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Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa (ato III), Porto, Edições Caixotim, 2004, pp. 144-146.
1 do mais profundo do ser clamo a ti, Senhor; Senhor, ouve a minha voz.
2 estejam os teus ouvidos atentos à voz da minha súplica.
GRUPO II
Leia o texto.
1 Frei Luís de Sousa regressa ao Teatro D. Maria ao fim de 20 anos
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- Um «monumento» que «deve estar disponível de tempos a tempos para ser visitado pelo
5 público», é como o encenador Miguel Loureiro classifica Frei Luís de Sousa, que estreia nova
- versão, no Teatro D. Maria, em Lisboa.
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- Admirador confesso da obra de Almeida Garrett (1789-1854), tanto da literatura de
- viagens como da dramaturgia e da lírica «mais lamechas», Miguel Loureiro encena a peça
10 que subiu pela primeira vez ao palco em 1843 e é baseada na vida de Frei Luís de Sousa
- (1555-1632), o nome adotado pelo frade Manuel de Sousa Coutinho.
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Considerando que a peça tem «uma escrita muito bonita», e que é «um exercício de
- português absolutamente maravilhoso para um palco», Miguel Loureiro afirmou à imprensa
15 que a peça que leva a cena «segue absolutamente o cânone». Assegura que pegou neste
- drama em três atos, «acreditando na lenda que está por trás dele, acreditando nas linhas de
- pensamento que o texto tem sobre a questão do sebastianismo, a questão da saudade, a
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- questão de uma projeção de Portugal que se cumpre ou não, sobre um projeto político
20 diferente para o país».
- Excetuando «duas ou três frases mais pietistas» e «um ou outro gesto mais expressivo», a
- encenação de Miguel Loureiro de Frei Luís de Sousa não se excede em lamúrias, choros ou
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gritos, pautando-se antes pelo comedimento e contenção. «Sem trair o espírito do texto
25 original, das fábulas e das fantasmagorias que contém», Miguel Loureiro disse ter tentado
- «tocar nas teclas todas» do drama garrettiano, «sem carregar muito na tecla político-
- nacionalista que a peça tem».
- Acrescentou ter seguido mais «pela zona de uma certa sombra, de uma certa névoa», o
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30 que está também patente na cenografia de André Guedes, assim como na cena em que
- Manuel de Sousa Coutinho deita fogo à própria casa, em Almada, para que os governadores
- do reino não se apoderassem dela para escapar à peste negra que grassava em Lisboa na
- época.
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A ação da peça de Almeida Garrett decorre em pleno domínio dos Filipes de Espanha em
- Portugal, época em que o mito do sebastianismo ainda estava muito presente na sequência
- do desaparecimento do rei na Batalha de Alcácer Quibir.
- Esta peça surge de um desafio que José Luís Ferreira, antigo diretor do S. Luiz, lançou a
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Miguel Loureiro, disse o encenador. O diretor do D. Maria II achou que seria bom fazê-lo na
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- sala Garrett, já que foi o autor romântico que propôs a edificação daquele teatro no Rossio.
- Vinte anos depois da última encenação desta peça de Almeida Garrett no D. Maria II – a
- de Carlos Avilez, em 1999 –, Tiago Rodrigues, diretor artístico do Teatro Nacional, achou que
- era tempo de a fazer aqui, argumentou Miguel Loureiro.
45 Agência Lusa, «Frei Luís de Sousa regressa ao Teatro D. Maria ao fim de 20 anos», disponível em
https://www.dn.pt/lusa (texto com adaptações e supressões, outubro de 2019)
3. A opção do encenador «pela zona de uma certa sombra, de uma certa névoa» (l. 29)
(A) evidencia a importância dada à vertente político-nacionalista da obra.
(B) homenageia o mito do sebastianismo, que percorre a obra.
(C) traduz-se no cenário ou, por exemplo, na cena do incêndio do palácio de Almada. (D) glorifica o
contexto da obra em que o desaparecimento de D. Sebastião era recente.
5. As orações subordinadas introduzidas por que em «Miguel Loureiro afirmou à imprensa que a
peça que leva a cena segue absolutamente o cânone» (ll. 14 e 15) são
(A) adjetiva relativa restritiva e substantiva completiva, respetivamente.
(B) substantiva completiva e adjetiva relativa restritiva, respetivamente.
(C) substantiva relativa e adjetiva relativa restritiva, respetivamente.
(D) ambas adjetivas relativas restritivas.
8. Identifique e classifique os deíticos presentes em “da admiração de uma tão grande virtude
vossa passemos ao louvor” (Grupo I, Texto B, l.1).
GRUPO III
«É verdade quando a filosofia diz que a vida só pode ser compreendida olhando-se para trás. No
entanto, esqueceram-se de outra frase: que ela só pode ser vivida olhando-se para a frente.»
Soren Kierkegaard
A partir da citação transcrita e da peça Frei Luís de Sousa, num texto de opinião bem estruturado, com
um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras, apresente o seu ponto de vista sobre o
saudosismo do povo português. Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois
argumentos e ilustre cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.