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Resumo
1. INTRODUÇÃO
Em relação à produção global de alho, o Brasil ocupa o 16° lugar no ranking como produtor e
o segundo maior importador de acordo com a declaração feita em 2019 pela Faostat (Food
and Agriculture Organization of the United Nations). Em análise da produção do alho,
percebe-se que o cultivo deste alimento requer técnicas para adquirir a qualidade desejada,
nesse sentido, há o cuidado para o plantio, a escolha adequada de cultivares, aquisição e
vernalização, irrigação, ponto de colheita ideal e correto armazenamento (COPATI; DARIVA;
CASTRO FILHO; 2020) . Além dos fatores citados, o corte desta planta é uma etapa que
possui influência no resultado final do produto e consequentemente interfere na determinação
do preço do alho produzido, neste processo, o trabalhador recebe material e instruções para
efetuar essa prática, que obtém como resultado em algumas situações o alho dentro e fora dos
padrões estabelecidos.
Dessa maneira, é fundamental estabelecer práticas e métodos de corte que aspiram a
qualidade do produto pós-colheita e diminuam o prejuízo relacionado à má retirada do pito e
da raiz (LIMA et al, 2019). Nesse sentido, há a necessidade do processo de melhoria contínua
da produção no qual é envolvido a gestão da qualidade e aplicação da ferramentas, bem como
o Diagrama de Ishikawa, que representa as relações existentes entre o efeito indesejável e as
causas desse impasse, sendo imprescindível para a identificação de problemas
(CARPINETTI, 2012); e o fluxograma sendo um gráfico para representar a sequência
operacional do desenvolvimento das atividades, que possui como objetivo a fácil
identificação e compreensão dos processos e a padronização dos mesmos (BASTOS, 2013).
Diante disso, o objetivo deste estudo foi avaliar o corte do alho no processo de retirada do
pito e da raiz em uma empresa de agronegócio situada no Alto Paranaíba, utilizando como
recurso as ferramentas da gestão da qualidade: o Diagrama de Ishikawa e o Fluxograma e
propor soluções de melhoria para reduzir os prejuízos relacionados à essa atividade.
2. JUSTIFICATIVA
A classificação de hortaliças significa comparar um determinado produto com um padrão
predeterminado. O julgamento obtido dessa comparação permite classificar o produto em
grupo, classe e tipo, o que permite uma interpretação inequívoca. A utilização de sistemas de
classificação é uma forma eficaz de organizar e desenvolver a comercialização de hortaliças
no Brasil. No entanto, deve-se notar que a classificação de algumas hortaliças precisa ser
atualizada, pois, com o surgimento de novas cultivares, as menções de cor, forma e
principalmente tamanho mudam entre o período de estabelecimento de padrão e a safra atual.
O objetivo da classificação de hortaliças é facilitar e agilizar a comercialização para que o
vendedor e o comprador possam reconhecer a mercadoria sem precisar visualizá-la
diretamente.
Considera-se por alho o bulbo da espécie Allium sativum, L. que se apresenta com as
características da cultivar bem definidas, fisiologicamente desenvolvido, inteiro, sadio e
isento de substâncias nocivas à saúde. O alho será classificado em:
● Grupos: de acordo com a coloração da película do bulbilho, o alho será classificado
em 2 (dois) grupos:
-Branco: quando a coloração for branca.
-Roxo: quando a coloração for roxa.
● Subgrupos: de acordo com o número de bulbilhos por bulbo, o alho será classificado
em 2 (dois) subgrupos:
-Nobre: apresentar de 5 a 20 bulbilhos por bulbo.
-Comum: apresentar mais de 20 bulbilhos por bulbo.Classes: de acordo com o maior
diâmetro transversal do bulbo.
● Classes: de acordo com o maior diâmetro transversal do bulbo, o alho será
enquadrado nas classes constantes na Tabela I..
Tabela I. Classes de alho conforme o maior diâmetro transversal do bulbo, expresso em
milímetros.
● Tipos: qualquer que seja o grupo, subgrupo e a classe a que pertença, o alho será
classificado em 3 (três) tipos: EXTRA, ESPECIAL e COMERCIAL, de acordo com
os percentuais de defeitos gerais e/ou graves estabelecidos na Tabela II.
Tabela II - Limites Máximos em Percentuais de Tolerâncias de Defeitos por Tipo
Fonte: LUENGO, R. D. F. A. et al. Classificação de hortaliças. Embrapa
Hortaliças-Documentos (INFOTECA-E), 1999
Na empresa em estudo foi identificado perdas no processo de corte do alho, onde os bulbos
de alta classificação estavam chegando ao almoxarifado com defeitos advindos do mal corte,
os quais tinham uma alta qualidade em relação ao tamanho, formato e quantidade de
bulbilhos, perderam tais atributos e foram direcionados para a classe temperinho que são
comercializados por um valor muito inferior. Tal fato vem gerando perdas financeiras
significativas para a empresa, dessa forma, o presente trabalho tem como fim utilizar
ferramentas da qualidade, pelas quais será possível identificar a origem deste problema e
intervir por meio de soluções inovadoras e mensuráveis.
Fonte: Autores
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1. A Produção de alho no Brasil
Apesar de ser cultivado em diversas regiões, os estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais,
Santa Catarina, Goiás e Bahia concentram cerca de 90% da produção brasileira (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA). De acordo com o IBGE, na safra de
2011, apenas em Minas Gerais, a safra rendeu cerca de 18,2 mil toneladas do produto,
classificando o estado como o terceiro maior produtor de alho do Brasil. Dos cinco maiores
municípios produtores de alho, quatro encontram-se na região do Alto Paranaíba, sendo eles,
em ordem decrescente: Rio Paranaíba (5,25 mil toneladas colhidas por mês), Campos Altos
(4,05 mil), Santa Juliana (2,6 mil) e São Gotardo (1,5 mil).
Assim, percebe-se que, apesar de não ser o principal insumo cultivado no estado, possui uma
grande relevância, principalmente na região do Alto Paranaíba, que corresponde a 75% da
colheita desta safra e onde concentra-se o estudo de caso sobre a fazenda de alho estudada
(IBGE).
3.3.1. Fluxograma
Uma ferramenta muito utilizada na gestão da qualidade é o fluxograma, que é utilizado com o
intuito de descrever um processo de maneira mais simplificada, através de símbolos e
palavras-chave, assim, ao final de sua elaboração, em poucos segundos é possível
compreender um processo com dezenas de etapas. Ele é muito aplicado quando deseja-se
mapear, padronizar ou aplicar melhorias aos processos, devido a sua construção simplificada
que permite um rápido, mas abrangente entendimento. Ele se dá por uma espécie de diagrama
que desenha o início do processo e liga cada uma das atividades até chegar ao produto final,
identificando tempos de execução, fila, os recursos necessários e outras informações de
acordo com as necessidades da empresa (COUTINHO,2020). Outra vantagem da utilização
dessa ferramenta é sua grande flexibilidade, pode ser representado de diversas maneiras com
diferentes objetivos, um dos tipos mais comuns de fluxograma é o fluxograma de processos
simples que conta com uma sequência de blocos que representam as atividades, além de
pontos de decisão, que são blocos condicionais, ou seja, a rota vai ramificar de acordo com as
condições do processo (GEREMIAS,2013).
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Em relação aos procedimentos, a pesquisa pode ser classificada como um estudo de campo,
que segundo Gil (2008), refere-se à investigação de uma realidade específica, por meio da
observação direta do objeto de estudo, da coleta de dados, análise e interpretação dos
resultados. Com base nos objetivos, a pesquisa se caracteriza como descritiva, que de acordo
com Triviños (1987) pretende descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade sem
interferência do pesquisador. Dessa forma, a observação foi efetuada através de uma visita in
loco feita em outubro de 2022, em uma das plantações de alho da organização. A coleta de
informações foi realizada através de registros fotográficos no posto de trabalho e a aplicação
de uma entrevista de modo a identificar os fatores negativos que interferem no desempenho
da atividade .
A metodologia usada para este estudo foi qualitativa, no qual foi baseada de acordo com os
princípios levantados por Creswell (2014): focado na perspectiva dos participantes, em que
foi utilizado entrevistas para o entendimento do trabalho; foi apurada no pesquisador como
instrumento-chave de coleta e envolveu um raciocínio complexo que relaciona o intuitivo
com o dedutivo. Além disso, a fonte dos dados qualitativos foi através de entrevistas,
observações não-participantes e dados audiovisuais.
Para levantar pontos de discussões sobre o problema em análise, foi usado como base artigos
com conteúdo correlacionados e pesquisas feitas na internet. Com embasamento deste
conhecimento, foram efetuadas duas entrevistas individuais, a primeira feita pela responsável
pelo grupo de funcionários e a segunda pela fiscal de tarefas, dessa forma, foram feitas
perguntas embasadas no fluxograma abaixo, com o objetivo de compreender o
funcionamento geral da empresa e o trabalho dos funcionários.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1. Descrição das atividades
A empresa de agronegócio estudada realiza de forma sazonal a semeação e a colheita do alho,
dessa forma, ela faz contratações periódicas para atividades que contemplem o plantio, a cata
do mato, o corte do pito e a separação do camaleão, neste caso, são escalados para esse
serviço pessoas com ou sem experiência, sendo feito uma explicação rápida para os inábeis
de forma a entender o funcionamento das tarefas e uma supervisão durante o processo. No
presente estudo, será analisada a interferência do corte na qualidade do alho, no qual começa
com a utilização da tesoura e a aplicação de movimentos repetitivos, sendo preciso fazer as
seguintes modalidades: o posicionamento do alho e da tesoura na mão, pressionar com uma
mão os cabos da tesoura para fazer o corte da raiz, girar o alho com a outra mão para que o
pito fique posicionado na tesoura e fazer novamente o movimento o corte.
Tendo em vista que a atividade do corte de alho impacta diretamente no lucro e na qualidade,
foram desdobradas as causas identificadas no Diagrama de Ishikawa, com o intuito de trazer
ações e melhorar o funcionamento das práticas, para isso, foi elaborado a Tabela III:
Falta de
padronização dos
equipamentos
Fonte: Autores (2022)
Em análise da tabela III, observa-se que dentro dos seis tópicos: método, máquina, meio
ambiente, materiais, mão de obra e medida, há uma predominância no efeito da causa ser
relacionado com as máquinas que não são ergonômicas e para a ação corretiva da causa vê se
a necessidade de aplicar a AET (Análise Ergonômica do Trabalho).
5.CONCLUSÃO
Dessa forma, para empresa estudada e para fazendas de alho no geral, é primordial que os
alhos sejam cortados com um certo padrão para que ele não desvalorize ou seja totalmente
perdido, entretanto isso nem sempre acontece, por isso-faz de extrema importância a
aplicação de ferramentas da qualidade, que nos ajudam a identificar problemas e variações no
processo.
Para esse estudo, foi utilizado um fluxograma para detalhar e padronizar o processo, com o
intuito de instruir os novos cortadores de alho, já o diagrama de Ishikawa foi muito útil para a
identificação de diversas causas que afetam a qualidade e corte do alho.
Assim, conseguiu-se elaborar sugestões de melhorias com base no que foi identificado,
percebe-se que muitas sugestões estão relacionadas com melhorias ergonômicas, devido ao
tipo de trabalho realizado, que possui material grande e pesado e também sem muita
padronização e infraestrutura. Além disso, seria interessante trazer aspectos mais técnicos
para esse trabalho, uma vez que, apesar de ser movimentos simples e repetitivos, se mal
executado pode prejudicar o alho, dessa maneira, sugere-se também a aplicação de
treinamento para corte e orientação de um profissional no momento de plantação das
sementes.
6. REFERÊNCIAS
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