 )]
4m
(8.88)
1
= (9,8 m/s2 ) (8.89)
4
= 2,45 m/s2 . (8.90)
Assim, obtemos
y
~v0
Outro caso em que o movimento do centro de massa é mais simples
de se descrever é o das partes de um projétil após sua explosão.
Imagine que um projétil seja lançado com velocidade ~v0 fazendo um θ
ângulo θ com a horizontal, sendo que ele explode antes de tocar o solo. x
Cada uma das partículas que compunham o projétil serão sujeitas Figura 8.7: Em uma explosão, as for-
a forças muito intensas durante a explosão, tendo suas trajetórias ças efetuadas sobre as várias partes do
corpo que explode são internas. Nesse
alteradas. Da mesma maneira que para o lançamento de um corpo caso, o movimento do centro de massa
rígido, sabemos que a força externa resultante sobre as partículas não é afetado.
após a explosão será simplesmente3 a soma da força peso de cada 3
Estamos desprezando o efeito da força
uma delas, o que implica em uma força peso igual àquela do projétil de arrasto.
antes da explosão:
N
~FRext = ∑ ~Pi (8.99)
i
= ~P (8.100)
= M~g. (8.101)
Logo,
MaCM = Mg (8.102)
aCM = g. (8.103)
FRext
aCM = (8.104)
M
Mg
= (8.105)
M
= g. (8.106)
256 notas de aula
Note que a força resultante externa é dada pela soma das forças peso
das diversas partículas que compõe o corpo:
N
FRext = ∑ Pi (8.107)
i =1
N
= ∑ mi g (8.108)
i =1
N
" #
= ∑ mi g (8.109)
i =1
= Mg. (8.110)
o que nos dá
Rj
Rj
∑ mi~ri = MRj~rCM , (8.116)
i
1 R1 R2 R3
~rCM = [ MR1~rCM + MR2~rCM + MR3~rCM ] (8.117)
M
1 Ri
M∑
= MRi~rCM . (8.118)
i
Densidades de massa
M
ρ= , (8.119)
V
temos que a massa mi de uma parte qualquer do corpo – se a densi-
dade é uniforme – pode ser calculada através
Mi = ρVi , (8.120)
1 R1 R2 R3
~rCM = [ MR1~rCM + MR2~rCM + MR3~rCM +...] (8.121)
M
1 R1 R2 R3
= [ρVR1~rCM + ρVR2~rCM + ρVR3~rCM + . . . ]. (8.122)
ρV
1 R1 R2 R3
~rCM = [VR1~rCM + VR2~rCM + VR3~rCM + . . . ]. (8.123)
V
Verificamos, portanto, que a posição do centro de massa de um corpo
homogêneo pode ser determinada simplesmente pelas características
geométricas de um corpo.
Em muitos casos uma ou mesmo duas dimensões de um corpo são
desprezíveis comparadas às demais: no caso de uma chapa metálica,
podemos desprezar a espessura, tratando-a como uma figura plana; Já
260 notas de aula
M
σ= (8.124)
A
M
λ= , (8.125)
L
1 R1 R2 R3
~rCM = [ A R1~rCM + A R2~rCM + A R3~rCM ] (8.126)
A
1 R1 R2 R3
~rCM = [ L R1~rCM + L R2~rCM + L R3~rCM ]. (8.127)
L
y
Exemplo: Centro de massa de um conjunto de barras homogêneas
~r1 = 10 cm ̂ (8.131)
~r2 = 15 cm ı̂ (8.132)
~r3 = 30 cm ı̂ + 15 cm ̂. (8.133)
1 R1 R2 R3
~rCM = [ L R1~rCM + L R2~rCM + L R3~rCM ]
L
1 h
= (20 cm)(10 cm ̂)
(20 cm + 30 cm + 30 cm)
+ (30 cm)(15 cm ı̂)
i
+ (30 cm)(30 cm ı̂ + 15 cm ̂)
1 2
L3
L1 = 30 cm L4 = 10 cm
L2 = 30 cm L5 = 10 cm L2 L4
L3 = 10 cm L6 = 40 cm, 3
L5
sabemos que as áreas são x
L6
~r1 = 10 cm ı̂ + 15 cm ̂ (8.138)
~r2 = 25 cm ı̂ + 25 cm ̂ (8.139)
~r3 = 30 cm ı̂ + 5 cm ̂. (8.140)
centro de massa:
1
~rCM = [(600 cm2 )(10 cm ı̂ + 15 cm ̂)
900 cm2
+ (100 cm2 )(25 cm ı̂ + 25 cm ̂)
y
L1
+ (200 cm2 )(30 cm ı̂ + 5 cm ̂)]
1 2
L3
1
= [(6 000 cm3 + 2 500 cm3 + 6 000 cm3 )ı̂
900 cm2
L2 L4
CM + (9 000 cm3 + 2 500 cm3 + 1 000 cm3 ) ̂]
3
L5
14 500 cm3 12 500 cm3
= ı̂ + .
x 900 cm2 900 cm2
L6
Figura 8.18: Posição do centro de massa. Finalmente, temos
`
` Exemplo: Junção de prismas quadrados
totalizando 7`3 .
Utilizando a Expressão (8.123), podemos determinar a posição do
3 centro de massa:
1
~rCM = [(2`3 )(`/2 ı̂ + 2` ̂ + `/2 k̂) (8.149)
7`3
x
2
+ (2`3 )(`/2 ı̂ + `/2 ̂ + 2` k̂) (8.150)
Finalmente,
CM
x
1 R
~rCM =
M ∑ MRi~rCM
i
(8.157)
i
1 placa •
= [M ~r + M•~rCM ]. (8.158)
M placa CM
A partir da expressão acima, podemos escrever
placa
•
M~rCM = Mplaca~rCM + M•~rCM (8.159)
• placa
M~rCM − M•~rCM = Mplaca~rCM , (8.160)
de onde obtemos
placa 1 •
~rCM = [ M ~r − M•~rCM ]. (8.161)
Mplaca CM
placa 1 •
~rCM = [ A~rCM − A•~rCM ] (8.162)
Aplaca
2
1 L
= 2 [ L2~rCM
−π •
~rCM ] (8.163)
L − π ( L/4)2 4
Como
~rCM =0 (8.164)
• L
~rCM = ı̂, (8.165)
4
obtemos
2
L L
placa
π 4 4 ı̂
~rCM = − (8.166)
L2 − π ( L/4)2
π
=− L ı̂. (8.167)
4(16 − π )
N
1 R
~rCM = lim
N →∞ M ∑ MRi~rCM
i
(8.168)
i =1
1
Z
= ~r dm, (8.169) Centro de Massa de uma distribuição
M contínua de massa
1
Z
xCM = xdm (8.170)
M
1
Z
= λxdx, (8.171)
M
onde assumimos que a barra está disposta de forma que seu eixo
aponta na direção do eixo x e usamos dm = λdx. Note ainda que a
massa M da barra está relacionada à densidade e ao comprimento
através de
M = λL. (8.172)
λ = αx, (8.177)
1
Z
xCM = xdm (8.178)
M
1
Z
= λxdx, (8.179)
M
1
Z
= αx2 dx. (8.180)
M
Z L
1
xCM = αx2 dx (8.181)
M 0
L
x3
α
= +C (8.182)
M 3 0
3
L
α
= + C − (0 + C ) (8.183)
M 3
αL3
= . (8.184)
3M
Z
M= dm (8.185)
Z
= λdx. (8.186)
αL3
xCM = (8.192)
3(αL2 /2)
2
= L. (8.193)
3
1
~rCM =
M ∑ mi~ri (8.194)
i
C1 C2 C3
" #
1
=
M ∑ mi~ri + ∑ mi~ri + ∑ mi~ri + . . . (8.195)
i i i
1 h C1 C2 C2
i
= MC1~rCM + MC2~rCM + MC2~rCM +... (8.196)
M
1 n Cj
= ∑
M j =1
MCj~rCM . (8.197)
Sabendo que a distância entre a Terra e a Lua de é L = 402 589 km, que
os seus raios são r T = 6 371,0 km e r L = 1 737,4 km, e supondo que
suas densidades são iguais, determine a posição do centro de massa
do sistema formado por esses astros. Fixe a origem do sistema de
referência no centro da Terra.
1 T L
~rCM = [ρVT~rCM + ρVL~rCM ] (8.198)
ρ(VT + VL )
1
= [(4/3)πr3T~rCM
T
+ (4/3)πr3L~rCM
L
] (8.199)
( /3)π (r3T + r3L )
4
1
= 3 [r3~r T + r3L~rCM
L
] (8.200)
r T + r3L T CM
5
O versor r̂ denota um vetor unitário No sistema de referência adotados, temos que5
na direção do eixo que liga o centro de
massa da Terra ao centro de massa da T
~rCM =0 (8.201)
Lua. Esse versor é usado em coordena-
L
das esféricas. ~rCM = L r̂. (8.202)
Assim,
1
~rCM = [r3 L r̂ ] (8.203)
r3T + r3L L
r3L
= L r̂ (8.204)
r3T + r3L
≈ 8 002,4 km. (8.205)
Salto em altura
para fora do corpo do atleta, permitindo que ele passe sobre a barra,
enquanto o centro de massa passa sob ela. Esse processo é vantajoso
pois ao saltar, a altura máxima que o centro de massa atinge está limi-
tada pelo impulsionamento inicial dado pelo atleta: até a introdução
do “Forbury Flop”, os atletas saltavam de frente, com o corpo paralelo
ao solo, o que os limitava a alturas da barra que fossem menores que
a altura máxima atingida pelo centro de massa; após a introdução
dessa técnica, para o mesmo impulsionamento inicial, o competidor
consegue “desviar” o corpo sobre a barra, permitindo que ela seja
disposta a alturas maiores.
∆y = 2R − 2r, (8.212)
R
onde R é o raio da pista, e r é o raio da esfera. Nessas condições, como ∆y
podemos determinar a variação da energia potencial gravitacional da r
esfera?
Podemos tratar a esfera como um sistema de partículas, assim, ~v
somando as energias potenciais de cada partícula em uma posição
qualquer, temos Figura 8.25: Para um corpo rígido, a
N variação da energia potencial está ligada
Ugsis = ∑ mi gyi . (8.213) à variação da posição vertical do centro
i =1 de massa. Note que no exemplo acima,
∆y = 2R − 2r.
Como a aceleração da gravidade é a mesma para todas as parcelas da
soma, podemos tirá-la do somatório, obtendo
N
Ugsis = g ∑ mi yi . (8.214)
i =1
Eimec = Emec
f (8.219)
f f
Ki + Uei + Ugi = K f + Ug + Ue (8.220)
i L
yCM = , (8.221)
2
uma vez que ele é homogêneo e simétrico. Assim, a expressão acima
simplifica-se a:
f
Uei + Ugi = K f + Ug . (8.222)
Note que a energia cinética final não é nula, já que o bloco não pode
ter velocidade nula ao chegar ao topo da seção circular da pista:
v= Rg. (8.223)
p
f L
yCM = 2R − . (8.224)
2
Substituindo os resultados acima na Equação 8.222 obtemos
kxi2 mv2f f
i
+ mgyCM = + mgyCM (8.225)
2 2p
k `2 L m( Rg)2 L
+ mg = + mg 2R − (8.226)
2 2 2 2
k` 2
R L L
= mg 2R + − − (8.227)
2 2 2 2
k`2 = 2mg((5/2) R − L) (8.228)
r
mg(2R − L)
`= . (8.229)
k
Substituindo os valores das constantes, temos finalmente
s
(0,750 kg) · (9,8 m/s2 ) · [(5/2) · (1,30 m) − (0,30 m)]
` = 2·
(1 200 N/m)
(8.230)
≈ 0,190 m. (8.231)
8.7 Impulso
d~p ~
= F (t)
dt
pois se temos que ~F (t) é a derivada da função ~p(t), então, pelo teo-
rema fundamental do cálculo, a função ~p(t) é a função primitiva/anti-
derivada/integral-indefinida de ~F (t) a menos de uma constante C:
~ (t) + C.
~p(t) = F (8.232)
~ (t f ) + C ] − [F
∆~p = [F ~ ( ti ) + C ] (8.233)
Z t
f
= ~F (t) dt. (8.234)
ti
Figura 8.27: A área hachurada corres- No entanto, uma escolha adequada do sistema de referências mui-
ponde ao impulso dado pela compo-
nente Fx (t) de uma força hipotética ~F (t) tas vezes implicará na ausência de componentes de uma força em
no intervalo [ti , t f ]. Se as componentes um ou mais eixos, levando a uma variação nula da componente
Fy (t) e Fz (t) forem não nulas, temos fi-
correspondente do impulso e do momento linear.
guras semelhantes para os eixos y e z.
Também devemos considerar que em muitos casos o impulso de
uma força pode ser desprezível: se uma força atua por pouco tempo,
o resultado da integral na Equação (8.236) será pequeno, exceto se
a força for extremamente intensa. Veremos que isso permitirá que
ignoremos o efeito de algumas forças ao estudarmos colisões, uma
vez que a força de interação entre dois corpos em uma colisão é
extremamente intensa.
Tal relação é ilustrada pela Figura 8.28. Como h~F i é constante, pode-
ti tf t
mos escrever
Figura 8.28: Definimos a força média Z t
f
h F i como sendo a força constante que ~J = h~F i dt (8.242)
produz o mesmo impulso que a força ti
original, no mesmo intervalo de tempo.
= h~F i∆t, (8.243)
ou seja,
~J
Expressão para a força média em h~F i = . (8.244)
termos do impulso ∆t
Na maioria das vezes não temos a função ~F (t), por isso não pode-
mos determinar o impulso através da integral. No entanto, sabemos
momento linear 275
que
∆~p = ~J, (8.245)
logo,
∆~p
h~F i = . (8.246) Força média em termos da variação do
∆t momento linear
8.8 Colisões
A=J (8.248)
= ∆p, (8.249)
F F
t t
Figura 8.32: Colisão de um martelo com
um prego. Se o martelo tem momento
é utilizado em air-bags de automóveis, ou no plástico-bolha, por linear nulo após a colisão, temos que
a área destacada nos gráficos esquerdo
exemplo. (impulso devido à força exercida sobre
Finalmente, devemos destacar que em diversas situações podemos o martelo, associada à força peso do pró-
prio martelo) e direito (impulso devido
considerar que as forças externas que atuam sobre um sistema como à força de interação entre o martelo e o
sendo aproximadamente zero. Como a duração de uma colisão é extre- prego durante a colisão) são iguais.
mamente curta, uma força de pequena intensidade em comparação
à força característica da colisão será responsável por um impulso
desprezível. Assim, em uma colisão que ocorra entre uma bola e uma
raquete, por exemplo, o impulso devido à força peso durante a colisão
pode ser desprezado. Outro exemplo é o caso da força de atrito com
o solo em uma colisão de automóveis, em que o impulso da força de
atrito durante a colisão pode ser desprezado. Nesses casos estamos
assumindo que
~FRext ≈ 0, (8.250)
∆p = p f − pi (8.256)
= 0 − pi (8.257)
= mvi , (8.258)
e uma colisão onde o corpo retorna com a uma velocidade final igual
em módulo à velocidade inicial — porém com sentido contrário —, o
momento linear 279
∆p = p f − pi (8.259)
= p f − pi (8.260)
= mv f − mvi (8.261)
= 2mvi . (8.262)
~vac
1 ~vac
2
Figura 8.34: Colisão unidimensional.
x
~vdc
1 ~vdc
2
x
m1 vac ac dc dc
1,x + m2 v2,x = m1 v1,x + m2 v2,x . (8.266)
280 notas de aula
Note que os valores das projeções dos vetores podem ser ou positivos,
ou negativos. O primeiro caso corresponde a quando o vetor velo-
cidade aponta no sentido positivo do eixo x, enquanto o segundo
corresponde ao caso em que o vetor aponta no sentido negativo desse
eixo. É bastante comum que em movimentos unidimensionais se
omita o índice x em v1,x , v2,x , etc., ou seja, escrevemos a relação acima
como
m1 vac ac dc dc
1 + m2 v2 = m1 v1 + m2 v2 . (8.267)
vac
1,x = 3,0 m/s vac
2,x = −2,0 m/s,
v1,x = 0, (8.268)
~P1 ~P2
m1 vac ac dc dc
1,x + m2 v2,x = m1 v1,x + m2 v2,x (8.269)
vac ac dc dc
1,x + v2,x = v1,x + v2,x (8.271)
3,0 m/s − 2,0 m/s = 0 + vdc
2,x . (8.272)
Finalmente,
vdc
2,x = 1,0 m/s. (8.273)
momento linear 281
m1 vac ac dc dc
1,x + m2 v2,x = m1 v1,x + m2 v2,x (8.281)
m1 vac
1,x = m1 vdc
1,x + m2 vdc
2,x . (8.282)
m1 vac dc dc
1 = m1 v1 + m2 v2 . (8.283)
(vac 2 i 2
1 ) = ( v1 ) − 2µc gd1
m vac = m vdc + m vdc
1 1 1 1 2 2
dc 2
(8.288)
( v 1 ) = 2µ c g `
(vdc )2 = 2µ gd .
2 c 2
Colisões elásticas: colisões onde a energia cinética total dos corpos que
colidem não varia. Correspondentemente, não há variação da soma
ds energias internas dos corpos.
17
Idealmente, devemos determinar o
Colisões inelásticas: colisões onde ocorre variação da energia cinética tipo da colisão verificando se existe va-
total, com uma correspondente variação da interna de pelo menos riação da energia cinética do sistema,
no entanto, sabemos que ocorrem varia-
um dos corpos que colidem. Se os corpos permanecem unidos após ções da energia interna dos corpos que
a colisão, dizemos que temos uma colisão completamente inelástica. colidem sempre que eles se deformam
permanentemente.
Em ambos os casos os corpos se deformam durante a colisão, alte-
rando suas energias internas. No caso das colisões inelásticas, no
entanto, tais deformações são permanentes, causando uma diminui-
ção permanente da energia cinética.17 Veremos adiante, na Seção 8.8.4, ~vac
1 ~vac
2 =0
alguns resultados interessantes para as colisões elásticas.
(a)
Discussão: Colisão entre dois blocos “amortecida” por uma mola
Na Figura 8.37 (a) temos dois blocos sobre uma mesa sem atrito que
~a ~a
estão prestes a colidir. Entre eles há uma mola que está inicialmente
relaxada. Durante o processo de colisão, o bloco da esquerda começa
(b)
a comprimir a mola gradualmente (b), sendo que a força elástica
exercida por ela passa a atuar em ambos os blocos, diminuindo a
velocidade do bloco da esquerda e aumentando a velocidade do bloco
~a ~a
da direita. Em certo ponto, a mola atingirá sua compressão máxima
(c), momento no qual os dois blocos têm a mesma velocidade. Após
(c)
isso, a mola passa a se expandir (d), ainda exercendo uma força no
sentido de desacelerar o bloco da esquerda e acelerar o bloco da
direita. Esse processo continua até que a mola volte a ficar relaxada e ~a ~a
perca contato com o bloco da esquerda (e).
Do ponto de vista energético, temos um sistema no qual a energia (d)
mecânica se conserva, pois temos duas forças conservativas (a força
peso e a força elástica) e duas forças não-conservativas cujo trabalho
é zero (a força normal e a força de atrito; temos ainda o arrasto, mas ~vdc
1 ~vdc
2
vamos desprezá-lo). Durante a colisão, portanto, parte da energia
(e)
vdc dc dc
p,x = v a,x = v x . (8.301)
`
Além disso, a velocidade inicial do alvo é nula, portanto,
m p vac dc
p,x = ( m p + m a ) v p,x . (8.302) ~v
(m p + m a ) dc
vac
p,x = v p,x . (8.303)
mp θ
`
θ
(m p + m a ) p
vac
p,x = 2gh, (8.309)
mp
286 notas de aula
h = ` − ` cos θ (8.310)
= `(1 − cos θ ), (8.311)
(m p + m a ) q
vac
p,x = 2g`(1 − cos θ ). (8.312)
mp
m1 vac ac dc dc
1,x + m2 v2,x = m1 v1,x + m2 v2,x
(8.313)
1 m (vac )2 + 1 m (vac )2 = 1 m (vdc )2 + 1 m (vdc )2
2 2 2 2
2 1 1 2 2 1 1 2
23
Lembre-se que v1,x = v1 e v2,x = v2 , cuja solução23 para vac ac
1 e v2 é
pois se trata de um movimento unidi-
mensional. m1 − m2 ac 2m2
vdc
1,x = ·v + · vac (8.314)
m1 + m2 1,x m1 + m2 2,x
2m1 m2 − m1 ac
vdc
2,x = · vac
1,x + ·v . (8.315)
m1 + m2 m1 + m2 2,x
vdc
1,x = 0 (8.316)
vdc
2,x = vac
1,x . (8.317)
vdc ac
1,x ≈ v1,x (8.318)
vdc ac
2,x ≈ 2v1,x . (8.319)
vdc ac
1,x ≈ − v1,x (8.320)
vdc
2,x ≈ 0. (8.321)
momento linear 287
o que resulta em
vdc ac
α,x = (0,999 722 585) · vα . (8.325)
m N mα . (8.328)
No Capítulo 8 verificamos que um corpo extenso pode ser considerado como uma partícula localizada no centro de
massa, sendo que já haviamos tratado da translação da partícula nos demais capítulos anteriores. Considerar somente
o movimento de translação – isto é, o deslocamento no espaço – não descreve completamente o movimento de corpos
extensos: sabemos que existe também a possibilidade de um movimento de rotação. Vamos agora analisar esse tipo de
movimento dos pontos de vista de cinemática, dinâmica e energia. Inicialmente, vamos tratar de rotações puras, depois
verificaremos um caso específico de movimento combinado de rotação e de translação, o rolamento.
9.1 Introdução
θ = f · 2π. (9.7)
Posição
x y
Podemos tomar uma reta fixa no objeto e que faz um ângulo de 90°
em relação ao eixo de rotação e utilizá-la para determinar a posição an-
gular: o ângulo θ entre tal reta e o eixo x pode ser usado como variável
para descrever a posição angular do objeto. Na Figura 9.6 mostramos
como exemplo a aplicação de tal conceito a um disco que gira em
z torno do eixo z que passa pelo centro de massa, perpendicularmente
às suas faces planas.
Deslocamento angular
9.1.2 Sinais
No caso da translação, a escolha da direção e sentido do sistema de
coordenadas era livre. Muitas vezes só uma escolha de direções é
adequada, mas a escolha do sentido dos eixos é algo livre5 . Para as 5
Exceto no caso do cálculo da energia
rotações, no entanto, existe uma convenção para o sentido positivo: potencial associada à força peso, onde
determinamos uma expressão específi-
rotações no sentido anti-horário são positivas.6 Essa definição é a cas para o caso em que o eixo vertical
mesma utilizada para o círculo trigonométrico. tem como sentido positivo aquele no
sentido inverso ao da aceleração da gra-
Assim, considerando os sinais para as variáveis cinemáticas da vidade.
rotação, temos que: 6
É claro que se “olharmos” o sistema
pelo lado oposto, veremos uma rotação
Posição angular: Uma posição angular é positiva se ao partimos do no sentido oposto, o que significa que o
sentido é arbitrário. No entanto, preci-
eixo de de referência indo em direção à posição da marca de samos que rotações em sentidos opostos
referência obtemos um deslocamento no sentido anti-horário; tenham sinais opostos, o que é garantido
por tal convenção.
Deslocamento angular: Os deslocamentos positivos são aqueles que
ocorrem no sentido anti-horário;
dω = αdt, (9.13)
ω f = ωi + αt. (9.17)
dθ = ωdt, (9.18)
αt2
.
θ f = θ i + ωi t + (9.23)
2
Novamente temos uma equação que é anóloga àquela do caso trans-
lacional.
∆θ = ωt (9.28)
= (3 000 rpm) · (20 s) (9.29)
= (3 000 rpm) · (0,33 min) (9.30)
= 1 000 rev. (9.31)
ω
Velocidade angular e velocidade de translação
ω1 R 1 = ω2 R 2 , (9.42)
v2
ac = , (9.43)
r
rotações 297
ac = ω 2 r⊥ . (9.44)
dv d(ωr⊥ )
= (9.45)
dt dt
dω
= r⊥ , (9.46)
dt
onde assumimos novamente que r⊥ seja constante. Sabemos que
a = dv/dt e que α = dω/dt, então
a = αr⊥ . (9.47)
9.2.1 Torque
13
Isto é, o segmento de reta além do Note que o ângulo φ deve ser medido entre ao prolongamento13 da
ponto de aplicação da força quando par- reta que une o eixo de rotação ao ponto de aplicação da força ~F e a
timos o eixo e nos dirigimos ao ponto
de aplicação da força. própria direção da força.
z Na equação acima, podemos reordenar os termos do produto e
reescrever o torque em termos de um comprimento rb conhecido
como braço de alavanca:
rb
· τ = r⊥ F sen φ (9.51)
r⊥
= r⊥ sen φF (9.52)
= (r⊥ sen φ) F (9.53)
~F = rb F, (9.54)
Unidades
[τ ] = N · m. (9.59)
α ∝ τ. (9.60) i
Fj,r
φij i
Se tentarmos abrir uma porta interna de uma casa, ou uma porta Fj,t
externa, percebemos que a externa exige mais força para obter uma
~Fi
mesma aceleração angular, pois ela é maciça, e – portanto – mais j
massiva. No entanto, veremos que para as rotações a forma como a Figura 9.13: Sobre cada uma das par-
tículas que compõe um corpo rígido,
massa está distribuida também influencia a aceleração angular obtida. age uma grande quantidade de forças
Para verificar a relação entre o torque e aceleração, podemos anali- internas e externas. Na figura tomamos
sar um objeto como o da Figura 9.13. Vamos supor que sobre cada uma partícula i qualquer e analisamos
o efeito de uma força ~Fji que atua sobre
partícula do corpo sejam exercidas forças internas e externas, sendo ela, obtendo as componentes nas dire-
que cada força que atua sobre a i-ésima partícula é representada por ções radial e tangencial.
Fji , onde j é um índice que enumera cada uma das forças que atuam
sobre tal partícula. Se analisarmos o torque devido a j-ésima força
que atua sobre a i-ésima partícula, temos
τji = r⊥
i i
Fj sen φij (9.61)
i i
= r⊥ Fj,t (9.62)
mas
i
Fj,t = mi aij,t , (9.63)
300 notas de aula
τji = mi aij,t r⊥
i
. (9.64)
A soma das acelerações que cada força exerce isoladamente nada mais
é do que a aceleração ~ai causada pela força resultante, pois
~Fi
j
∑~aij = ∑ mi
(9.67)
j j
∑ j ~Fji
= (9.68)
mi
~Fi
R
= (9.69)
mi
= ~ai , (9.70)
ou seja, que
r sen φ = r 0 sen φ0 , (9.76)
r0 r
= . (9.77)
sen β sen α
α = 180° − φ0 (9.78)
β = 180° − φ. (9.79)
r0 r
= (9.80)
sen φ sen φ0
r 0 sen φ0 = r sen φ. (9.81)
Sinais
M
~P
C
Note que a expressão acima tem exatamente a mesma forma que a
~r
expressão para o torque devido ao peso de uma partícula, ou seja,
para determinarmos o torque devido ao peso de um corpo extenso, basta o O
substituir por uma partícula com a mesma massa que o corpo e ocupando a xCM
posição do centro de massa. Figura 9.16: O valor de xCM pode ser
calculado através de rCM e do ângulo φ.
Discussão: Alavancas
τRes = Iα (9.95)
φ2
P` sen φ1 − FL sen φ2 = Iα. (9.96)
γ
~F
Se considerarmos que a aceleração seja nula, ou seja, após iniciarmos
L
φ1
` sen φ1
F=P . (9.98)
L sen φ2
~P
Note que sen(180° − α) = sen α, por isso sen φ2 = sen γ. Como Figura 9.17: alavanca.
γ = φ1 , já que as forças ~F e ~
P são paralelas, concluímos que a razão
entre os senos é igual a 1. Logo,
`
F=P . (9.99)
L
A razão `/L é menor do que 1, o que nos mostra que
F < P. (9.100)
Balanças de braços
mb2 D + mm L − mb1 d
mc = − mp (9.103)
`
c
mm mb2 D − mb1 d
= L+ − mp . (9.104)
`c `c
Com exceção da distância L, todos os parâmetros à direita são cons-
tantes, o que implica em uma relação direta entre a distância e a
massa sobre o prato o que permite que o próprio braço seja marcado
com uma escala mostrando os valores de massa. Além disso, a relação
15
Para medir valores intermediários entre L e m é linear, isto é, ela segue uma equação da reta. Isso quer
e/ou realizar medidas mais “finas”,
dizer que as marcações no braço são feitas em intervalos regulares:
basta realizarmos marcações mais próxi-
mas, sempre em intervalos regulares. para calibrarmos a balança, basta escolhermos dois corpo de massas
conhecidas, marcar ambas as posições de equilíbrio, e elaborar novas
f3
marcações com o mesmo tamanho que a primeira.15
f1
Uma situação relativamente comum e que envolve rotação é a
utilização de polias. O modelo mais simples que pode podemos fazer
para uma polia e a de um disco que gira em torno de um eixo que
passa por seu centro de massa, perpendicularmente à sua face plana.
Em torno da polia uma corda é então enrolada por um certo número
Figura 9.19: A força de atrito total que
atua sobre a corda se deve a diversas
de voltas, ou mesmo menos que uma volta. Ao aplicarmos tensões
forças em diferentes pontos de contato. diferentes nas extremidades livres da corda, teremos uma rotação da
Ainda assim, podemos determinar o tor- polia, com uma aceleração angular qualquer. Vamos determinar a
que de maneira simples pois as caracte-
rísticas dessas forças são comuns a todos relação entre tais tensões e o valor da aceleração angular.
os pontos de contato.
rotações 305
A força de atrito total na corda é dada pela soma das forças exercidas
nos diversos pontos de contato, isto é, f at = ∑i f i , o que nos permite
reescrever a relação acima como
Note que as tensões nos segmentos esquerdo e direito da corda são necessa-
riamente diferentes. Tal diferença é responsável por causar a aceleração
da polia!
Outra relação importante que devemos observar entre a polia e a
corda é a de que a aceleração tangencial abt e a velocidade vb de um
ponto na borda da polia são iguais a aceleração a e a velocidade v
da corda. Caso isso não fosse verdade, teríamos um deslizamento
entre a corda e a polia, o que não observamos.17 Isso nos permite 17
Uma situação dessas é possível, mas
determinar uma relação entre a aceleração da corda – que é igual a complicaria ainda mais esse problema.
abt = αr (9.112)
a = αR. (9.113)
Note ainda que uma aceleração positiva dos blocos implica em uma
aceleração angular negativa da polia, pois se partíssemos de uma
306 notas de aula
a = −αR. (9.114)
τ = −( T2 − T1 ) R, (9.115)
τRext = Iα (9.116)
−( T2 − T1 ) R = Iα. (9.117)
MR
−( T2 − T1 ) = α. (9.119)
2
Nesse sistema, a questão da determinação do torque sobre a polia
é bastante complexa. Se substituíssemos a corda por uma corrente
como a de uma bicicleta e a polia por uma que tivesse dentes para
encaixarem na corrente, teríamos uma interação diferente, através de
forças normais nas superfícies dos dentes e dos encaixes da corrente.
Essas forças são predominantes nos primeiros dentes onde ocorre
o encaixe completo. Dessa forma, podemos imaginar que as forças
de tensão são exercidas sobre a polia somente nesses pontos, o que
resulta em algo como a Figura (9.21). Nesse caso, temos dois torques
R R
devidos às forças de tensão que são exercidas sobre a polia, logo
~T1 ~T2
τRext = Iα (9.120)
T1 R sen φ − T2 R sen φ = Iα (9.121)
Figura 9.21: Podemos supor que o tor-
que sobre a polia se deve aos torques
( T1 − T2 ) R = Iα, (9.122)
devido às tensões nos cabos, como se
as tensões atuassem diretamente sobre onde utilizamos φ = 90° e o sinal se deve ao fato de que a tensão T2
a polia. Nesse caso, supomos que as tende a causar uma rotação no sentido horário.
forças atuam sobre os pontos de contato
onde a direção da corda faz 90° em rela- Observamos que o resultado acima é exatamente o mesmo que
ção à reta que parte do eixo de rotação e obtivemos para o caso em que fizemos uma análise através do atrito.
vai em direção ao ponto de contato (pon-
De fato, o que ocorre é que em todos os casos onde não há desliza-
tos marcados com pequenos círculos na
borda da polia). mento entre a polia e o cabo — seja ele uma corda, uma correia, ou
uma corrente — podemos supor que as forças de tensão exercidas
nas extremidades do cabo são exercida diretamente sobre a polia, no
rotações 307
ponto onde a reta que liga o eixo de rotação ao ponto de contato faz
um ângulo de 90° em relação à direção da tensão.
Finalmente, para determinarmos a aceleração, basta isolarmos α
na Equação (9.119) acima, o que resulta em
2
α = ( T1 − T2 ) . (9.123)
MR
z
em especial o eixo z00 , pois ele não atravessa o corpo. Esse tipo
z00 z0 z de situação é relativamente comum quando analisamos corpos
compostos de diversas partes, e tem grande influência no valor do
momento de inércia. Verificaremos adiante que os momentos de
CM inércia em eixos paralelos estão relacionados de forma bastante
simples e essa relação deixará evidente que o momento de inércia
mínimo é aquele associado ao eixo que passa pelo centro de massa
do corpo.
Figura 9.24: Mesmo que a orientação de
Outra característica importante do processo de determinação do
diversos eixos em relação a um corpo
seja a mesma, a distância em relação ao momento de inércia é o fato de que – assim como para o cálculo da
corpo também determina a distância das posição do centro de massa – temos uma quantidade muito grande de
partículas em relação ao eixo de rotação.
Veja que quando um corpo faz parte de partículas. Através da Expressão 9.83, em tese podemos determinar
um conjunto mais complexo, podemos o momento de inércia para qualquer corpo. No entanto, isso é clara-
ter uma rotação em relação a um eixo
mente inadequado para o caso de um corpo rígido, devido ao fato de
que não o atravessa.
que a soma teria um número muito grande de termos. Além disso,
não sabemos precisar quais são as posições de cada uma das partícu-
las, ou quais são as suas massas. Diferentemente da determinação do
centro de massa, não podemos utilizar argumentos de simetria para
19
Isso se deve ao fato de que a distância determinar o momento de inércia19 , por isso vamos ter que utilizar
ao eixo de rotação aparece ao quadrado técnicas de Cálculo para que possamos considerar uma distribuição
na Expressão 9.83. No caso do cálculo
do centro de massa nos valíamos do si- contínua de massa.
nal que aparece na distância ao eixo de Nas próximas seções discutiremos alguns métodos de cálculo que
simetria para garantir que os termos si-
métricos se cancelassem. nos permitirão determinar o momento de inércia para corpos rígidos
extensos: em muitos casos as expressões são bastante simples e – como
verificaremos – uma das propriedades do momento de inércia é a
aditividade, o que nos permitirá tratar um corpo complexo através da
decomposição em formas mais simples. Além disso, verificaremos que
o momento de inércia para um eixo qualquer pode ser determinado a
partir do momento de inércia em torno de um eixo que passa pelo
centro de massa do objeto, desde que ambos os eixos sejam paralelos.
Finalmente, veremos que em alguns casos o momento de inércia em
torno de três eixos perpendiculares entre si não são independentes, o
que nos permite calcular um deles se conhecemos os outros dois.
CM
I= ∑ mi (r⊥i )2 , (9.124)
i
formado por uma parede extremamente fina. Nesse caso, temos que
I= ∑ mi (r⊥i )2 , (9.128)
i
de rotação. Note que, como a parede do tubo é muito fina, podemos Figura 9.26: Tubo cilindrico formado por
em boa aproximação assumir que a distância das partículas ao eixo é paredes finas.
igual ao raio do próprio tubo:20 20
Qualquer tubo real tem um raio in-
terno e um raio externo. Se utilizarmos
i
r⊥ = R. (9.129) o raio interno, obtemos um valor mí-
nimo para I, se usarmo o externo, ob-
Assim, temos para o momento de inércia temos um valor máximo. Estamos as-
sumindo que a a espessura da parede é
I= ∑ m i ( R )2 (9.130) realmente muito fina, de forma que essa
diferença seja desprezível.
i
" #
= ∑ mi R2 , (9.131)
i
ou seja,
I = MR2 . (9.132) Momento de inércia de um tubo/anel
21
O caso bidimensional é um caso espe- A interpretação da expressão acima é mais simples se escrevermos dm
cial do tridimensional, e se aplica aos em termos de densidades, como fizemos na determinação da posição
casos onde temos objetos em que uma
das dimensões é constante para todo o do centro de massa:
objeto – ou seja, uma figura plana, como
uma placa metálica, por exemplo –. dm = λ( x ) dx (9.136)
dm = σ (~r ) dA (9.137)
dm = ρ(~r ) dV. (9.138)
dm = λ dx, (9.140)
ML2
Iz = . (9.150) Momento de inércia de uma haste fina
12
Se desejarmos determinar o momento de inércia de uma haste fina
de comprimento L em torno de um eixo que passa por sua extremi-
dade, perpendicularmente ao eixo da haste, basta substituirmos os
limites de integração na Equação (9.143). Fazendo isso, obtemos
Z L
Iz = λx2 dx (9.151)
0
Z L
=λ x2 dx (9.152)
0
L
x3
=λ +C (9.153)
3 0
λ
= {[( L)3 + C ] − [(0)3 + C ]} (9.154)
3
λL3
= , (9.155)
3
de onde obtemos
ML2
Iz = . (9.156)
3
1
x Iz = MR2 (9.159)
R 2
1
Ix = MR2 . (9.160)
Figura 9.30: Disco. 4
Anel, tubo (finos): Tanto para o anel, quanto para o tubo, quando o
z
eixo de rotação é perpendicular à face circular, temos para um eixo
que passa pelo centro de massa
R CM Iz = MR2 . (9.161)
x L
L
h= . (9.180)
2
Assim:
I p = ICM + h2 M (9.181)
2
1 2 L
= ML + M (9.182)
12 2
1 1
= ML2 + ML2 (9.183)
12 4
1 1
= + ML2 , (9.184)
12 4
o que resulta em
1
Ip = ML2 . (9.185)
3
Note que esse é o mesmo resultado que havíamos obtido através de
uma integração na distribuição de massa.
de um eixo que dista 2r do eixo que passa por seus centros de massa.
Assim
I2 = I3 (9.187)
2
= ICM + h M (9.188)
1
= mr2 + (2r )2 m (9.189)
2
9
= mr2 . (9.190)
2
Finalmente, também precisamos utilizar o teorema dos eixos paralelos
para determinar o momento de inércia do cilindro superior direito.
Para determinar a distância entre o eixo de rotação e o eixo paralelo
que passa pelo centro de massa de tal cilindro, devemos utilizar o
Teorema de Pitágoras:
h2 = a2 + b2 (9.191)
= (2r )2 + (2r )2 (9.192)
2
= 8r . (9.193)
Assim,
I4 = ICM + h2 M (9.194)
1 2
= mr + 8r2 m (9.195)
2
17
= mr2 . (9.196)
2
Somando as contribuições dos quatro cilindros, obtemos
I = I1 + I2 + I3 + I4 (9.197)
1 9 9 17
= mr2 + mr2 + mr2 + mr2 (9.198)
2 2 2 2
1 9 9 17 2
= + + + mr (9.199)
2 2 2 2
= 18mr2 . (9.200)
Iz = Ix + Iy . (9.201)
r⊥ = x P . (9.204)
P
yP
Logo, rP
z x
NP
Iy = ∑ mi xi2 . (9.205)
i =1
Portanto,
NP
Ix + Iy = ∑ mi ri2 . (9.210)
i =1
r⊥ = r P , (9.211)
NP
Iz = ∑ mi ri2 . (9.212)
i =1
τ = Ft r⊥ , (9.217)
portanto,
Trabalho realizado por um torque W = τ∆θ, (9.218)
constante
Note que o trabalho pode ser positivo ou negativo, sendo que tal
sinal é determinado tanto pelo sinal do torque, quanto pelo sinal do
deslocamento angular.
dW dado por
dW = Ft ds (9.219)
= Ft r⊥ dθ (9.220)
= τ dθ, (9.221)
ds
= dθ. (9.222)
r⊥
∆K = W. (9.224)
nf
∆K i = ∑ Wj (9.225)
j =1
nf
K if − Kii = ∑ Wj . (9.226)
j =1
320 notas de aula
N N N nf
∑ Kif − ∑ Kii = ∑ ∑ Wj (9.227)
i =1 i =1 i =1 j =1
N N N f n
1 1
∑ 2 mi (vif )2 − ∑ 2 mi (vii )2 = ∑ ∑ Wj . (9.228)
i =1 i =1 i =1 j =1
v = r⊥ ω,
24
Note que as constantes podem ser pos- o que nos permite escrever:24
tas em evidência, ou seja, para fora do
somatório. N N N f n
1 1
∑ 2 mi (r⊥i )2 ω2f − ∑ 2 mi (r⊥i )2 ωi2 = ∑ ∑ Wj (9.229)
i =1 i =1 i =1 j =1
N N N nf
" # " #
1 i 2 2 1 i 2 2
2 i∑ 2 i∑
mi (r ⊥ ) ω f − mi (r⊥ ) ωi = ∑ ∑ Wj . (9.230)
=1 =1 i =1 j =1
1 N
" #
i 2
) ωi2
2 i∑
Ki = mi (r ⊥ (9.231)
=1
1 N
" #
mi (r⊥ ) ω 2f ,
i 2
2 i∑
Kf = (9.232)
=1
1 2
Energia cinética em rotações. K= Iω . (9.233)
2
Finalmente, resta analisarmos a soma dos trabalhos no termo à
direita da igualdade na Equação (9.230). Podemos dividir as forças
que atuam sobre as partículas em forças internas e em forças externas, o
25
A primeira soma à direita é sobre os que nos permite reescrever a soma dos trabalhos como25
trabalhos devidos a forças internas, en-
quanto a segunda soma à direita é sobre nint next
N nf f f
os trabalhos devidos a forças externas.
∑ ∑ Wj = ∑ Wi + ∑ Wj (9.234)
i =1 j =1 i =1 j =1
Sabemos que a maior parte das forças que atuam sobre as partículas
que compõe um corpo rígido são devidas a interações das próprias
partículas umas com as outras, ou seja, são forças internas. Sabemos
que os torques devidos aos pares ação-reação são iguais, porém têm
sentidos opostos. Logo, os trabalhos devidos a forças internas devem
ter sinais opostos e se cancelam, uma vez que sempre formam pares
rotações 321
∑ ∑ Wj = ∑ Wj (9.236)
i =1 j =1 j =1
1 2 1 2 Ext
Iω − Iωi = WRes , (9.238)
2 f 2
ou ainda
Ext
∆K = WRes . (9.239)
Wg = mg∆y (9.242)
L
= mg , (9.243)
2
322 notas de aula
o que resulta em
1 2 1 2 L
Iω f − Iωi = mg (9.244)
2 2 2
1 2 L
Iω = mg (9.245)
2 f r 2
mgL
ωf = (9.246)
I
mgL
r
= (9.247)
mL2 /3
r
3g
= . (9.248)
L
Substituindo o valor de L, obtemos
r
3g
ωf = (9.249)
L
= 5,42 rad/s. (9.250)
9.4.3 Potência
Da mesma forma que definimos a potência para o caso da translação,
podemos defini-la para a rotação como
W
h Pi = , (9.257)
∆t
no caso da potência média, ou
dW
P= (9.258)
dt
no caso da potência instantânea.
rotações 323
a = αR, (9.270)
326 notas de aula
a = −αR. (9.271)
T1 − P1 = m1 a
− T2 + P2 = m2 a
MR (9.272)
T1 − T2 = α
2
a = −αR,
Roda de Maxwell
τ = Iα (9.279)
− Tr = Iα. (9.280)
cuja solução é
mt g
a= (9.283)
mt + I/r2
mt g
= (9.284)
mt + M ( R/r )2 /2 + m
M + 2m
= ·g (9.285)
M + 2m + M( R/r )2 /2 + m
M + 2m
= ·g (9.286) L
3m + M · [1 + ( R/r )2 /2]
2 + M/m
= ·g (9.287)
3 + ( M/m) · [1 + ( R/r )2 /2]
M = ρVd (9.288)
= ρπR2 L (9.289)
m = ρVe (9.290) Figura 9.48: Roda de Maxwell, visão
2 frontal.
= ρπr `, (9.291)
M ρπR2 L
= (9.292)
m ρπr2 `
2
R L
= . (9.293)
r `
2 + λ2 γ
a= · g, (9.294)
3 + (1 + λ2 /2)λ2 γ
328 notas de aula
onde definimos
λ ≡ R/r (9.295)
γ ≡ L/`. (9.296)
Um caso particular da expressão obtida acima para a aceleração
é aquele em que λ = R/r → 1, ou seja, temos um simples cilindro.
Nesse caso temos que
2+γ
a→ ·g (9.297)
3 + (1 + 1/2)γ
2+γ
→ ·g (9.298)
3 + 3γ/2
2 1 + γ/2
→ · ·g (9.299)
3 1 + γ/2
2
→ · g. (9.300)
3
Note que esse é o mesmo resultado que se obtém ao usar I = MR2 /2,
com M = mt e R = r na Equação (9.283).
1 N 2 1 N
2 i∑
m i v
(~ i
CM ) =
2 ∑ mi (ωr⊥i )2 (9.307)
=1 i =1
1 N
" #
mi r ⊥ ω 2 ,
i
2 i∑
= (9.308)
=1
N N
" #
i i
∑ mi~vCM · ~vCM = ∑ mi~vCM · ~vCM (9.310)
i =1 i =1
31
N O momento linear total de um sistema
" #
i
= ∑ ~pCM · ~vCM . (9.311) é igual ao momento linear de seu cen-
tro de massa e pode ser escrito como
i =1
~Psis = M~vCM , mas a velocidade do cen-
Note, no entanto, que a soma dos momentos lineares das partículas tro de massa em relação ao referencial
fixado no próprio centro de massa é ob-
no referencial do centro de massa é igual ao momento linear total do viamente zero!
sistema nesse referencial, porém o momento linear total de um sistema
no referecial de seu próprio centro de massa é zero.31 Concluímos
então que para um corpo rígido qualquer, podemos determinar sua
energia cinética como
∆E = WNC (9.313)
= 0, (9.314)
o que resulta em
Ei = E f . (9.315)
330 notas de aula
1 2
K= Iω . (9.316)
2
L 1 mL2 2
mg = ωf , (9.320)
2 2 3
o que resulta em
r
3g
ωf = . (9.321)
L
p Ip ω2
Krot = (9.322)
2
( I + h2 M ) ω 2
= CM (9.323)
2
I ω2 Mh2 ω 2
= CM + . (9.324)
2 2
O primeiro termo na expressão acima corresponde à energia cinética
de rotação em torno do centro de massa. Já o segundo, se considerar-
mos que vCM = hω, nos dá a energia cinética associada à translação
do centro de massa. Assim,
p CM CM
Krot = Krot + Ktrans . (9.325)
No caso das tensões, sabemos que elas aparecem aos pares, atuando y=0
em corpo diferentes34 . Como as forças do par ação-reação têm mesmo ~P1
módulo e direção, porém têm sentidos diferentes, sabemos que seus Figura 9.51: Se não pudermos desprezar
trabalhos se cancelam, uma vez que o deslocamento é igual para a massa da polia, ao determinar a ener-
ambos os corpos. gia mecânica no sistema acima, devemos
levar em conta a energia cinética asso-
Precisamos também considerar o trabalho feito pela força de atrito ciada à rotação da polia. Note também
entre a corda e a polia. Novamente, podemos simplesmente lembrar que os trabalhos das forças de tensão
e de atrito se cancelam (na figura não
que existe um par ação-reação onde uma das forças atua sobre a polia, mostramos as reações das tensões).
enquanto a outra atua sobre a corda. Como ambas têm o mesmo 34
Para uma corda real devemos dividi-la
módulo e direção, porém sentidos opostos, e o deslocamento de em segmentos que interagem uns com
os outros através de forças de ação e
ambos os corpos é o mesmo, verificamos que o trabalho total devido reação. Imagine a interação entre os elos
ao atrito também é zero. de uma corrente.
Finalmente, como concluímos que WNC = 0, sabemos que a energia
mecânica se conserva. Assim,
Ei = E f (9.326)
i i f f f f f
Kt,1 + Kt,2 + Kri + Ug,1
i i
+ Ug,2 = Kt,1 + Kt,2 + Kr + Ug,1 + Ug,2 .
(9.327)
Como o sistema parte do repouso, as energias cinéticas iniciais são
nulas. A posição inicial do bloco 1 coincide com a origem do eixo
vertical y, assim como a posição final do bloco 2. Assim, podemos
simplificar a expressão acima, obtendo
i f f f f
Ug,2 = Kt,1 + Kt,2 + Kr + Ug,1 . (9.328)
332 notas de aula
m1 v21, f m2 v22, f Iω 2f
m2 gd = + + + m1 gd. (9.329)
2 2 2
As velocidades dos blocos são as mesmas, pois estão ligados por
uma corda inextensível. Além disso, a velocidade da borda da polia
é a mesma que a da corda, se não há deslizamento. Podemos então
utilizar essas observações para reescrever a expressão acima como
9.6 Rolamento
35
Para superfícies sujeitas a curvaturas,
o ponto de contato entre a superfície e
o corpo mudará de posição, o que com-
Assim como no caso da Roda de Maxwell, no rolamento há um
plica a análise do problema. vínculo entre o movimento de rotação e o de translação, caso o
movimento ocorra sem deslizamento. Nesse caso, o deslocamento do
centro de massa está vinculado ao deslocamento angular. Vamos
considerar aqui somente rolamentos que ocorrem sobre superfícies
planas.35
ω ω Matematicamente, o vínculo entre o deslocamento angular e o
deslocamento do centro de massa, pode ser descrito através de (veja a
θ
x Figura 9.52)
∆xCM = r θ, (9.333)
∆xCM
onde o eixo x é um eixo paralelo à superfície sobre a qual o corpo rola,
Figura 9.52: Se um corpo rola sem desli-
zar, o deslocamento do centro de massa r é o raio do corpo, e os deslocamento translacional e rotacional são
está ligado ao deslocamento angular representados por ∆xCM e θ, respectivamente. Essa relação se deve
através de ∆xCM = r θ.
ao fato de que, uma vez que não há deslizamento entre a superfície
do objeto que rola e a superfície de apoio, o arco percorrido s deve ter
o mesmo comprimento que o deslocamento ∆x (podemos pensar nas
distâncias que cobrem os pontos dos dois corpos que tiveram contato
entre si). Por outro lado, vemos que durante o rolamento, o centro
de massa se desloca por uma distância ∆x. Note que o deslocamento
angular deve ser medido em radianos, uma vez que a equação acima é
uma consequência da própria definição para um ângulo em radianos.
Para determinarmos as relações entre as velocidades e acelerações,
basta derivarmos a expressão acima em relação ao tempo, lembrando
rotações 333
d
vCM = ∆x (9.334)
dt CM
d
= rθ (9.335)
dt
= rω (9.336)
e
d
aCM = v (9.337)
dt CM
d
= rω (9.338)
dt
= r α. (9.339)
vb = r⊥ ω (9.340) y
= r ω, (9.341) ω
~vb x
e que tal resultado é exatamente igual ao módulo da velocidade do
centro de massa no refencial do solo: ~vs, CM
vb = vCM . (9.342)
y ω
Podemos compreender essa igualdade de maneira simples: se ~vCM, s
estivermos andando com uma bicicleta, estamos no referencial do x
centro de massa das rodas, uma vez que o quadro está preso aos Figura 9.53: Velocidades do solo e da
eixos que passam por seus centros de massa. Quando olhamos para o borda no referencial do centro de massa,
e do centro de massa no referencial do
solo, vemos que ele se desloca para trás no eixo horizontal com uma solo. Note em especial que ~vs, CM =
velocidade ~vs, CM = −~vs, CM em relação ao centro de massa da roda −~vCM, s .
(Figura 9.53 superior). Se não ocorre deslizamento, a velocidade da
borda da roda no ponto de contato também é para trás, com a mesma
velocidade. Logo,
~vb = ~vs, CM . (9.343)
Já no referencial do solo (Figura 9.53 inferior), temos claramente que
o centro de massa de desloca com uma velocidade ~vCM, s dada por
ou seja,
~rCM, s = d ı̂ + R ̂. (9.352)
Assim,
o que resulta em
d = R θ. (9.357)
Assim, obtemos 36
Veja que esse conceito não é tão estra-
nho assim: quando descrevemos uma
~r P, s = ( R θ − r⊥ sen θ ) ı̂ + ( R − r⊥ cos θ ) ̂. (9.358) trajetória como uma função do tempo
~r (t), isso é um exemplo de uma equação
Veja que a equação acima não é uma função do tempo, mas sim uma paramétrica com um parâmetro t.
d
~v P, s = ~r P, s (9.359)
dt
d
= [( R θ − r⊥ sen θ ) ı̂ + ( R − r⊥ cos θ ) ̂] (9.360)
dt
dθ dθ dθ
= R − r⊥ cos θ ı̂ + r⊥ sen θ ̂. (9.361)
dt dt dt
336 notas de aula
Caso a x 6= 0: Se o objeto que rola for uma roda de bicicleta, por Figura 9.57: Forças de atrito no ponto de
contato com o solo para um corpo que
exemplo, ao frearmos deve agir sobre algum ponto da roda uma rola sem deslizar. Note que as figuras
força dirigida para trás, que será responsável por desacelerar o correspondem ao caso em que o próprio
atrito é o responsável pela aceleração,
centro de massa do sistema38 . Claramente essa força será uma
como no caso da roda motriz de um
força de atrito que atuará no ponto de contato da roda com o solo. veículo (a roda traseira de uma bicicleta,
Se, por outro lado, o ciclista resolver acelerar a bicicleta, deverá por exemplo).
38
As forças exercidas sobre as rodas seja
aparecer uma força de atrito no ponto de contato da roda com o pelos freios da bicicleta, seja pelo ciclista,
solo, dirigida para frente39 . são forças internas e não são capazes de
alterar a velocidade do centro de massa
Concluímos então que no caso de um rolamento em um plano ho- da roda/bicicleta.
39
rizontal, do ponto de vista de translação, as forças que aceleram ou Na roda motriz, ou seja, a traseira; na
da frente o atrito é para trás, pois deve
desaceleram o centro de massa são forças de atrito no ponto de contato causar uma aceleração angular da roda,
com o solo. veja a discussão abaixo.
338 notas de aula
~
Analisando a rotação do sistema, temos que
r N
onde usamos que τ = r f at sen 90°. Note que o torque tende a causar
uma rotação no sentido horário e é, portanto, negativo. Adicionamos
um sinal para refletir tal convenção. Além disso, para o rolamento
temos que
aCM = r α. (9.392)
sen θ
aCM = g. (9.395)
1 + I/(mr2 )
I = f MR2 , (9.403)
1 2 1 v2f
mgd sen β = mv f + f mr2 2 (9.414)
2 2 r
1 2 1 2
gd sen β = v f + f v f (9.415)
2 2
2gd sen β = (1 + f )v2 (9.416)
2gd sen β
= v2 . (9.417)
1+ f
rotações 343
Finalmente, s
2gd sen β
v= . (9.418)
1+ f
9.7 Exercícios
Momento de inércia
Plano: Ler o Kleppner. Depois disso, listar as questôes em aberto do capítulo anterior (como, por exemplo, o fato
não explicado de que podemos calcular a velocidade anguar da haste que cai considerando o mov. do CM junto com
a rotação em torno do CM ou a rotação em torno do eixo de rotação propriamente dito, que passa na extremidade
da haste). Depois disso, listar os tópicos abordadeos pelo Kleppner e fazer uma lista minha. A ideia é deixar todo o
movimento de rotação “simples” no capítulo anterior. Depois vem o capítulo de momento angular.
10.1 Introdução
τ = Fr sen φ (10.1)
= Fc r sen φ (10.2)
mv2 Figura 10.2: Do ponto de vista de dinâ-
= L sen φ, (10.3)
r⊥ mica do movimento circular, para que
o centro de massa da esfera execute a
onde usamos a expressão que nos dá a intensidade da força centrípeta trajetória mostrada na figura, é neces-
sario que uma força ~Fc atue sobre ela,
em termo da velocidade e da massa de uma partícula. O raio do
apontando para o centro da trajetória.
círculo descrito pelo centro de massa da esfera é representado por
r⊥ . Também tomamos a distância entre a origem e o final da haste
como sendo L. Finalmente, vamos considerar que o raio re da esfera
é muito menor que L e é, portanto, desprezível. Podemos escrever
a velocidade do centro de massa da esfera em termos da velocidade
346 notas de aula
z
φ angular, o que resulta em
~Fc0
rk τ = mω 2 r⊥ rk . (10.4)
O
O que temos de mais notável nessa expressão é o fato de que
mesmo que a velocidade angular seja constante, temos que aplicar um
~Fc0
torque externo para que o sistema possa efetuar uma rotação em torno do
φ eixo z1 . Verificamos, portanto, que um torque externo não necessa-
riamente implica em uma aceleração angular. Podemos aqui traçar
Figura 10.3: A reação da força ~Fc atua
sobre a extremidade do haltere, provo- um paralelo com o caso da aceleração no movimento circular, em que
cando um torque que tende a girá-lo, de determinamos que podemos dividir a aceleração em duas componen-
maneira que a haste passe a ficar per-
pendicular ao eixo de rotação.
tes, uma que altera a direção do vetor velocidade, e outra que altera o
1
Uma maneira de fazer isso é se a haste seu módulo. Essa propriedade não é na verdade uma propriedade
do haltere estiver fixada em outra, na di- exclusiva da aceleração, mas sim uma propriedade dos vetores em
reção do eixo z, em torno da qual ocorre
a rotação. Tal haste, efetivamente o eixo
geral. Portanto, podemos interpretar a existência de um torque em
de rotação, deverá ser fixada por man- uma situação em que a velocidade angular é constante como um
cais que exercerão forças sobre o eixo indício de que o torque é uma grandeza vetorial, assim como as demais
de rotação, garantindo o torque necessá-
rio. Note também que a direção da força grandezas associadas às rotações.
está sempre contida no plano determi- Nas próximas seções, vamos definir uma nova grandeza, o momento
nado pela haste do haltere e pelo eixo
de rotação, portanto temos uma força
angular e verificaremos que a sua variação é determinada pelo torque.
que muda de direção com o tempo. Verificaremos também o caráter vetorial de tais grandeza, além de
uma nova lei de conservação. Finalmente, analisaremos o movimento
de precessão de um giroscópio, um fenômeno mecânico que foge
bastante à nossa intuição baseada em observações cotidianas.
` = r⊥ mv. (10.14)
10.3 Torque
x
~ri ~r j
γj
j
onde utilizamos v j = ωr⊥ – lembre-se que ω é constante e igual para
todas as partículas que compõe um corpo rígido –. Dessa forma,
350 notas de aula
Rever isso, acho que não cabe aqui, estamos tratando uma par-
tícula e o referencial, não faz sentido falar em velocidade relativa
nesse contexto (afinal, é só considerar o referencial fixo, e a par-
tícula se movendo):Percebemos portanto que a escolha da origem
do sistema de coordenadas influi duplamente na determinação do
momento angular: temos influência tanto na determinação do vetor
posição, quanto no vetor momento linear, uma vez que podemos ter
valores diferentes de momento linear em dois referenciais diferentes,
dependendo da velocidade relativa entre eles.
Para que possamos simplificar o tratamento dos problemas, no
entanto, temos um ponto no qual podemos fixar o referencial: o
centro de massa. Podemos entender por que tal escolha é a mais
adequada se considerarmos o momento angular ~L de um conjunto de
5
Assim como fazemos com a velocidade, partículas. Nesse caso temos5
ou com o momento linear, a grandeza
relativa ao sistema é dada pela soma da N
mesma grandeza relativa a cada partí- ~L = ∑ ~`i (10.24)
cula. Assim, o momento angular de um i =1
conjunto de partículas é definido como a N
soma dos momentos angulares de cada
partícula.
= ∑ ~ri × ~pi . (10.25)
i =1
~p1
Conforme mostrado nas Figuras 10.9 e 10.10, podemos denotar a
posição como a soma do vetor posição do centro de massa, mais um
~p2 vetor posição em relação ao centro de massa, isto é,
~r1
~r = ~rCM +~r 0 , (10.26)
~r2
de onde obtemos
O N
Figura 10.9: Posições de duas partículas ~L = ∑ ~ri × ~pi (10.27)
dadas em relação à origem O. Note que i =1
o produto vetorial determina um mo- N
mento angular que entra na página para
a partícula 1, e um que sai da página
= ∑ (~rCM +~r0 ) × ~pi (10.28)
i =1
para a partícula 2 (não mostramos tais
N N
vetores).
∑ [~rCM × ~pi ] + ∑
0
~r × ~pi . (10.29)
=
~p1 i =1 i =1
~r10
~r20
~rCM ~p2
momento angular 351
N
~LCM = ∑ [~rCM × ~pi ] (10.30)
i =1
= ~rCM × ~PCM , (10.31)
Finalmente,
~L = ~LCM + ~L0 . (10.33)
~r j
Discutir dois discos caindo um sobre o outro. Veja que tem o caráter
vetorial que precisa ser explorado aqui. Podemos discutir o cálculo
momento angular 353
qual o torque é uma grandeza vetorial. Se não fosse esse o caso, o descrições, o que é um giroscópio,
falar como é impressionante, etc.
movimento não poderia ser explicado. Na figura ao lado, mostramos
um desenho esquemático de um giroscópio, com as forças e torques
que atuam sobre ele quando ele está parado. Verificamos que há
um torque na direção y e que – ao liberarmos a movimentação do
sistema – será responsável por girar o giroscópio em torno desse eixo,
dotando-o de um momento angular ~L também na direção de y.
No caso de o giroscópio já estar girando antes de o soltarmos, já
teremos um momento angular inicial ~L na direção do eixo do disco
do giroscópio. Sabemos que nesse caso
~L = I ω
~. (10.34)
e portanto,
dL = Mgr dt. (10.38)
ds = Ldφ. (10.40)
354 notas de aula
Logo,
dL
dφ = (10.41)
L
Mgr dt
= , (10.42)
Iω
e, consequentemente,
dφ Mgr
Ω≡ = . (10.43)
dt Iω
Bibliografia