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Bruno Issa – Estagiário, Graduando em Eco- Natana Felix - Suporte em T.I., Especialista
nomia - LCA Consultores em Análise e Desenvolvimento de Sistemas
- Pragma Soluções Sustentáveis
Cauê Matheus - Consultor em T.I., Gradu-
ando em Engenharia de Software - Pragma Pedro Barbosa - Analista de Design,
Soluções Sustentáveis Graduando em Design Digital - Pragma
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Dione Manetti - Presidente do Instituto
Pragma, CEO na Pragma Soluções Susten- Ravana Marques - Analista de Projetos,
táveis, Bacharel em Direito Mestre em Ciências Florestais - Pragma
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Fabiana Manetti - Diretora de Inovação e
Sustentabilidade na Pragma Soluções Sus- Ricardo Abussafy – Pesquisador e Consul-
tentáveis, Assistente Social, Especialista em tor nas áreas Socioambiental, Economia Cir-
Ciência Política, Gestão Social, Políticas Pú- cular Inclusiva e Logística Reversa.
blicas, Rede e Defesa de Direitos
Thais Lopes - Analista de Projetos, Mestran-
Fernando Zamban - Gerente de Projetos, da em Tecnologia Ambiental e Recursos Hí-
Especialista em Comunicação e Marketing dricos - Pragma Soluções Sustentáveis
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Thatiane Tavares - Assistente de Pro-
Gustavo Madi Rezende – Diretor de Eco- jetos, Engenheira Ambiental - Pragma
nomia do Direito, Mestre em Economia - Soluções Sustentáveis
LCA Consultores
Wagner Cesario - Analista de Projetos, Es-
Gustavo Villabruna – Analista de Projetos, pecialista em Gestão de Projetos - Pragma
Economista - LCA Consultores Soluções Sustentáveis
Anexos - 64
1
ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 6
1. Apresentação
Criado para levantar e organi- de Higiene Pessoal, Perfumaria econômicas e produtivas; a ter-
zar informações relacionadas e Cosméticos (ABIHPEC), Asso- ceira apresenta o potencial de
ao setor no Brasil, o Anuário ciação Brasileira das Indústrias redução da emissão de gases
da Reciclagem tem por obje- de Vidro (ABIVIDRO), AMBEV, de efeito estufa e de economia
tivo destacar o potencial eco- Klabin e Novelis. de matéria-prima virgem, em
nômico, social e ambiental da razão dos resíduos destina-
reciclagem e, especialmente, Neste ano, além do estudo dos dos para reciclagem; a quarta,
demonstrar a importância do aspectos produtivos e socioe- conta com o panorama evolu-
trabalho de catadoras e cata- conômicos relativos aos dados tivo dos principais indicadores
dores de materiais recicláveis do ano de 2021, o Anuário con- analisados pelo Anuário; e, por
na viabilização da cadeia e na ta com uma análise evolutiva fim, a quinta, com as conside-
sustentabilidade ambiental do que compara o desenvolvimen- rações finais sobre o estudo e
nosso planeta. to dos principais indicadores seu desenvolvimento.
abordados nesta e em edições
O Anuário da Reciclagem é uma anteriores. Acompanhar as mu- Desejamos que todos e todas
iniciativa do Instituto Pragma, danças e evolução da cadeia da aproveitem da melhor forma
tendo como parceiros técnicos reciclagem, especialmente no as informações disponibilizadas
a LCA Consultores e a Pragma que diz respeito à participação aqui e que possamos, juntos,
Soluções Sustentáveis. Por se das catadoras e dos catadores, continuar contribuindo para o
tratar de um documento que é fundamental para a constru- desenvolvimento da cadeia da
analisa dados atualizados sobre ção de estratégias ainda mais reciclagem no Brasil e para a
as organizações de catadoras e assertivas para o desenvolvi- inclusão socioeconômica das
catadores, o Anuário não seria mento do setor no país. catadoras e dos catadores de
viável sem a colaboração dos materiais recicláveis.
programas estruturantes que Outra atualização preparada
atuam em todo o país. Assim, para esta edição é o lançamen-
é importante destacar e agra- to de uma nova versão da pla-
decer os programas parceiros taforma online do Anuário da
que contribuíram tecnicamente Reciclagem, na qual é possível
e com informações para a base acessar e baixar todas as edi-
de dados da edição de 2022: Dê ções publicadas até o momen-
a Mão Para o Futuro - DAMF, to, de forma integral, facilitada
ILOG, Pólen, Prolata, Recicleiros, e gratuita, seja por meio do
Recupera e Vir a Ser. website ou do aplicativo, que
será disponibilizado nas lojas
Também foram parceiros nesta Android e iOS.
edição a Coalizão Embalagens,
a Rede Sul de Cooperativas de O Banco de Dados do Anuário
São Paulo, o Movimento Eu da Reciclagem 2022 atingiu o
Sou Catador e a CONATREC, total de 1.996 organizações de
a quem regis tramos aqui catadoras e catadores. Dessas,
nossos agradecimentos. 672 responderam a pelo menos
uma das perguntas levantadas
Da mesma forma, é fundamen- pelo estudo.
tal destacar a importância dos
patrocinadores, que, mais uma O estudo está dividido em 05 Dione Manetti
vez, confiaram em nosso traba- seções. A primeira seção con-
Presidente do
lho e tornaram viável a publi- siste na introdução e contex-
cação deste ano. São eles: As- tualização do tema; a segun- Instituto Pragma
sociação Brasileira da Indústria da contém as análises sociais,
2
ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 8
2. Panorama da gestão de resíduos sólidos no Brasil
De acordo com os dados do Pa- descartados, demonstra uma certa descartados, como recursos em
norama dos Resíduos Sólidos no fragilidade dos arranjos existentes. novos ciclos produtivos.
Brasil, publicado anualmente pela
A inexistência de um mercado A ampliação da reciclagem traz
ABRELPE, os materiais recicláveis
estruturado para absorver os re- um triplo benefício: ambiental,
secos representam, aproximada-
síduos e as dificuldades logísticas pois reduz o descarte inadequado
mente, 33,6% de todo o resíduo
e tributárias devem ser objeto de e minimiza a extração de recursos
gerado no Brasil, correspondendo
atenção prioritária, juntamente naturais; econômico, pois faz girar
a cerca de 27 milhões de t/ano.
com a estruturação dos sistemas a economia com novos recursos;
Os resíduos recicláveis secos são de logística reversa definidos por e, por fim, social, pois permite a
compostos por plásticos, papel e lei, já que no período de uma dé- inclusão social de trabalhadoras
papelão, vidros, metais e embala- cada, apenas aqueles cuja obriga- e trabalhadores, cuja atividade é
gens multicamadas. Além desses, toriedade está contemplada em reconhecidamente um diferencial
a composição dos resíduos no Bra- regramentos prévios à PNRS apre- em diversas cidades que, com a vi-
sil mostra a fração orgânica como sentam resultados satisfatórios. gência do Planares, deverão proce-
a principal componente dos Resí- der à contratação e a devida remu-
Vale ressaltar, porém, que alguns
duos Sólidos Urbanos - RSU, com neração pelos serviços prestados.
instrumentos normativos editados
45,3%, o que representa pouco
recentemente têm o potencial de O potencial de reciclagem no Bra-
mais de 37 milhões t/ano, os resí-
mudar esse quadro e estimular os sil é enorme (somente o aprovei-
duos têxteis, couros e borrachas,
avanços na reciclagem pelo país, tamento dos resíduos recicláveis
com 5,6%, e outros resíduos com
com inclusão social. que seguem para os lixões poderia
1,4%. Os rejeitos, por sua vez, cor-
injetar R$ 14,1 bilhões na economia)
respondem a 14,1% do total e con- O Plano Nacional de Resíduos Só-
e merece toda a atenção e priori-
templam materiais não recicláveis. lidos (Planares), por exemplo, ins-
zação por parte dos setores envol-
tituído por Decreto Federal, é um
Essa composição mais atual da vidos, de forma que o conjunto de
passo essencial para mudar essa
gravimetria dos resíduos sólidos iniciativas se consolide na estru-
realidade. O documento determina
gerados nos domicílios brasilei- turação de um setor da economia
o aumento crescente da recupe-
ros, mostra que, ao longo dos com solidez, segurança jurídica e
ração de resíduos, estabelecendo
anos, tem havido uma mudança com o devido protagonismo.
uma meta de 20% de reciclagem
no perfil dos materiais descarta-
da fração seca em 20 anos e de re-
dos, com uma gradual redução na
cuperação de 50% das embalagens
proporção de matéria orgânica e
por meio de sistemas de logística
aumento dos recicláveis secos, que
reversa no mesmo período, o que
já ultrapassam um terço do total,
representa um grande avanço se
com destaque para os materiais
comparado ao cenário atual em
plásticos, que representam quase
que 39% dos resíduos sólidos urba-
14 milhões de toneladas descarta-
nos ainda seguem para unidades
das a cada ano.
de destinação inadequada.
No entanto, apesar de todo esse
Outro importante exemplo é o
volume e do potencial apresenta-
trazido pela Lei n. 14.260, de 8 de
do, o índice médio de reciclagem
dezembro de 2021, que vai pos-
no país continua na casa de 3%
sibilitar novamente a criação de
para a fração seca e de 1% para o
incentivos à indústria da recicla-
resíduo orgânico, o que tem reflexo
gem, uma vez que o instrumento
na sobrecarga do sistema de desti-
teve alguns vetos derrubados em
nação final e na extração de recur-
julho de 2022 pelo Congresso. En-
sos naturais, muitos já próximos do
tre os artigos restaurados a partir
esgotamento.
da derrubada do veto está a isen-
Essa estagnação dos índices de ção de IR a projetos de reciclagem, Carlos Silva
reciclagem, apesar das várias um importante instrumento para Presidente da
ações, campanhas e iniciativas viabilizar economicamente e in-
para alavancar o setor e viabilizar centivar iniciativas que tenham a
ABRELPE e da ISWA1
o aproveitamento dos materiais finalidade de aproveitar os resíduos
3
ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 10
3. Renova-se a expectativa de fomento
à cadeia produtiva da reciclagem
A Política Nacional de Resíduos ambientalmente adequada, em Assim, com o objetivo de incen-
Sólidos (PNRS), instituída pela especial, a reciclagem. tivar as indústrias e as entida-
Lei Federal nº 12.305, de 2010, des dedicadas à reutilização,
compreende princípios impor- Esse conjunto de medidas pode ao tratamento e à reciclagem
tantes, a exemplo do incenti- se dar pela atuação em parce- de resíduos sólidos produzidos
vo à indústria da reciclagem, ria com cooperativas ou outras no território nacional, a União
tendo em vista fomentar o uso formas de associação de cata- facultará às pessoas físicas e
de matérias-primas e insumos dores de materiais recicláveis, jurídicas tributadas com base
derivados de materiais reciclá- disponibilização de pontos de no lucro real a opção pela de-
veis e reciclados; e a integração recebimento e de entrega de dução de parte do imposto
das catadoras e dos catadores recicláveis, procedimentos de de renda em virtude do apoio
de materiais reutilizáveis e re- compra de materiais recicláveis direto a projetos previamente
cicláveis nas ações que envol- e embalagens descartadas, uni- aprovados pelo Ministério do
vam a responsabilidade com- dades de reciclagem e certifica- Meio Ambiente direcionados a:
partilhada pelo ciclo de vida dos de crédito de reciclagem.
dos produtos. • pesquisas e estudos para
A PNRS também estabelece subsidiar ações que envol-
Nesse ponto, vale anotar que a que a União, os Estados, o Dis- vam a responsabilidade com-
responsabilidade compartilha- trito Federal e os municípios, no partilhada pelo ciclo de vida
da pelo ciclo de vida dos pro- âmbito de suas competências, dos produtos;
dutos, a ser implementada de poderão instituir normas com
forma individualizada e encade- o objetivo de conceder incen- • implantação e adaptação de
ada, abrangendo os fabricantes, tivos fiscais, financeiros ou cre- infraestrutura física de micro-
importadores, distribuidores e ditícios, a indústrias e entida- empresas, de pequenas em-
comerciantes, os consumido- des dedicadas à reutilização, ao presas, de indústrias, de coo-
res e os titulares dos serviços tratamento e à reciclagem de perativas e de associações de
públicos de limpeza urbana e resíduos produzidos no territó- catadores de materiais reutili-
de manejo de resíduos sólidos, rio nacional; a projetos relacio- záveis e recicláveis;
visa estimular o desenvolvi- nados à responsabilidade pelo
mento de mercado, a produção ciclo de vida dos produtos, prio- • aquisição de equipamentos
e o consumo de produtos deri- ritariamente em parceria com e de veículos para a coleta
vados de materiais reciclados cooperativas; e a empresas de- seletiva, a reutilização, o be-
e recicláveis. dicadas à limpeza urbana e a neficiamento, o tratamento e
atividades a ela relacionadas. a reciclagem de materiais pe-
E, para tanto, um dos instru- las indústrias, pelas microem-
mentos da PNRS que apoia Com isto, renovam-se as ex- presas, pelas pequenas em-
esse desenvolvimento é o sis- pectativas com o fomento do presas, pelas cooperativas e
tema de logística reversa, ca- setor por meio da Lei Federal nº pelas associações;
racterizado por um conjunto 14.260, de 2021, que estabelece
de ações, procedimentos e incentivos fiscais e benefícios • incubação de microempre-
meios destinados a viabilizar a a serem adotados pela União sas, de pequenas empresas,
coleta e a restituição das em- para projetos que estimulem de cooperativas e de empre-
balagens e materiais recicláveis a cadeia produtiva da recicla- endimentos sociais solidá-
ao setor empresarial, para re- gem, com vistas a fomentar o rios que atuem em atividades
aproveitamento, em seu ciclo uso de matérias-primas e de in- de reciclagem;
ou em outros ciclos produti- sumos de materiais recicláveis
vos, ou outra destinação final e reciclados.
Fabricio Soler
Advogado especialista em Direito do Ambiente, Direito dos Resíduos e ESG. Consultor da ONU.
Coordenador do MBA Executivo em ESG da Trevisan Escola de Negócios e do curso de educação
executiva Gestão e Direito dos Resíduos.
4
ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 13
4. Banco de dados e procedimentos metodológicos
O Banco de Dados (BD) do Anuário da Reciclagem é atualizado anualmente, a partir do levanta-
mento de informações em campo, pesquisas em plataformas que registram informações sobre
organizações de catadores, verificação de regularidade do CNPJ das organizações junto a base
de dados da Receita Federal, além de outras iniciativas técnicas que nos garantem informações
atualizadas e evitam duplicidade na contabilização de dados.
Neste ano, do universo presente no BD, 672 organizações responderam a pelo menos uma das
questões, o que representa 34% do total, garantindo o rigor técnico e científico necessários a um
documento de tamanha importância para colaborar com a gestão de resíduos no Brasil.
7
2
RR AP 11
20 19
59
AM 25 PA 50
MA CE RN 25
PI PB
AC TO PE 57
RO AL
6 17 SE 17
BA 79
18 MT 41
28
DF 46
53 GO MG
ES 53
MS 231
SP
47 RJ 146
PR 403
Centro Oeste 252
Nordeste SC 87
Norte RS Total
Sul
Sudeste
197
1.996
Fonte: Banco de Dados do Anuário da Reciclagem.
Elaboração: LCA Consultores e Pragma Soluções Sustentáveis.
A região que conta com o maior número de organizações é a Sudeste, com 833, e a que possui a
menor quantidade é a Norte, com 125. Já as demais regiões contam com as seguintes quantidades
de organizações: Centro-Oeste 187; Nordeste, 315; e Sul, 536.
Nos próximos capítulos, teremos a oportunidade de conhecer as respostas dadas pelas 672 orga-
nizações que responderam a pesquisa diretamente e também uma projeção de qual a represen-
tatividade destas informações quando aplicadas à totalidade das organizações presentes no BD,
sempre a partir de análises realizadas com o maior rigor técnico e científico.
5
ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 16
5. Perfil das organizações de catadores no Brasil
5.1. Distribuição geográfica
das organizações pesquisadas
As análises realizadas consideram informações
levantadas junto a 672 organizações que res-
ponderam diretamente à pesquisa. As respos-
tas retratam as atividades de coleta, triagem
e comercialização de resíduos sólidos para re-
ciclagem, realizadas no ano de 2021, por estas
organizações.
10,6%
Centro Oeste
Nordeste 14,6%
40%
Norte
Sul 6,4%
Sudeste
28,4%
Por outro lado, os estados com menos organizações que responderam à pesquisa estão concen-
trados nas regiões Norte e Nordeste. O Pará é o único estado do Norte com mais de 10 associações
ou cooperativas. Ainda dentre as que responderam à pesquisa, o Amapá apresenta apenas uma
organização (0,15% do total); o Acre, 2 (0,3%); e Roraima, 3 (0,45%). No Nordeste, Piauí e Rio Grande do
Norte também contam com apenas três associações ou cooperativas (0,45% cada) respondentes.
O Gráfico 2 ilustra a quantidade mensal destinada para a reciclagem pelas organizações que infor-
maram este dado. Nota-se que, ao longo do ano, houve um aumento nessa quantidade: janeiro e
fevereiro foram os meses com o menor volume; novembro e dezembro foram os maiores.
10,8%
9,6%
9,0% 9,0%
8,3% 8,1% 8,4% 8,1%
7,7% 7,6%
6,8% 6,6%
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Centro-Oeste 11,9%
Nordeste 10,3%
Norte 5,8%
Sul 26,3%
Sudeste 45,7%
Brasil 100%
805,1
738,5
665,6
581,1 652,8
457,3
Média Nacional
A distribuição da quantidade destinada para a reciclagem por Unidade da Federação e por município
também segue o mesmo padrão regional. São Paulo lidera os estados em termos de quantidade
destinada para reciclagem, com 31% do total, seguido por Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do
Sul com cerca de, respectivamente, 11%, 10% e 9% do total.
4. A média nacional é obtida pela razão entre a quantidade total de resíduos destinados à
reciclagem informada pelo número total de organizações que disponibilizaram a informação. ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 20
ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 21
Box 1: Expansão dos dados de coleta e destinação de
resíduos para reciclagem pelas organizações de catadores
Como exposto anteriormente, o presente GRÁFICO 4: QUANTIDADE ESTIMADA DE
trabalho corresponde à avaliação das respos- RESÍDUOS SÓLIDOS COLETADOS E DESTINADOS
tas de 672 organizações de todo país, que À RECICLAGEM PELAS 1.996 ORGANIZAÇÕES,
estão dentre aquelas 1.996 que compõem EM MIL TONELADAS, EM 2021.
o BD do Anuário da Reciclagem e represen- Reportado 1304,5
tam uma amostragem de 33,7% destas. Estimativa
5. Foram considerados no exercício os materiais: papéis, plásticos, alumínios, outros metais e vidros. ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 22
5.2.2. Faturamento das organizações
Dentre as organizações que responderam a pesquisa, 288 forneceram informações sobre fatura-
mento, o que representa uma amostragem de 14% do BD. Essa proporção dá uma margem de erro
de 5%. Ao todo, a receita anual dessas organizações foi de R$ 209,03 milhões com a comercialização
dos recicláveis recuperados, conforme apresenta a Tabela 3.
A distribuição desses valores nas 5 macrorregiões do país segue o mesmo padrão da distribuição
da quantidade coletada, sendo a Sudeste a região que mais faturou, representando cerca de 56%
do faturamento total, seguido, respectivamente, pelas regiões Sul (21%), Nordeste (10%), Centro-O-
este (9%) e Norte (4%).
Em média, cada organização faturou no ano R$ 725,83 mil. As cooperativas e associações do Su-
deste apresentaram o maior faturamento, superior a R$ 946,46 mil anuais, número que é signifi-
cativamente maior em relação aos das demais regiões.
Reportado
1.459.619
Estimativa
+1.250.582
209.037
UF R$ UF R$ UF R$ UF R$
AC R$ 2.840,00 ES R$ 50.162,00 PB R$ 10.020,00 RR R$ 3.313,00
AL R$ 6.814,00 GO R$ 33.882,00 PE R$ 22.847,00 RS R$ 134.614,00
AM R$ 11.832,00 MA R$ 8.016,00 PI R$ 4.409,00 SC R$ 59.449,00
AP R$ 947,00 MG R$ 218.631,00 PR R$ 172.196,00 SE R$ 11.223,00
BA R$ 31.665,00 MS R$ 30.047,00 RJ R$ 138.183,00 SP R$ 381.422,00
CE R$ 23.648,00 MT R$ 26.211,00 RN R$ 7.616,00 TO R$ 8.046,00
DF R$ 29.407,00 PA R$ 23.663,00 RO R$ 8.519,00
0,8%
5,6% 4,6%
16% 12,7% 1,4%
21% 17,9%
11,8% 22,8%
14% 31,2% 11,8%
0,8%
2% 1,7% 16,2% 2,2%
23,6% 18,1% 2,5%
22% 20,9%
23,1%
62%
51,1% 51,8%
46% 47,2%
37,2%
1,3% 0% 1% 2% 3% 1%
5,8% 7% 7% 4% 6%
3% 6%
5,1% 5% 2% 3%
20%
24%
45% 52%
58,7%
70%
50%
67%
42%
37%
29,1%
23% 20%
Neste ponto, chama a atenção a região Norte, pois é a única em que o plástico não representa a
maior fonte de faturamento, lugar ocupado pelo papel, com 67% do total. Por outro lado, no Su-
deste, o plástico contabiliza 70% do faturamento total, maior marca dentre as cinco regiões do país.
R$ 0,81
R$ 0,52
Papeis
R$ 1,40
R$ 0,43
R$ 0,80
R$ 0,65
R$ 1,73
R$ 1,68
R$ 1,45
Plásticos
R$ 0,81
R$ 1,94
R$ 1,96
R$ 4,77
R$ 5,33
R$ 2,82
Alumínio
R$ 3,77
R$ 4,72
R$5,94
R$ 1,58
R$ 1,66
R$ 1,50
Outros Metais
R$ 0,50
R$ 1,24
R$ 2,00
R$ 0,21
R$ 0,12
R$ 0,59
Vidros
R$ 0,40
R$ 0,15
R$ 0,15
6
ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 29
6. Perfil das catadoras e catadores no Brasil
A síntese de informações sobre a realidade social das organizações permite a construção de um
quadro abrangente sobre as principais características e condições de vida dos catadores e catado-
ras, traçando um panorama que permite compreender melhor o cenário em questão.
50
31 31
29
22
3977
1964
1725
1620
568
A partir do gráfico, observa-se que o Sudeste apresenta o maior número de catadoras e catadores
por região, contabilizando cerca de 40% dos trabalhadores e o Norte apresenta o menor número
registrado de catadoras e catadores entre as regiões do país, aproximadamente 6%.
33
70
RR AP 50
96 48
428
AM 139 PA 141
MA CE RN 23
PI PB
AC TO PE 266
RO AL
22 43 SE 67
BA 535
120 MT 239
107
DF 1.052
246 GO MG
ES 91
MS 793
SP
188 RJ 239
PR 2.854
Centro Oeste 942
Nordeste SC 277
Norte RS Total
Sul
Sudeste
745 1.964
9.854
Fonte: Banco de Dados do Anuário da Reciclagem.
Elaboração: Pragma Soluções Sustentáveis.
Esse cenário de distribuição das catadoras e catadores pode ser indicativo para alguns fatores
específicos, como a presença de políticas públicas voltadas à coleta seletiva operacionalizada por
organizações de catadores de materiais recicláveis, bem como a viabilização de incentivos estatais
para essas organizações e a presença de indústrias da reciclagem em algumas regiões.
56% 44%
Mulheres Homens
Fonte: Banco de Dados do Anuário da Reciclagem.
Elaboração: Pragma Soluções Sustentáveis.
Em relação à distribuição de mulheres e homens
por região, a Sudeste representa a região com maior
quantidade de mulheres nessas organizações, com
2.381 trabalhadoras (60%). Em seguida aparecem as
regiões Sul com 1.077 mulheres (55%); Centro-Oeste
com 919 (53%), Norte com 291 (51%) e Nordeste com
815 (50,3%) trabalhadoras, conforme visto no Gráfico
12, abaixo.
GRÁFICO 12 - DISTRIBUIÇÃO DE
CATADORAS E CATADORES POR REGIÃO
Mulheres
1596
Homens
887
806
805 2381
919 1077
815
277
291
Centro Oeste Nordeste Norte Sul Sudeste
GRÁFICO 13 - PROJEÇÃO DO
NÚMERO DE CATADORES PARA O
TOTAL DAS ORGANIZAÇÕES DO BD 16.381
59.609
10.290
5.619
2.756
Mulheres
56% 44%
Homens 33.120 26.489
Por fim, em relação à distribuição regional dos catadores considerando a expansão dos
dados para as 1.996 organizações, o mapa abaixo mostra o percentual de participação de
catadores em cada Unidade da Federação.
9,6%
2,0%
RR AP 4,3%
PI PB
AC TO PE 2,5%
RO AL
0,2% 4,1% SE 1,0%
BA 0,7%
1,0% MT 2,5%
10,5%
DF 0,3%
4,4% GO MG
ES 0,6%
8,2% MS 0,8%
SP
1,0% RJ 1,1%
Norte RS
Sul 5,9% 32,9%
Sudeste
Tabela 5 e Figura 3.
Fonte: Banco de Dados do Anuário da Reciclagem.
Elaboração: Pragma Soluções Sustentáveis.
Em média, este indicador nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste corresponde, respectivamente,
a R$ 1.671, R$ 1.594 e R$ 1.574 mensais, todos acima da média nacional de R$ 1.478. Já nas regiões
Nordeste e Norte, a renda média por catador é de, respectivamente, R$ 1.008 e R$ 1.022 mensais.
O Gráfico 16 apresenta os valores de renda média por região.
R$ 1.671,00
R$ 1.594,00 R$ 1.574,00
R$ 1.448,00
R$ 1.008,00 R$ 1.022,00
Todos os estados da região Sul e, ainda, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Goiás e Mato Gros-
so apresentaram variações de renda acima da média nacional. Já Roraima e Amapá registraram
variações inferiores a 50% da renda média nacional.
7
7. Coleta seletiva no municípios
As 1.996 organizações que compõem o BD do Anuário da Reciclagem 2022 estão sediadas em 1.032
municípios de todas as Unidades Federativas do país. A partir dessa amostra, foram consultados os
dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS sobre a gestão de resíduos
sólidos no Brasil, e, com base nisso, constatou-se que 692 municípios possuem coleta seletiva. Esse
número corresponde a 67% do total de municípios mapeados pela pesquisa, conforme pode ser
visto no Gráfico 17, a seguir. Sendo assim, a margem de erro para esses dados é de 5%.
67%
33%
Não Sim
Quantidade por
Região Percentual
Região/UF
Centro-Oeste 51 7,37%
DF 1 0,14%
GO 13 1,88%
MS 25 3,61%
MT 12 1,73%
Nordeste 77 11,13%
AL 9 1,30%
BA 19 2,75%
CE 10 1,45%
MA 4 0,58%
PB 4 0,58%
PE 11 1,59%
PI 2 0,29%
RN 6 0,87%
SE 12 1,73%
Norte 23 3,32%
AC 1 0,14%
AM 5 0,72%
PA 9 1,30%
RO 6 0,87%
TO 2 0,29%
Sul 205 29,62%
PR 125 18,06%
RS 51 7,37%
29 29 4,19%
Sudeste 336 48,55%
ES 27 3,90%
MG 100 14,45%
RJ 24 3,47%
SP 185 26,73%
Total 692 100%
Cabe ressaltar que a comparação com os dados do SNIS leva em consideração a última atualização
realizada no ano de 2020 e as respostas do Anuário da Reciclagem são referentes ao ano de 2021,
portanto, pode haver alguma variação no que foi aferido.
Fonte: Banco de Dados do Anuário da Reciclagem e Sistema
Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS.
Elaboração: Pragma Soluções Sustentáveis. ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 41
Impactos ambientais
da atuação das
organizações
8
ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 42
8. Impactos ambientais da atuação das
organizações de catadoras e catadores
A reciclagem de resíduos sóli- Vários métodos possibilitam a anaeróbica dos materiais, com
dos compreende não apenas análise das emissões de gases a recuperação de papéis.
uma atividade econômica im- do efeito estufa decorrentes
portante para a cadeia, mas das atividades de gestão dos GRÁFICO 18: POTENCIAL DE
também uma solução muito resíduos sólidos. No presente REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE CO2e
relevante para o planeta. Por estudo foi empregada a me- DECORRENTES DA QUANTIDADE
meio da reciclagem, podem todologia desenvolvida pela RECUPERADA PELAS
ser reduzidas tanto as emis- ORGANIZAÇÕES, EM TONELADAS
United Nation Climate Change
DE CO2e, EM 2021.
sões de gases do efeito estufa (UNFCCC) para calcular emis-
na atmosfera, quanto a extra- sões de projetos de recupera-
ção de recursos naturais do ção e reciclagem de materiais 282,4
meio ambiente. de resíduos sólidos (Recovery 916
and Recycling of Material from
8.1. Impacto Solid Waste – AMS-III.AJ). Tra-
ta-se de uma metodologia ro-
sobre a emissão busta, amplamente aceita pela
de gases do 145.265
literatura, e que baseia a gera-
efeito estufa ção das RCEs (Reduções Certi-
ficadas de Emissões), possibili-
A diminuição das emissões de tando a obtenção de créditos
gases do efeito estufa é uma de carbono8. A aplicação desta
das principais motivações para metodologia permite estimar o
a implementação e ampliação CO2e que deixou de ser emitido
de programas de coleta seleti- em razão do volume de resídu- 112.829
va de resíduos sólidos. A redu- os recuperados.
ção de emissões de CO2 equi-
valente (CO2e)7 decorrente da A recuperação das 421,7 mil to-
reciclagem de materiais ocorre neladas de materiais evidencia- 23.376
tanto de forma direta como de das no Anuário da Reciclagem
2022 está associada com o po-
2021
forma indireta:
tencial de redução de emis-
Papel Plástico Metal
Efeito direto: Redução da ge- sões de 282,4 mil toneladas
de CO2e, como aponta o Gráfico Vidro Total
ração de gases naturalmente
emitidos durante o processo 18. Esse potencial decorre, prin-
de decomposição dos materiais cipalmente, da diminuição da Fonte: Banco de Dados do Anuário
da Reciclagem.
nos locais de descarte dos resí- produção de materiais virgens Elaboração: LCA Consultores e
Pragma Soluções Sustentáveis.
duos sólidos (esse efeito ocorre equivalente ao volume coletado
no caso do papel e papelão). – 87% do potencial de redução
de CO2e total decorre da recu-
7. CO2 equivalente (CO2e) é uma medida que repre-
Efeito indireto: Redução da peração de plásticos, metais e senta os gases do efeito estufa em termos equiva-
lentes a um determinado volume de CO2. Detalhes
produção de materiais virgens do vidro, enquanto os 13% res- do cálculo realizado estão no Anexo III.
(plástico, vidro, aço e alumínio), tantes resultam da redução do 8. Os créditos de carbono de atividades de reci-
clagem são calculados através da subtração das
a qual é intensiva em energia descarte de resíduos em locais CO2e que deixou de ser emitido devido a reciclagem
menos as emissões geradas no processo de recicla-
(Ribeiro et al., 2014). como aterros e lixões, e, conse- gem. No caso em tela, devido à falta de dados sobre
quentemente, do metano emi- as emissões de gases do efeito estufa no processo
de reciclagem, não foi possível calcular os créditos
tido durante a decomposição de carbono.
8,3%
0,3%
39,9%
51,5%
873.451
2.833
449.323
348.992
72.303
2021
= + +
195,4 mil toneladas 685,9 milhões de 3,9 milhões 5.706 milhões de
de papel kWh de energia de arvores litros de agua
= +
93,1 mil toneladas 439,9 milhões de 46,6 mil toneladas
de plástico kWh de energia de petróleo
= +
8,6 mil toneladas 144,8 milhões de 42,8 mil toneladas
de alumínio kWh de energia de bauxita
=
57,7 mil toneladas 57,7 mil toneladas
de aço de ferro-gusa
= +
66,9 mil toneladas 53,5 milhões de 80,2 mil toneladas
de vidro kWh de energia de areia
Total
+ + +
1.378,1 milhões de 3,9 milhões 5.706 milhões de 46,6 mil toneladas
kWh de energia de arvores litros de agua de petróleo
+ +
42,8 mil toneladas 57,7 mil toneladas 80,2 mil toneladas
de bauxita de ferro-gusa de areia
FIGURA 5: ECONOMIA POTENCIAL DE MATÉRIA-PRIMA VIRGEM COM BASE NOS DADOS EXPANDIDOS
DE QUANTIDADE DE MATERIAIS DESTINADOS À RECICLAGEM PELAS 1.996 ORGANIZAÇÕES.
1.996
organizações de
1,3
milhões de toneladas
catadores de resíduos
Economia potencial
248,2 mil
toneladas de areia
9
ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 50
9. Análise evolutiva das últimas
edições do Anuário da Reciclagem
O Anuário da Reciclagem chega à sua quarta edição apresentando uma análise evolutiva de seus
principais indicadores com o intuito de ilustrar os avanços e desafios que as organizações de cata-
doras e catadores vivenciaram ao longo desses anos em que o estudo foi realizado.
Entre 2017 e 2021, diferentes contextos atravessam este cenário: fim da primeira fase do acordo
setorial de embalagens e período de indefinição sobre sua segunda fase; sequência de promulga-
ção de decretos estaduais sobre logística reversa; e pandemia da Covid-19. Isso sem considerar a
promulgação de decretos federais sobre logística reversa em 2022, cujos efeitos serão analisados
no próximo Anuário da Reciclagem.
1.996
1.850 +16,7%
1.829
1.710
Como pode se perceber nos dados acima, a região Sudeste continua sendo a responsável pela
maior fatia de faturamento das organizações de catadores, alcançando 788 milhões de reais em
2021, enquanto a região Norte faturou quase 60 milhões de reais com a destinação de resíduos
para a reciclagem.
R$ 144.733,50
SP R$ 381.421,66
R$ 77.784,58
MG R$ 218.631,28
R$ 83.052,52
PR R$ 172.196,00
R$ 60.370,12
RJ R$ 138.182,54
R$ 71.292,87
RS R$ 134.613,54
R$ 26.459,21
SC R$ 59.448,62
R$ 17.801,45
ES R$ 50.162,15
R$ 21.583,07
GO R$ 33.882,49
R$ 10.603,45
BA R$ 31.664,70
R$ 17.586,21
MS R$ 30.046,73
R$ 17.586,21
DF R$ 29.407,44
R$ 13.589,34
MT R$ 26.210,98
R$ 15.689,66
PA R$ 23.663,39
R$ 6.826,88
CE R$ 23.648,32
R$ 9.005,67
PE R$ 22.846,68
R$ 8.218,39
AM R$ 11.831,70
R$ 3.631,32
SE R$ 11.222,93
R$ 3.921,82
PB R$ 10.020,47
R$ 3.735,63
RO R$ 8.518,82
R$ 4.856,32
TO R$ 8.045,55
R$ 2.178,79
MA R$ 8.016,38
R$ 2.759,80
RN R$ 7.615,56
R$ 2.469,30
AL R$ 6.813,92
R$ 1.016,77
PI R$ 4.409,01
R$ 373,56
RR R$ 3.312,88
R$ 1.120,69
AC R$ 2.839,61
R$ 373,56 2020
AP Fonte: Banco de Dados do Anuário da Reciclagem e IBGE.
R$ 946,54 2021 Elaboração: LCA Consultores e Pragma Soluções Sustentáveis.
56.609
50.831
46.199
GRÁFICO 25: PROPORÇÃO ENTRE MULHERES E HOMENS, POR ANO, ENTRE 2019-2021.
55% 56%
54%
45% 46%
44%
Mulheres Homens
Fonte: Banco de Dados do Anuário da Reciclagem.
Elaboração: Pragma Soluções Sustentáveis.
A renda média mensal das catadoras e catadores, registrada pelo Anuário da Reciclagem, aponta
que, entre 2019 e 2021, houve um crescimento expressivo, chegando a um incremento acumulado
real de 35% nos seus rendimentos, como mostra a Tabela 11. As regiões Centro-Oeste e Sudeste
foram as únicas em que o crescimento foi superior à da média nacional, visto que a primeira pas-
sou de R$ 800 em 2019, para R$ 1.671 em 2021 (crescimento de quase 109%), enquanto a segunda
região passou de R$ 1.073 em 2019, para 1.574 em 2021 (crescimento de aproximadamente 47%).
Todas as outras regiões também cresceram, com o Nordeste sendo a terceira colocada, com 31%,
seguida pela região Sul, com 21%, e pela Norte, que ficou em última posição, com cerca de 19% de
aumento acumulado no período.
2019
R$ 800,00 2020
Centro-Oeste R$ 1.201,00 2021
R$ 1.671,00
R$ 769,00
Nordeste R$ 1.071,00
R$ 1.008,00
R$ 858,00
Norte R$ 1.073,00
R$ 1.022,00
R$ 1.313,00
Sul R$ 1.382,00
R$ 1.594,00
R$ 1.073,00
Sudeste R$ 1.223,00
R$ 1.574,00
R$ 1.072,00
Brasil R$ 1.208,00
R$ 1.448,00
As regiões Sul e Sudeste foram as únicas a registrar cifras acima da média nacional nos quatro
primeiros anos analisados, mantendo esse desempenho em 2021. Uma das razões é a proximidade
dessas regiões aos principais parques industriais de reciclagem do país. Contudo, nesta edição, a
região Centro-Oeste apresentou a maior renda média e o maior percentual de crescimento, refor-
çando a tendência ascendente do mercado de reciclagem nesta região, impulsionado por políticas
públicas de ampliação da infraestrutura no Distrito Federal.
13. Informação disponibilizada, em 2019 e 2021, respectivamente por 281 e 306 organizações.
A média nacional é calculada considerando a renda média informada pelas organizações ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 59
9.6. Evolução da redução nas emissões de gases do efeito estufa
O primeiro exercício de expansão da potencial redução na emissão de gases do efeito estufa para
todas as organizações do Banco de Dados do Anuário da Reciclagem foi realizado na edição de
2021, com dados relativos a 2020. Na ocasião, o potencial de redução expandido foi de 442.504 mil
toneladas de CO2e. Na atual edição, cujos dados são relativos a 2021, o potencial expandido che-
gou a 872.510 mil toneladas de CO2e, representando um aumento de 97%, como pode ser visto no
Gráfico 27.
GRÁFICO 27: EVOLUÇÃO DA REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE CO2e DECORRENTES DA QUANTIDADE EXPANDIDA
PARA TODAS AS ORGANIZAÇÕES DO BD, EM TONELADAS DE CO2e, ENTRE 2020-2021.
872.510
442.504
2020 2021
10
ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 61
10. Considerações finais
Nos últimos 4 anos, a produ- principais indicadores do Anuá- toneladas de petróleo, 132 mil
ção do Anuário da Reciclagem rio da Reciclagem demonstrou toneladas de bauxita, 178 mil
tem demonstrado, cada vez que, entre 2017 e 2021, o Banco toneladas de ferro-gusa e 248
mais, a importância da Eco- de Dados aumentou de 1.710 mil toneladas de areia. Todos
nomia Circular e da Logística na edição de 2019 para 1.996 na esses números evidenciam a
Reversa para a manutenção da edição atual, um crescimento importância da reciclagem de
sustentabilidade do planeta e, de 16%. As organizações pes- resíduos para o planeta, uma
principalmente, a importância quisadas passaram de 247 na vez que a disposição inade-
que os catadores e suas orga- primeira edição, para 672 orga- quada de resíduos provoca
nizações têm para a cadeia da nizações nesta, representando impactos ambientais negati-
reciclagem. Aqui são apresen- um aumento de mais de 170%, vos em diferentes ecossiste-
tados dados e números que, assegurando que as informa- mas. A regeneração saudável
aliados ao contexto social, tra- ções expressam, da forma mais desses ecossistemas depen-
zem um dos panoramas mais fiel possível, a realidade das or- de da mudança no compor-
completos sobre a realidade ganizações de catadoras e ca- tamento dos consumidores
desse universo, com espaço tadores no país. e na valorização do potencial
para valorização dos acertos e econômico da utilização de
reconhecimento de pontos de A quantidade de materiais des- matérias-primas recicladas nas
melhoria para o sistema. tinados para a reciclagem pe- cadeias produtivas.
las organizações pesquisadas
Num país com a dimensão do aumentou mais de 400% e o O estudo apresentado pelo
Brasil, que ainda convive com faturamento cresceu 329%. A Anuário da Reciclagem é pos-
problemas de descarte indevi- renda média mensal das ca- sível graças à colaboração dos
do de resíduos e coleta seletiva tadoras e catadores cresceu, programas estruturantes que
incipiente em muitas regiões, em termos reais, 35% no último trabalham diretamente com
acompanhar e incentivar o tra- triênio (2019-2021). as organizações de catadoras
balho das associações e coo- e catadores. A legislação bra-
perativas ainda se faz extrema- Observar o desenvolvimento sileira prevê que programas e
mente necessário. Perceber e desses dados permite inferir projetos que pretendam atuar
estudar a evolução dos indica- que, apesar dos desafios que no âmbito da Logística Reversa
dores analisados, além de im- a reciclagem encara no país, – LR, devem, necessariamente,
portante para o mercado, foi de este é um mercado que tem promover ações estruturantes
grande valia para a gestão in- apresentado um bom cresci- que favoreçam a melhoria na
terna do estudo, pois permitiu mento mesmo nos períodos estrutura de funcionamento
que fossem identificados, nos de crise que impactaram ne- da cadeia de reciclagem, co-
questionários, aspectos que já gativamente outros diversos laborem para a formalização
não são tão eficazes para diag- setores econômicos. de suas operações, e priori-
nosticar o universo das organi- zem a inclusão das catadoras
zações, outros que necessitam Neste ano, o Anuário também e dos catadores de materiais
de novas estratégias de coleta apresentou um estudo sobre recicláveis. Legislações sobre
de informações, e outros que outros recursos que podem o mercado de Logística Rever-
precisam ser reformulados. ser economizados por meio sa devem ser encaradas como
Consequentemente, têm-se o da reciclagem. A quantidade algo positivo, pois dão supor-
desafio de elaborar um Anu- total de 1,3 milhões de tonela- te a muitas melhorias no setor
ário da Reciclagem cada vez das de resíduos sólidos desti- No entanto, é importante ter
mais coeso e, principalmente, nados para a reciclagem em um olhar crítico que permita
compatível com a realidade 2021 apresentou uma poten- construir leis que garantam
desse cenário. cial economia de 5,2 milhões que os grupos minoritários e
de kWh de energia elétrica, em situação de vulnerabilidade
Novidade especial nesta edi- 12 milhões de árvores, 17,6 mi- sejam incluídos de forma justa
ção, a análise evolutiva dos lhões de litros de água, 144 mil e responsável.
No presente estudo, devido à falta de informações para calcular as emissões do projeto e dos pro-
cessos de reciclagem de cada material, foram estimadas apenas as emissões que foram evitadas
pela recuperação dos materiais, com base na metodologia da UNFCCC17.
A emissão base total de CO2e é definida como o somatório das emissões base de cada material:
= á , + , + í , + , + ,
Onde indica o ano associado a redução das emissões. Para cada um dos materiais, há uma forma
específica para calcular as emissões base de acordo com alguma das metodologias citadas acima.
15. Projetos de recuperação e reciclagem de resíduos sólidos. Disponível em https://cdm.unfccc.int/methodologies/index.html. Acesso em 11/11/2022. Também
foi utilizada a ferramenta para cálculo das emissões de CO2e mitigadas por projetos que promovem a redução do descarte de resíduos em locais como aterro e
lixões ou projetos que capturam as emissões de metano de locais de descarte de resíduos (TOOL04 Methodological tool: Emissions from solid waste disposal
sites: disponível em https://cdm.unfccc.int/methodologies/PAmethodologies/tools/am-tool-04-v8.0.pdf. Acesso em 11/11/2022)
16. Disponível em https://cdm.unfccc.int/methodologies/DB/R22750M155F84YR0D4YVYOS0CLSCII. Acesso em 11/11/2022.
17. Foi feito um ajuste na metodologia, pois, como não serão calculados os créditos de carbono, foi considerado o total de gases do efeito estudo mitigados,
independentemente da localidade da produção dos materiais virgens.
Como há diferença no gasto energético na produção conforme o tipo de plástico (PEAD, PEBD,
PET, PP e PS), é necessário calcular a emissão por cada um dos tipos. A emissão total é definida
pela fórmula abaixo:
á ,
= ,
( , ,
+ , ,
)
2
Onde:
á ,
= Emissões base de plástico no ano a (tCO2e/ano);
= Fator de emissão para a eletricidade da rede (tCO2 / MWh)18, comum a todos os materiais;
,
tCO2 /
ton - MWh/t GJ/t tCO2/GJ tCO2
MWh
(a) (b) (c) (d) (e) (f) a*b*(c*d+e*f)
PEAD 18.916 0,75 0,83 0,5985 15,00 0,067 21.300
PEBD 28.980 0,75 1,67 0,5985 15,00 0,067 43.559
PET 28.701 0,75 1,11 0,5985 15,00 0,067 35.924
PP + PS 14.444 0,75 0,56 0,5985 11,60 0,067 12.046
18. Foi utilizado o fator de emissão para a matriz elétrica brasileira de 2021, pela
média da margem da operação mensal disponibilizada pelo Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações: http://antigo.mctic.gov.br/mctic/opencms/
ciencia/SEPED/clima/textogeral/emissao_despacho.html. Acesso em 11/11/2022.
19. Foi utilizado o fator de emissão informado pela U.S. Energy Information Adminis-
tration em: https://www.eia.gov/tools/faqs/faq.php?id=73&t=11. Acesso em 11/11/2022.
A conversão de Pounds of CO2 /Btu para GJ/t foi realizado pela multiplicação pelo
fator de conversão de 429,923. ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 67
b. Papel:
No caso do papel e papelão, a diminuição da quantidade de resíduos depositados em locais de
disposição, como aterro, lixão entre outros, devido à reciclagem, reduz a emissão de metano, um
dos gases do efeito estufa, que seria gerado caso houvesse a decomposição do material.
Foi adotada a metodologia simplificada para calcular as emissões base, definida pela TOOL04
Methodological tool: Emissions from solid waste disposal sites, em que os fatores dependem prin-
cipalmente do tipo de clima (tropical, temperado, polar), seguindo a seguinte fórmula:
Onde:
= Fração de metano capturado no local de descarte dos resíduos, queimado ou usado de outra
maneira que evite as emissões de metano para a atmosfera. Como não foi possível coletar infor-
mações sobre projetos de captura de metano nos locais de descarte, foi considerado que = 0;
= Fator que depende da zona climática e o ano j desde o descarte. No caso em tela, apenas
1 ano foi considerado desde o descarte, uma vez que o tempo médio de decomposição
do papel é inferior a 1 ano21;
ton - - - - tCO2
í ,
= í , í
Onde:
No caso dos outros metais, as emissões base também decorrem do consumo de energia para a
produção de materiais metálicos22 virgens, e possuem mesma fórmula que a de alumínio.
22. Considerou-se que todos os materiais na categoria “outros metais” são resí-
duos de aço e ferro. Esse enquadramento foi realizado com base no fato de que
os resíduos de aço e ferro corresponderam a cerca de 99% do total de “outros
metais” conforme apresentado no Anuário da Reciclagem 2017-2018. Disponível
em: https://cempre.org.br/wp-content/uploads/2020/11/2-Anu%C3%A1rio-da-Re-
ciclagem.pdf. Acesso em 11/11/2022. ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 69
d. Vidro:
Assim como para alumínio e outros metais, as emissões base são associadas ao consumo de energia
para a produção de vidro virgem23. A metodologia é similar à de plástico, com diferença que não há
consumo de combustível fóssil, nem diferença na produção de diferentes tipos de vidro.
Assim, a emissão referente a produção de material virgem é estimada a partir da seguinte fórmula:
,
= , , ,
Onde:
Como as principais matérias-primas empregadas na produção variam de acordo com cada mate-
rial, o anexo está dividido em 5 partes, uma para cada tipo de reciclado: papel, plástico, alumínio,
aço e vidro.
a. Papel:
O papel, material mais coletado pelas organizações analisadas, utiliza como principais matérias-pri-
mas a madeira, a água e a energia elétrica. Hisatugo e Junior (2007)24 calculam que a reciclagem
de uma tonelada de papel potencialmente economiza o equivalente a 20 árvores, 3,51 mil kWh de
energia, e 29.202 litros de água. Santos et. al (2016)25 corroboram esse resultado, indicando também
que uma tonelada de papel consome, em média, 20 árvores. Assim, o potencial de preservação de
madeira é expresso pela seguinte fórmula:
, = ,
O potencial de economia de água, por sua vez, é descrito pela seguinte fórmula:
á , = á ,
, = ,
Onde:
= fator de economia da matéria-prima i.
24. Hisatugo, Erika e Marçal Júnior, Oswaldo. Coleta seletiva e reciclagem como ins-
trumentos para conservação ambiental: um estudo de caso em Uberlândia, MG.
Sociedade & Natureza, v. 19, n. 2, pp. 205-216. 2007.
25. Santos, T; Moura, G; Silva, A. Reciclagem Industrial como agente propulsor da pre-
servação de recursos naturais. Revista de gestão sustentável ambiental. Florianópolis,
v.5 n.1, p. 395-410, set 2016. ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 71
b. Plástico:
O plástico, segundo material mais coletado pelas organizações analisadas, tem como suas duas
principais matérias-primas o petróleo e a energia elétrica. Hisatugo e Junior (2007)26 demonstram
que a reciclagem de uma tonelada de plástico, em média, acarreta uma economia potencial de
0,5 toneladas de petróleo e 5,3 mil kWh de energia. A economia potencial de petróleo é descrita
pela fórmula a seguir:
, = á ,
, = á ,
26. Hisatugo, Erika e Marçal Júnior, Oswaldo. Coleta seletiva e reciclagem como
instrumentos para conservação ambiental: um estudo de caso em Uberlândia,
MG. Sociedade & Natureza, v. 19, n. 2, pp. 205-216. 2007. ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 72
c. Alumínio:
Hisatugo e Junior (2007)27, no mesmo trabalho em que calculam os potenciais de preservação de
matéria-prima para o papel e o plástico, também apontam que a reciclagem de uma tonelada de
alumínio corresponde à uma economia de 5 toneladas bauxitas e 16,9 mil kWh. Nesse sentido, a
equação a seguir descreve a economia de bauxita derivada da reciclagem de alumínio:
, = í ,
, = í ,
d. Aço:
Delmont (2007)28, ao estudar o volume de matéria-prima empregado na fabricação de aço indica
que a produção de uma tonelada de aço consome, em média uma tonelada de ferro-gusa. A equa-
ção a seguir explicita o potencial de economia de ferro-gusa derivado da reciclagem do material:
, = ç ,
27. Hisatugo, Erika e Marçal Júnior, Oswaldo. Coleta seletiva e reciclagem como
instrumentos para conservação ambiental: um estudo de caso em Uberlândia,
MG. Sociedade & Natureza, v. 19, n. 2, pp. 205-216. 2007.
28. Delmont, L. Análise dos impactos econômicos oriundos da reciclagem de
resíduos sólidos urbanos para a economia brasileira no ano de 2004: uma abor-
dagem insumo-produto. Dissertação (Mestrado em Economia) – Faculdade de
Ciências Econômicas da UFBA. Salvador, p. 115. 2007. ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 73
e. Vidro:
Por fim, com relação à reciclagem de vidro, Rodrigues e Cavinnato (2003)29 indicam que a produção
de uma tonelada do material consome 800kWh, enquanto Zevzikovas (2008)30 aponta uma eco-
nomia potencial média de 1,2 toneladas de areia para cada tonelada produzida de vidro. A fórmula
a seguir apresenta a economia potencial de energia elétrica derivada da reciclagem de vidro:
, = ,
, = ,
Fonte: Banco de Dados do Anuário da Reciclagem, Rodrigues e Cavinnato (2003) e Zevzikovas (2008).
Elaboração: LCA Consultores e Pragma Soluções Sustentáveis
29. Rodrigues, Francisco Luiz; Cavinnato, Vilma Maria. Lixo: de onde vem? para onde vai? São Paulo: Moderna, 2003.
30. Zevzikovas, R. Especial Reciclagem – Vidro. Revista Gestão de Resíduos, n° 15, jul./ago., p.24-25, 2008 ANUÁRIO DA RECICLAGEM 2022 | 74
V. Metodologia de deflacionamento
Para atualizar os valores monetários utilizados na análise evolutiva, adotou-se o IPCA acumulado de
cada ano como medida de deflacionamento. O índice escolhido é calculado pelo IBGE e mensura
a variação dos preços ao longo do tempo. Das variações percentuais que foram registradas, cons-
trói-se um número índice que é utilizado para trazer todos os valores passados para o período de
referência – no caso, 2021.
=
(1 + )
Os valores deflacionados são encontrados por meio da divisão do respectivo valor pelo número
índice do ano de referência.
Fonte: IBGE.
Elaboração: LCA Consultores.