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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO


CENTRO DE ARTES
ARQUITETURA E URBANISMO

NATÁLIA DE PAULA MENEZES E SARA DE MEDEIROS PEREIRA

RELATÓRIO REFERENTE À VISITA AO CENTRO HISTÓRICO E CULTURAL DE


VITÓRIA - ESPÍRITO SANTO

Vitória, 18 de novembro de 2022.


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NATÁLIA DE PAULA MENEZES E SARA DE MEDEIROS PEREIRA

RELATÓRIO REFERENTE À VISITA AO CENTRO HISTÓRICO E CULTURAL DE


VITÓRIA - ESPÍRITO SANTO

Trabalho apresentado na disciplina de Teoria e


História da Arquitetura e Urbanismo II no curso de
graduação em Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal do Espírito Santo.

Orientadora: Dra. Clara Luiza Miranda

Vitória, 18 de novembro de 2022


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SUMÁRIO

1. HISTÓRIA DO SÍTIO COSTA PEREIRA E CIDADE ALTA 4

2. IMPRESSÕES DOS EDIFÍCIOS VISITADOS 7

2.1. PALÁCIO DA CULTURA SÔNIA CABRAL 7

2.2. IGREJA SÃO GONÇALO 11

2.3. PALÁCIO ANCHIETA 12

2.4. CATEDRAL METROPOLITANA DE VITÓRIA 13

2.5. CENTRO CULTURAL SESC GLÓRIA 14

2.6. MUSEU DE ARTES DO ESPÍRITO SANTO 15

2.7. FAFI 16

3. ANÁLISE DO PALÁCIO DA CULTURA SÔNIA CABRAL 17

6. REFERÊNCIAS 20

1. HISTÓRIA DO SÍTIO COSTA PEREIRA E CIDADE ALTA


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Sabe-se que o Centro de Vitória surgiu na região conhecida como Cidade Alta, região
colonizada pelos portugueses a partir do ano de 1550. A concentração populacional e a
construção de edifícios na região foi motivada pelos jesuítas, como a construção do
Colégio de Santiago, iniciada em 1551, atualmente conhecido como a sede do governo
estadual Palácio Anchieta (imagem 1), situado na antiga praça Afonso Braz - hoje
praça João Clímaco (imagem 2).

Imagem 1 - Palácio Anchieta

Imagem 2 - Praça João Clímaco


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Com o crescimento populacional e expansão da área central do estado, a região se


separou em duas, tornando-se então Cidade Alta e Cidade Baixa. Dessa forma,
durante a década de 1920 houve a necessidade de expansão da região, que já se
encontrava saturada, por isso iniciou-se as obras de aterros aos mangues que
circundavam a Cidade Alta.

Imagem 3 - Antigas casas coloniais da Cidade Alta

Dessa forma, com as novas áreas entende-se que o centro de Vitória separou-se em
zonas. Do lado ocidental foi instalado o Parque Moscoso, para onde se dirigiram às
famílias mais bem sucedidas. Para a Vila Rubim se dirigiram os portuários. Em direção
à rua Sete de Setembro, os funcionários públicos. Do lado oriental, onde hoje é a Praça
Costa Pereira (imagem 6), ficava a Prainha e o Forte São Diogo, atual Escadaria São
Diogo (imagem 4 e 5), região que era conhecida como Largo da Conceição.
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Imagem 4 - Escadaria São Diogo

Imagem 5 - Escadaria São Diogo


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Imagem 6 - Praça Costa Pereira

2. IMPRESSÕES DOS EDIFÍCIOS VISITADOS

2.1. PALÁCIO DA CULTURA SÔNIA CABRAL

O antigo Palácio Domingos Martins, localizado na praça João Clímaco, correspondia à


antiga Assembléia Legislativa do estado do Espírito Santo, como é possível observar
pelos elementos em seu interior que remetem ao seu contexto histórico (imagem 8).
Esse foi construído a partir do ano de 1912 e possui estilo arquitetônico eclético
(imagem 7).
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Imagem 7 - Palácio da Cultura Sônia Cabral

Imagem 8 - Adornos no interior do edifício

O edifício está localizado em uma ladeira e possui uma escadaria em mármore em sua
entrada. A fachada principal é simétrica e possui o formato composto por um cilindro ao
centro e paralelepípedos nas laterais. Além disso, possui uma cúpula ao topo, do qual
possui uma outra cúpula menor acima.
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O edifício possui muitos adornos em sua fachada, como arandelas, balaústres,


arquivoltas, frontão acima das portas, além de esculturas e arabescos.

O interior do edifício recebe grande iluminação natural devido às inúmeras aberturas


que o palácio possui (imagem 9 e 10).

Imagem 9 - Fachada lateral

Imagem 10 - Interior do edifício


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As fachadas laterais do palácio, diferentemente da fachada frontal, possuem


assimetria. Também é possível observar a presença de rosáceas (imagem 11) e
colunatas (imagem 9).

Imagem 11 - Rosácea

Ainda, ao entorno do Palácio Sônia Cabral é possível notar a presença de inúmeros


edifícios representantes do estilo arquitetônico protomoderno (imagem 12), arquitetura
que surgiu no Brasil entre os anos 1930 e 1955, rompendo com o ecletismo historicista
até então vigente durante o século XX.

Imagem 12 - Edifícios protomodernos


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2.2. IGREJA SÃO GONÇALO

Construída em pedra e cal, teve sua construção concluída em 1766. Anteriormente, havia no local a
Capela de Nossa Senhora do Amparo e da Boa Morte, erguida possivelmente em 1707. A igreja
possui estilo arquitetônico barroco (imagem 13). Em 1948 foi tombada pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Imagem 13 - Igreja São Gonçalo

A fachada principal possui 3 portas em madeira, além de 3 janelas. A fachada lateral possui
algumas janelas, uma porta e uma torre sineira (imagem 14).

Imagem 13 - Fachada lateral da igreja


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2.3. PALÁCIO ANCHIETA

Sabe-se que até 1759, o Palácio Anchieta abrigava o antigo Colégio de São Tiago,
conjunto que começou a ser erguido em 1570. Desde então, o edifício passou por
inúmeras reformas e modificações, sendo a principal delas durante o governo de
Jerônimo Monteiro (1908 -1912), que deu ao edifício o estilo arquitetônico eclético
(imagem 14). O edifício foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura em 1983.

Imagem 14 - Palácio Anchieta

O edifício possui em suas fachadas uma assimetria em relação às aberturas e à


proporcionalidade (imagem 14). Possui também em sua fachada frontal uma grande
escadaria composta por inúmeros balaústres. Além disso, é possível observar em sua
fachada lateral, onde possui uma entrada alternativa, a presença de colunas
adossadas nos estilos dórico, jônico e coríntio. Também possui inúmeros adornos,
frontões acima das portas, arandelas, balaústres e outros elementos em sua
composição (imagem 15).
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Imagem 15 - Fachada lateral do edifício

2.4. CATEDRAL METROPOLITANA DE VITÓRIA

Inicialmente em seu lugar havia uma capela, datada por volta do ano de ano 1550. A capela foi
elevada a igreja matriz no início do século XVIII, mas no final do mesmo século foi demolida, dando
lugar a uma nova igreja matriz no local, de estilo arquitetônico colonial, que existiu ali até 1918. A
igreja, que recebeu o título de catedral, foi novamente demolida, dando lugar a uma igreja maior, de
estilo arquitetônico neoclássico (imagem 16).

Imagem 16 - Catedral Metropolitana de Vitória


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A catedral, tombada pelo Conselho Estadual de Cultura em maio de 1984, possui em suas
fachadas elementos típicos do estilo arquitetônico vigente (imagem 17), como pináculos,
arquivoltas, rosáceas, duas torres laterais pontiagudas e uma torre central, onde possui um grande
vitral acima da entrada principal. Além disso, possui também planta em formato de cruz, colunatas e
esculturas angelicais.

Imagem 17 - Fachada lateral do edifício

Em seu interior é possível notar a presença de vitrais e cúpulas ogivais, além do piso
ser composto de inúmeros desenhos decorativos.

2.5. CENTRO CULTURAL SESC GLÓRIA

Localizado na praça Costa Pereira e próximo à Baía de Vitória, o edifício foi projetado
entre 1924 e 1928. De estilo arquitetônico eclético, foi o primeiro edifício com mais de
cinco andares em Vitória, representando então um grande marco para a cidade.

O teatro possui estrutura de concreto armado e possui revestimento em pó de pedra.


Além disso, possui inúmeras aberturas em seu corpo, o que garante grande iluminação
natural em seu interior. Possui também uma cúpula metálica acima do coroamento,
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onde também existe a presença de aberturas. Em sua base se localiza a entrada do


edifício (imagem 18).

Imagem 18 - Sesc Glória

O edifício está localizado em uma esquina (Av. Jerônimo Monteiro e Rua Gonçalves
Dias), por isso, ganha destaque e magnitude em relação à sua dimensão, já que o
edifício aproveita o formato do terreno.

2.6. MUSEU DE ARTES DO ESPÍRITO SANTO

Patrimônio Cultural do Estado do Espírito Santo, pertencente à estrutura organizacional


da Secretaria de Estado da Cultura – Secult, está o Museu de Artes do Espírito Santo
(MAES), sediado em um prédio tombado pelo patrimônio do Estado, que existe há mais
de 80 anos, pertencente ao estilo arquitetônico eclético.

O edifício, por estar localizado em uma esquina (Av. Jerônimo Monteiro e Rua Barão de
Itapemirim) possui uma verticalidade na fachada principal e horizontalidade nas
fachadas laterais. Na esquina, possui também uma entrada principal e imponente. É
possível notar ainda na fachada frontal a presença de uma abertura no primeiro e
último pavimento. Da mesma forma, as fachadas laterais possuem inúmeras aberturas,
o que garante grande iluminação natural para a área do museu (imagem 19).
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Imagem 19 - Museu de Artes do Espírito Santo

Em seu interior existe uma escada em madeira na recepção que dá acesso à área da
galeria, que fica no primeiro pavimento.

2.7. FAFI
De estilo arquitetônico eclético, a construção do edifício ocorreu entre 1925 e 1926. Na
década de 50 deu lugar à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que no início da
década de 70 foi transferida para o campus universitário. Em 1982 foi tombado pelo
Conselho Estadual de Cultura. Atualmente, está em funcionamento no edifício a Escola
Técnica Municipal de Teatro, Dança e Música.
Sua entrada principal encontra-se na Avenida Jerônimo Monteiro. Nessa fachada
frontal é possível observar a presença de 3 frontões, inúmeras aberturas, colunas
adossadas, balaústres e esculturas. Além disso, o edifício possui simetria em sua
fachada frontal (imagem 20).

Imagem 20 - FAFI
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3. ANÁLISE DO PALÁCIO DA CULTURA SÔNIA CABRAL

O Palácio da Cultura Sônia Cabral, antigo palácio Domingos Martins, fica localizado na
Rua Pedro Palácio, esquina com a Muniz Freire, no Centro. O Palácio Domingos
Martins foi inaugurado em 1912, por ordem do governador Jerônimo Monteiro com o
projeto de André Carloni. As duas imagens abaixo mostram o entorno do palácio no
ano de 1936 e 2022.

Imagem 21 - Palácio em 1936

Imagem 22 - Palácio em 2022

Antes da construção, na área localizava-se a Igreja Nossa Senhora da Misericórdia,


fundada em 1605. Em 1911, por determinação do Presidente do Estado, Jerônimo
Monteiro, o prédio da Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia foi demolido. Foi
mantida apenas a laje do primeiro piso, para ser construída a Assembleia Legislativa,
obra encomendada por Jerônimo Monteiro. O sítio é inclinado e a implantação ocupava
toda projeção do terreno.
O entorno é constituído de edifícios importantes para arquitetura capixaba: a Catedral
Metropolitana de Vitória, o Fórum Muniz Freire e o Palácio Anchieta. Até os anos 1930,
o Palácio Domingos Martins se destacava na paisagem, principalmente pela presença
da cúpula. Desde a inauguração, suas fachadas sofreram poucas alterações, a não ser
mudanças nas cores empregadas. No entanto, o interior foi bastante modificado.
Analisando os Elementos de Composição observa-se que o volume é formado por um
paralelepípedo, um cilindro e um prisma trapezoidal, que são dispostos sendo o
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paralelepípedo o corpo principal, o cilindro semi-implantado e o volume trapezoidal, que


constitui um anexo lateral.
A fachada principal é composta pelo cilindro que demarca a entrada e traz
verticalidade, enquanto as fachadas laterais são definidas pela horizontalidade. Na
fachada principal estão representados os elementos simbólicos e ornamentais, como a
presença da cúpula, da lanterna e do armoriado.

Imagem 23 - Elementos de composição

Imagem 24 - Ornamentos

Internamente, a planta é estruturada em níveis e desníveis, e por isso, a circulação


vertical é feita por muitas escadas e a circulação horizontal não é uniforme. No primeiro
pavimento, destinado aos serviços de apoio, a circulação é caracterizada por um eixo
longitudinal e no segundo, a planta é menos compartimentada, provendo fluidez na
circulação.
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Imagem 25 - Circulação

Imagem 26 - Circulação

A construção possui três acessos: o principal bem marcado por elementos já citados
anteriormente; outro pela Rua Pedro Palácios, de acesso ao pequeno subsolo formado
pelo desnível entre as ruas laterais (muito mais baixa do que a Rua Muniz Freire), é
composto por áreas de apoio técnico, como almoxarifado, arquivo e central telefônica;
além do terceiro acesso pelos fundos e de acesso direto ao segundo pavimento, que
era usado para entrada do público no plenário.
Constata-se uma predominância dos maciços sobre as aberturas, o que influi na
luminosidade e ventilação natural do edifício. A fachada principal é posicionada na
direção nordeste, e as paredes autoportantes amenizam a absorção de calor no interior
do edifício.
A diferenciação das superfícies do prédio é feita através do tratamento diferenciado nos
ornamentos, o que resulta em uma superposição hierárquica. O embasamento é
menos expressivo do que o corpo, que é mais ornamentado e o coroamento a parte
mais nobre da edificação, principalmente pela presença da cúpula. Conclui-se que os
pavimentos se tornam mais significativos de baixo para cima, que a fachada principal
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possui maior expressão do que as demais. Isso também é válido na hierarquização da


divisão interna dos usos do edifício.
Os sistemas proporcionais estão mais presentes na fachada principal, através de um
sistema modular, até mesmo devido sua importância hierárquica. Na fachada Pedro
Palácios a modulação não é rigorosa, pois os módulos possuem medidas aproximadas,
o que resulta em uma proporção apenas visual, reforçado pela disposição das janelas,
o que pode ser observado na última figura. A fachada da Rua Muniz Freire, entretanto,
é praticamente desprovida de sistema proporcional.

Imagem 27 - Fachada Principal

Imagem 28 - Fachada Pedro Palácios

Observa-se que existe uma intenção clara do arquiteto em valorizar a fachada principal,
pois ela também é destacada pelo princípio de simetria bilateral.
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6. REFERÊNCIAS

1 MIRANDA, Clara Luiza. Análise do Palácio Domingos Martins.

http://portal.iphan.gov.br/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Centro_(Vit%C3%B3ria)

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