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2008 Informática
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Universidade de Aveiro Departamento de Electrónica, Telecomunicações e
2008 Informática
ii
Dedico este trabalho à memória da minha Mãe.
iii
o júri
iv
agradecimentos Agradeço à Professora Susana Sargento, que sempre se mostrou disponível
para esclarecer quaisquer dúvidas, dando sempre as melhores orientações
para que o trabalho corresse bem.
Agradeço também à minha família, cujo apoio ao longo de todo o meu trajecto
académico foi inexcedível.
v
palavras-chave WiMAX, 802.16, OFDM, OFDMA, Planeamento Celular, Modelos de tráfego,
Classes de Serviço
resumo A área das telecomunicações tem sofrido uma evolução enorme nos últimos
anos. Tanto em termos de comunicações sem fios, como em termos de
ligações de banda larga, assistiu-se a uma adesão massiva por parte do
mercado, o que se traduziu num crescimento enorme, já que a tecnologia tem
que estar um passo à frente da procura, de forma a suprir as carências dos
consumidores. Assim, a evolução persegue um objectivo cada vez mais claro:
possibilidade de possuir conectividade de banda larga em qualquer lugar e
instante. Neste contexto, aparece a nova tecnologia WiMAX (Worlwide
Interoperability for Microwave Access) como uma possibilidade para atingir
este fim.
O assunto desta dissertação incide no estudo da tecnologia WiMAX, mais
concretamente o estudo da norma IEEE802.16 e soluções tecnológicas
existentes com o intuito de apresentar resultados possíveis para a
implementação de uma rede WiMAX. Foi desenvolvida uma aplicação para
projectar possíveis redes WiMAX, que permite simplificar e automatizar o
processo de planeamento de uma rede WiMAX.
Foram idealizados cenários de utilização com perfis bem definidos. São
apresentados resultados de possíveis implementações de uma rede WiMAX
nestes cenários. É também usada a aplicação desenvolvida para apresentar
resultados concretos de planeamento de uma rede WiMAX.
vi
keywords WiMAX, 802.16, OFDM, OFDMA, Cell Planning, Traffic Models, Classes of
Service
abstract The communication industry has suffered massive evolution throughout the
past years. This has happened both in wireless communications and
broadband wired communications, with major adoption by the market. This has
conducted into a big growth, because the technology must always be one step
ahead of the demand, in order to be capable of fulfilling the needs of the
consumers. Therefore, the evolution pursues one clear goal: the possibility to
establish a broadband connection anywhere and anytime. In this context, the
new WiMAX Worlwide Interoperability for Microwave Access) technology
appears as a possibility to reach this goal.
The subject of this thesis is the study of the WiMAX technology, and more
concretely the study of the IEEE802.16 standard and the existent technological
solutions in order to present possible solutions of a WiMAX network
deployment. An application has been developed to project a WiMAX network,
that allows to simplify and automatize the planning procedure of a WiMAX
network.
Some utilization scenarios were idealized, with well defined profiles. Results of
possible WiMAX deployment are presented, in the context of these scenarios.
There are also results of WiMAX planning through the use of the developed
application.
vii
Conteúdos
Agradecimentos v
Resumo vi
Índice de Figuras x
Índice de Tabelas xii
Acrónimos xiii
1. Introdução 1
1.1. Motivação 1
1.2. Objectivos 2
1.3. Estrutura da Dissertação 2
2. Norma IEEE802.16 5
2.1. Pequena Resenha Histórica 5
2.2. Camadas protocolares da norma IEEE 802.16 8
2.3. Arquitectura de Rede 9
2.4. Camada PHY 10
2.4.1. Interfaces 10
2.4.2. OFDM 11
2.4.3. Capacidade de um Sistema OFDM 14
2.5. Camada MAC 16
2.5.1. QoS e Classes de Serviço 18
2.6. Segurança no WiMAX 21
2.7. Aplicações do WiMAX 22
2.7.1. WMAN 22
2.7.2. Acesso à Banda Larga em Áreas Rurais 22
2.7.3. Outras aplicações 23
2.8. Sumário 25
3. Mobilidade 27
3.1. Subchannelization 29
3.2. Capacidade de um Sistema S-OFDMA 30
3.3. Soluções Tecnológicas 34
3.3.1. SISO 35
3.3.2. SIMO 35
3.3.3. MIMO 35
3.3.4. Adaptive Beamforming 36
3.4. Outros Aspectos Introduzidos pela Mobilidade 37
3.4.1. Handover 37
3.4.2. Características de poupança de energia 38
3.4.3. Serviços de Broadcast e Multicast 39
3.5 Sumário 39
4. Parâmetros para Planeamento de uma Rede WiMAX 41
4.1. Caracterização dos Serviços 41
4.2. Alcance e Cobertura 44
4.3. Sistemas Celulares 49
4.4. Análise do espectro disponível na viabilidade da tecnologia 50
4.5. Sectorização 52
4.6 Sumário 53
5. Planeamento Celular 55
5.1. Cenários Considerados e Parâmetros dos Serviços 55
5.2. Célula WiMAX para cada cenário 60
5.2.1. Cenário A (Rural Residencial) 61
5.2.2. Cenário B (Urbano Residencial) 67
5.2.3. Cenário C (Urbano Empresarial) 71
5.2.4 Cenário D (Urbano Misto) 75
5.3 Sumário 80
viii
6. Ferramenta de Planeamento de Redes WiMAX 81
6.1 Introdução 81
6.2. Estrutura da aplicação 82
6.3. Funcionamento 84
6.4 Implementação das funcionalidades da ferramenta 88
6.5. Resultados Práticos 92
6.6. Sumário 97
7. Conclusões e Trabalho Futuro 99
7.1 Conclusões 99
7.2. Trabalho Futuro 100
8. Referências 103
ix
Índice de Figuras
x
utilizadores e distância entre células (Cenário B)
Fig.5.20 – Capacidade da célula em função do número de utilizadores (Cenário C) 72
Fig.5.21 – Gráfico da variação do Número Máximo de utilizadores suportado por 72
uma célula com o alcance da mesma, para células com 1 e 3 sectores (Cenário C)
Fig.5.22 – Gráfico da variação da capacidade máxima suportada pela célula com a 73
área de cobertura da mesma, para células com 1 e 3 sectores (Cenário C)
Fig.5.23 – Gráfico da variação do Número Máximo de utilizadores suportado por 73
uma célula com a área de cobertura da mesma, para células com 1 e 3 sectores
(Cenário C)
Fig.5.24 – Gráfico da variação da densidade máxima suportada por uma célula, para 74
células de 1 e 3 sectores (Cenário C)
Fig.5.25 – Gráfico 3D que mostra a relação entre capacidade, número de 74
utilizadores e distância entre células (Cenário C)
Fig.5.26 – Capacidade da célula em função do número de utilizadores (Cenário D) 76
Fig.5.27 – Gráfico da variação do Número Máximo de utilizadores suportado por 76
uma célula com o alcance da mesma, para células com 1 e 3 sectores (Cenário D)
Fig.5.28 – Gráfico da variação da capacidade máxima suportada pela célula com a 77
área de cobertura da mesma, para células com 1 e 3 sectores (Cenário D)
Fig.5.29 – Gráfico da variação do Número Máximo de utilizadores suportado por 77
uma célula com a área de cobertura da mesma, para células com 1 e 3 sectores
(Cenário D)
Fig.5.30 – Gráfico da variação da densidade máxima suportada por uma célula, para 78
células de 1 e 3 sectores (Cenário D)
Fig.5.31 – Gráfico 3D que mostra a relação entre capacidade, número de 78
utilizadores e distância entre células (Cenário D)
Fig. 5.32 – Possível implementação de uma rede WiMAX com factor de reuso de 3 79
Fig. 6.1 – Fases de planeamento de uma rede celular 81
Fig. 6.2 – Diagrama simplificado do planeamento de uma rede celular 82
Fig. 6.3 – Vista da janela inicial da ferramenta de planeamento de uma rede WiMAX 84
Fig. 6.4 – Vista do separador “Perfis” da ferramenta de planeamento de uma rede 85
WiMAX
Fig. 6.5 – Vista do separador “Tecnologia” da ferramenta de planeamento de uma 86
rede WiMAX
Fig. 6.6 – Vista da ferramenta de cálculo 87
Fig. 6.7 – Parâmetros tecnológicos utilizados na simulação 92
Fig. 6.8 – Perfis de utilizador presentes na rede 93
Fig. 6.9 – Primeira solução apresentada pela ferramenta de planeamento celular 94
Fig. 6.10 – Solução possível apresentada pela ferramenta de planeamento celular, 95
com 3 sectores
Fig. 6.11 – Outra possível solução apresentada pela ferramenta de planeamento 95
celular
Fig. 6.12 – Outra possível solução apresentada pela ferramenta de planeamento 96
celular, com maior alcance
xi
Índice de Tabelas
xii
Acrónimos
xiii
1. Introdução
1.1. Motivação
A área das telecomunicações sofreu uma evolução enorme nos últimos anos.
No caso das comunicações móveis o número de utilizadores tem crescido de
forma exponencial, já que em 1990 registava-se um número na ordem dos 11
milhões de utilizadores, que
evoluiu para mais de 2 biliões
em 2005, como se pode ver
através da figura 1. Durante
este período também se
assistiu ao crescimento rápido
da Internet, que inicialmente
era um projecto meramente
Fig.1 – Crescimento mundial do número de utilizadores durante
o período de 1990-2006 para telefonia móvel, uso da Internet e académico e evoluiu para um
acesso à Banda Larga [3]
serviço completo com biliões
de utilizadores. Como é lógico, este crescimento da Internet conduziu à procura
de ligações cada vez mais rápidas que permitiram o desenvolvimento de cada vez
mais serviços baseados no uso da Internet. Paralelamente, desenvolveu-se a
utilização massiva de Banda Larga, alargando assim cada vez mais o espectro de
utilização da Internet e tornando os seus utilizadores cada vez mais exigentes. Já
com soluções ―wired” bastante consolidadas no mercado, surge então o conceito
de Broadband Wireless Access (BWA) como uma solução bastante promissora
para fornecer tanto ao utilizador final como a pequenas e médias empresas
ligações de alta velocidade. Torna-se também possível servir áreas cuja
implementação seria bastante difícil e/ou dispendiosa, como por exemplo áreas
de difícil acesso, ou zonas isoladas, tudo isto devido à natureza das ligações sem
fios. Torna-se assim bastante mais rápido implementar uma ligação de alta
velocidade, com características importantes como escalabilidade e flexibilidade.
Neste contexto, a tecnologia WiMAX (Worlwide Interoperability for Microwave
Access) surge como uma tecnologia BWA, com características poderosas em
termos de desempenho, na medida em que é capaz de fornecer taxas de
transferência elevadas de dados a grandes distâncias e para vários utilizadores
em simultâneo (em cenários com ou sem linha de vista). Tem, então, potencial
1
para não só se afirmar como uma tecnologia-chave para os ambientes móveis da
próxima geração, mas também fornecer uma alternativa viável e mais económica
às ligações convencionais DSL ou Cabo.
Para implementar uma rede WiMAX e tirar partido de todas as suas
funcionalidades, é necessário haver um estudo prévio bastante cuidado. O
planeamento celular depende não só de aspectos relacionados com a tecnologia
mas também de muitos outros aspectos relacionados com o ambiente onde é
implementada a rede, já que a existência de vários obstáculos poderá condicionar
de sobremaneira o desempenho e alcance da mesma. Para além disso, também
têm que ser levados em linha de conta os requisitos que é necessário satisfazer,
para que a rede possa servir todos os potenciais utilizadores.
1.2. Objectivos
Os objectivos desta dissertação prendem-se com o estudo da norma
IEEE802.16, para dessa forma poder apontar quais as soluções tecnológicas que
oferece, projectar uma rede sem fios de dimensão metropolitana e desenvolver
uma ferramenta que optimize este processo. Outro dos objectivos passa por
abordar a questão da mobilidade, fundamentando quais as bases em que esta
assenta, na tecnologia WiMAX.
2
O capítulo 7 apresenta as conclusões finais após o desenvolvimento do
trabalho, bem como o trabalho futuro.
3
4
2. Norma IEEE802.16
Este capítulo tem como objectivo oferecer uma perspectiva geral acerca da
norma IEEE 802.16, apresentando algumas das características mais importantes.
É, por outro lado, também onde é introduzido o estudo camada física,
apresentando cálculos que serão importantes em capítulos seguintes.
O capítulo encontra-se organizado da seguinte forma: inicialmente, na secção
2.1, é feita uma pequena introdução em que se fala da evolução da tecnologia
desde o seu aparecimento. De seguida, em 2.2, são apresentadas as camadas
protocolares da norma, com uma explicação acerca de cada uma. A arquitectura
de rede vem a seguir (2.3), mostrando as possíveis topologias que o WiMAX
suporta. A secção 2.4 subdivide-se em três partes principais: uma das quais fala
acerca das interfaces existentes na tecnologia WiMAX, e as outras duas focam-se
no estudo de Orthogonal Frequency Division Multiplexing (OFDM). Destaca-se a
secção de capacidade de um sistema OFDM, pois são realizados cálculos que
mais à frente serão importantes. A secção 2.5 tem como assunto a camada de
controlo de acesso ao meio, introduzindo também o assunto de qualidade e
classes de serviço. A secção 2.6 dá uma vista geral acerca de aspectos de
segurança que a tecnologia contempla. Por fim, a secção 2.7 apresenta várias
aplicações possíveis do WiMAX, desde a cobertura de áreas metropolitanas até
ao acesso a áreas rurais.
5
No entanto, o grupo de trabalho referido é responsável por criar
especificações para a família de normas IEEE 802.16, mas não é responsável por
testá-las. Nesse sentido, foi criado em 2001 um grupo industrial denominado
WiMAX Forum. A sua missão é desenvolver e certificar produtos baseados neste
standard, tendo como objectivo estabelecer compatibilidade e interoperabilidade
total entre eles. Apesar do WiMAX Forum ter como objectivo o teste de
equipamentos, desde então a palavra WiMAX e a norma IEEE 802.16 são
facilmente associados como sinónimos, provavelmente por WiMAX ser uma
palavra mais acessível.
6
aspectos. Entre eles a melhoria do controlo de acesso ao meio, que suportava
múltiplas especificações na camada física na faixa de 2-11 GHz. Passou então a
ser possível operação sem linha de vista (NLOS) devido à inclusão de gamas
inferiores a 11GHz, extendendo também o alcance geográfico da rede. Surgiram
então novos desafios, como o estudo de fenómenos que degradam o sinal, o que
motivou a inclusão de novas funcionalidades, como técnicas avançadas de
controlo de potência e técnicas de antenas adaptativas. Apareceu também a
opção de implementação de OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplexing),
sendo alternativa à modulação single carrier.
Em 2004 apareceu a norma IEEE802.16d, mais tarde designada por IEEE
802.16-2004. Esta substituiu as versões anteriores, consolidando-as, assumindo-
se como uma solução de WiMAX fixo. Já em 2005 o grupo de trabalho aprovou a
norma IEEE802.16e-2005, cujas mais valias introduzidas diziam respeito ao
suporte de mobilidade, oferecendo, assim, soluções nómadas e móveis para a
tecnologia. A evolução não se ficou por aqui, no entanto no âmbito desta
dissertação as normas IEEE802.16-2004 e IEEE802.16e-2005 são as mais
importantes.
IEEE 802.16- IEEE 802.16ª IEEE802.16-2004 IEEE802.16e-
2001 2005
Ano (Dezembro) 2001 (Janeiro) 2003 (Junho) 2004 (Dezembro) 2005
Espectro 10-66 GHz 2-11 GHz 2-11 GHz 2-6 GHz
Condições de LOS NLOS NLOS NLOS
Canal
Esquemas de Single Carrier Single Carrier, Single Carrier, Single Carrier,
transmissão 256 OFDM 256 OFDM ou 256 OFDM ou S-
2048 OFDM ODMA com
128,512,1024 ou
2048
subportadoras
Modulação QPSK, 16-QAM, BPSK, QPSK, BPSK, QPSK, 16- QPSK, 16-QAM,
64 QAM 16-QAM. 64- QAM, 64-QAM, 64-QAM, 256-
QAM, 256-QAM 256-QAM QAM
Mobilidade Fixo Fixo Fixo / Nómada Nomáda / Móvel
Tabela 2.1: Evolução da norma IEEE 802.16
7
2.2. Camadas protocolares da norma IEEE 802.16
A norma IEEE 802.16 tem a sua estrutura protocolar bastante bem definida e
cobre as 2 camadas inferiores no modelo OSI: MAC e PHY. A camada MAC tem
como responsabilidade a determinação de qual Subscriber Station (SS) pode
aceder à rede e divide-se em 3 subcamadas, que são Service Specific
Convergence Sublayer (CS), MAC Common Part Sublayer (CPS) e Security
Sublayer, tal como se pode verificar na figura 2.1.
A primeira (CS) transforma dados recebidos através de CS Service Access
Point (SAP) em pacotes MAC. Esta transformação mapeia informação externa em
informação IEEE 802.16 MAC, como fluxos de serviço e connection identifier
(CID). As mensagens são do tipo Service Data Unit (SDU). Há mais que uma
especificação disponível de CS, já que há 2 tipos de tráfego suportados através
de redes IEEE 802.16: ATM e pacotes.
No que concerne à camada MAC CPS, esta é parte nuclear da camada MAC,
uma vez que define o método de acesso ao meio. Fornece funções relacionadas
com duplexagem e channelization, acesso ao canal, entre outros. São assim
dadas regras e mecanismos para acesso ao sistema, alocação de largura de
banda e manutenção da ligação. É também aqui que são feitas decisões relativas
a escalonamento (QoS).
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A Security Sublayer está compreendida entre a CPS e a camada PHY.
Fornece mecanismos de encriptação e decriptação de dados nas comunicações
com a camada PHY, sendo também usada para autenticação e troca de chaves
de segurança.
Fig.2.2 – As diferentes topologias WiMAX: a primeira imagem refere-se a PMP e a segunda a Mesh
9
topologia mesh, em que as diversas SSs possuem a capacidade de comunicar
entre si sem ter que recorrer necessariamente a uma BS. As redes do tipo mesh
conferem à SS uma maior inteligência do que as redes sem fios tradicionais, uma
vez que cada SS pode actuar como ponto de acesso e tem a capacidade de
reencaminhar pacotes para os seus vizinhos, aumentando desta forma a
cobertura geográfica da rede.
2.4.1. Interfaces
Cada interface física tem uma designação específica, já que cada variante
tem características bem definidas.
WirelessMAN-SC
Trata-se de uma especificação definida para operar na banda de frequências
10-66GHz, utilizando modulação single carrier. Neste perfil cada modulação e
esquema de codificação podem ser ajustados individualmente para cada SS. A
norma suporta tanto Frequency Division Duplexing (TDD) como Time Division
Duplexing (FDD) para distinguir uplink e downlink. Também suporta para as SS
half duplex FDD, o que poderá ser mais económico na medida em que não
transmitem e recebem em simultâneo. Esta técnica de duplexagem é comum a
todas as especificações PHY. O acesso na direcção de uplink é feito por
combinação de técnicas de Time Division Multiple Access (TDMA) e Demand
Assignment Multiple Acess (DAMA), sendo então o uplink dividido em múltiplos
slots de tempo. No caso de downlink, é utilizada uma arquitectura PTM usando
Time Division Multiplexing (TDM).
WirelessMAN-SCa
10
Também se baseia na modulação single carrier, mas opera na banda de
frequências de 2-11 GHz. O acesso é feito através de técnicas de TDMA, tanto
em uplink como downlink, sendo também suportado TDM em downlink.
WirelessMAN-OFDM
Baseia-se em Orthogonal Frequency Division Multiplexing (OFDM) com uma
transformada de 256 pontos para suportar múltiplas SS na banda de frequências
de 2-11GHz. O acesso é feito através de TDMA.
WirelessMAN-OFDMA
Esta especificação PHY usa Orthogonal Frequency Division Multiple Access
(OFDMA) para fornecer BWA tanto fixo como móvel, na banda de frequências de
2-11GHz. O acesso múltiplo é feito pelo endereçamento de um subconjunto de
múltiplas portadoras para receptores individuais.
WirelessHUMAN
Esta especificação opera em bandas inferiores a 11 GHz. Tem como
particularidade o facto de apenas suportar TDD como duplexagem.
Banda de Duplexagem Observações
Frequências
WirelessMAN-SC 10-66 GHz TDD / FDD Single Carrier
WirelessMAN-SCa 2-11 GHz (c/ Licença) TDD / FDD Single Carrier para NLOS
WirelessMAN-OFDM 2-11 GHz (c/ Licença) TDD / FDD OFDM para NLOS
WirelessMAN-OFDMA 2-11 GHz (c/ Licença) TDD / FDD OFDM dividido em grupos
para fornecer acesso múltiplo
numa única banda de
frequências
WirelessHUMAN 2-11 GHz (c/ Licença) TDD Suporta Single Carrier,
OFDM, OFDMA. Tem que
possuir sistema de escolha
dinâmica de frequência para
Tabela 2.2: Especificação da designação das interfaces IEEE 802.16
2.4.2. OFDM
Uma das principais características do canal rádio é o multipath: o sinal que
chega ao receptor contém não só a onda directa que recebe em LOS, mas
também recebe várias componentes resultantes de reflexões, cujo tempo de
chegada é variável e impossível de prever. Os sinais atrasados são resultado de
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reflexões que a onda sofre devido a vários obstáculos que encontra, como por
exemplo árvores, montanhas, edifícios, automóveis, entre outros. Estas ondas
―atrasadas‖ resultantes de reflexões, interferem com a onda directa e causam
interferências entre símbolos (ISI), o que por sua vez degrada o sinal recebido,
tendo consequências negativas na performance da rede. Assim, é necessário que
uma rede wireless seja desenhada para minimizar estes efeitos adversos.
De forma a criar um sistema de comunicação de banda larga sem fios, é
necessário usar uma transmissão de alto débito de vários megabits por segundo.
No entanto, se os dados são transmitidos numa taxa de transferência de vários
megabits por segundo, o tempo de atraso das ondas que chegam atrasadas é
superior ao tempo de símbolo. Este problema pode ser solucionado através da
utilização de equalizadores adaptativos. No entanto, isto alerta para as
dificuldades enormes envolvidas na operação deste tipo de sinais, já que este tipo
de operações envolve por si só a necessidade da utilização de hardware bastante
dispendioso.
Para ultrapassar este desvanecimento provocado por multipath de forma
menos complexa, surge a técnica OFDM, dado que se trata de um esquema de
transmissão de dados que minimiza o efeito do multipath, evitando desta forma a
utilização de meios complexos para o combater.
OFDM trata-se de um caso especial de transmissão multi-portadora, em que
um único stream de dados é transmitido sobre um número de subportadoras de
baixo nível. Assim, o OFDM pode ser visto tanto como uma técnica de
modulação, como também uma técnica de multiplexagem. Traz inúmeras
vantagens, entre as quais o aumento da robustez do sinal, ficando menos
propenso a desvanecimento selectivo na frequência, ou interferências de banda
estreita. Num sistema de single carrier, a transmissão está mais sujeita a
interferências, podendo falhar facilmente, o que não acontece num sistema
multicarrier, em que apenas uma pequena percentagem das subportadoras será
afectada, cuja resolução poderá passar pela utilização de um algoritmo de
correcção de erros.
Num sistema clássico de dados em paralelo, a banda de frequência do sinal é
dividida na totalidade em N subcanais em frequência. Cada um deles é modulado
com um símbolo diferente, e os N subcanais são multiplexados em frequência,
12
sem existir sobreposição. Para lidar com a ineficiência, foram introduzidas
técnicas com o objectivo de utilizar dados paralelos e FDM com sobreposição de
subcanais em que o espaçamento entre subcanais é igual à taxa de transmissão,
de forma a evitar os problemas aos quais a anterior técnica estava sujeita e
também de forma a utilizar toda a largura de banda de forma mais eficiente. No
entanto, para que esta técnica seja eficiente, é necessário garantir ortogonalidade
entre as diferentes portadoras moduladas.
A palavra ―ortogonal‖ indica que existe uma relação matemática precisa entre
as frequências das portadoras no sistema. Num sistema normal FDM, muitas das
portadoras estão de tal forma separadas que os sinais podem ser recebidos
utilizando filtros e desmoduladores convencionais. Nestes receptores, são
introduzidas bandas de guarda entre as diferentes portadoras e no domínio da
frequência, resultando assim numa redução de eficiência espectral.
É possível, no entanto, colocar as portadoras num sinal OFDM de forma a
que as portadoras individuais se sobreponham e os sinais sejam ainda recebidos
sem interferências provocadas por portadoras adjacentes. Para tal, as portadoras
têm que ser matematicamente ortogonais. O receptor age como um banco de
desmoduladores, em que cada portadora é traduzida para DC, em que o sinal
resultante é integrado sobre um período de símbolo para recuperar os dados
originais. Assim, se as portadoras forem espaçadas de um múltiplo de 1/T, estas
são linearmente independentes, ou seja, são ortogonais.
Fig.2.3 – Conceito do sinal OFDM: (a) técnica multi-portadora convencional; (b) técnica de modulação ortogonal
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Assim, o FDM é conseguido por processamento de banda base em detrimento de
filtragem passa-banda, facilitando assim a computação do processo.
O esquema de transmissão OFDM tem várias vantagens chave, das quais se
destaca:
Trata-se de um modo eficiente de lidar com multipath, já que reduz em
muito a complexidade de implementação em relação a um sistema
single carrier com um equalizador.
Em canais com reduzidas variações no tempo, é possível melhorar a
capacidade de forma significativa, adaptando a taxa de transmissão de
dados para cada subportadora de acordo com a relação SNR dessa
subportadora em particular.
OFDM é robusto contra interferências de banda estreita, já que apenas
afectam uma pequena percentagem de subportadoras
Por outro lado, existe também o reverso da medalha, já que o OFDM
apresenta algumas desvantagens:
Uncoded Overall
Coded
Modulation Block Size Coding
Block Size
(bytes) Rate
BPSK 12 24 ½
QPSK 24 48 ½
QPSK 36 48 ¾
16-QAM 48 96 ½
16-QAM 72 96 ¾
64-QAM 96 144 2/3
64-QAM 108 144 ¾
Tabela 2.4 – Codificação do canal para cada modulação
Capacidade (Mbps)
Modulação/BW
(MHz) 3,5 MHz 5 MHz 7 MHz 10 MHz 14 MHz 20 MHz
BPSK 1/2 1,45 2,08 2,91 4,16 5,82 8,31
QPSK 1/2 2,91 4,16 5,82 8,31 11,64 16,62
QPSK 3/4 4,36 6,23 8,73 12,47 17,45 24,94
16-QAM 1/2 5,82 8,31 11,64 16,62 23,27 33,25
16-QAM 3/4 8,73 12,47 17,45 24,94 34,91 49,87
64-QAM 2/3 11,64 16,62 23,27 33,25 46,55 66,49
64-QAM 3/4 13,09 18,7 26,18 37,4 52,36 74,81
Tabela 2.5 – Valores de capacidade útil calculados
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pedidos de recursos de todas as SS num alcance de determinado número de
saltos. Isso irá determinar a quantidade de recursos garantidos para cada ligação
na rede, tanto em downlink como em uplink, sendo que esta informação será
fornecida a todas as SS dentro do alcance. Todas as comunicações são feitas
num contexto de ligação, que é estabelecida entre dois nós.
18
facto sido activados para transportar tráfego. Todos os fluxos de serviço têm um
Service Flow Identifier (SFID) de 32-bit; os fluxos de serviço activos e admitidos
também têm um CID de 16-bit.
O objectivo principal das características de QoS é ordenar e escalonar a
transmissão na interface sem fios. No entanto, estas características muitas vezes
precisam de trabalhar em conjunto com mecanismos fora da interface sem fios
para fornecer QoS fim-a-fim, ou para controlar o comportamento das SS. Assim,
os requisitos-chave para QoS são:
Uma função de registo e configuração para pré-configurar os fluxos de
serviço e parâmetros de tráfego baseados em SS.
Uma função de sinalização para estabelecer dinamicamente os fluxos
de serviço e parâmetros de tráfego, com QoS activa.
Utilização de escalonamento MAC e parâmetros de tráfego com QoS
para fluxos de serviço no serviço uplink.
Utilização de parâmetros de tráfego com QoS para fluxos de serviço
downlink
Agrupamento de propriedades de fluxo de serviço nas denominadas
classes de serviço, de forma a que as entidades de camadas
superiores e aplicações externas (tanto na SS como BS) possam fazer
pedidos de fluxos de serviço com os parâmetros de QoS necessários
numa forma globalmente consistente.
O fluxo de serviço possui características específicas, que são definidas por
um conjunto de parâmetros QoS como latência, jitter e throughput. Para
normalizar a operação entre SS e BS, estes atributos incluem detalhes acerca de
como a SS requisita alocações de largura de banda para uplink e acerca do
comportamento esperado do escalonador da BS.
Para utilizar recursos de rede como largura de banda e memória de forma
eficiente, a norma IEEE802.16 adopta um modelo de activação de 2 fases, em
que os recursos atribuídos a determinado fluxo de serviço admitido podem não
ser de facto utilizados até que o fluxo de serviço seja activo. Cada fluxo de serviço
admitido ou activo é mapeado para uma ligação através de uma mensagem
Medium Access Protocol (MAP) com um único CID. De forma geral, há três tipos
básicos de fluxos de serviço, nomeadamente
19
Fluxos de serviço aprovisionados: estes fluxos de serviço não são
imediatamente activados. A rede atribui um SFID para este fluxo de
serviço.
Fluxos de serviço admitidos: suporta um modelo de duas fases que é
semelhante ao utilizado muitas vezes em aplicações de telefonia. Os
recursos primeiro são ―admitidos‖ e apenas são activados quando a
negociação fim-a-fim termina. Através deste modelo é possível
conservar recursos de rede até que a ligação seja estabelecida.
Fluxos de serviço activos: após a segunda fase do modelo de
activação, os fluxos de serviço dizem-se ―activos‖.
20
serviço em tempo-real que geram pacotes de dados variáveis de forma
periódica, como o serviço de VoIP com supressão de silêncio. De
forma adicional, o ertPS constrói-se da eficiência tanto do UGS como
rtPS, ou seja, a BS fornece grants unicast de forma não solicitada
como em UGS, no sentido de poupar na latência de um pedido de
largura de banda. No entanto, as alocações UGS são fixas em
tamanho, o que não acontece neste caso.
Non-real-time Polling Service (nrtPS): Este serviço é indicado para
aplicações que não sejam de tempo-real que necessitem de garantia
de performance. É necessário que a BS faça polling à SS num intervalo
de tempo fixo, mas que não é um intervalo tão rígido como no caso de
rtPS. Se uma SS não responde ao polling após n vezes, a BS coloca a
SS em espera. Um exemplo de uma aplicação deste serviço é o FTP.
Best Effort Service (BE): Este serviço não necessita de polling. É
indicado para suportar fluxos de dados que não necessitem de um
determinado mínimo de garantia ao nível do serviço. Um exemplo de
uma aplicação deste serviço é o web browsing.
21
2.7. Aplicações do WiMAX
2.7.1. WMAN
O WiMAX, tal como foi referido anteriormente, é uma tecnologia WMAN,
tratando-se, assim, de uma tecnologia de rede sem fios cujo alcance e cobertura
poderão abranger desde alguns blocos de edifícios cidades na sua totalidade
potencial desta tecnologia para fornecer largura de banda sem fios é, de facto, um
dos seus grandes atractivos. As WMANs supostamente irão fornecer serviços de
largura de banda sem fios a baixos custos mas com capacidade equivalente ou
superior às soluções wired existentes no mercado. Existe sempre a vantagem de
uma ligação wireless em relação à ligação wired na medida em que esta poderá
sofrer problemas relacionados com a qualidade do fio, ou problemas devidos à
elevada concentração de utilizadores cujas resoluções implicam uma solução
dispendiosa.
Uma WMAN baseada em WiMAX usa
tipicamente arquitecturas PMP para
fornecer serviços de banda larga, como
Internet rápida ou aplicações multimédia
num raio de vários quilómetros. O alcance
de uma rede WMAN é determinado pela
frequência de largura de banda disponível,
potência de transmissão e sensibilidade do
Fig.2.5 – Exemplo de WMAN
receptor. Numa rede WMAN, cada BS está
ligado a um grupo de utilizadores num cenário NLOS com ligações PMP,
enquanto as BS estão tipicamente ligadas à rede core através de fibra a nós
disponíveis ou através de ligações Ponto-a-Ponto por micro-ondas.
22
viável: é muito dispendioso, remoto e seria um processo muito moroso. Os
satélites também se podiam apresentar como uma solução viável para servir
estas áreas, no entanto têm bastantes desvantagens na medida em que têm uma
largura de banda de upstream bastante limitada, indisponibilidade de espectro e
elevados tempos de atraso.
Desta forma, o WiMAX é uma das melhores soluções para servir estas áreas
já que é de baixo custo (no que diz respeito à implementação e também a custos
posteriores) e de fácil implementação, mas com desempenhos similares às
tecnologias DSL ou Cabo. Para além disso, o WiMAX é altamente escalável, na
medida em que o custo de se adicionar uma nova célula é substancialmente
inferior a fazê-lo numa rede wired.
Nestas zonas também poderá haver pequenas/médias empresas, que
poderão beneficiar com esta tecnologia, já que esta poderá ajudar a reduzir
custos.
23
Ligações privadas entre empresas
O WiMAX pode ser usado por empresas ou redes privadas para fornecer
ligação de escritórios remotos a escritórios centrais. O WiMAX fornece ligações
seguras, fiáveis e de alta velocidade. Esta aplicação pode servir não só empresas
mas outras áreas como ligações governamentais, educação, saúde ou
organizações públicas.
Sistemas de Vídeo-vigilância sem fios
Esta aplicação combina tecnologias WiMAX com IP e fornece soluções de
monitorização de localizações críticas com segurança, flexibilidade e um bom
binómio qualidade/custo. Há vários exemplos de aplicações, sejam eles
monitorização de zonas susceptíveis a incêndios, cheias, elevado trânsito, ou
segurança em lojas, armazéns, bases militares, entre muitos outros.
Outras aplicações:
Instalação de equipamentos de caixas automáticas
Multibanco em zonas rurais.
Online Gaming
Comunicação multimédia
Aplicações médicas (Como monitorização de sinais vitais de
um paciente de forma remota)
Voz e dados a uma velocidade veicular
Redes de sensores
24
2.8. Sumário
O capítulo 2 apresentou uma introdução ao assunto da dissertação, focando-
se no estudo da norma IEEE802.16. Foi, portanto, dada uma abordagem
marcadamente mais teórica, em que foram mencionados tanto aspectos
históricos, como aspectos relacionados com o funcionamento da tecnologia de
acordo com a norma. Em relação a aspectos físicos, foi estudada a capacidade
do sistema OFDM, algo que é fundamental para planear estas redes sem fios. Por
fim, é de destacar as várias aplicações do WiMAX que foram apresentadas,
levantando o véu para o enorme potencial que poderá advir da implementação
desta tecnologia num futuro próximo.
25
26
3. Mobilidade
A mobilidade é um dos principais desafios actuais do mundo das
telecomunicações. A tecnologia que permitir mobilidade total será concerteza
bastante bem sucedida e aceite pelos utilizadores finais. Inicialmente, o WiMAX
fora concebido para oferecer apenas serviço fixo ou, no máximo, nómada. Após a
introdução da norma IEEE 802.16e a mobilidade passou a ser suportada pelo
WiMAX.
Este capítulo surge como uma introdução ao assunto da mobilidade. Trata-se
de um assunto que não foi estudado com afinco no âmbito desta dissertação, mas
que merece no entanto atenção, uma vez que é um aspecto bastante importante
que o WiMAX vai introduzir.
Inicialmente vai haver uma introdução à mobilidade e ao OFDMA. De seguida,
aborda-se subchannelization (Secção 3.1), que se trata de uma das introduções
do WiMAX móvel. Tal como no capítulo anterior, agora é feito um estudo ao nível
da capacidade do WiMAX móvel, estudando pormenorizadamente como funciona
um sistema S-OFDMA, na secção 3.2. De seguida, na secção 3.3, são mostradas
diversas alternativas tecnológicas, ao nível de melhoria do desempenho das
antenas. Por fim, são apresentados alguns dos aspectos que passaram a fazer
parte do vocabulário WiMAX, após a introdução da mobilidade (Secção 3.4).
27
Mobilidade Simples: Capacidade da estação móvel (MS) se mover a
velocidades relativamente baixas, com pequenas interrupções durante
os processos de handover.
Mobilidade total: Capacidade da MS se movimentar a velocidades
veiculares sem com isso perder a conectividade.
28
móveis, que são eles o delay spread e o Doppler spread. No que diz respeito ao
primeiro, este espaçamento permite até 20 µs, bom como uma velocidade
veicular que pode atingir aproximadamente 120 Km/h, numa frequência de
operação de 3.5 GHz. Os perfis existentes no OFDMA-PHY implicam o uso de
FFT de 128, 512, 1024 e 2048 em larguras de banda de, respectivamente, 1.25
MHz, 5 MHz, 10 MHz e 20 MHz.
3.1. Subchannelization
As subportadoras disponíveis podem ser divididas em vários grupos de sub-
canais. WiMAX fixo baseado em OFDM-PHY permite esta técnica de
implementação de sub-canais duma forma limitada, na medida em que apenas o
permite para o uplink. A norma define 16 subcanais, em que 1, 2, 4, 8 ou a
totalidade dos conjuntos podem ser atribuídos a um SS no uplink. Isto vai permitir
que o SS transmita usando apenas uma fracção da largura de banda que lhe foi
atribuída pela BS, o que irá resultar em melhorias que poderão contribuir tanto
para uma melhor gestão de tempo de bateria por parte do SS como também para
uma melhor performance ao nível do alcance atingido. A fracção da largura de
banda utilizada poderá ser tão baixa como 1/16 o que por si só já iria resultar
numa melhoria de 12 dB no sinal enviado pelo SS.
Já no caso do WiMAX móvel, que se baseia em OFDMA-PHY, por outro lado,
é permitido subchannelization também no downlink e, neste caso, os subcanais
formam o recurso mínimo de alocação de frequência por parte da BS. Desta
forma, subcanais podem ser atribuídos a utilizadores diferentes como um
mecanismo de acesso múltiplo. É a este esquema de acesso múltiplo que se
denomina OFDMA. Os subcanais podem ser constituídos quer por subportadoras
contíguas como também podem ser distribuídas de forma pseudo-aleatória
através do espectro disponível. A formação de subcanais fornece uma maior
diversidade na frequência, o que é útil na de forma particular em implementações
de WiMAX móvel. A norma define vários esquemas de subchannelization que se
baseiam na distribuição das subportadores tanto para uplink como downlink. Um
desses esquemas denomina-se Partial Usage of SubCarriers (PUSC) e é
obrigatório para todas as implementações de WiMAX móvel. A título de exemplo,
29
é de referir que os perfis de WiMAX definem 15 e 17 subcanais para downlink e
uplink, respectivamente, para operação PUSC na banda dos 5 MHz.
Já o esquema de subchannelization baseado em subportadoras contíguas é
denominado de AMC (Adaptive Modulation and Coding). Apesar de abdicar da
diversidade na frequência, este esquema permite que se explore diversidade
multi-utilizador, alocando sub-canais aos utilizadores baseando-se na sua
resposta em frequência. A diversidade multi-utilizador pode fornecer ganhos
significativos na capacidade geral do sistema, já que o sistema irá fornecer a cada
utilizador o subcanal com melhores características em termos de relação entre
sinal, interferência e ruído. É, portanto, um esquema mais vocacionado para
implementações fixas ou de baixa mobilidade.
30
No caso do DL, as subportadoras estão divididas em 6 grupos e só alguns
podem ser usados num sector ou célula. Para além disso os dados e os pilotos
estão organizados em clusters de 14 subportadoras, em 2 símbolos. Os clusters,
por sua vez, dividem-se em 6 grupos, sendo que 2 clusters do mesmo grupo
formam um subchannel. É possível, por exemplo, numa célula sectorizada,
atribuir alguns dos grupos a cada sector numa célula – por exemplo 2 grupos a
cada sector. A figura 3.1 esquematiza o funcionamento de PUSC DL.
31
Fig.3.2 – Uplink em PUSC
32
Cálculo da capacidade DL (PUSC)
Subcarrier/cluster 14 14 14 14
Nr sub 3 15 30 60
Cluster/subchannel 2 2 2 2
33
Cálculo da capacidade UL (PUSC)
Subcarrier/cluster 4 4 4 4
Nr sub 4 17 35 92
Cluster/subchannel 6 6 6 6
34
3.3.1. SISO
3.3.2. SIMO
SIMO (Single Input Multiple Output) trata-se na realidade de uma variante de
MIMO. Neste tipo de transmissão existe 1 antena no transmissor e 2 antenas de
recepção (1x2). Pode-se dizer que esta configuração é a típica de WiMAX. Tira
partido de multipath para melhorar tanto o downlink como o uplink, em termos de
força do sinal recebido quando comparado com a configuração SISO. A existência
de duas antenas de recepção tanto na BS como no equipamento móvel
favorecem a potência do sinal recebido, através do uso de diversidade e da
maximização da combinação de várias técnicas.
3.3.3. MIMO
A configuração MIMO (Multiple Input Multiple Output) não é mais do que a
adição de uma segunda antena de transmissão na configuração anterior. Isto irá
possibilitar dois modos adicionais de downlink com performance melhorada. São
eles Space Time Coding (MIMO Matriz A) e Spacial Multiplexing (MIMO Matriz B).
No primeiro caso, os streams são enviados a partir de cada antena de
transmissão, de forma idêntica. Ou seja, estão a ser enviados streams idênticos
de dados de forma simultânea. Isto fornece diversidade tanto em termos de
espaço como em termos de tempo, tornando-se assim indicado para ambientes
com rápido desvanecimento e multipath já que através de Space Time Coding a
relação entre sinal e ruído (SNR) do sinal recebido na estação móvel é
melhorada. Isto possibilita que a estação móvel suporte modulações mais
35
eficientes, o que vai resultar no final em melhor capacidade downlink, bem como
um maior alcance.
No caso de Spacial Multiplexing, cada antena irá enviar diferentes streams de
downlink. Esta técnica tira partido do Multipath para distinguir entre os diferentes
fluxos de dados. Desta forma, teoricamente, será possível duplicar a capacidade
de downlink em condições favoráveis de canal.
Existe também a possibilidade de tirar partido destes dois modos, através de
MIMO adaptativo. Isto vai permitir que haja comutação entre a MIMO Matriz A e
B, dependendo das condições existentes no canal.
No que diz respeito ao Uplink, a capacidade do canal sofre também melhoria
com o uso de 2 antenas de transmissão. Isto deve-se ao facto de ambas
transmitirem de forma cooperativa nos mesmos slots de tempo – Uplink
Collaborative Spacial Multiplexing.
O uso de MIMO é mais eficaz em áreas urbanas e suburbanas, em que se
espera que o Multipath seja considerável. Caso não haja Multipath suficiente, a
tecnologia MIMO suporta a possibilidade de introduzir diversidade através de
polarização dual, o que fornece dois sinais ortogonais obtendo-se daí uma melhor
performance.
A introdução de MIMO numa BS WiMAX acrescenta complexidade, uma vez
que o próprio uso de 2 antenas obriga a uma gestão de potência e multiplexagem
bastante rigorosas. Isso obriga, certamente, a um custo associado elevado. No
entanto, o ganho em termos de capacidade é considerável, pelo que o recurso a
esta tecnologia compensará.
36
Estas técnicas melhoram a potência do sinal recebido o que por si só fornece
um melhor alcance e capacidades, apesar de continuar sujeito a fenómenos
tipicamente urbanos como scattering e multipath.
Uma terceira técnica de beamforming consiste em determinar os parâmetros
de formação de feixes de forma adaptativa, baseando-se tanto nas condições do
canal como das próprias interferências. Esta técnica denomina-se ―Adaptive
Beamforming” e permite que o array de antenas maximize a potência do sinal
para o utilizador pretendido, possuindo também um mecanismo para anular as
interferências. Através desta técnica é possível implementar outros algoritmos
para melhorar a relação do sinal com o ruído bem como interferência (SINR) nos
vários cenários de propagação. Num cenário de alta mobilidade em que o canal
tem variações rápidas poderá ser um desafio implementar esta técnica de forma
exacta. No entanto existem resultados práticos que atestam uma melhoria no
sinal recebido em cenários urbanos com mobilidade.
A complexidade desta técnica envolve antenas electronicamente
direccionáveis, de forma a poder fornecer fase e amplitudes apropriadas,
envolvendo também técnicas de processamento digital do sinal para analisar a
ligação em tempo-real e dessa forma poder ―manobrar‖ a direcção das antenas.
A vantagem na utilização destas técnicas reside no aumento de alcance que
as mesmas fornecem, sendo, portanto, mais indicado para implementações em
que o alcance é o factor mais importante. Verifica-se uma melhoria tanto na
direcção uplink como downlink. Esta última depende, no entanto, de do alcance
do Media Access Protocol (mensagens MAP), na medida em que a possibilidade
de suporte de vários utilizadores em simultâneo dentro de determinada área
depende do envio de mensagens MAP para todos os utilizadores do sector. Uma
vez que estas mensagens são transmitidas em broadcast, o ganho em alcance de
downlink poderá não ser aproveitado ao máximo já que será necessária a múltipla
repetição das mesmas para assegurar fiabilidade na transmissão.
37
interrupção da sessão em curso. Trata-se portanto de uma introdução quase
obrigatória na norma IEEE 802.16e, quando se começa a falar de WiMAX móvel.
Assim, a norma define dois tipos genéricos de handover:
Hard handover: também é conhecido como break-before-make, já que
implica que a ligação rádio seja desconectada momentaneamente para
depois ser estabelecida com a nova BS. Este tipo de handover não é
muito complexo.
Soft handover: também é conhecido como make-before-break, uma
vez que a MS estabelece primeiro a ligação rádio com a nova BS e só
depois desliga a anterior com a primeira BS. Existe a possibilidade da
MS ter duas ou mais ligações com duas ou mais BS, podendo depois
optar pela melhor ligação. Este tipo de handover é mais rápido que o
anterior. O Soft Handover pode ser de dois tipos:
Fast BS Switching: permite que a MS troque rapidamente
de uma BS para outra. A rapidez da troca deve-se ao
facto da MS executar a troca sem ter completado o
processo de entrada na nova BS.
Macro Diversity Handover: as transmissões são feitas
entre a MS e mais do que uma BS.
Nos perfis de WiMAX, apenas o hard handover é obrigatório, sendo que estes
2 últimos são opcionais.
38
mensagens de tráfego broadcast downlink. Este modo é melhor em termos de
poupança de energia na medida em que a MS não se regista em nenhuma BS
específica, ao contrário do sleep mode.
3.5. Sumário
Este capítulo mostrou alguns dos aspectos principais acerca da mobilidade
em WiMAX, que foi introduzida na norma IEEE 802.16e. Ao nível da camada
física as alterações foram maiores, na medida em que começou a ser utilizado
OFDMA, em detrimento de OFDM, com alterações notórias provocadas por esse
facto. Este capítulo também abordou algumas das novidades introduzidas pela
mobilidade, como a necessidade obrigatória de haver um handover eficaz, ou a
possibilidade de implementação de técnicas MIMO, com elevados ganhos em
termos de capacidade e/ou alcance.
39
40
4. Parâmetros para Planeamento de uma Rede WiMAX
Após conhecer algumas das características principais da tecnologia WiMAX, é
possível apresentar algumas soluções para a possível implementação de uma
rede WiMAX. Há diversos aspectos que são fundamentais. Um destes aspectos
tem a ver com a previsão da capacidade necessária para a área em questão.
Para tal, aquilo que é proposto neste trabalho passa primeiro por considerar os
serviços mais utilizados no dia-a-dia e os seus requisitos. De seguida, é
necessário definir perfis de utilizadores, em que cada perfil utilizará os ditos
serviços de forma distinta, conforme a natureza das suas necessidades. Desta
forma, já é possível calcular qual a capacidade média que será necessária para
satisfazer estes utilizadores. O passo seguinte consiste em fazer um estudo ao
nível do terreno, ou seja, prever, com base nos elementos que se tem, qual o
alcance que a célula terá e, em média, qual a capacidade que esta irá suportar.
Tendo todos estes elementos e resultados, será então possível analisar as várias
alternativas possíveis, de forma a encontrar a melhor solução para cada caso.
Este estudo incide sobre WiMAX fixo.
Este capítulo mostrará então uma abordagem possível para a parametrização
dos requisitos de uma rede. Para além disso também irão ser discutidos assuntos
relevantes para o planeamento de uma rede WiMAX: alcance / cobertura,
estrutura celular, preocupações ao nível do espectro disponível e sectorização.
O capítulo encontra-se, então, estruturado da seguinte forma: A secção 4.1
denomina-se de Caracterização de Serviços e irá referir quais os serviços
considerados no estudo, bem como seus requisitos e utilizadores-alvo. Na secção
4.2 – Alcance e Cobertura – faz-se um estudo acerca das perdas de percurso
características de sistemas wireless, apresentando um modelo de propagação
que ajuda à previsão das mesmas e caracterizando os tipos de terreno em que o
dito modelo é aplicável.
Media Jogos
Tipo de VoIP IPTV Videoconferência
Dados Stream Online P2P
Serviços [18] [19] [11]
[3] [3]
Largura de
Residencial 0,080 1,000 2,000 0,200 0,085 0,500
Banda
Necessária
Empresarial 0,080 2,000 0,384
(Mbps)
Tabela 4.1 – Requisitos de cada serviço
42
em que coexistem utilizadores empresariais e utilizadores residenciais. Em
relação aos tipos de terreno considerados, estes são de Rural para o cenário A,
Suburbano para os cenários B e C, e Urbano para o cenário B.
Cada tipo de utilização tem os seus serviços típicos, com requisitos
específicos em termos de largura de banda, atrasos, jitter, entre outros. Estes
requisitos são cumpridos pela própria tecnologia WiMAX, através do
escalonamento das classes de serviço já referidas: UGS, rtPS, nrtPS, BE e ertPS.
No que diz respeito ao tipo de utilização em cada cenário, esta difere para
cada um deles, na medida em que se considera que os serviços utilizados são
distintos já que é legítimo assumir que utilizadores rurais poderão ter
necessidades de utilizadores urbanos, por exemplo. Assim, para o cenário A
considera-se a utilização de VoIP, dados e IPTV. Já no cenário B considera-se a
utilização de VoIP, IPTV, Dados, Media Streaming, P2P e Jogos Online. No
cenário C considera-se que os serviços utilizados são VoIP, Dados e
Videoconferência. O cenário D, tal como dito anteriormente, é composto por
utilizadores típicos dos cenários B e C, logo os serviços são os do conjunto destes
dois cenários.
Também é levado em linha de conta neste estudo o horário de utilização,
sendo separado em dois períodos distintos: horário diurno e horário nocturno.
Considera-se que as chamadas de cada serviço chegam ao sistema de
acordo com um processo de Poisson com taxa e têm um tempo de permanência
exponencialmente distribuído de média 1/. Desta forma, a intensidade do tráfego
oferecido é dada por = / [20].
Cenário A Cenário B Cenário C Cenário D
Utilização Utilização Utilização Utilização residencial
residencial residencial empresarial e empresarial
Espaço aberto Espaço suburbano Espaço suburbano Espaço
urbano/denso
VoIP, Dados e IPTV VoIP, Dados, IPTV, VoIP, Dados e VoIP, Dados, IPTV,
Media Stream, P2P Videoconferência Media Stream, P2P,
e Jogos Online Jogos Online e
Videoconferência
Tabela 4.2 – Caracterização dos diversos cenários em estudo
43
de serviço já referidas: UGS, rtPS, nrtPS, BE e ertPS. De acordo com as
características de cada serviço, bem como as características de cada classe, as
várias classes são atribuídas aos serviços de acordo com a tabela 4.3.
44
O modelo SUI divide-se em 3 tipos de ambiente (A, B e C). O tipo A é
associado à máxima perda de percurso, sendo apropriada para regiões bastante
acidentadas com vegetação de densidade moderada a intensa. Já o tipo C é
apropriado para uma densidade leve de vegetação, sendo que o tipo B é de certa
forma um intermédio entre A e C. Assim, a equação das perdas de percurso
incluindo factores de correcção fica
4d 0 d
PL 20 log 10 10 log 10 X f X h s(2)
d0
Sendo s (s Є [8.2,10.6] dB) o factor de distribuição estatística do tipo lognormal
que é utilizado para calcular o desvanecimento devido a obstáculos, (expoente
de factor de perdas) , Xf (factor de correcção para a frequência de operação) e Xh
(factor de correcção para a altura da antena do receptor) são dados pelas
fórmulas (3), (4) e (5), respectivamente.
c
a bhb (3), em que hb é a altura do transmissor em metros. Os
hb
parâmetros a, b e c são constantes que dependem do tipo de terreno e estão
presentes na tabela 4.4.
f
X f 6.0 log 10 (4)
2
enquanto Xh depende do tipo de terreno:
h
X h 10.8 log 10 r (5.1) , para terrenos dos tipos A e B
2
h
X h 20 log 10 r (5.2) , para terrenos do tipo C
2
45
A figura 4.1 mostra a variação do valor de perdas de percurso em dB
esperado, baseado no modelo SUI, assumindo valores de frequência de 3.5 Ghz,
altura de receptor de 2m, altura de antena de 45m e factor de distribuição
estatística ‗s‘ de 8.2 dB.
46
Fig.4.2 – Gráfico das perdas de percurso em função da variação da altura da BS, à distância de 1Km.
percorrida, pelo que relacionando as fórmulas (2), (6) e (7) obtém-se, então, ―d‖
através de:
4d 0
PT LS G R GT S R X f X h s 20 log
d d 0. *10^ (9)
10
47
Os parâmetros PT, LS, GR e GT são valores característicos de um sistema
WiMAX. Já os parâmetros Xf, Xh, e s são dados pelo modelo de propagação. O
parâmetro SR corresponde à sensibilidade do receptor e depende da modulação
usada, bem como da relação entre sinal e ruído no receptor. Este parâmetro é
N N subchannels
dado pela fórmula S R 102 SNR( Rx ) 10 log( Fs * * (10) , em
N FFT 16
que N=192; NFFT=256. O SNR no receptor está definido na norma, e apresenta-se
na tabela 4.6.
BPSK ½ 6,4
QPSK ½ 9,4
QPSK ¾ 11,2
16-QAM ½ 16,4
16-QAM ¾ 18,2
64-QAM 2/3 22,7
64-QAM ¾ 24,4
Tabela 4.6 – SNR(Rx) para as diferentes modulações [1]
49
imaginar um ambiente de WiMAX móvel, iria implicar uma maior complexidade
neste sistema, na medida em que se iria estar perante handoffs frequentes, bem
como uma maior variabilidade no tráfego desta célula.
Em suma, a estrutura celular apresenta várias vantagens. Estas passam pela
possibilidade de reutilização do espectro electromagnético, o que implica
possibilidade de obter maior capacidade e servir assim um maior número de
utilizadores; em relação a um sistema sem reutilização do espectro, apresenta
menores potências de transmissão; trata-se de uma estrutura descentralizada e
por isso mais robusta; apresenta uma maior adaptabilidade à área que rodeia a
BS, no que diz respeito a área de transmissão, interferência, entre outros. Por
outro lado, o uso de uma estrutura celular poderá levantar alguns problemas,
entre os quais se destaca a interferência com outras células, que se pode
minimizar, mas dificilmente eliminar; em cenários de implementações móveis, é
necessário arquitectar um sistema de handover, para garantir manutenção da
conectividade em transições entre células.
Tendo em conta todos os prós e contras, cabe então ao projectista encontrar
um ponto de equilíbrio entre todos os elementos de uma rede com estrutura
celular, para satisfazer as necessidades dos utilizadores ao melhor custo
possível.
50
comercial. A necessidade de servir um número de utilizadores cada vez maior e
oferecer largura de banda a aplicações exigentes mediante o espectro limitado
torna-se um desafio com o qual se tem que lidar. O aspecto referido
anteriormente da sectorização está também intimamente ligado com o problema
da escassez de espectro, na medida em que para se obter uma boa eficiência
espectral recorre-se a esta técnica. Assim, o espectro disponível é dividido entre
as células ou sectores e repetido na área que necessita de cobertura, de modo a
formar um padrão e gerir o espectro disponível – reutilização da frequência.
Para se obter maior capacidade e eficiência espectral, deve-se maximizar a
reutilização da frequência. No entanto, isto poderá aumentar a interferência. Por
todos estes motivos é necessário projectar os esquemas de transmissão e
recepção de forma a que possam operar mesmo quando as condições do sinal
em termos de interferência e ruído (SINR) sejam baixas.
Assim, os operadores terão que projectar as suas redes de forma a obter uma
boa relação entre capacidade e custo de implementação, mediante o espectro
disponível.
No caso de Portugal, a entidade reguladora após ter inquirido o mercado
deliberou a atribuição de 4 licenças, em que cada uma terá uma quantidade de
espectro de 2x28 MHz. Ou seja, cada operadora terá que lidar com 2x28MHz
para gerir a sua rede WiMAX. Os perfis de tamanho de canal existentes são todos
múltiplos inteiros de 1.75 MHz (1.75, 3.5, 7 MHz). Uma implementação
semelhante à da figura 1, com um factor de reuso de 4, por exemplo, e utilizando
canais de 3.5MHz iria significar uma necessidade de 14+14MHz de espectro. Já
para canais de 7 MHz com o mesmo factor de reuso estar-se-ia a usar todo o
espectro disponível. No contexto do primeiro exemplo iria haver uma quantidade
razoável de espectro que não seria usada, o que implicaria um estudo de
custo/implementação para verificar se realmente seria esta a melhor solução, já
que se poderia também fazer uma implementação com células de menores
dimensões e também utilizando canais de menor largura de banda, com um factor
de reutilização maior que 4. Desta forma poder-se-ia usar melhor o espectro e
porventura obter melhor desempenho – menos interferência – mas tendo por
outro lado um custo maior em termos de antenas e BS.
51
4.5. Sectorização
Por vezes a capacidade obtida por célula revela-se insuficiente. Nesse
contexto, o uso da técnica de sectorização pode ser a solução mais eficaz para
resolver esse problema, sendo também altamente recomendada para combater a
interferência co-canal. Este tipo de interferência surge quando canais que usam a
mesma frequência interferem entre si. Esta interferência pode ser minimizada
através de um planeamento cuidado de forma a que diferentes células que usam
a mesma frequência estejam a uma distância suficiente para que tal não se
verifique. Assim, o uso de uma antena direccional em vez de uma antena
omnidireccional na BS pode reduzir de forma significativa a interferência entre os
canais. É normal usar uma sectorização com factor 3, ou seja, dividir uma célula
em 3 sectores. Desta forma está-se a usar 3 vezes mais largura de banda, mas
obtém-se por outro lado um ganho na capacidade da célula de 3 vezes. Como
cada sector pode reutilizar slots de tempo, não se perde capacidade através da
sectorização, sendo que cada sector terá a mesma capacidade nominal que uma
célula inteira. Para além disso, a capacidade é maior do que num sistema celular
não sectorizado já que se reduz consideravelmente a interferência.
Fig. 4.3 – Comparação entre o SINR (Relação entre sinal, interferência e ruído), para uma célula com 1 sector (à
esquerda) e 3 sectores (à direita), tendo ambos os sistemas um factor de reuso de 3 [3]
52
sectorização, verifica-se que são menores as zonas de ruído e interferência
elevados. Ou seja, em especial as zonas de fronteira da célula são aquelas em
que é claramente benéfica esta técnica.
Esta solução tem, no entanto, algumas desvantagens. Apesar do handover
entre sectores ser mais simples do que handover entre células, entre sectores tal
acontece com maior frequência. Isto resulta num aumento deste tipo de
transferências, podendo sobrecarregar a rede com o overhead que daí resulta.
Existe uma série de combinações possíveis para aplicar a técnica da
sectorização. A figura 4.4 ilustra isso mesmo, podendo-se verificar as diferentes
configurações que resultam da variação do número de células, bem como do
número de sectores por célula e número de frequências diferentes usadas.
4.6. Sumário
Este capítulo apresentou aspectos importantes a ter em conta quando se
pretende efectuar planeamento celular. O planeamento celular envolve vários
factores, o que resulta em várias soluções possíveis. Um exemplo de
manipulação de factores da tecnologia é a possibilidade de sectorização com
enormes vantagens em vários aspectos, mas limitada por aspectos relacionados
com o espectro disponível e/ou custos de implementação.
53
Neste capítulo também foram abordados os serviços que este estudo irá
considerar, apresentando algumas características como requisitos e classe de
serviço.
54
5. Planeamento Celular
Um dos objectivos da dissertação prende-se com a idealização de cenários
específicos com necessidades específicas e efectuar um estudo acerca das suas
necessidades para poder satisfazer essas mesmas carências.
Assim, este capítulo surge nesse sentido, na medida em que neste momento
já estão reunidas as condições para efectuar um cálculo objectivo e oferecer uma
ideia concreta de como poderá ser a célula WiMAX em cada cenário.
Este capítulo está estruturado da seguinte forma: na secção 5.1 serão
apresentados os diversos cenários, parametrizando os serviços. São atribuídos
valores razoáveis ao uso e duração dos diversos serviços em cada cenário, bem
como nos horários diurno e nocturno. A secção 5.2 subdivide-se em quatro,
compostas pelos diversos cenários idealizados, em que se apresenta uma
solução efectiva para cada um deles.
55
Fig.5.1 – Cenário de utilização adoptado
56
para cada serviço. Assim, a secção ―Capacidade‖ em cada uma das tabelas de
utilização (5.1 e 5.2) é obtida através do cálculo do produto da intensidade de
tráfego com a largura de banda necessária para cada serviço. Desta forma,
obtém-se uma caracterização deste tráfego, em termos de capacidade [mbps]. A
capacidade total do sistema não é mais do que o somatório da capacidade de
todos os serviços, multiplicado pelo número de utilizadores presentes na célula,
como é mostrado através das curvas do gráfico da figura 5.2.
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Nº de
Utilizações A 5,000 4,000 1,000 0,000 0,000 0,000 0,000
neste período B 7,000 6,000 2,000 0,071 0,012 0,024 0,000
(12h) C 30,000 20,000 0,000 0,000 0,000 0,000 3,000
Duração
Média A 10,000 30,000 90,000 0,000 0,000 0,000 0,000
de cada
utilização B 5,000 40,000 60,000 30,000 60,000 30,000 0,000
(min) C 2,000 10,000 0,000 0,000 0,000 0,000 60,000
1/μ (seg) A 600,000 1800,000 5400,000 0,000 0,000 0,000 0,000
B 300,000 2400,000 3600,000 1800,000 3600,000 1800,000 0,000
C 120,000 600,000 0,000 0,000 0,000 0,000 3600,000
*3600 (seg ) A
-1
0,417 0,333 0,083 0,000 0,000 0,000 0,000
B 0,583 0,500 0,167 0,006 0,001 0,002 0,000
C 2,500 1,667 0,000 0,000 0,000 0,000 0,250
A 0,069 0,167 0,125 0,000 0,000 0,000 0,000
ρ (/μ) B 0,049 0,333 0,167 0,003 0,001 0,001 0,000
C 0,083 0,278 0,000 0,000 0,000 0,000 0,250
Capacidade A 0,00556 0,16667 0,25000 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000
ρ*LB B 0,00389 0,33333 0,33333 0,00060 0,00008 0,00050 0,00000
(Mbps) C 0,00667 0,55556 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 0,09600
D 0,01056 0,88889 0,33333 0,00060 0,00008 0,00050 0,09600
Tabela 5.1 – Utilização dos vários cenários no horário diurno
57
Fig.5.2 – Gráfico da Largura de Banda necessária em função do número de utilizadores, para o horário diurno
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Nº de
Utilizações A 1,000 2,000 1,000 0,000 0,000 0,000 0,000
neste período B 2,000 4,000 1,000 1,000 0,024 0,048 0,000
(12h) C 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
Duração
Média A 10,000 30,000 80,000 0,000 0,000 0,000 0,000
de cada
utilização B 5,000 20,000 100,000 30,000 15,000 45,000 0,000
(min) C 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
1/μ (seg) A 600,000 1800,000 4800,000 0,000 0,000 0,000 0,000
B 300,000 1200,000 6000,000 1800,000 900,000 2700,000 0,000
C 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
*3600 (seg ) A
-1
0,083 0,167 0,083 0,000 0,000 0,000 0,000
B 0,167 0,333 0,083 0,083 0,002 0,004 0,000
C 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
A 0,014 0,083 0,111 0,000 0,000 0,000 0,000
ρ (/μ) B 0,014 0,111 0,139 0,042 0,000 0,003 0,000
C 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
Capacidade A 0,00111 0,08333 0,22222 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000
ρ*LB B 0,00111 0,11111 0,27778 0,00833 0,00004 0,00149 0,00000
(Mbps) C 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000
D 0,00111 0,11111 0,27778 0,00833 0,00004 0,00149 0,00000
Tabela 5.2 – Utilização dos vários cenários no horário nocturno
58
A diferenciação dos vários serviços também permite, como já foi referido,
distinguir quais as classes de serviço que predominam na rede. Isto poderá ser
um importante trunfo na implementação de uma rede WiMAX, já que a previsão
das classes de serviço que terão predominância na rede pode ter influência na
escolha do melhor algoritmo de escalonamento, podendo assim ser optimizado o
desempenho do escalonador. Apesar do objectivo desta dissertação não ser a
proposta de um mecanismo de escalonamento, é interessante conhecer quais as
classes de serviço que terão maior percentagem de uso, em cada cenário. As
classes para cada serviço foram já atribuídas, remetendo para a tabela 4.3. Desta
forma, sabendo qual a intensidade de tráfego para cada serviço, e agrupando as
várias classes, obtém-se a percentagem de tráfego para cada classe de serviço.
Esta informação encontra-se presente nas figuras 5.3 e 5.4, respectivamente para
60 50
50 40
UGS UGS
40
rtPS 30 rtPS
30
nrtPS 20 nrtPS
20
BE BE
10 10
0 0
100
80
80
UGS
60 UGS
60 rtPS
rtPS
40 nrtPS 40
nrtPS
BE
20 20 BE
0
0
Fig. 5.3 - Gráficos ilustrativos das percentagens de tráfego para cada classe em cada cenário, no horário
diurno
59
os horários diurno e nocturno.
80 80
60 UGS 60 UGS
rtPS rtPS
40 40
nrtPS nrtPS
20 BE 20 BE
0 0
1 80
0,8 60
UGS UGS
0,6 rtPS rtPS
40
0,4 nrtPS nrtPS
BE 20 BE
0,2
Agora
0 que já se tem uma ideia acerca das 0necessidades inerentes a cada um
dos cenários, deve-se incidir no estudo da tecnologia para dessa forma conseguir
saber como oferecer estes serviços a cada cenário através do WiMAX.
100 – Gráficos ilustrativos das percentagens de tráfego para cada classe em cada cenário, no horário
Fig.5.4
nocturno
80
UGS
60
rtPS
40 nrtPS
5.2. Célula WiMAX para
BE cada cenário
20
Neste
0
momento, já se compreende o fenómeno de propagação do sinal rádio,
bem como a capacidade que cada modulação pode oferecer. Já existem,
portanto, condições para obter valores elucidativos em cada cenário. Sendo
assim, as próximas secções irão apresentar estudos para os vários cenários
idealizados, com valores concretos para cada um dos valores calculados ao nível
do planeamento celular em termos de distância e capacidade do sistema.
60
5.2.1. Cenário A (Rural Residencial)
Para ser possível calcular o alcance da célula e das várias modulações, é
necessário atribuir a certas constantes valores típicos de WiMAX. Assim, neste
caso foram considerados os valores apresentados na tabela 5.3.
Parâmetro Valor
BW 3.5 MHz
PT 35 dBm
GT 16 dBi
GR 18 dBi
hr 4m
hb 50 m
Ls 1.1 dB
Tabela 5.3 – Valores usados para simulação no cenário A
61
percentagem de área que cada modulação vai cobrir, para posteriormente
perceber, dentro da capacidade total da célula, qual é a ―fatia‖ a que corresponde
cada modulação. A capacidade por modulação remete à tabela 2.5.
Área
Distâncias % Área Capacidade
Modulação Coberta
[km] 2 coberta [Mbps]
[km ]
BPSK 1/2 8,20 53,85 30,83 0,45
QPSK 1/2 6,82 23,85 13,65 0,40
QPSK 3/4 6,11 45,77 26,20 1,14
16-QAM 1/2 4,44 10,27 5,88 0,34
16-QAM 3/4 3,97 17,41 9,97 0,87
64-QAM 2/3 3,01 4,46 2,55 0,30
64-QAM 3/4 2,71 19,08 10,92 1,43
Total 174,69 100,00 4,93
Tabela 5.4 – Cobertura por modulação no cenário A
62
Através do gráfico da figura 5.6 conclui-se que este sistema tem uma
capacidade para servir no máximo 11 utilizadores, num cenário com uma
densidade de 0.063 utilizadores por km 2. Este é, portanto, o valor máximo de
densidade de utilizadores que esta célula poderia suportar. Apesar de se tratar de
um cenário rural, é legítimo pensar que esta célula poderá não ser suficiente.
Assim, poderá ser posta em prática a técnica já referida anteriormente:
Sectorização. Esta solução, ilustrada na figura 5.7, irá produzir um aumento na
capacidade da célula, o que se irá traduzir na possibilidade de poder servir um
número maior de utilizadores por km2.
63
Através da comparação entre as figuras 5.6 e 5.8, verifica-se que a
eficiência da célula aumentou consideravelmente, já que agora é possível servir
um maior número de clientes, com a mesma área de cobertura que anteriormente.
No entanto não se tem informações suficientes acerca da área que se vai
cobrir. Assim, é pertinente mostrar o efeito que a variação das dimensões da
célula tem tanto na capacidade como no alcance obtido. Ou seja, se a célula for
projectada para apenas utilizar certas modulações, isso vai-se repercutir
negativamente no alcance obtido e, consequentemente, na área de cobertura. Por
outro lado, obtém-se uma melhoria significativa no que concerne à capacidade da
célula. Os gráficos seguintes ilustram isso mesmo, dando uma ideia das
possibilidades que se poderão ter ao manipular estes parâmetros, no
planeamento de uma rede celular WiMAX.
Fig.5.9 – Gráfico da variação do Número Máximo de utilizadores suportado por uma célula com o alcance da
mesma, para células com 1 e 3 sectores (Cenário A)
64
Fig.5.10 – Gráfico da variação da capacidade máxima suportada pela célula com a área de cobertura da mesma,
para células com 1 e 3 sectores (Cenário A)
Fig.5.11 – Gráfico da variação do Número Máximo de utilizadores suportado por uma célula com a área de
cobertura da mesma, para células com 1 e 3 sectores (Cenário A)
65
Fig.5.12 – Gráfico da variação da densidade máxima suportada por uma célula, para células de 1 e 3 sectores
(Cenário A)
Fig.5.13 – Gráfico 3D que mostra a relação entre capacidade, número de utilizadores e distância entre células
66
específico, podem-se manipular diversos factores para encontrar a solução que
melhor se ajuste ao caso. Se por um lado a prioridade for o alcance, o aumento
da capacidade pode ser obtido através da técnica da sectorização. Por outro lado,
pode-se optar por diminuir o alcance e com isso aumentar a capacidade da célula,
o que irá diminuir os custos inerentes à sectorização.
67
Fig. 5.14 - Capacidade da célula em função do número de utilizadores (Cenário B)
Fig.5.15 – Gráfico da variação do Número Máximo de utilizadores suportado por uma célula com o alcance da
mesma, para células com 1 e 3 sectores (Cenário B)
68
Fig.5.16 – Gráfico da variação da capacidade máxima suportada pela célula com a área de cobertura da mesma,
para células com 1 e 3 sectores (Cenário B)
Fig.5.17 – Gráfico da variação do Número Máximo de utilizadores suportado por uma célula com a área de
cobertura da mesma, para células com 1 e 3 sectores (Cenário B)
69
Fig.5.18 – Gráfico da variação da densidade máxima suportada por uma célula, para células de 1 e 3 sectores
(Cenário B)
Fig.5.19 – Gráfico 3D que mostra a relação entre capacidade, número de utilizadores e distância entre células
(Cenário B)
Este cenário foi idealizado como sendo tipicamente uma zona residencial.
Isso reflectiu-se no alcance, que relativamente ao caso anterior foi inferior. Já a
densidade de utilizadores também será maior, o que alerta para a necessidade de
um planeamento bastante cuidado. Como foi possível de visualizar através dos
70
gráficos apresentados, o aumento de alcance de uma célula paga-se caro com a
diminuição da capacidade da mesma. Se, por um lado, for conhecida a densidade
de utilizadores deste cenário, remetendo ao gráfico 5.18 poderá encontrar-se a
melhor alternativa para responder às necessidades deste cenário.
Em suma, a análise dos gráficos 5.15 a 5.19 ajuda a encontrar um ponto de
equilíbrio entre as várias variáveis que influenciam o planeamento de uma rede
WiMAX. Se a prioridade for o alcance da célula, poderá conseguir-se aumento da
capacidade através da implementação da técnica da sectorização. Se, mesmo
assim, a densidade de utilizadores servidos não for suficiente, poderá actuar-se
sobre o alcance da célula, já que a sua redução proporciona aumento da
capacidade.
71
Fig.5.20 – Capacidade da célula em função do número de utilizadores (Cenário C)
Fig.5.21 – Gráfico da variação do Número Máximo de utilizadores suportado por uma célula com o alcance da
mesma, para células com 1 e 3 sectores (Cenário C)
72
Fig.5.22 – Gráfico da variação da capacidade máxima suportada pela célula com a área de cobertura da mesma,
para células com 1 e 3 sectores (Cenário C)
Fig.5.23 – Gráfico da variação do Número Máximo de utilizadores suportado por uma célula com a área de
cobertura da mesma, para células com 1 e 3 sectores (Cenário C)
73
Fig.5.24 – Gráfico da variação da densidade máxima suportada por uma célula, para células de 1 e 3 sectores
(Cenário C)
Fig.5.25 – Gráfico 3D que mostra a relação entre capacidade, número de utilizadores e distância entre células
(Cenário C)
Este cenário tal como se previra é bastante semelhante ao cenário B, até por
ter sido considerado como tendo o mesmo tipo de terreno. O que difere está
relacionado com o número de utilizadores, na medida em que as necessidades
empresariais são diferentes das residenciais.
74
A análise dos gráficos 5.21 a 5.25 permite a escolha da melhor opção que
relaciona as várias variáveis que estão envolvidas no processo do planeamento
celular. O facto deste cenário ser tipicamente empresarial é um aspecto bastante
importante, já que os seus utilizadores serão bastante exigentes. Isto leva a
pensar que neste caso a capacidade deverá ser favorecida em detrimento do
alcance. No entanto, existe a possibilidade de obter aumento de capacidade
através da técnica de sectorização, sem o alcance ser afectado.
Parâmetro Valor
BW 5 MHz
PT 25 dBm
GT 16 dBi
GR 18 dBi
hr 2m
hb 50 m
Ls 1.1 dB
Tabela 5.8 – Valores usados para simulação no cenário D
75
Fig.5.26 – Capacidade da célula em função do número de utilizadores (Cenário D)
Fig.5.27 – Gráfico da variação do Número Máximo de utilizadores suportado por uma célula com o alcance da
mesma, para células com 1 e 3 sectores (Cenário D)
De notar que se está a considerar que metade dos utilizadores são do tipo
empresarial e metade são do tipo residencial.
76
Fig.5.28 – Gráfico da variação da capacidade máxima suportada pela célula com a área de cobertura da
mesma, para células com 1 e 3 sectores (Cenário D)
Fig.5.29 – Gráfico da variação do Número Máximo de utilizadores suportado por uma célula com a área de
cobertura da mesma, para células com 1 e 3 sectores (Cenário D)
77
Fig.5.30 – Gráfico da variação da densidade máxima suportada por uma célula, para células de 1 e 3 sectores
(Cenário D)
Fig.5.31 – Gráfico 3D que mostra a relação entre capacidade, número de utilizadores e distância entre células
(Cenário D)
Tal como nos cenários anteriores, através da análise dos gráficos 5.27 a
5.31 é possível encontrar a solução melhor no que diz respeito à manipulação dos
diversos factores envolvidos no planeamento celular. Tendo em conta de que este
cenário terá uma grande densidade de utilizadores, é legítimo pensar que o seu
requisito em termos de capacidade será maior, tendo que ser favorecido em
detrimento da área de cobertura da célula.
78
Neste cenário verifica-se, no entanto, uma menor área de cobertura devido
ao tipo de terreno considerado – urbano. Isso exige reflexão na medida em que a
área de cobertura de uma célula representa uma percentagem pequena em
relação à área metropolitana de uma cidade. Ou seja, é necessário planear não
só uma célula mas sim um conjunto de células. Isto obriga a pensar na
reutilização de frequências, isto é, fazer o planeamento celular tendo em conta as
frequências de cada célula, para que não haja interferências entre si. Os sistemas
mais complexos exigem um factor de reutilização da frequência de 7, ou seja, 7
frequências distintas. No entanto, um factor de reutilização da frequência de 3 é
bastante mais simples e será suficiente para a complexidade deste cenário.
Também tem que se ter em linha de conta aspectos relacionados com o espectro
disponível, já que não se podem utilizar mais canais do que os permitidos pela
entidade reguladora.
Fig. 5.32 – Possível implementação de uma rede WiMAX com factor de reuso de 3
79
5.3. Sumário
80
6. Ferramenta de Planeamento de Redes WiMAX
Até este ponto, todos os cálculos efectuados foram feitos utilizando várias
plataformas, de forma não automatizada. No entanto, para fazer um correcto
planeamento de uma rede, de acordo com os cenários em questão, justifica-se a
criação de uma ferramenta que simplifique, automatize e generalize todo este
processo.
Um dos objectivos deste trabalho prende-se com a realização de uma
aplicação cuja função é ajudar no planeamento de uma rede WiMAX, através da
criação de um algoritmo eficiente, apresentando uma solução para a
implementação da rede, tendo como entrada qualquer cenário.
Assim, este capítulo será iniciado através de uma pequena introdução onde
será abordada de forma simplificada a estrutura da aplicação. Na secção 6.2 é
explicada a estrutura já de forma mais detalhada. A secção 6.3 é dedicada à
apresentação de resultados obtidos através do uso da ferramenta desenvolvida.
6.1. Introdução
Para efectuar este planeamento, é necessário ter em linha de conta uma série
de aspectos, bem como seguir todos os passos de forma faseada. Este processo
pode ser dividido em 3 fases principais: Dimensionamento, Planeamento e
Optimização.
81
combinação de alguns factores, cálculos efectuados, as especificações do
utilizador e também as soluções tecnológicas existentes.
Por último, a fase de optimização terá lugar após o resultado apresentado
pela ferramenta. Esta fase permite que o utilizador faça alguns ajustes no
resultado obtido, optando por outro tipo de solução que julgue ser mais
conveniente.
83
6.3. Funcionamento
Na secção anterior já foi apresentada a aplicação de um modo geral. Aqui
será dada uma explicação mais aprofundada.
Antes de mais, a linguagem de programação escolhida para o
desenvolvimento deste programa foi C#. A razão pela escolha desta linguagem
prendeu-se com algumas das potencialidades que apresenta, sendo que a
principal foi o facto de permitir o uso de arrays multidimensionais. Ou seja, por
exemplo a linguagem C (ou C++), permite o uso de arrays de apenas uma
dimensão, sendo que o utilizador pode contornar esta situação ao criar um array
composto por elementos em que sejam todos eles do tipo array também. No
entanto, em C#, um array poderá ser criado de raíz com as dimensões desejadas.
Neste caso, como já estavam desenvolvidas diversas funções em MATLAB que
lidavam directamente com variáveis matriciais de dimensões [MxN], seria mais
fácil a sua adaptação para a linguagem C#, já que a mesma suporta este tipo de
variáveis.
Fig. 6.3 – Vista da janela inicial da ferramenta de planeamento de uma rede WiMAX
84
serviços, preenchendo os espaços com os requisitos que cada serviço terá. No
caso do serviço de dados, tal como já foi considerado no capítulo 4, é feita a
distinção entre residencial e empresarial, para realçar que neste campo específico
poderá haver diferentes necessidades de largura de banda. É possível
seleccionar também o tipo de terreno que mais se ajuste às necessidades,
podendo optar entre cada um dos 3 tipos de terreno definidos pelo modelo SUI.
As opções de Guardar e Abrir permitem que sejam guardadas num ficheiro
todas as preferências do utilizador. A função guardar não faz mais que percorrer
todos os campos existentes neste programa: NumericUpdowns, checkBoxs e
Radios, guardando tudo no ficheiro especificado anteriormente. Obviamente, a
função Abrir irá preencher todos estes campos com os dados previamente
guardados em ficheiro.
Fig. 6.4 – Vista do separador “Perfis” da ferramenta de planeamento de uma rede WiMAX
85
selecção, cabe ao utilizador seleccionar o tipo de utilização que há de cada
serviço. Ao alterar o número de utilizações, bem como a duração das mesmas, o
utilizador está directamente a configurar a intensidade de tráfego desta rede.
Como se pode verificar, existe a distinção entre horário diurno e horário nocturno.
O comportamento do programa perante esta distinção é de seleccionar aquele
que tiver maior exigência em termos de tráfego.
Fig. 6.5 – Vista do separador “Tecnologia” da ferramenta de planeamento de uma rede WiMAX
86
Por fim, existe a secção ―Rácio DL:UL‖, que permite escolher qual a relação
entre Downlink e Uplink. É frequente no mundo das telecomunicações existir esta
preocupação na implementação de redes. Isto deve-se ao facto de tipicamente as
aplicações necessitarem de maiores débitos no sentido downlink do que uplink,
sendo que não se justifica a maior parte das vezes estes terem a mesma largura
de banda reservada.
Após o preenchimento correcto de todos estes parâmetros, o utilizador pode
pressionar em ―Calcular‖ para que o programa inicie o tratamento de todos os
dados introduzidos. Será então iniciada a ferramenta de cálculo tal como é
apresentado na figura 6.6.
87
vertical permite a selecção de canais de diferente tamanho. Este factor vai ter
influência directa em diversos campos. São eles a Largura de Banda Necessária
e as distâncias para cada modulação. O efeito da alteração destas distâncias é o
já descrito na explicação do movimento da barra horizontal. Por fim, o número de
sectores também pode ser ajustado. A alteração deste parâmetro irá ter influência
directa na Capacidade Total da Célula, bem como na Largura de Banda
Necessária.
O utilizador pode manejar livremente cada um dos parâmetros que a
aplicação permite. Quando a capacidade da célula não é suficiente para satisfazer
as necessidades, a cor do texto na Capacidade Necessária aparece a vermelho.
Se por outro lado a Largura de Banda Disponível for menor que a Necessária, o
texto nesta última também será vermelho.
88
Uma vez que todos estes cálculos são feitos na inicialização da aplicação
calculadora, e estão todos guardados em arrays de iguais dimensões, a
manipulação da barra horizontal e vertical não faz mais do que posicionar os
valores seleccionados nestes arrays. Isso possibilita que o cálculo de novos
valores seja praticamente instantâneo.
Outra das estratégias adoptadas na concepção da ferramenta foi o uso de
variáveis globais para armazenar os resultados. Este uso facilita não só a
passagem de parâmetros entre os diversos formulários, mas também permite que
na apresentação dos resultados não seja necessária a execução dos cálculos a
cada ajuste feito por parte do utilizador.
As funções chave do funcionamento da aplicação são as seguintes:
Extracção dos valores no formulário : Trata-se de uma função
simples, que extrai todos os valores introduzidos pelo utilizador,
armazenando-os em variáveis previamente definidas.
Cálculo de intensidade de tráfego: Trata-se de uma função que
mediante os valores relacionados com os vários serviços no que diz
respeito a periodicidade e duração das chamadas, efectua o cálculo da
intensidade de tráfego para cada serviço.
Cálculo da capacidade para cada serviço: Após o cálculo da
intensidade de tráfego, esta função irá usar estes valores para cálcular
a capacidade necessária para cada serviço, através do produto entre
intensidade de tráfego para cada serviço e respectivo requisito de
capacidade.
Armazenamento das tabelas de Sensibilidade e Capacidade: São
introduzidos no código as tabelas 2.5 e 4.7, em variáveis de dimensão
[7x6].
Cálculo da matriz distância: Esta função aplica as fórmulas já
apresentadas anteriormente que fornecem a distância máxima para
cada modulação. Assim, esta função irá devolver uma matriz, em que
cada coluna corresponde às Larguras de Banda consideradas, e cada
linha às várias modulações permitidas em WiMAX fixo.
Cálculo da matriz área: através da matriz distância é calculada a
área para cada modulação.
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Cálculo da matriz capacidade total necessária: Após estar
calculada a área, é possível saber qual o número de utilizadores que é
necessário servir, já que a densidade de utilizadores é uma das
entradas que a aplicação exige ao seu utilizador. Assim, após o
produto entre densidade de utilizadores e área, obtém-se o número de
utilizadores. Este número multiplicado pela capacidade necessária para
cada serviço oferece a capacidade total necessária.
Cálculo da capacidade total da célula WiMAX: Sabendo qual a área
para cada modulação e qual a capacidade total que cada modulação
oferece é efectuado o cálculo da capacidade total, em que Capacidade
Total é igual ao somatório do quociente entre a capacidade de cada
modulação e a respectiva área que esta abrange.
Após todos estes cálculos estarem efectuados, a aplicação efectua a escolha
da melhor opção, tendo como critério principal o custo mais baixo de
implementação, tal como já foi referido. Assim, a estratégia por detrás desta
implementação consiste na realização de vários ciclos repetitivos, em que todas
as hipóteses de capacidade total da célula são comparadas com a capacidade
necessária. Assim, a prioridade na escolha da implementação mais económica
prende-se com o critério da sectorização; para que o menor número de sectores
seja o seleccionado, basta que a ordem pelos quais os elementos são
comparados seja do maior para o menor. Desta forma, inicialmente são
analisados os valores com maior número de sectores, de forma decrescente até
ao menor número, sendo assim guardada a opção com menor número de
sectores.
Todo o funcionamento da aplicação está esquematizado na tabela 6.1.
90
Os valores introduzidos pelo utilizador são extraídos e
armazenados em variáveis.
91
6.5. Resultados Práticos
Agora que o funcionamento do programa está explicado, torna-se necessário
utilizar um exemplo ilustrativo do mesmo. Desta forma, idealiza-se então uma
rede WiMAX. Em termos de parâmetros tecnológicos, estes são apresentados na
figura 6.7. A figura 6.8 apresenta, por sua vez, os perfis de utilizadores e
respectiva densidade. Já o tipo de terreno considerado é urbano e os requisitos
para cada serviço mantêm-se inalterados em relação aos que foram considerados
no capítulo 5.
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Fig. 6.8 – Perfis de utilizador presentes na rede
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Fig. 6.9 – Primeira solução apresentada pela ferramenta de planeamento celular
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Fig. 6.10 –Solução possível apresentada pela ferramenta de planeamento celular, com 3 sectores
Fig. 6.11 – Outra possível solução apresentada pela ferramenta de planeamento celular
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Fig. 6.12 – Outra possível solução apresentada pela ferramenta de planeamento celular, com maior alcance
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6.6. Sumário
Este capítulo dedicou-se à apresentação da aplicação de planeamento
WiMAX desenvolvida no âmbito da dissertação. Assim, foi possível conhecer o
seu modo de funcionamento, tendo sido obtidos resultados de forma bastante
mais rápida e simples do que anteriormente.
Os resultados são expressos em termos de capacidade da célula e número
de utilizadores, como ficou presente nas figuras 6.9 a 6.12. A possibilidade de
alterar vários parâmetros é uma mais valia, já que permite a obtenção de
diferentes resultados, sendo que as figuras seleccionadas apenas são alguns
exemplos deste processo de optimização.
97
98
7. Conclusões e Trabalho Futuro
7.1. Conclusões
Neste trabalho efectuou-se um estudo acerca da possibilidade de
implementação da tecnologia WiMAX em quatro cenários distintos. Em cada um
dos cenários estudou-se o efeito de diversos parâmetros para se conseguir
encontrar uma solução para suprir as carências dos seus utilizadores, em termos
de capacidade.
Foi possível verificar que há certos factores que têm bastante influência no
desempenho do sistema e, como tal, devem ser planeados cuidadosamente. Um
exemplo disso mesmo é a altura a que se encontra a BS, que deverá ser elevada
para que as perdas de percurso sejam minimizadas. Outro factor que é bastante
influente é a largura de banda escolhida. Conclui-se que para canais com maior
espectro consegue-se melhor desempenho. Mas o espectro é, normalmente, algo
controlado e regulamentado pelo que se poderá tornar um entrave a escolha de
maior largura de banda. Por outro lado, por vezes o projectista deve planear a
rede celular tendo em vista o desempenho em detrimento do alcance para poder
servir uma densidade de utilizadores realista. Assim, ao reduzir o tamanho das
células é possível aumentar a capacidade das mesmas.
Apresentou-se uma solução para uma aplicação que simplifica o processo de
planeamento de uma rede WiMAX. Através da sua utilização é possível de forma
rápida fazer um estudo acerca das várias possibilidades de implementação de
uma célula, obtendo resultados a nível de alcance, capacidade, número de
utilizadores que pode servir, largura de banda.
Este estudo serve, no entanto, para apenas se ter uma ideia um pouco vaga
acerca da implementação de um cenário WiMAX, uma vez que carece de
bastantes informações geográficas que poderão ser bastante importantes para a
obtenção de um planeamento mais eficiente. Fenómenos como por exemplo a
refracção no topo de edifícios, ou shadowing não são previstos pelo modelo
empírico utilizado (SUI). Para fazer um planeamento o mais eficiente possível
recomenda-se o recurso a software SIG (Sistema de Informação Geográfica), já
que este tipo de software lida com informações topográficas da área a
implementar, podendo prever com bastante precisão quais as zonas LOS ou
NLOS usando, também, modelos de propagação bastante completos.
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No que diz respeito aos resultados obtidos, pode-se dizer que se tem agora
uma perspectiva bastante melhor acerca da capacidade de uma rede WiMAX
para satisfazer as necessidades de utilizadores fixos. Na verdade, existe toda
uma variedade de parâmetros que se deve ter em conta quando se está a
projectar este tipo de redes e, após os resultados obtidos, já é possível prever
qual o efeito que cada um deles apresenta.
O WiMAX é uma tecnologia cujo potencial é enorme, por estar a ser
desenvolvido tendo em vista a resolução de problemas reais. Utiliza a tecnologia
OFDM (e S-OFDMA), o que permite um bom desempenho ao mesmo tempo que
oferece robustez para fazer face a problemas típicos de comunicações sem fios.
Trata-se de uma tecnologia que tem uma particularidade bastante importante:
o facto de suportar QoS. A existência de classes de serviço permite que haja
diferenciação no tipo de tráfego que circula na rede. Assim, é possível oferecer
melhor serviço ao tráfego que seja considerado prioritário, como por exemplo
conversações em tempo real.
As inúmeras aplicações que esta tecnologia pode oferecer poderão tornar-se
uma mais valia num futuro próximo, já que vão de encontro a um dos objectivos a
atingir pelo mundo das telecomunicações: Ubiquidade. Através desta tecnologia
será possível oferecer acesso à internet a locais até agora inacessíveis ou aos
quais seria bastante dispendiosa a implementação de qualquer serviço com fios.
Em termos de uso rural, o WiMAX é, de facto, uma solução aliciante para fornecer
serviços de voz, dados e televisão a zonas que até então não seriam cobertas.
Estas zonas terão boas condições para a implementação de redes sem fios, na
medida em que não terão muitos obstáculos com efeitos destrutivos no sinal.
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8. Referências
[1] IEEE, IEEE Standard for Local and Metropolitan Area Networks—Part 16:
Air Interface for Fixed Broadband Wireless Access Systems, Standard 802.16-
2004, IEEE, New York, 2004.
[2] IEEE, IEEE Standard for Local and Metropolitan Area Networks—Part 16:
Air Interface for Fixed Broadband Wireless Access Systems, Standard 802.16-
2005, IEEE, New York, 2005.
[3] – Andrews J. G., Ghost A., Muhamed R., Fundamentals of WiMAX,
Prentice Hall, 2007
[4] – Ahson S., ILYAS M., WiMAX Applications, CRC Press, 2007
[5] – Ahson S., ILYAS M., WiMAX Technologies, CRC Press, 2007
[6] - Ahson S., ILYAS M., WiMAX Standards and Security, CRC Press, 2007
[7] – Nuaymi L, WiMAX – Technology for Broadband Wireless Access, John
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[8] – Jain R, WiMAX PART I: PHY, Washington University of Saint Louis, 2008
[9] – Ramamurthy H and Gadh R, 802.16 Network Planning Tool, WINMEC,
2003
[10] – Gray D, A Comparative Analysis of Mobile WiMAX Deployment
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[11] – Sargento S., Gestão de Recursos em Redes com Suporte de Qualidade
de Serviço, 2003
[12] – Zhang Y., Hwa Chen H., Mobile WiMAX Toward Wireless Metropolitan
Area Networks, Taylor and Francis Group, 2008
[13] – Afric W, Matosic N, Vakante D, WiMAX on 3.5GHz Cell Calculation,
IEEE, Croatia, 2006
[14] – K.Raghunath, Fixed WiMAX Cell Design, 2007
[15] – Pareek D., The Business of WiMAX, Wiley, 2006
[16] – www.anacom.pt
[17] – www.wimax360.com
[18] – www.bandcalc.com
[19] – www.iptvarticles.com
[20] – Sargento S., Nogueira A, Textos de Apoio de Análise de Redes de
Telecomunicações, Universidade de Aveiro, 2007
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