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Parâmetros Geom. & Desemp.
Parâmetros Geom. & Desemp.
5
Parâmetros
Geométricos e de
Desempenho dos MCIA
Prof. Ricardo Cruz
CEM/EST/UEA
rcruz@uea.edu.br
F
1
INTRODUÇÃO
2
• Parâmetros geométricos médios (PG) e de desempenho (PD): são co-
eficientes que permitem estimar várias características (geométricas e
mecânicas) dos motores reais;
• Uma primeira aproximação aos MCIA’s reais consiste de aproximá-los
aos ciclos teóricos usando PG e PD;
• Uma segunda aproximação aos MCIA’s reais consiste de introduzir o
aporte de calor pela combustão interna, como será visto no CAP. 8
(“ciclo” ar-combustível); e, em nível mais sofisticado tecnicamente, por
simulações numéricas (CAP. 9). Os capítulos 6 a 7-2 apresentam a com-
bustão, como ocorre nos MCIA’s;
• No estado da arte, o ciclo ar-combustível ainda é amplamente usado
(principalmente com pequenos MCIA’s), pois permite predimensionar
um MCIA no ponto de eficiência máxima. Nos MCIS’s reais, não neces-
sariamente é nesse ponto onde ocorrem o torque e a potência máxi-
mos. A determinação da curva característica de um MCIA real (slides
18 a 20 deste capítulo), onde se observa onde esses máximos estão,
foge aos objetivos do ciclo ar-combustível.
3
PARÂMETROS GEOMÉTRICOS
MÉDIOS (PG)
4
CURSO DO PISTÃO
Cmáx. = 2 M [m] (1)
O curso variável, C , não é um PG. É um
parâmetro cinético do motor (Cap. 10).
D [mm] 2 9,42 50
Vmp [m/s] 9 17 7
6
RELAÇÃO CURSO/DIÂMETRO
𝑪𝒎á𝒙.
𝑹𝑪𝑫 = (3)
𝑫
Em particular:
MCIA pequenos: 0,8 < RCD < 1,2 (estacionários)
MCIA médios a grandes: RCD 1,25 (navais e termelétricos)
7
DESLOCAMENTO (“CILINDRADA”)
𝝅
𝑽𝒅 = 𝑉𝑃𝑀𝐼 − 𝑉𝑃𝑀𝑆 = 𝒛 𝑫²𝑪𝒎á𝒙. [m³] (4)
4
8
RAZÃO VOLUMÉTRICA (TAXA DE COMPRESSÃO)
V PMI Vd Vc Vd
rV 1 (6)
V PMS Vc Vc
MCIAct aspirados: rV = 8/1 a 11/1
MCIAcp aspirados: rV = 12/1 a 24/1
9
Evolução histórica da razão volumétrica na indústria automobilista dos EUA
10
RAZÃO MANIVELA-BIELA
𝑴
𝜿≡ (8)
𝑩
Este fator é importante para o projeto das dimensões
internas e a análise da cinética do MCIA (Cap. 10).
12
Deseja-se estimar as características geométricas de um MCIA de igni-
ção por centelha para uso estacionário na geração de potência elétri-
ca. O motor deverá girar a 1 800 rpm e possuir 8 cilindros. O combustí-
vel projetado é o gás natural, cujas características permitem que a ra-
zão volumétrica do motor seja 13:1, sob uma pressão de compressão
de 5 atm, propiciada por turbocompressor. Adote os PG necessários e
determine:
A) O curso dos pistões, Cmáx.;
B) O comprimento das manivelas, M, e das bielas, B;
C) O volume deslocado do motor, Vd , em [litro]; e
D) A razão de compressão real, rVdin..
13
SOLUÇÃO (A): curso dos pistões.
As expressões [3] e [4] e valores assumidos para V𝒎𝒑 e RCD permitem obter o
curso Cmáx. e o diâmetro D.
Para MCIA de grande porte: conforme o slide 5, V𝒎𝒑 = 5 m/s; e conforme o
slide 7, RCD 1,25 (assumido 1,3).
14
SOLUÇÃO (B): comprimento das manivelas M e das bielas B dos pistões.
15
SOLUÇÃO (C): volume deslocado do motor Vd [litro].
16
PARÂMETROS DE DESEMPENHO
MÉDIOS (PD)
17
DEFINIÇÃO DOS VÁRIOS TRABALHOS INTERNOS DO MCIA
Os PD tem referência no diagrama do indicador (DI) do MCIA real, figura
abaixo, destacando-se as áreas A, B e C;
Define-se o trabalho específico por ciclo e por cilindro:
𝒘≡ 𝒑 ∙ 𝒅𝒗 *(kJ/kg)/ciclo+/cilindro
𝒎𝒂𝒓 + 𝒎𝒄𝒐𝒎𝒃.
Onde: 𝒗𝒅 ≡ 𝑽𝒅 𝒎𝒈á𝒔 = 𝒗𝑷𝑴𝑰 − 𝒗𝑷𝑴𝑺 , [m³/kg].
Esta integral é uma área sob uma curva no pv.
19
Se o MCIA usa compressor a área B é positiva, porque é o compressor que
produz os trabalhos de admissão do ar e de expulsão dos gases, aproveitando
a energia residual dos gases (fora do motor – portanto, sem carregá-lo), ou
acionado mecanicamente pelo MCIA (impondo pequena carga ao MCIA);
As figuras abaixo ilustram como opera um turbocompressor sob os gases do
motor e a posição de um DI pot relativamente à linha de pressão atmosférica.
DI de um MCIA com admissão aberta (wot)
DI de um MCIA com
admissão semi aberta (pot)
20
Trabalho Específico ao Freio do Motor
“Ao freio” se refere à medição deste trabalho em freios dinamométricos.
Perdas
nrot . W F
(11)
(12)
60 n
2 nrot . F
W F [kW] (12)
(13)
60
pme F A p Vmp pme i nrot Vd (14)
(13)
2n 60 n
Onde: pmeF [kPa] é a pressão média efetiva ao freio; nrot. [rpm] é a frequência de rotação;
WF = wF Vd [kJ] é o trabalho ao freio, sendo wF o trabalho específico; n é a ciclagem
(número de giros da manivela a cada ignição: 4T 2, 2T 1); e Vd [m³], deslocamento.
22
Exemplos de Curvas de Potência e Torque Versus a Rotação
PEQUENO MCIA VEICULAR DE 150 cm³ (MOTOCICLETA)
• Após o máximo de 𝑾𝑭
esta cai, devido a potên-
cia de atrito aumentar,
mas pouco, com a rota-
ção; ou seja, na prática:
𝑾𝑭 ≈ 𝒇(𝒏𝒓𝒐𝒕. )
Fonte: AZEVEDO NETO, R., AZEVEDO, J. D. L. Comparative performance of a flex-fuel motocycle
using different mixtures of ethanol and gasoline. 21st COBEM. Natal, 2011.
23
GRANDE MCIA VEICULAR DE 7.4 litro (CARRO ESTADUNIDENSE)
OBS: estas curvas tem as mesmas características das curvas dos slides anteriores.
25
Consumo Específico de Combustível ao Freio do Motor
m comb .
Ce F [kg/kJ] (15)
W F
m comb .
Ce EE 3 600 [litro/kWh ] (15)
(16)
comb .W EE
Onde: 𝒎𝒄𝒐𝒎𝒃. [kg/s] e comb. [kg/litro] são, respectivamente, a vazão e a massa específica do
combustível (gasóleo: 0,85; M27 – 0,75); e 𝑾𝑬𝑬 = 0,89𝑾𝑭 [kWel] é a potência do gerador
elétrico, assumido-o operando no ponto de maior eficiência de conversão.
26
Relação entre a potência, o consumo específico e a razão de compressão
Ce
. Ce
Wf
.
Wf
27
A tabela a seguir mostra alguns valores de referência do consumo
específico de modernos MCIA.
28
Razão Ar-Combustível do Motor
m ar .real m ar .real
AC (17)
m comb . m comb .
𝑨𝑪𝒆𝒔𝒕𝒆𝒒.
𝝓≡ (19)
𝑨𝑪𝒓𝒆𝒂𝒍
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Eficiência da Combustão ou Queima (no aporte de calor)
Q queima,real Q queima,real
queima (21)
Q queima,med . m comb. PCI med.
Onde: 𝑸𝒒𝒖𝒆𝒊𝒎𝒂,𝒓𝒆𝒂𝒍 é o calor real aportado dentro do MCIA (difícil determinação); 𝑸𝒒𝒖𝒆𝒊𝒎𝒂,𝒎𝒆𝒅.
é o calor medido externo; e PCI é o poder calorífico inferior do combustível (sem condensação
d’água formada na combustão), definido no CAP. 7-2, para o qual alguns valores médios são:
Gasolinas puras: PCI = 45 MJ/kg (na mistura brasileira M27, é por volta de 40 MJ/kg);
Gasóleos em geral: PCI = 42 MJ/kg ;
Alguns gases naturais: PCIUrucu.médio = 36 MJ/kg (Resol. ANP no. 16/2008);
PCIGASBOL.médio = 39 MJ/kg (Resol. ANP no. 16/2008).
Em (21), queima tem como base o PCI (R e P @ 25 C), mas deveria ter como base o
conceito de exergia de combustão. Essa exergia é praticamente igual ao PCI.
Ademais, como a temperatura no interior do MCIA é variável e muito maior que o
valor de 25 C, 𝑸𝒒𝒖𝒆𝒊𝒎𝒂 deveria ser avaliada tendo por base a entalpia de combustão
(CAP. 7-2), mas isso não é prático, devido essa variabilidade da temperatura;
Valores típicos de queima , base no PCI: 60% a 65% (MCIAct); e 65% a 70% (MCIAcp).
31
Eficiência Energética ao Freio do Motor
W F W F 1
t.F (22)
Q queima,med . m comb. PCI med. Ce F PCI med.
32
Eficiência Mecânica do Motor
wF tF
mec. (23)
w IB t IB
Onde: os subscritos F e IB significam ao freio e indicado bruto, respectivamente.
Valores típicos de vol. : 75% a 90% wot (“wide open throttle”), sendo os va-
lores maiores relativos aos MCIA supercarregados.
33
Fração de Gases Residuais (na Admissão)
Quando o MCIA realiza a exaustão, sempre resta uma fração de gases queimados no
cilindro, a qual se misturará à próxima carga fresca de ar e combustível. Alguns auto
res definem esta fração como:
m res. m resid .
f res. (25)
m mist . m ar m comb .
Onde: 𝒎𝒓𝒆𝒔𝒊𝒅. [kg/ciclo] e 𝒎𝒓𝒆𝒔𝒊𝒅. [kg/s] são a massa e a vazão de gases residuais presentes
no cilindro após o ciclo anterior (decresce com o aumento da razão de compressão e/ou da
pressão de compressão de ar, caso haja); 𝒎𝒎𝒊𝒔𝒕. [kg/ciclo] é a massa da mistura ar-combus
tível (MCIAct), ou só de ar (MCIAcp), que alimenta o MCIA; 𝒎𝒂𝒓.𝒓𝒆𝒂𝒍 [kg/s] é a vazão de ar en-
golido e 𝒎𝒄𝒐𝒎𝒃. [kg/s] é a vazão de combustível consumido pelo MCIA.
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EXEMPLO DE CÁLCULO DE UM CICLO
MOTOR AUXILIADO POR PG E PD
35
Calcule o que a seguir se pede, para um MCIAct de 4 cilindros de 2,5 li-
tro e 4T, admissão totalmente aberta (wot), operando a 3 000 rpm.
Considere que o MCIAct opera no ciclo Otto padrão de ar (utilize o
diagrama pV deste ciclo), com suporte nos parâmetros geométricos
(PG) e de desempenho (PD).
Dados a considerar: rV = 8,6:1 ; mec. = 80% ; queima = 70% ; e a razão
curso-diâmetro, C/D = 1,025.
Assuma ainda: o combustível é o isoctano (PCI = 44 300 kJ/kg), consu
mido à taxa de 64,9 g/min ( = 0,85 kg/l); a razão ar-combustível, em
massa, é AC = 15/1; na câmara de combustão, se tem no início do ci-
clo que T1 = 60 C e p1 = 100 kPa; e a fração de residuais é fres. = 4%.
36
Então, determine:
A) O volume da câmara (Vc) e os demais parâmetros geométricos
do ciclo;
B) T e p nos pontos extremos do ciclo. Adote Rar = 287 J/kg.K, e:
Na admissão cp = 1 005 J/kg.K e cv = 718 J/kg.K;
1 1
Vd = ( D²)C 625∙10-6 m³ = (3,141 6 D²)(1,025D) D = 0,091 9 m
4 4
38
SOLUÇÃO (B): T e p nos pontos extremos, por ciclo e por cilindro
39
Então, tendo:
-4 740 10-6 kg/ciclo,
queima = 70% , mmist. = 7,398 10 kg/ciclo
fres. = 4% e AC = 15
E de [4]:
Então, de [2]:
42
SOLUÇÃO (C): p/ciclo e z = 4 cil., Wexp. , Wcomp. , WB e WIL
p3V3 p4V4
z
11 159 82,2 10 6 549 706,8 10 6
4 cil. 10 Pa/kPa
3
Wexp .
k 1 1,4 1
= 5 292 joule/ciclo
p 2V2 p1V1
z
2 034 82,2 10 6 100 707 10 6
4 cil. 10 Pa/kPa
3
Wcomp.
k 1 1,4 1
= 965 joule/ciclo
43
WB: a área líquida entre as curvas exaustão (isóbara
p1 = 0,1 MPa) e indução (isóbara p0 = 0,1013 MPa)
é negativa e é dada por 𝒑𝒅𝑽, que em valor abso-
luto é determinada por
t,IL = 100[WIL/(z mcomb.PCI)] = 100[4 324/(4 45,25 10-6 44,3 106)] = 53,9%
44
. . . . .
SOLUÇÃO (E): p/ciclo, z = 4 cil. e n = 2 , WIB , WB , WIL , WA e WF
.
WIB = (WIL + WB) nrot. / n =
= (4,324+0,003 25)∙3 000*rot./(min∙60 s/min)] / 2 = 108,2 kW (145,1 cv)
.
WB = WB nrot. / n =
= 0,003 25 kJ∙3 000*rot./(min∙60 s/min)+ / 2 = 0,08 kW (0,11 cv)
.
WIL = WIL nrot. / n =
= 4,324 kJ∙3 000*rot./(min∙60 s/min)+ / 2 = 108,1 kW (145,0 cv)
. .
WF = mec.WIL = 0,8∙108,1 kW = 86,5 kW (116,0 cv)
45
SOLUÇÃO (F): p/ciclo, z = 4 cil. e n = 2 , F , CeF e vol.
. . .
CeF =m comb.med. / WF = (mcomb.med. [g/ciclo] nrot. [rps] / n) / WF =
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EXERCÍCIO PROPOSTO
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Calcule os parâmetros de um ciclo de um MCIAcp de 50 litro, 16
cilindros, a 4T, com admissão totalmente aberta (wot) a 1 800 rpm.
Os dados a considerar são: rV = 14:1 ; mec. = 85% ; queima = 70% ; e
razão curso-diâmetro, C/D = 1. Assuma ainda: o combustível é
gasóleo (PCI = 42,5 MJ/kg) e massa específica de 0,85 kg/litro; a
razão ar-combustível, em massa, vale AC = 26,5/1; na câmara de
combustão, a temperatura inicial é T1 = 80 C; e a fração de
residuais é fres. = 3%. Assuma o ciclo dual como referência. Con-
sidere que o motor é turboalimentado e adote uma pressão de
compressão de pcomp. = 1,5 bar (manométrica).
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Dito isso, determine:
A) O volume deslocado, o volume da câmara e a razão volumétrica dinâ-
mica do motor;
B) T e p nos extremos do ciclo. Adote Rar = 287 J/kg.K, e:
Admissão cp = 1 005 J/kg.K e cv = 718 J/kg.K;
Exaustão cp = 1 108 J/kg.K e cv = 821 J/kg.K;
C) Os trabalhos: de expansão, de compressão, de bombeamento, indica-
do líquido e ao freio;
D) A eficiência térmica ao freio e a pressão média efetiva ao freio;
A ) A potência ao freio e o torque ao freio;
F) O consumo específico ao freio e a eficiência volumétrica.
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