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TEMA
e elétricas
A produção da energia elétrica em larga escala, para uso residencial e comercial,
só foi possível na segunda metade do século XIX. Antes disso, a iluminação pública
das cidades dependia de lampiões que utilizavam óleo vegetal e óleo animal como
combustíveis. Uma das principais fontes de obtenção de óleo animal da época
eram as baleias, por apresentarem grandes reservas de gordura, tendo sido esse
um dos motivos pelos quais elas foram extensivamente caçadas no passado.
A energia elétrica trouxe grandes mudanças no cenário mundial, incluindo o modo
de vida das pessoas, e para o setor energético. No primeiro caso, houve um aumento na
eficiência da iluminação pública, permitindo que as pessoas ampliassem suas ativida-
des noturnas, voltadas ao trabalho ou ao lazer. Além disso, novas profissões surgiram,
enquanto outras foram extintas, como a dos acendedores de lampiões de ruas. No
segundo caso, houve uma alteração das fontes energéticas utilizadas pelos » Os acendedores
países, isto é, houve uma mudança em suas matrizes energéticas. de lampião eram
responsáveis
Os países passaram a usar os combustíveis fósseis para a geração por acender os
de energia elétrica, devido à sua alta eficiência energética, prática que lampiões das
perdura até os dias de hoje, uma vez que essas fontes continuam ruas, ao fim das
sendo amplamente utilizadas. Contudo, nos últimos anos, a tardes.
Saiba mais
A latitude é uma coordenada geográfica que divide o planeta em linhas horizontais imaginárias. Essas
linhas são medidas a partir da linha do equador (0 o) e vão em direção aos polos (podendo atingir
marcação máxima de 90 o).
» Os trópicos recebem
maior intensidade
luminosa, que é pouco
variável ao longo do ano
(imagem sem escala;
cores-fantasia).
raios solares
0º
SELMA CAPARROZ
dia noite
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Por fim, os recursos financeiros dos quais o país dispõe também configuram papel impor-
tante na escolha das fontes de energia, uma vez que é preciso investir na construção e na
manutenção das usinas. No caso das usinas solares, os investimentos seriam destinados, por
exemplo, à compra e à manutenção dos painéis fotovoltaicos, ao pagamento dos funcionários,
entre outros. Além disso, os recursos financeiros possibilitam a compra de fontes de energia
comercializáveis, como o petróleo.
Matriz energética
O conjunto de fontes disponíveis para serem utilizadas em uma região é denominado matriz
energética. Isso significa que a matriz energética está relacionada às fontes de energia des-
tinadas tanto à produção de energia elétrica quanto à realização de outras atividades, como o
funcionamento de veículos, processos industriais, produção e preparo de alimentos etc.
O gráfico a seguir apresenta a matriz energética mundial no ano de 2018.
Urânio
4,9% Outras
renováveis*
11,7%
Derivados
de petróleo
31,7%
SONIA VAZ/BENTINHO
26,1%
Gás natural
22,7%
Fonte: BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético. Resenha
Energética Brasileira. Brasília, DF, 2019. Disponível em: http://www.mme.gov.br/documents/36208/948169/Resenha+E
nerg%C3%A9tica+Brasileira+-+edi%C3%A7%C3%A3o+2019+v3.pdf/92ed2633-e412-d064-6ae1-eefac950168b.
Acesso em: 30 maio 2020.
Ao observarmos o gráfico, é possível verificar que 85,7% das fontes de energia utilizadas no
mundo são não renováveis. Isso nos mostra que o conjunto de fatores anteriormente apresen-
tados, como as características geográficas, as condições ambientais, a necessidade energética
e os recursos financeiros disponíveis nos diversos países do mundo, favorecem o uso prioritário
de fontes de energia não renováveis.
Como a matriz energética mundial representa uma média entre as matrizes energéticas
dos países, ao analisarmos a matriz específica de cada um, esses percentuais podem alterar
muito. Por exemplo, a título de comparação, vamos considerar a matriz energética brasileira
determinada no mesmo ano.
Outras
renováveis* Derivados
32,6% de petróleo
34,4%
SONIA VAZ
Carvão mineral
5,8%
Fonte dos dados: BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético.
Resenha Energética Brasileira. Brasília, DF, 2019. Disponível em: http://www.mme.gov.br/documents/36208/948169/Res
enha+Energ%C3%A9tica+Brasileira+-+edi%C3%A7%C3%A3o+2019+v3.pdf/92ed2633-e412-d064-6ae1-eefac950168b.
Acesso em: 30 maio 2020.
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Matriz elétrica Saiba mais
Urânio
10%
Carvão mineral
37,1% SONIA VAZ
Fonte dos dados: BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético. Resenha Energética
Brasileira. Brasília, DF, 2019. Disponível em: http://www.mme.gov.br/documents/36208/948169/Resenha+Energ%C3%A9tica+Brasileira+-
+edi%C3%A7%C3%A3o+2019+v3.pdf/92ed2633-e412-d064-6ae1-eefac950168b. Acesso em: 30 maio 2020.
Ao observarmos o gráfico, é possível verificar que 73,8% das fontes de energia utilizadas no
mundo para a geração de energia elétrica são não renováveis, representadas pelo carvão mineral
(37,1%), pelo gás natural (23,1%), pelo urânio (10%), pelos derivados do petróleo (3,4%) e outras
(0,2%). Apenas 26,2% das fontes de energia utilizadas mundialmente para a geração de energia
elétrica são renováveis, compreendidas pela energia hídrica (16,1%) e por outras fontes renováveis
(10,1%), como biomassa, energia eólica, energia solar e energia geotérmica.
Podemos concluir que, atualmente, o suprimento de energia elétrica mundial é muito depen-
dente de usinas termelétricas, que utilizam como recursos o carvão mineral, o gás natural, os
derivados de petróleo, combustíveis de origem fóssil, e a biomassa, um biocombustível. Isso pode
ser explicado pelo fato de que, em muitos países, as características geográficas e as condições
ambientais não favorecem o uso de outras fontes energéticas para a geração de energia elétrica.
SONIA VAZ
66,6% *Biomassa, eólica, solar e geotérmica.
eefac950168b.
Acesso em: 30 maio 2020.
Ao observarmos o gráfico, é possível verificar que 83,3% das fontes de energia utilizadas no Brasil
para a geração de energia elétrica são renováveis, representadas pela energia hídrica (66,6%) e por
outras fontes renováveis (16,7%), como biomassa, energia eólica, energia solar e energia geotérmica.
Apenas 16,7% das fontes de energia utilizadas no Brasil para a geração de energia elétrica são não
renováveis, representadas pelo gás natural (8,6%), pelo urânio (2,5%), pelo carvão mineral (2,2%),
por outras fontes não renováveis (1,9%) e pelos derivados do petróleo (1,5%).
A matriz elétrica brasileira, diferentemente da de muitos outros países, tem destaque no cenário
mundial por ser majoritariamente constituída por fontes renováveis. No caso, a fonte mais significativa
é a energia hídrica, da qual diversas hidrelétricas fazem uso para o suprimento elétrico do país. Entre
as bacias hidrográficas exploradas para o uso da energia hídrica, estão a bacia hidrográfica do rio
Amazonas e do rio Paraná. Na bacia do rio Paraná, por exemplo, está instalada a usina hidrelétrica
de Itaipu, uma das maiores do mundo, em termos de capacidade energética.
As perspectivas futuras englobam investimentos no uso da energia eólica e da energia solar,
que, segundo o previsto pelo Ministério de Minas e Energia, se tornarão mais significativas até o
ano de 2029.
DRONE PHOTOS VIDEOS/SHUTTERSTOCK.COM
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Investimento em fontes energéticas alternativas
Como é possível perceber analisando as matrizes energética e elétrica, ainda existe uma
grande dependência do mundo em relação às fontes de energia não renováveis, sobretudo
daqueles de origem fóssil, como os derivados do petróleo, o carvão mineral e o gás natural.
Como vimos, o uso dessas fontes ocasiona impactos ambientais, visto que, ao serem queima-
das, emitem gases poluentes na atmosfera, entre eles gases de efeito estufa.
Para minimizar os impactos ambientais ocasionados pelo uso dessas fontes, é importante
que os países invistam em fontes energéticas alternativas, que sejam menos poluentes, como
as energias solar, eólica e geotérmica. Além dessas que já estudamos, muitos países têm
utilizado o biogás como fonte de energia alternativa, e outros têm estudado o potencial do
hidrogênio e do movimento das ondas dos mares e oceanos para tal.
O biogás compreende uma mistura gasosa, produzida pela decomposição de matéria orgâ-
nica. Muitos países têm utilizado o biogás para a geração de energia elétrica, devido à sua
eficiência energética e aos seus benefícios ambientais associados ao reaproveitamento de
resíduos orgânicos, como cascas de frutas e restos de alimentos, e resíduos do tratamento
de esgoto, como o lodo de esgoto.
Nas usinas de biogás, esses resíduos são reunidos em tanques chamados biodigestores. Em seu
interior, as bactérias presentes no lodo de esgoto atuam promovendo a decomposição da matéria
orgânica, produzindo o biogás. O biogás, então, é armazenado para, posteriormente, ser destinado
à geração de energia elétrica.
O uso do biogás como fonte energética ocorre há anos entre diversos países do mundo. No
Brasil, as primeiras usinas de biogás foram instaladas no ano de 2019.
O hidrogênio tem sido estudado para ser utilizado como fonte energética alternativa. Contudo,
como esse elemento químico não é encontrado na natureza de forma livre (normalmente está
associado a outros elementos), ele precisa ser produzido por algum processo para ser obtido.
Atualmente, a produção de hidrogênio tem sido realizada a partir de diversos processos
que envolvem outras fontes energéticas primárias, como a biomassa e as energias nuclear,
eólica e solar. Esses processos envolvem diversas tecnologias capazes de produzir hidrogênio,
que pode ser utilizado como fonte energética, sobretudo para a geração de energia elétrica.
Recentemente, tem-se estudado a possibilidade de utilizar o hidrogênio para a geração de
energia elétrica em motores de veículos elétricos específicos. Entre as vantagens apresentadas
por esses veículos, estão a alta eficiência dos motores movidos a hidrogênio e as emissões locais
de gases poluentes praticamente nulas. Entre as desvantagens estão o alto custo dos veículos,
o que dificultaria sua comercialização. SHDROHNENFLY/SHUTTERSTOCK.COM
» Biodigestor.
a) Em 1973, a matriz energética da OCDE era composta majoritariamente por fontes renováveis ou
por fontes não renováveis? E em 2018?
b) Qual fonte de energia da matriz energética da OCDE teve maior alteração entre os anos de 1973 e
2018?
c) É possível dizer que, desde 1973, a OCDE tem investido em fontes renováveis de energia? Justifique
sua resposta.
d) É possível afirmar que a OCDE ainda tem uma grande dependência de fontes não renováveis de
energia? Analise as questões socioambientais, políticas e econômicas associadas a esse cenário.
Se necessário, realize uma pesquisa em sites e fontes confiáveis.
e) A Islândia é um dos países participantes da OCDE. Nos últimos anos, ela tem investido no uso do
hidrogênio como fonte energética alternativa. Qual a importância de se investir em fontes energé-
ticas alternativas, assim como tem sido feito pela Islândia?
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2. Considere que você participe de uma equipe de a) O que é informado na reportagem?
profissionais que irá investigar as melhores b) Quais as fontes de energia renovável explo-
possibilidades energéticas para uma região. radas pelo Brasil? Indique o percentual que
Veja as características da região estudada. representam a matriz elétrica brasileira,
Apresenta muitas reservas de carvão mineral; citado na reportagem.
Não apresenta reservas de petróleo e de gás c) Quais fontes energéticas têm recebido maior
natural; investimento do Brasil, recentemente?
Alta incidência solar ao longo do ano; d) É possível afirmar que o setor elétrico bra-
Verão chuvoso e inverno seco; sileiro é menos poluente do que o setor
Baixa ocorrência de ventos; elétrico mundial, de modo geral? Justifique
Bacia hidrográfica com rios extensos e de sua resposta.
grande volume de água; 4. O gráfico a seguir apresenta a matriz elétrica
Clima propício ao plantio de oleaginosas. da França, entre os anos de 2008 e 2018.
a) Elabore uma matriz energética para a região.
b) Avalie as possibilidades energéticas para a » Matriz elétrica da França (2008 a 2018)
geração de energia elétrica na região, consi-
1 000
derando suas características ambientais, a
disponibilidade de recursos e sua eficiência
energética, além dos impactos socioambien- 800