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N . 41
2 SANEAR
PALAVRA DO PRESIDENTE
E
M JULHO DE 2022, COMEMORAMOS Comparando o público com o priva-
DOIS ANOS DA ATUALIZAÇÃO DO do, nota-se que o setor público tem mui-
MARCO LEGAL DO SANEAMENTO. A tas amarras no ponto de vista de contra-
nova legislação serviu para algo extre- tação. Toda vez que um grande projeto no
mamente importante, que é a discussão Brasil é realizado, uma legislação especí-
sobre o setor de saneamento no país, fica é criada para facilitar os trâmites das
porém, ainda não há resultados exitosos contratações, como foi feito na Copa do
específicos vinculados diretamente ao Mundo e nas Olímpiadas, dois eventos de
novo marco. caráter esportivo. Por que não criar uma
O grande desafio para se alcançar a específica para o setor de saneamento?
universalização até 2033 é, primeiro, ter to- Sabendo que 75% dos Municípios estão
das as regras e diretrizes claras. Com toda a com contratos firmados com as Compa-
reestruturação que o setor teve, ainda não há nhias estatais?
Planos Regionais e, se não existe um plano Em contrapartida, há pontos do novo
Regional dizendo como investir e onde in- marco legal que trarão muitos benefícios
vestir primeiro, como a companhia saberá para o futuro, como a obrigatoriedade da
quais são as prioridades? É muito importan- interligação com a tarifa de disponibili-
te que o poder concedente dê essas diretrizes. dade e a inclusão das metas que foram
O novo marco legal também precisa ter instituídas.
uma nova ideia de como tratar a regulação O atual momento é de transformações
de tarifa do setor, principalmente a tarifa no saneamento brasileiro e a Aesbe possui
em relação as estatais, pois, para evoluir no um papel fundamental no progresso das
setor de saneamento é necessário ter uma ações desenvolvidas para a universalização.
tarifa adequada. Além disso, a legislação A busca pelo aperfeiçoamento do setor, por
deveria, também, ter incentivado o sanea- meio do estímulo ao desenvolvimento de
mento rural. É fundamental um programa ferramentas e tecnologias que possibilitem
de universalização dos serviços de sanea- a melhora na execução e no planejamento
mento para essas áreas. de serviços de saneamento no país, é um
O estabelecimento das diretrizes e o papel essencial exercido pela associação. E
financiamento das instituições oficiais, no as companhias estaduais vão continuar a
que tange o estímulo à desburocratização atuar e trabalhar significativamente para o
dos acessos a recursos, também não foi alcance das metas estabelecidas, porém, são
contemplado e é extremamente necessário ainda necessários ajustes para que a meta
para destravar investimentos. seja, de fato, factível.
Neuri Freitas,
diretor-presidente da Aesbe
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Mais de
20
entrevistados
Popular em
6
países
Disponível em
8
plataformas
O podcast do saneamento
Um bate-papo sobre saneamento de forma leve e
informativa. A cada semana, especialistas falam sobre
temas como água, esgotamento sanitário, resíduos
sólidos, universalização e regulação.
16 MATÉRIA DE CAPA
ESTUDO LANÇADO PELA AESBE
REFORÇA DISCREPÂNCIA ENTRE
DADOS DO SNIS E PLANSAB
EXPEDIENTE
Coordenação Editorial: Neuri Freitas (Cagece/CE). Projeto Editorial e Design Gráfico: Foco 21 Comunicação. Redação: Rhayana Ferreira Araújo, Michelle Khar Sidy Dioum e
Foco 21 Comunicação. Revisão: Neuri Freitas, Rhayana Araújo e Sergio Antonio Gonçalves e Foco 21 Comunicação. Imagens: Arquivo Aesbe, Arquivo Cagece, Arquivo Casan,
Arquivo Compesa, Arquivo Sanesul, Arquivo Pessoal. Impressão: Gráfica e Editora Athalaia. Tiragem: 10.000 exemplares. Diretor-Presidente: Neuri Freitas (Cagece/CE).
Diretores-Vice-Presidentes Regionais: Roberto Sérgio Ribeiro Linhares (Caern/RN), Manuela Marinho (Compesa/PE), Ricardo Soavinski (Saneago/GO), James da Silva Serrador
(Caer/RR), Roberta Maas (Casan/SC). Conselho Fiscal: Rogério Cedraz (Embasa/BA), Pedro Cardoso (Caesb/DF), Armando do Valle (Cosama/AM).
Equipe Aesbe: Antonio Costa de Lima Junior - Assessoria Jurídica e Secretaria Executivo em Exercício; Rhayana Ferreira Araújo - gerente de Comunicação; Marcos Monteiro de
Oliveira –Informática; Lisiene Goulart de Souza - Secretaria; Michelle Khar Sidy Dioum - estagiária de Comunicação; Maria da Cruz Campos Matos de Souza - Serviços Gerais.
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AESBE EM AÇÃO
PRESIDENTE DA AESBE
DEBATE CONTABILIDADE
REGULATÓRIA NO SETOR
O presidente da Associação Brasileira das
Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe),
Neuri Freitas, participou da reunião inaugural
do Comitê Técnico Saneamento do Instituto
dos Contadores do Brasil (ICBR), no mês de
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AESBE EM AÇÃO
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AESBE EM AÇÃO
8 SANEAR
AESBE EM AÇÃO
AESBE APOIA
INSTITUCIONALMENTE A
BRAZIL WATER WEEK
A Associação Brasileira das Empresas Estaduais de
Saneamento (Aesbe) apoiou institucionalmente a Brazil
Water Week (BWW) – Semana da Água do Brasil,
realizada pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária
e Ambiental (ABES), de 23 a 27 de maio.
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CÂMARAS TÉCNICAS
I
NOVAR É A PAUTA EM TODAS AS aprimoramento, readequação e inovação das metas”, afirma o presidente.
ÁREAS E UMA PRIORIDADE PARA O do setor e de todas as Câmaras. Sergio Gonçalves, secretário executi-
SETOR. A busca pela universalização De acordo com o presidente da Aes- vo da Aesbe, destaca o papel fundamental
evidencia os novos desafios e oportuni- be, Neuri Freitas, o setor de saneamento da CTI. “Essa Câmara vai auxiliar todas
dades do saneamento brasileiro. Duran- passa por uma fase muito desafiadora e as áreas das companhias associadas à Ae-
te a 3ª Assembleia Geral Extraordinária a criação da Câmara Técnica de Inova- sbe para que elas possam não só repensar
da Diretoria da Associação Brasileira ção é muito importante para o momento. o processo que está sendo feito hoje e
das Empresas Estaduais de Saneamen- “Temos um desafio grande para garan- aperfeiçoá-los, como também implemen-
to (Aesbe), realizada no Rio Grande do tirmos a universalização dos serviços de tar novas tecnologias e novos produtos
Sul, no município de Gramado, em ju- saneamento até 2033. Por isso, temos que para que possamos prestar cada vez mais
nho, foi criada a Câmara Técnica de Inova- começar a repensar toda a nossa forma um serviço de excelência”, exclama.
ção (CTI) da Aesbe. A Câmara foi lançada de atuação, e a inovação é essencial para De acordo com Antonio Costa Lima
oficialmente no dia 18 de agosto, durante o aprimoramento do conhecimento, para Junior, assessor Jurídico da Aesbe e in-
cerimônia realizada em Fortaleza (CE). pensar em soluções que tragam eficiência centivador da criação da CTI, debater
Com o objetivo de viabilizar um am- operacional para as companhias, que re- inovação é essencial para o momento de
biente de compartilhamento das práticas duza custos de investimentos e garantam transformação e desenvolvimento que o
inovadoras em desenvolvimento, a CTI tarifas que sejam suficientes para gerar o setor enfrenta atualmente.
buscará identificar as necessidades de resultado necessário para o atingimento “A inovação é um item preponderante
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CÂMARAS TÉCNICAS
Eleição para
Coordenação e
Secretaria da CTI
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ENTREVISTA
WLADIMIR
E
ANTONIO RIBEIRO
M ENTREVISTA PARA A REVISTA que você tributa os mais ricos para produzir
SANEAR, O ADVOGADO ESPECIALI- serviços e bens essenciais aos mais pobres”.
ZADO EM RESÍDUOS E SANEAMEN- Ele também reflete sobre a necessidade
TO BÁSICO, WLADIMIR ANTONIO de criar uma lei para o saneamento rural e
Sócio da banca Manesco, RIBEIRO, REFLETE SOBRE ESTES aponta que o tema foi esquecido no novo
Ramires, Perez, Azevedo DOIS ANOS DE IMPLEMENTAÇÃO marco regulatório.
DO MARCO LEGAL E OS INVESTI-
Marques - Sociedade de
MENTOS NECESSÁRIOS PARA QUE Leia a entrevista completa:
Advogados
O BRASIL ALCANCE A UNIVERSALI-
Graduado pela Faculdade de
ZAÇÃO DOS SERVIÇOS. Ribeiro foi Revista Sanear – Como o senhor vê o
Direito do Largo S. Francisco consultor jurídico para o Governo Federal cenário do saneamento do Brasil nes-
(USP) na turma de 1990, é na elaboração e regulamentação da Lei te período pós-implantação do mar-
mestre em ciências jurídico- Nacional de Saneamento Básico, a lei nº co? O novo marco, em termos efetivos
-políticas pela Universidade 11.445, de 2007, e da Lei de Consórcios de investimentos, não produziu resultados
de Coimbra. Foi consultor do Públicos, nº 11.107, de 2005. ainda, até porque esse período de dois anos
Governo Federal na elabora- Para ele, sem recursos fiscais não é é muito pouco para ter produzido resulta-
ção da Lei 11.107/2005 - Lei possível realizar os investimentos neces- dos. Então, a gente está numa fase, na ver-
de Consórcios Públicos, da sários para que o Brasil alcance a univer- dade, de preparação para que esses resulta-
Lei 11.445/2007 - Lei Nacio- salização até 2033. “Seria viável se você ti- dos possam acontecer.
vesse um determinado aporte de recursos Os projetos que foram licitados, os
nal de Saneamento Básico;
fiscais; como o Brasil está numa crise fis- contratos que foram assinados, todos eles
e da Lei 12.305/2010- Lei da
cal, uma crise econômica, não tem como estavam sendo modelados antes do novo
Política Nacional de Resídu-
mobilizar esse recurso para fazer esse in- marco. O que o marco fez foi, na verdade,
os Sólidos. É consultor na vestimento”. estimular esses projetos anteriores para que
estruturação de projetos de E completa: “A tarifa tem limites e o fossem concluídos.
investimentos, regulação e melhor caminho para produzir saneamento Então, o que a gente pode dizer é que,
na modelagem de contratos em algumas áreas é redistribuir a renda. Um de um lado, ainda não chegou a produzir
de saneamento básico. dos meios para fazer isso é o tributário, por- resultados efetivos, mas estimulou alguns
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EÚ NL T IR ME AV SI S T A
ção de investimentos fiscais. Claro que esse Os países que têm se esforçado para o PLANSAB, seria viável se você tivesse
investimento pode ser recebido por um universalizar, no mundo inteiro, sempre um determinado aporte de recursos fiscais;
prestador público, um prestador privado, usaram recurso fiscal, recurso do orçamen- como o Brasil está em uma crise fiscal, uma
uma obra, há várias formas de aplicar esse to nacional ou do orçamento federal. crise econômica, não tem como mobilizar
recurso. O que fica claro é que a tarifa é O Chile tem uma política de subsídios, esse recurso para fazer esse investimento.
insuficiente para esse esforço. Os estudos a Colômbia também e na Europa, o esgo- O plano previu o cumprimento da meta,
até agora mostram isso. tamento sanitário, a estação de tratamento se houvesse certas condições. Como certas
Então, essas concessões que estabelecem de esgoto na Alemanha, na Bélgica, em condições não se confirmaram, fica inviável
que tudo vai ser feito com recurso da tarifa, Bruxelas onde tem a sede da União Euro- tecnicamente alcançar a meta.
eu tenho uma certa desconfiança. E como peia, todos os investimentos foram feitos Eu acho que, como utopia, nós temos
tivemos casos recentes de concessões que com recursos fiscais. que universalizar no menor prazo possível,
fracassaram, como no caso da concessão do Quer dizer, a tarifa não é capaz de su- isso precisa ser a nossa diretriz. Deve haver
aeroporto de Viracopos ou do aeroporto de portar esse investimento. Então, eu acho o esforço para universalizar o quanto antes,
São Gonçalo do Amarante, no Rio Gran- que há um problema de sustentabilidade porque uma população sem acesso à água, ao
de do Norte, em que a concessionária até econômico-financeira muito séria no setor esgotamento sanitário tem seus direitos es-
devolveu a concessão, eu acho que deve ter de saneamento. Aqueles que acreditam que senciais prejudicados, são serviços públicos
um certo cuidado. Até porque, se nós não vai ser uma mágica universalizar, que o di- diretamente vinculados à concepção do que
modelarmos bons projetos viáveis, o setor nheiro vai cair do céu, isso não é verdade. é dignidade da pessoa humana. Isso coloca o
privado pode achar que saneamento no Bra- A tarifa tem limites e o melhor cami- Brasil em um problema que é do século 19,
sil é muito arriscado e o custo de implantar nho para produzir saneamento em algumas século 20 e, para a economia brasileira, não
projetos desse tipo, o custo de capital, vai áreas é redistribuir a renda e um dos meios é razoável ter esse problema no século 21.
acabar incorporando essa percepção de risco para fazer isso é o tributário, porque você
e, portanto, dificultando o acesso aos recur- tributa os mais ricos para produzir serviços Revista Sanear – Poderia citar locais
sos, tornando mais caro investir. e bens essenciais aos mais pobres, é para do Brasil que precisam de mais inves-
Por isso essa é uma questão central: isso que serve o sistema tributário. timento? E o que precisa ser feito para
como fazer os projetos serem mais viáveis, que eles sejam atendidos? Olha, o dé-
mas com um pé no mundo real? Pensando Revista Sanear – O novo marco regu- ficit de saneamento está concentrado em
qual a distribuição de renda do Brasil, qual latório prevê que o país alcance a uni- cidades pequenas e periferias das grandes
o desafio de investimento do Brasil e se a versalização do saneamento até 2033. cidades, na má distribuição de renda. Ou
população tem a capacidade de pagar tari- O senhor acredita que essa meta pode seja, há uma correlação entre má distri-
fas para custear todo esse esforço em um ser alcançada? Quais são os principais buição de renda nos territórios e déficit do
prazo tão curto e, se não tiver essa capacida- mecanismos, políticas e estratégias acesso ao serviço de abastecimento de água
de, a gente vai ter que adotar um outro mo- para que isso se realize? Olhando hoje, e esgotamento sanitário. Isso mostra que a
delo com uma espécie de subsídio público. a meta de 2033 é inviável. Se a gente olhar questão não é só do saneamento.
É preciso ter uma política habitacional
de regularização fundiária adequada para
que, por exemplo, na periferia das grandes
cidades ou regiões metropolitanas, a gente
possa fazer com que a população acesse o
serviço. A questão não é do prestador pú-
blico ou privado, mas de haver ou não uma
política habitacional e de regularização
fundiária que permita que essas famílias se
integrem à vida urbana e tenham acesso a
esses serviços essenciais. Esse é o entrave, o
fato de grande parcela da população não ter
uma moradia adequada, o saneamento é a
consequência dessa ausência.
Outro desafio enorme são as popula-
ções rurais; é um Brasil que foi esquecido
e, do ponto de vista do saneamento, pre-
cisa ter características próprias, o serviço
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MATÉRIA DE CAPA
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MATÉRIA DE CAPA
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MATÉRIA DE CAPA
A
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA de lixo e manejo de resíduos sólidos,
DAS EMPRESAS ESTADU- drenagem e manejo das águas plu-
AIS DE SANEAMENTO (AE- viais urbanas, e possui o horizonte
SBE) LANÇOU, EM AGOSTO de 20 anos (2014 a 2033).
DE 2022, O ESTUDO “ANÁ- O Plano parte de uma Análise
LISE DAS POPULAÇÕES Situacional com ênfase no déficit
ATENDIDAS E NÃO ATEN- em saneamento básico e de um
DIDAS COM OS SERVIÇOS estudo de cenários para a política
DE ÁGUA E ESGOTOS NO de saneamento básico no país e, a
BRASIL - COM BASE NAS partir daí, estabelece metas para
INFORMAÇÕES CONTIDAS NO os anos de 2023 e 2033 (horizon-
PLANSAB 2017 E NO SNIS 2017 te final). O Plano também apre-
A 2020”, feito sob a consultoria senta Estratégias que orientam a
do engenheiro Adauto Santos. As atuação dos agentes do setor, em
análises apresentam discrepâncias especial o Governo Federal, e que
verificadas entre os números pu- foram utilizadas como referên-
blicados na imprensa desde 2020, cia para o delineamento dos três
com base no SNIS, que diferem Programas: Saneamento básico
significativamente daqueles conti- integrado - Infraestrutura urbana;
dos no Plano Nacional de Sanea- Saneamento rural e Saneamento
mento Básico (Plansab) de 2017, Estruturante.
elaborado pelo Governo Federal. Para se definir os índices de
O Plansab é o documento atendimento e de déficits, o Plansab
oficial de planejamento da políti- adota as seguintes premissas:
ca federal de saneamento básico, • considera as soluções individu-
publicado no site do Ministério ais como acesso adequado aos
do Desenvolvimento Regional serviços de água e esgotos.
(MDR), e consiste no planejamen- • adota como fonte de dados o
to integrado do saneamento básico Censo 2010 combinado com as
considerando seus quatro compo- variações anuais da PNAD; e
nentes: abastecimento de água po- • considera informações de todos
tável, esgotamento sanitário, coleta os 5.570 municípios brasileiros.
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ÁGUA
Novos habitantes urbanos: 14,7 milhões
Novos habitantes rurais: 21,8 milhões
Estima-se que 13,7 milhões de habitantes
rurais vivem sem aglomeração
ESGOTO
Novos habitantes urbanos: 67,1milhões
Novos habitantes rurais: 30,1 milhões
Estima-se que 18,9 milhões de habitantes
rurais vivem sem aglomeração
ÁREAS RURAIS,
PRINCIPALMENTE, SEM AGLOMERAÇÃO
Soluções individuais para água: poços,
nascentes ou cisternas de água de chuva;
para esgotos fossas sépticas seguidas de
sumidouro ou vala de infiltração.
Tais comparações evidenciam que no Plano Nacional, documento oficial em consideração soluções individuais,
os déficits amplamente divulgados na do Governo Federal. Tanto é assim indicadas para as populações rurais
grande mídia e por representantes do que quando se divulga o montante de dispersas. Com relação ao esgota-
Governo Federal, que se utilizam dos recursos necessários, o valor informa- mento sanitário, as soluções individu-
valores do SNIS, não são consistentes do é o do Plansab. ais, além das áreas rurais, também se
com o Plansab, mesmo sabendo-se Destaca-se, ainda, que o concei- mostram viáveis para áreas de baixas
que o desafio posto para o setor sanea- to adotado no Plansab se apresenta densidades populacionais e pequenos
mento brasileiro é aquele quantificado como mais consistente, pois levam municípios.
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MATÉRIA DE CAPA
URBANO RURAL SNIS 2020* 82,8% URBANO RURAL SNIS 2020* 54,1%
*SNIS contém informações somente com redes, não incluindo soluções individuais
** O Plansab adota soluções individuais adequadas tanto para o abastecimento de água como para o esgotamento sanitário.
O tamanho do desafio impacta na ca- tivamente necessitam de modelos de pres- da. Para que os órgãos promotores de
pacidade do setor em superá-lo e sinaliza tação de serviços alternativos, ou mesmo políticas públicas possam, efetivamente,
as reais necessidades de reestruturação. a adoção de soluções individuais, para as disponibilizar instrumentos normativos e
Portanto, é preciso desmistificar os núme- populações rurais dispersas. programas governamentais que viabilizem
ros publicados, sob pena de se induzir a A Aesbe ressalta que se o objetivo é recursos financeiros – de empréstimos e
mudanças a partir de dados que não são universalizar os serviços de água e esgo- não reembolsáveis –, os quais somados aos
aqueles planejados para o país. Outra tamento sanitário, é necessário iniciar um recursos das prestadoras de serviços de sa-
questão importante a se observar é que amplo debate técnico-institucional, que neamento básico (água e esgoto), possibi-
a maior parte da população não atendida permita qualificar os dados que realmente litem se organizar e planejar no sentido de
adequadamente com abastecimento de identifiquem onde está a população não cumprir os prazos e percentuais de atendi-
água se encontra em áreas rurais, que efe- atendida e que deve passar a ser atendi- mento previstos na legislação.
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Agenda Propostiva da Aesbe
Mantendo sua posição histórica de con- mento básico brasileiro. O documento
tribuir com o poder público para o esta- completo será entregue a cada um dos
belecimento e implementação de políti- candidatos à Presidência da República
cas públicas que permitam a ampliação e para que seus planos de governo con-
a melhoria da qualidade dos serviços de templem as melhorias que o setor ne-
abastecimento de água e de esgotamento cessita para se chegar à Universalização
sanitário, a Aesbe mais uma vez apresen- dos Serviços de Saneamento. Abaixo,
ta sua agenda propositiva para o sanea- listamos alguns pontos resumidamente:
Desoneração do PIS/COFINS
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ESPECIAL
As
mulheres
na liderança
do saneamento
Elas lideram as Companhias Estaduais de Saneamento no Brasil. Em uma área majoritariamente masculina,
aumenta consideravelmente o número de mulheres que assumem a liderança dentro do setor de saneamento brasileiro.
Segundo uma pesquisa realizada pela Grant Thornton, as mulheres ocupam 38% dos cargos de liderança em todo o país, o que indica
(embora seja um número baixo) que a presença de mulheres, em todos os setores e em cargos de liderança, cresceu nos últimos anos.
Dos vários pilares que constituem o ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança),
a diversidade, compreendendo a de gênero, é um dos mais importantes. O caminho para o aumento desta participação
feminina no setor de saneamento ainda é longo, mas a presença dessas mulheres no comando das companhias
estaduais abre portas para outras mulheres, aumenta a representatividade da força feminina nesse mercado
de trabalho e mostra que a barreira de gênero vem sendo quebrada.
22 SANEAR
P
ela primeira vez, em 48 anos de histó-
ria, a Compesa é comandada por uma
mulher. Engenheira civil e pós-gradu-
ada em Engenharia de Segurança do
Trabalho pela Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE), Manuela
Marinho atua desde 2013 no Gover-
Manuela
no do Estado de Pernambuco, no qual
exerceu a função de secretária Execu-
tiva, comandou a pasta de Turismo,
Marinho
Esportes e Lazer, esteve à frente da área de
transportes na Secretaria de Infraestrutura e
Recursos Hídricos (Seinfra), até ser indicada
para a presidência da Compesa. Compesa
Para ela, os maiores impactos de uma
maior participação de mulheres na liderança
dessas companhias estão conectados com a capacidade de mudar a vida das pessoas, com relação a tudo que a gente precisa conquistar
naturalização de processos sobre a conscien- políticas públicas, e pela análise profunda da e alcançar enquanto empresa de saneamento,
tização em relação à equidade de gênero, cor questão da água, que é muito conectada ao vide o marco legal e as metas ousadas que
e raça. As práticas cotidianas relacionadas a lado feminino do Brasil. precisamos alcançar. Ainda sendo mulher, o
essas ações de representatividade e empode- “Quem é mãe, mulher, profissional e desafio é maior, por mais bem recebida que a
ramento fazem com que o desenvolvimento dona de casa sabe a importância da água para gente seja, porque estamos desbravando no-
das ações de diversificação e inclusão ocor- a vida, então esses olhares múltiplos, mútuos vos cenários e horizontes. Tem outras mu-
ram de forma espontânea e natural. A Com- e com diversidade fazem com que as compa- lheres no saneamento, como Roberta Maas,
pesa é a Companhia Estadual com o maior nhias, de uma forma geral, trabalhem com presidente da Casan, que tem um posicio-
percentual de mulheres ocupando cargos mais excelência. Aqui no Estado de Pernam- namento muito necessário, temos o Insti-
de chefia e gestão, com uma representação buco, atualmente, a área de infraestrutura e tuto Musas, Mulheres do Saneamento, um
maior do que 22%. Atualmente, o Estado de toda a área de águas, são áreas femininas. movimento criado por mulheres de várias
Pernambuco possui um comando totalmen- Temos atualmente mulheres ocupando a se- companhias e que vem fazendo palestras e
te feminino na parte de infraestrutura e, de cretaria de Infraestrutura e recursos hídricos, fortalecendo a presença feminina e do em-
acordo com a presidente Manuela Marinho, a presidência da Compesa, a secretaria Exe- poderamento na área”, pontua a presidente
o objetivo é aumentar a quantidade de pro- cutiva de recursos hídricos e a presidência da da Compesa.
gramas para gerar cada vez mais oportunida- Agência Pernambucana de Águas e Climas Exercer a liderança de uma concessioná-
des para as mulheres, porém, visando acolher (Apac). São todas especialistas e doutoras ria é um processo muito diferente, em que a
as diferenças e recortes dentro do gênero e em suas áreas. Suzana, Fernanda, Simone, motivação e inspiração da equipe precisam
da diversidade de uma forma geral. por exemplo, são mulheres imprescindíveis estar presentes para que os avanços sejam
“A pluralidade é extremamente importan- para o funcionamento do setor em Pernam- direcionados em direção à concretização das
te, pois são olhares diferentes que fazem com buco. E isso também mostra como a área até metas estabelecidas.
que a gente tenha soluções mais abrangentes pouco tempo atrás era em maioria masculi- “Acredito que não só dentro do setor
e eficazes. Acredito que temos uma capacida- na, e hoje tivemos uma grande transforma- especificamente, mas em toda área e carrei-
de maior de gerar empatia, de se colocar no ção no setor em relação a presença femini- ra, é necessário se especializar, dar sempre o
lugar do próximo, de enxergar outro e com na”, salienta Manuela. melhor de si, procurar a capacitação, não só
isso trazer maiores resultados. Nós temos im- Na Compesa, a liderança feminina in- de forma técnica, mas no desenvolvimento
plantado políticas públicas, e queremos que fluencia, motiva e gera identificação dentro de outros estilos de ferramentas de lide-
elas não sejam só de governo, mas sim polí- do setor de saneamento brasileiro, além de rança, ferramentas de gestão. É importante
ticas públicas de estado, como o saneamento estimular a mudança de visão que gera em- trabalhar as relações interpessoais, e princi-
rural. Aqui na Compesa existe uma sensibili- patia. A importância dessa representativida- palmente gostar do tema, gostar do que faz,
zação maior quando a mulher está na rua, nas de é gerar a possibilidade de que mais mu- independentemente de ser saneamento e
visitas técnicas, os diagnósticos e necessidades lheres se enxerguem nesses locais de tomada infraestrutura, que é um grande desafio. É a
são sempre colocados de forma humanizada”, de decisão. área com grandes oportunidades nos próxi-
afirma a presidente da Compesa. “O desafio de estar na área de sanea- mos 15 anos no Brasil. Então é muito im-
Para Marinho, o setor de saneamento mento por si só, independente do gênero, já portante a presença das mulheres na área”,
é uma área apaixonante, pela finalidade e a é enorme, por conta de toda a defasagem em conclui Manuela Marinho.
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40 23
EÚ SL TP IE MC AI AS L
E
ngenheira sanitarista e ambiental
pela Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) e engenheira civil
pela Universidade do Sul de Santa
Catarina (Unisul), Roberta Maas dos
Anjos é a primeira mulher a presidir a
Casan, em 47 anos de história. Além
de diretora-presidente da Casan, é
vice-presidente da Associação Brasi-
Roberta
leira das Empresas Estaduais de Sa-
neamento (Aesbe), e começou sua carreira
na companhia como estagiária da divisão
Maas dos
de convênios internacionais, em 2004.
Para Maas, o principal desafio do coti-
diano sendo líder na área de saneamento e
Anjos
representando mulheres dentro do setor é Casan
avançar na valorização e na redução das dife-
renças, entendendo que o trabalho está além
das questões de gênero. O setor está repleto
de novas metas e desafios, ainda mais com dã, que permite a ampliação dos tempos de
uma nova regulamentação. A diversidade, a afastamento para cuidado dos filhos.
soma das características peculiares de ho- Além do estímulo a uma visão de mundo
mens e mulheres, traz uma grande riqueza ampla, com responsabilidade social e ambien-
para as ações de saneamento. tal, criatividade e sensibilidade, a presidente
De acordo com Roberta, o aumento da Roberta tem gerado o desenvolvimento de
representatividade feminina está ligado com novos modelos de gestão dentro da empresa,
o processo de valorização das conquistas. A um trabalho que resulta em uma prestação de
Casan, atualmente, é uma das companhias serviços ainda melhor à sociedade catarinen-
brasileiras de saneamento com a maior repre- se, que conta com novos sistemas de esgoto
sentação feminina e conta com quatro repre- e melhorias nos sistemas de abastecimento,
sentantes mulheres em seu Conselho de Ad- com investimentos maiores em saúde públi-
ministração, o que fez com que a companhia ca e qualidade de vida, fazendo da Casan mais
recebesse o troféu do Selo WOB (Women eficiente e capacitada para o cumprimento
on Board), premiação que reconhece e di- das metas do Marco do Saneamento.
vulga as organizações com pelo menos duas “É com muito orgulho que exerço o papel
mulheres nos conselhos de administração ou de presidente da Casan, uma empresa fun-
consultivos. A empresa também possui os se- damental para o desenvolvimento de Santa
los do Movimento ODS (Objetivos de De- Catarina. Temos executado importantes mu-
senvolvimento Sustentável) Santa Catarina danças internas, buscando sempre maior efi-
e de Empresa Cidadã, o que demonstra essa ciência na gestão e retorno nos investimentos
visão global sobre o campo do saneamento. nas obras de água e esgoto. Como exemplo,
Recentemente, a empresa passou a integrar cito uma economia de R$ 59.1 milhões na
o Instituto Brasileiro de Governança Corpo- revisão de contratos desde 2019, quando a
rativa, sendo signatária desta iniciativa para atual Diretoria Técnica assumiu e determi-
reduzir a questão da desigualdade de gênero. nou novas licitações para compras e serviços
A Casan também possui ações internas em diversas áreas, o que nos traz muito or-
adotadas com o objetivo de dar suporte gulho e satisfação. Com certeza ocupar uma
ao trabalho das famílias e colaborar com posição de liderança frente à uma companhia
a presença feminina na empresa, como o como a Casan traz repercussões, pois é uma
apoio financeiro para creche e babá, onde posição pública, com uma grande responsa-
são atendidos, atualmente, 282 homens e bilidade e uma grande missão relacionada à
91 mulheres, a redução de carga horária, qualidade de vida da população catarinense”,
redução de jornada e licença empresa cida- afirma a presidente da Casan, Roberta Maas.
24 SANEAR
ESPECIAL
A
Sanesul, em seus 43 anos de exis- “Além de Mato Grosso do Sul, te-
tência, também elegeu pela pri- mos Santa Catarina e Pernambuco. É
meira vez uma mulher para ocupar um abismo que ainda nos marca e que
o cargo de diretora-presidente. precisamos transpor. Aqui na Sanesul
A atual presidente da empresa, é temos mulheres nas gerências e uma in-
tegrante no Conselho de Administração,
Marta Ferreira Rocha, pedagoga,
desenvolvendo funções importantes nas
assessora de Planejamento e pós-
sedes regionais”, ressalta a presidente da
-graduada em gestão pública pela
Sanesul.
Universidade Dom Bosco. Marta
De acordo com Marta Rocha, ser
Ferreira Rocha iniciou a sua carrei- mulher ainda é difícil em todos os setores
ra dentro da companhia em 2016, quan- do mercado de trabalho, porque, apesar
do atuou como gerente de infraestrutura de todas as conquistas, ainda há muitas
e chefe de gabinete da Presidência. barreiras de desigualdade que precisam
Marta Rocha reforça que a luta pela ser ultrapassadas. Na Sanesul, o maior
igualdade de gêneros tem como um de desafio, atualmente, é continuar manten-
seus pilares a ocupação dos espaços de do a empresa na posição de destaque na-
poder pelas mulheres, em cargos de che- cional, na busca por equidade e com foco
fia e na tomada de decisões. Conforme na prestação de serviços com eficiência e
pesquisa recente divulgada pela Grant responsabilidade.
Thornton, embora tenha havido um cres- Em relação à influência que uma li-
cimento nos últimos anos, apenas 38% derança feminina causa na cultura orga-
das mulheres ocupam cargos de liderança nizacional da Companhia, a presidente
no Brasil e somente 6,3% das empresas da Sanesul entende que a sensibilidade
oferecem condições iguais para homens da mulher, aliada à sua força, e sua ca-
e mulheres em todas as áreas de atuação. pacidade de ser multitarefas, são fatores
Dentro das empresas de saneamento bra- que fazem diferença na administração de
sileiras, apenas três delas são lideradas qualquer organização.
por mulheres. Na Sanesul a busca é sempre oferecer
suporte e capacitação para que todos pos-
sam crescer e se desenvolver com igual-
dade. A Companhia conta, atualmente,
com mais de 80 mulheres em cargos de
gestão, incluindo gerentes, coordenado-
Marta
ras e supervisoras. A empresa está ran-
queada entre as melhores companhias de
saneamento e entre as mil melhores em-
Ferreira
presas do Brasil, posição conferida pelo
jornal Valor Econômico e pela Revista
Isto É, além de ser referência em relação
Rocha
ao Novo Marco Legal do Saneamento.
Para a presidente da Companhia, to-
dos esses avanços estão conectados com a
igualdade de gêneros.
Sanesul “É questão de honra presidir uma
empresa desse porte, uma marca reco-
nhecida nacionalmente, fruto de um
trabalho sério, austero e transparente.
Sou muito grata em ser indicada para
dar continuidade à excelente gestão do
Walter Carneiro Júnior, principalmente
pela qualidade dos membros da direto-
ria, os quais já conheço, sei do valor e da
competência administrativa de cada um”,
conclui a presidente da Sanesul.
ANO XV • 2022 • N. 41 25
ESPECIAL
OS PROFISSIONAIS DO SANEAMENTO
SÃO FUNDAMENTAIS PARA O
DESENVOLVIMENTO DO PAÍS
O saneamento básico é essencial para o desenvolvimento de um país. O
acesso ao saneamento garante mais qualidade de vida das pessoas e a
meta de universalização estimula o aumento de ações voltadas para a
garantia deste direito. E todos os profissionais do setor desempenham
funções fundamentais para esta transformação.
26 SANEAR
ESPECIAL
D
E ACORDO COM A ORGANIZAÇÃO químicos, biológos. Além dessas áreas, com as demandas populacionais e sociais
DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), 75% que são consideras como atividades-fim, da população.
DOS EMPREGOS DEPENDERÃO ainda existem os setores de apoio, como: “A Divisão de Relações com a Co-
DA ÁGUA NAS PRÓXIMAS DÉCA- comunicação, financeiro, informática e munidade faz a intermediação entre a
DAS, E NA AMÉRICA LATINA, PARA tecnologia, administrativo, jurídico, re- empresa e a comunidade. Por meio do
CADA US$ 1 MILHÃO INVESTIDOS cursos humanos e diversos outros. Além diálogo são realizadas mediações para
NA EXPANSÃO DOS SERVIÇOS DE dos cargos ligados de forma direta ao cui- soluções das demandas trazidas pelas li-
ÁGUA E ESGOTO, 100 EMPREGOS dado e a operação das estações de trata- deranças e que afetam as comunidades,
DIRETOS SÃO GERADOS. Além mento de esgoto e água, existem aqueles como a paralisação no abastecimento
dos serviços imediatos realizados profissionais que têm a missão de lidar de água, o risco de vazamentos e trans-
diariamente pelos profissionais do setor diretamente com a comunidade, orien- tornos de obras. Seu papel é atuar com
de saneamento, ainda existem todos os tando o cidadão, buscando a resolução de a comunicação diária com lideranças
resultados de progresso a longo prazo possíveis dúvidas e contribuindo para o comunitárias, federações e organizações
que são realizados por esses colaborado- atendimento da população. dos bairros e com lideranças indígenas,
res, que garantem saúde, inovação, desen- De acordo com Jonas Renato Cabral, para contribuir com a intermediação e o
volvimento e crescimento econômico de gestor da Divisão de Relações com a Co- envolvimento dos líderes nos processos
porta em porta. munidade (E-DRC) da Companhia Es- de prestação de serviços na companhia”,
As 26 Companhias de Saneamento pírito Santense de Saneamento (Cesan), pontua Jonas.
do Brasil associadas à Aesbe possuem a natureza da atividade de uma empresa Essa comunicação personalizada das
um amplo e diverso time responsável de saneamento requer uma aproxima- companhias com a população tem como
pelo setor. As equipes são formadas por ção com todas as partes envolvidas nos objetivo a atualização e o compartilha-
tecnólogos em Saneamento, técnicos, processos. A participação direta das ar- mento das informações para que a di-
técnicos em Gestão Ambiental, técnicos ticulações com lideranças comunitárias e vulgação dos avisos e procedimentos seja
em Eletromecânica, leituristas, gestores e políticas é primordial para o desenvolvi- programada, acessível e chegue até as
gerentes de Relação com a Comunidade, mento de ações que estejam conectadas comunidades de forma acessível e rápida.
ANO XV • 2022 • N. 41
40 27
ESPECIAL
“A Tarifa Social é um
benefício que surgiu a
partir da necessidade da
companhia acompanhar
e atender à realidade
social da população
atendida. É uma ação de
responsabilidade social
da empresa, contribuindo
para a promoção do
acesso aos serviços
de saneamento às
populações de maior
vulnerabilidade social”
Jonas Renato Cabral,
gestor da Divisão de Relações
com a Comunidade da Cesan
Outro ponto importante da relação direta relacionamento foram construídas, houve O papel desenvolvido por esses co-
com as comunidades é a criação de ações a necessidade da criação de novos conte- laboradores do saneamento é amplo e
que atendam com celeridade às demandas údos para a educação ambiental e sobre ocorre em todas as camadas da sociedade,
da população. A Tarifa social, por exem- os cuidados necessários para a diminui- pois a área mais afetada pela ausência de
plo, é um benefício, o qual o cidadão rece- ção das contaminações. Os profissionais saneamento é a da saúde, porém, sua ine-
be desconto de 10 a 65% no valor mensal do saneamento revisaram e melhoraram ficiência acaba impactando o corpo social
da conta de luz, dependendo da faixa de processos, investindo em tecnologia vi- em todos os outros níveis. Para que um
consumo, gerado a partir dessa escuta ati- sando a continuação e ampliação dos setor tão importante desenvolva um país,
va dos cidadãos e suas necessidades. serviços e foram essenciais para manter o é necessário que esses profissionais con-
“A Tarifa Social é um benefício que país em funcionamento. tinuem executando com excelência essa
surgiu a partir da necessidade da compa- “Sinto muita satisfação em fazer par- atuação de ponta a ponta.
nhia acompanhar e atender à realidade te de uma empresa que presta um serviço
social da população atendida. É uma ação público essencial para a vida da popula-
de responsabilidade social da empresa, ção capixaba, como a Cesan. Uma em-
contribuindo para a promoção do acesso presa que preza pela qualidade e visa uma
aos serviços de saneamento às populações maior cobertura e a satisfação de seus
de maior vulnerabilidade social”, ressalta usuários. Trabalhar no saneamento não é
o gestor da Divisão de Relações com a apenas um emprego, é uma missão. A sa-
Comunidade da Cesan. tisfação é saber que estamos contribuin-
Durante o período mais crítico da do para melhorar a qualidade de vida do
pandemia do novo coronavírus no Brasil, nosso semelhante. Me considero um dos
o setor se reinventou para continuar aten- trabalhadores mais importantes e neces-
dendo toda a população. Novas bases de sários do Brasil”, conclui Jonas.
28 SANEAR
ÚE VL TE IN MT AO S
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EVENTOS
30 SANEAR
SUSTENTABILIDADE
SETOR DE
ANO XV • 2022 • N. 41 31
SUSTENTABILIDADE
O
BRASIL TEM VIVIDO MOMENTOS recentemente, além de ter uma relação com a ção desses gases na atmosfera e o aumento
MUITOS ALARMANTES COM A mudança do clima, são muitas vezes causados da temperatura média global de superfície.
OCORRÊNCIA DE ENCHENTES EM por outros fatores como o crescimento popu- A mudança do clima já está afetando mui-
VÁRIAS REGIÕES. Entre as causas es- lacional, a pobreza e o aumento da urbaniza- tos extremos meteorológicos e climáticos
tão questões que envolvem os reflexos ção, a falta de planejamento urbano adequa- em cada região do globo, com profundas
das mudanças climáticas nas cidades. O do, entre outros. Situações desse tipo colocam implicações para a gestão da água urbana e
alarme dos cientistas para esse cenário o setor de saneamento como um dos atores periurbana, particularmente em um mundo
vem ganhando destaque desde os anos principais na busca de soluções para o melhor cada vez mais urbanizado”, observa.
90, com a realização da Conferência das desenvolvimento socioambiental das cidades. Para a especialista, projeta-se que com
Nações Unidas sobre o Meio Ambien- De acordo com Thelma Krug, vice-pre- cada grau adicional de aquecimento, os
te e o Desenvolvimento (ECO´92), quando sidente do Painel Intergovernamental so- impactos relacionados à água serão inten-
disseminaram que o aumento da tempera- bre Mudança do Clima (IPCC), momen- sificados. Com isso, as fortes precipitações
tura média global, além de elevar a tempera- tos muito alarmantes como enchentes e e potenciais inundações vão representar
tura nas cidades, pode tornar os eventos cli- altas temperaturas têm sido vivenciados na riscos adicionais para a vida e a saúde das
máticos e suas consequências mais extremas maior parte das regiões terrestres. Ela con- pessoas devido à disseminação de doen-
com verões mais quentes, períodos de secas ta que desde os anos 50 foi observado um ças transmitidas pela água. “Outros riscos
e chuvas mais concentradas e intensas. aumento na frequência e intensidade de substanciais são projetados para o sane-
Os acontecimentos atuais confirmam eventos de forte precipitação, tendo como amento urbano em ambientes de baixa e
os dados da Organização Meteorológica principal causa provável a mudança do cli- média renda onde sistemas improvisados
Mundial de que, entre 1970 e 2019, 44% de ma induzida pelo ser humano. “Há muito são mais comuns. Banheiros, fossas e sis-
todos os desastres e 31% de todas as perdas a ciência vem alertando a relação quase di- temas de tratamento são todos vulneráveis
econômicas estiveram relacionadas a inun- reta entre o aumento das emissões de gases e podem ter sua infraestrutura danificada
dações. Os riscos de inundação observados de efeito estufa, o aumento da concentra- com as inundações expondo, direta e indi-
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SUSTENTABILIDADE
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SUSTENTABILIDADE
da qualidade no atendimento atual e não Em sua avaliação, Celso Carvalho, por cessidade de combater com mais eficiência
à ausência dos serviços propriamente dita”. sua vez, destaca que o investimento em as perdas do sistema de abastecimento de
Há, portanto, uma margem importante infraestrutura é crucial para solucionar a água. “Além disso, o setor de saneamento
para que a expansão do saneamento bási- questão das enchentes. Para ele, não é à toa precisa investir em sistemas alternativos de
co seja feita considerando possíveis cená- que em todos esses desastres que ocorreram coleta de água nas residências, em reúso da
rios futuros da mudança do clima, em que ao longo da história no Brasil, a popula- água, entre outras alternativas que visem
a frequência, intensidade e duração dos ção pobre das periferias foi a mais atingi- ajudar a aumentar o volume de água limpa
eventos extremos, as altas temperaturas e da. “Isso não acontece somente por que as disponível e melhorar a racionalidade do
ondas de calor, seca, fortes chuvas, ciclones periferias estão em lugares naturalmente consumo e a distribuição de água nos bair-
tropicais podem comprometer os serviços ou geologicamente mais frágeis, mas por- ros periféricos”, destaca.
e a infraestrutura instalada. “Este não é que nesses locais não se investe na infra- Na questão em que temos excesso de
um exercício simples, já que a distribuição estrutura e, com isso podemos afirmar que água, por conta das inundações, o espe-
desses eventos no território nacional não é o setor de saneamento é fundamental nas cialista atenta que tem uma componente
uniforme e os investimentos nos diferentes duas ‘pernas’ que compõem as mudanças no saneamento ambiental que pode fazer
componentes do saneamento devem con- climáticas, tanto na questão da prevenção a diferença: trata-se do manejo das águas
siderar as particularidades locais, inclusive dos efeitos da seca quanto na prevenção pluviais, antigamente chamado drenagem.
em ambientes rurais”, esclarece a executiva. dos efeitos das chuvas intensas”, analisa. Segundo ele, essa solução faz parte das
De uma forma geral, Thelma lembra Nos períodos em que chove pouco no ações do saneamento, mas, normalmente,
que o Plano Nacional contempla as medi- País, Carvalho orienta que, primeiro, é ne- não é operada pelas empresas concessioná-
das estruturais e estruturantes para reduzir cessário aumentar a capacidade e a qualida- rias de saneamento, mas pelos municípios
os riscos de impactos de eventos como en- de dos mananciais de água que abastecem que o utilizam como um processo auxiliar
chentes, inundações e alagamentos, inclu- a cidade. “É fundamental que o setor de do sistema viário. “Para alcançarmos as me-
sive através da implantação de sistemas saneamento passe a se preocupar mais ain- lhorias, precisamos ter uma governança do
de monitoramento e alerta e projetos que da com esse tema, colocando como questão sistema do manejo de águas pluviais, que
reduzem a exposição das pessoas aos ris- prioritária a discussão sobre a saúde dos passe a desconsiderar o conceito antigo que
cos desses eventos. “Um desafio importan- rios e dos mananciais urbanos, ressaltando impermeabiliza toda a cidade. Esse sistema
te será viabilizar a implementação efetiva a importância da despoluição, bem como a de drenagem vigente evita que ocorram pe-
das estratégias e ações contidas no plano, recuperação das fontes de água para abaste- quenas inundações ao longo da cidade, mas
assegurando a sua revisão periódica através cimento das cidades”, menciona. concentra tudo em uma grande inundação
de um processo participativo abrangente e nas partes baixas das regiões”, ressalta. Por-
a introdução de técnicas inovadoras de ges- Investimentos em novos conceitos | tanto, ele orienta que o ideal é começar a
tão”, completa. Outro ponto que Carvalho destaca é a ne- adotar novos conceitos de projetos para a
água pluvial.
Com a adoção de sistemas que aten-
dem os novos conceitos de infraestrutura,
Celso comenta que a água pode ser retida
ao longo de toda a cidade, por exemplo, em
terrenos maiores, onde todas as casas po-
dem ter um reservatório que retire a água
da calha e a guarde por um tempo e vai li-
berando o insumo aos poucos. “Temos os
exemplos dos jardins de chuva, que é um
novo conceito de drenagem que pode ser
implantado pelas prefeituras”, conta. Para
isso, ele reforça a importância de que as
prefeituras tenham um setor que estude e
que opere os projetos, levando essa nova
infraestrutura para as periferias que é onde
começam as inundações, que, consequente-
mente, atingem toda a cidade.
Para o problema da falta de água, gera-
do cada vez mais intensamente pelas crises
climáticas, Celso considera que o setor de
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SUSTENTABILIDADE
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SUSTENTABILIDADE
36 SANEAR
Sergio Antonio Gonçalves OPINIÃO
Mestre em Saúde Pública na área de estudo da Gestão e Regulação
dos Serviços Públicos de Saneamento (Fiocruz), engenheiro civil e
bacharel em Química. Secretário executivo da Aesbe.
E
NTENDE-SE AQUI, POR RELAÇÕES ÉT- peito aos direitos humanos e das relações É a troca cultural, o entrelaçamento de
NICO-RACIAIS, AQUELAS ESTABELE- étnico-raciais, formando cidadãos para uma povos e a partilha de conhecimento que
CIDAS ENTRE OS DISTINTOS GRUPOS sociedade livre, democrática e de respeito às contribui para enriquecer cada vez mais a
SOCIAIS, E ENTRE INDIVÍDUOS DES- diferenças étnica, cultural, religiosa, de gêne- cultura brasileira fundamentado em três
TES GRUPOS, informadas por conceitos ro, de orientação sexual e de opção política. eixos: o reconhecimento da diversidade; a
e ideias sobre as diferenças e semelhanças É inegável a presença da etnia africana promoção da visibilidade da Cultura negra
relativas ao pertencimento racial destes ou negra em nosso país, no entanto, apesar e indígena e; o protagonismo desses povos.
indivíduos e dos grupos a que pertencem. dessa presença a sua visibilidade ainda não O Estado brasileiro reconheceu que
Relacionam-se ao fato de que, para cada é tão abrangente. Mesmo nos momentos há uma dívida histórica em relação aos
um e para os outros, se pertence a uma deter- em que isso acontece, o negro e sua cultura dois grupos étnicos (negro e indígena) que
minada raça, e todas as consequências desse ainda são apresentados de forma negativa. compõem a formação cultural do povo
pertencimento. Em outras palavras, quando Isso se deve um pouco a maneira como os brasileiro e por muito tempo e ainda hoje
estamos face a face com outra pessoa, é ine- livros didáticos têm representado e contado sofrem as consequências das ações políticas
gável que seu fenótipo, cor da pele, penteado a história afro-brasileira e indígena. perpetuadas por muitos anos.
e forma de vestir-se desencadeiem, de nossa Por muito tempo afirmou-se que o A situação no qual esses povos se en-
parte, julgamentos sobre quem é o que faz e Brasil era um país composto por uma po- contram hoje se deve, a repetidas ações e
até o que pensa tal pessoa. pulação branca. omissões do Estado.
Dessa forma, informados por estereóti- O último censo do IBGE 2010 (Ins- Podemos afirmar que o Estado causou
pos, se não estivermos atentos, podemos ma- tituo Brasileiro de Geografia e Estatística) intencionalmente um prejuízo, levando com
nifestar, por palavras e gestos, discriminação, demonstrou que 51% da população se de- que essas populações convivessem ou com-
desrespeito, desqualificação. Estes julgamen- claram pretos ou pardos. Portanto, pela pri- petissem na sociedade de forma desigual.
tos decorrem de preconceitos. Pessoas negras meira vez se desmistificou essa ideia. Como pode ser observado no texto a
têm sido vítimas deles. Tal conceito se refere Isso significa dizer também que não há seguir, “O Ministério da Educação, compro-
à construção social que envolve característi- uma hegemonia. O que caracteriza e marca metido com a pauta de políticas afirmativas
cas físicas e culturais (Guimarães, 2003) . No a identidade brasileira é a diversidade. Di- do governo federal, vem instituindo e imple-
Brasil, tensas relações étnico-raciais são vivi- versidade de povos, de cultura e etnias. mentando um conjunto de medidas e ações
das, principalmente, entre negros e brancos. No entanto, embora haja uma maioria com o objetivo de corrigir injustiças, eliminar
No contexto de políticas afirmativas , parda e negra, conforme o IBGE, isso não discriminações e promover a inclusão social
no qual, para este texto, destacamos o aces- se traduz em oportunidades ou presença no e a cidadania para todos no sistema educa-
so aos serviços públicos de saneamento bá- mundo do trabalho, no mundo acadêmico, cional brasileiro.” (BRASIL, 2004b, p.5) .
sico, elas devem partir de pressupostos his- no mundo político e nos postos de direção Esta afirmativa do Ministério da Educa-
tóricos da exclusão. Populações periféricas ou comando e no acesso aos serviços públi- ção, feita no ano de 2004, refletia o propósito
e em situação de risco social são predomi- cos de saneamento. de implantar e implementar políticas afir-
nantemente negras e, para seu atendimento Pelo contrário, a população negra é a mativas no qual as políticas e seus serviços
deve-se considerar seus hábitos, costumes que mais tem sofrido com a pobreza, o de- públicos têm um papel fundamental e, com
sua inter-relação social, isso tudo deve ser semprego e a violência. No passado, a mis- isso, temos que estar cada dia mais firmes e
captado, absorvido, respeitado e traduzido cigenação foi vista como algo perigoso e atuantes mantendo o protagonismo que a
nos projetos, nas pesquisas e nas campa- ameaçador. A diversidade cultural do povo sociedade espera da nossa classe profissional.
nhas comunitárias. brasileiro não pode ser visto como uma Voltando ao saneamento, documentos
Construir e disseminar a cultura de res- ameaça e sim, como uma riqueza. produzidos pelo Instituto de Pesquisa Eco-
ANO XV • 2022 • N. 41 37
OPINIÃO
nômica Aplicada – IPEA, órgão do gover- rede geral (17,9%, contra 11,5% da popu- meta, significa tirar 635 mil de mulheres
no federal, já apontava em 2009, a seguinte lação branca). automaticamente da linha da pobreza,
distribuição conforme – “habitação e sane- Outro dado muito importante, corro- sendo três de quatro delas negras. São
amento, que a distribuição de domicílios borado pela ONU, aponta que os déficits 15,2 milhões de mulheres no Brasil que
urbanos em favelas, segundo sexo e cor/ mais elevados de acesso a esgoto no Brasil declararam não receber água tratada em
raça do/da chefe, Brasil, 2009. estão entre as mulheres autodeclaradas par- suas moradias e 27 milhões sem acesso
• 12,8% dos domicílios são chefiadas por das, indígenas e pretas, conforme metodo- adequado à infraestrutura sanitária. Isso
mulheres brancas logia utilizada pelo IBGE. Isso também é reduz consideravelmente a capacidade de
• 21,0% dos domicílios são chefiados por observado para as mulheres autodeclaradas produção no mercado de trabalho, além
homens brancos negras, pardas e pretas, que têm mais difi- de tornar as mulheres mais suscetíveis a
• 26,8% dos domicílios são chefiadas por culdade de acesso à água. doenças infecciosas como cólera, hepatite
mulheres negras Várias pesquisas, não só no Brasil, apon- e febre tifoide.
• 39,4% dos domicílios são chefiados por tam que devido ao papel desempenhado pela As desigualdades na prestação dos
homens negros mulher nas atividades domésticas e nos cui- serviços de saneamento ficaram mais evi-
Observa-se que 66,2% dos domicílios dados com pessoas, a ausência de água afeta dentes desde o início da pandemia de Co-
urbanos em favelas são chefiados por mu- de maneira mais intensa a vida das mulheres vid-19 no Brasil (primeiro trimestre de
lheres negras e/ou homens negros. do que a dos homens. Um relatório das Na- 2020), onde as populações mais impactadas
A Pesquisa Nacional por Amostra de ções Unidas de 2016 destacou o fato de as e suscetíveis à doença foram e, são, aquelas
Domicílios Contínua (PNAD de 2020) mulheres desempenharem trabalhos não re- que não possuem serviços de saneamento
aponta que 45,3% da população negra con- munerados, seja doméstico seja de cuidados, básico adequado. Isso impactou principal-
vive com a ausência de pelo menos um ser- três vezes mais do que os homens. mente as populações mais vulneráveis que
viço de saneamento básico, enquanto para Como cuidadoras, as mulheres são mais concentram a maioria de mulheres autode-
a população branca é de 27,9%. afetadas quando membros da família ado- claradas pardas, indígenas e pretas.
Quando é abordada a estratificação des- ecem como resultado da inadequação do Neste contexto e, para que possamos
tas populações, por faixa etária, se observa acesso à água, ao esgotamento sanitário e de forma afirmativa enfrentar os desafios
que as crianças de até 05 anos são as mais à higiene. Também estão em maior contato da inclusão e da universalização, principal-
afetadas, principalmente no tocante a doen- físico com a água contaminada e com de- mente, nas áreas urbanas adensadas e nas
ças causadas pela ausência de saneamento. jetos humanos quando a infraestrutura de regiões metropolitanas, é necessário que o
Ainda segundo o informativo de De- saneamento é inadequada. Estado brasileiro (União, Estados e Muni-
sigualdades Sociais por Cor ou Raça no Quanto aos Objetivos de Desenvolvi- cípios) em conjunto com os prestadores de
Brasil do IBGE, de 2019, os negros são a mento Sustentável 5 (ODS-5) , relaciona- serviços de saneamento básico, criem, prio-
maior proporção da população residindo do à igualdade de gênero, está intrinseca- rize e implemente “políticas afirmativas”
em domicílios sem coleta de lixo (12,5%, mente ligado ao nível de universalização do para a população negra, pois esta população
contra uma fatia de 6% da população saneamento básico. possui demandas específicas que, por mui-
branca) e sem abastecimento de água por Para que o Brasil possa cumprir essa tas vezes, são ignoradas.
1
Carlos Augusto Sant’Anna GUIMARÃES. Das Mobilizações à Política de Educação das Relações Étnico-raciais. 2003.
2
Ações afirmativas são políticas públicas focais voltadas para grupos que sofrem discriminação étnica, racial, de gênero, religiosa. As políticas afirmativas têm como objetivo promover a
inclusão socioeconômica de populações historicamente privadas do acesso a oportunidades.
3
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é um instituto público da administração federal brasileira criado em 1934 e instalado em 1936 com o nome de Instituto
Nacional de Estatística. O IBGE tem atribuições ligadas às geociências e estatísticas sociais, demográficas e econômicas, o que inclui realizar censos e organizar as informações obtidas
nesses censos, para suprir órgãos das esferas governamentais federal, estadual e municipal, e para outras instituições e o público em geral.
4
Brasil. Ministério da Educação. Revista Inclusão. V.4, Nº1. , janeiro/junho de 2008.
5
A fundação Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é uma fundação pública federal vinculada ao Ministério da Economia (ME) criada em 1964 como Epea (Escritório) e
assumindo o nome atual em 1967. Suas atividades de pesquisa fornecem suporte técnico e institucional às ações do governo para a formulação e reformulação de políticas públicas e
programas de desenvolvimento.
6
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, de periodicidade anual. Planejada para produzir resultados para Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação e nove
Regiões Metropolitanas (Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre), ela pesquisava, de forma permanente, características
gerais da população, educação, trabalho, rendimento e habitação, e, com periodicidade variável, outros temas, de acordo com as necessidades de informação para o País.
7
Criada em 24 de outubro de 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) que tem quatro objetivos principais: manter a paz e a segurança internacionais, fomentar a amizade e as
boas relações entre as nações, defender a cooperação como solução para os problemas internacionais e o desenvolvimento.
8
Os ODS têm como objetivo garantir o fim da discriminação contra mulheres e meninas em todos os lugares até 2030. Dar à mulher direitos iguais aos recursos econômicos, como terra
e propriedade, são metas vitais para a realização desse objetivo assim como garantir o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva.
9
A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 e tem como principais sintomas febre, cansaço e tosse seca. Outros sintomas menos comuns e que
podem afetar alguns pacientes são: perda de paladar ou olfato, congestão nasal, conjuntivite, dor de garganta, dor de cabeça, dores nos músculos ou juntas, diferentes tipos de erupção
cutânea, náusea ou vômito, diarreia, calafrios ou tonturas. Em 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia na cidade
de Wuhan, província de Hubei, na República Popular da China. Tratava-se de uma nova cepa (tipo) de coronavírus que não havia sido identificada antes em seres humanos. Uma semana
depois, em 7 de janeiro de 2020, as autoridades chinesas confirmaram que haviam identificado um novo tipo de coronavírus. Os coronavírus estão por toda parte. Eles são a segunda
principal causa de resfriado comum (após rinovírus) e, até as últimas décadas, raramente causavam doenças mais graves em humanos do que o resfriado comum.
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Congresso Nacional Feira Nacional
de Saneamento e de Saneamento e
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