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3-2
Parâmetros
Geométricos e de
Desempenho dos MCIA
Prof. Ricardo Cruz
CEM/EST/UEA
rcruz@uea.edu.br
F
1
INTRODUÇÃO
2
• Os parâmetros geométricos (PG) e os parâmetros de desempenho
(PD) são coeficientes que permitem estimar várias características
(geométricas e termomecânicas) dos motores reais;
3
PARÂMETROS GEOMÉTRICOS
(PG)
4
CURSO DO PISTÃO
Cmáx. = 2M [m] (1)
▪ O curso variável C não é um PG. É
um parâmetro cinético (Cap. 5-2).
VELOCIDADE MÉDIA DO PISTÃO
𝒏𝒓𝒐𝒕. 𝑪𝒎á𝒙.
V𝒎𝒑 = [m/s] (2)
30
▪ Valores típicos:
MCIAcp lentos navais: 5 a 8 m/s
MCIAcp estacionários: 8 a 11 m/s
MCIAct/cp automotivos: 12 a 18 m/s
MCIAct de competição: > 26 m/s
▪ Vê-se que maior o Cmáx. menor a nrot.;
▪ A eq. (2) é obtida do teorema do valor
médio para integrais, para a velocida-
de instantânea do pistão (Cap. 5-2).
5
Valores típicos de alguns parâmetros no estado da arte
D [mm] 2 9,42 50
Vmp [m/s] 9 17 7
6
RELAÇÃO CURSO/DIÂMETRO
▪ Define-se como:
𝑪𝒎á𝒙.
𝑹𝑪𝑫 = (3)
𝑫
▪ Valores típicos:
MCIA Subquadrado: RCD > 1 (navais)
MCIA Quadrado: RCD = 1 (veiculares comuns)
MCIA Superquadrado: RCD < 1 (veiculares rápidos)
Em particular:
MCIA pequenos: 0,8 < RCD < 1,2 (estacionários)
MCIA médios a grandes: RCD 1,25 (navais e termelétricos)
7
DESLOCAMENTO (“CILINDRADA”)
▪ Define-se como:
𝝅
𝑽𝒅 = 𝑽𝑷𝑴𝑰 − 𝑽𝑷𝑴𝑺 = 𝒛 4 𝑫²𝑪𝒎á𝒙. [m³] (4)
▪ Menores D (miniaturização):
✓ Reduzem as perdas de calor pela câmara de combustão (menores áreas late-
rais), elevando a eficiência térmica do MCIA;
✓ Elevam o curso do pistão, e assim, aumentam as perdas por atrito passivo, redu
zindo a eficiência total do MCIA;
8
RAZÃO VOLUMÉTRICA (TAXA DE COMPRESSÃO)
▪ Define-se como:
VPMI Vd + Vc Vd
rV = =1+ (6)
VPMS Vc Vc
▪ Valores típicos:
MCIAct aspirados: rV = 8/1 a 11/1
MCIAcp aspirados: rV = 12/1 a 24/1
MCIA supercarregados: a razão volumétrica real é mai
or devido a compressão do ar, e chamada de razão di-
nâmica (rV,din.), cujo valor pode ser estimado, até um
limite de rV,din. = 24/1, por: ¹
rV,din. ≅ rV + pcomp. + 1 (7)
Onde: pcomp. [bar] é a pressão do compressor de ar (fig. ao lado).
9
Evolução histórica da rV na indústria automobilistica dos EUA
10
RAZÃO BIELA-MANIVELA
▪ Define-se como:
𝑩
𝜿≡ (8)
𝑴
▪ Este fator é importante para projeto das dimensões
internas e análise da cinética do MCIA (Cap. 6);
▪ Tanto MCIAcp como MCIAct: 2,5 < 𝜿 < 5, onde ¹:
o Menores valores de 𝜿 (pequenos 𝑩) promovem maio-
res pendulamentos laterais da biela, elevando as vibra
ções laterais do MCIA;
o Maiores valores de 𝜿 (grandes 𝑩) fazem com que o pis-
tão chegue e saia mais rápido ao PMI e ao PMS, perma-
necendo mais tempo ali. Expulsa mais gases no PMS;
o A prática recomenda 𝜿 ≤ 3. Acima disso as vibrações
de 2a ordem e o atrito pistão-camisa crescem muito.
¹ http://www.autoentusiastasclassic.com.br/2010/09/relacao-rl-uma-analise-grafica.html (acesso em: 8/3/2017)
11
EXEMPLO DE EMPREGO DE PG
12
Deseja-se estimar as características geométricas de um MCIA de igni-
ção por centelha para uso estacionário na geração de potência elétri-
ca. O motor deverá girar a 1 800 rpm e possuir 8 cilindros. O combustí-
vel projetado é o gás natural, cujas características permitem que a ra-
zão volumétrica do motor seja 13:1, sob uma pressão de compressão
de 5 atm, propiciada por turbocompressor. Adote os PG necessários e
determine:
A) O curso dos pistões, Cmáx.;
B) O comprimento das bielas, B e das manivelas, M;
C) O volume deslocado do motor, Vd em [litro]; e
D) A razão de compressão real, rVdin..
13
SOLUÇÃO (A): curso dos pistões
As expressões (2) e (3), e valores assumidos para V𝒎𝒑 e RCD , permitem obter
o curso Cmáx. e o diâmetro D.
Para MCIA de grande porte: conforme o slide 5, V𝑚𝑝 = 5 m/s; e conforme o
slide 7, RCD 1,25 , ao que é assumido 1,3.
Então, da expressão (3):
𝐶𝑚á𝑥. = 𝐷 ∙ 𝑅𝐶𝐷 = 𝐷 ∙ 1,3
E da expressão (2):
𝑛𝑟𝑜𝑡. 𝐶𝑚á𝑥. 𝑛𝑟𝑜𝑡. 1,3𝐷
V𝑚𝑝 = 5 mΤs ≡ = = 0,043 𝑛𝑟𝑜𝑡. 𝐷
30 30
116,279 116,279
∴𝐷= = = 0,064 599 m 64,599 mm
𝑛𝑟𝑜𝑡. 1 800 rpm
Retornando à expressão (3):
𝐶𝑚á𝑥. = 1,3𝐷 = 1,3 64,599 mm = 84,109 mm
14
SOLUÇÃO (B): comprimento das manivelas M e das bielas B dos pistões.
15
SOLUÇÃO (C): volume deslocado do motor Vd [litro].
1 1 2 84,109 mm
𝑉𝑑 = 𝑧 4𝜋𝐷²𝐶𝑚á𝑥. =8 4∙3,142∙ 0,064 599 m ∙
1 000 mmΤm
16
PARÂMETROS DE DESEMPENHO
(PD)
17
DEFINIÇÃO DOS VÁRIOS TRABALHOS INTERNOS DO MCIA
▪ Direta ou indiretamente, os PD se referem aos vários trabalhos num MCIA;
▪ Esses trabalhos aparecem como áreas no diagrama do indicador (DI) dos
MCIA reais (plano pV), figura abaixo, onde se destacam as áreas A, B e C;
▪ Define-se um trabalho, por ciclo e por cilindro,
equivalente a uma área no DI, como:
𝑾 ≡ ([ 𝒅𝑽𝒅 ∙ 𝒑 kJ/ciclo)/cilindro] (9)
▪ E deste, um trabalho específico, dividindo am-
bos os membros de (9) pela massa de mistura
gasosa fresca do cilindro, 𝒎𝒎𝒊𝒔𝒕.𝒈𝒂𝒔.𝒇𝒓𝒆𝒔𝒄𝒂 :
∴ 𝒘 ≡ ({[ 𝒅𝒗𝒅 ∙ 𝒑 kJ/kg)/ciclo}/cilindro] (10)
𝒅𝑽𝒅 𝒅𝑽𝒅
Onde: 𝒅𝒗𝒅 ≡ 𝒎 =
𝒎𝒂𝒓 +𝒎𝒄𝒐𝒎𝒃. +𝒎𝒈𝒂𝒔.𝒓𝒆𝒔.
[m³/kg], é
𝒎𝒊𝒔𝒕.𝒈𝒂𝒔.𝒇𝒓𝒆𝒔𝒄𝒂
18
▪ A posição relativa da área B aparece nas figuras abaixo e do próximo slide;
▪ Nas figuras abaixo, a área B é “negativa” relativamente à pressão atmosférica
p0 , porque o MCIA é naturalmente aspirado, e o pistão “gasta” trabalho para
admitir a carga fresca do novo ciclo e expulsar os gases do ciclo anterior;
▪ As figuras abaixo também ilustram a variação do tamanho da área B de um
MCIA naturalmente aspirado, conforme a aspiração é wot ou pot.
19
▪ Se o MCIA é auxiliado por compressor a área B é “positiva", porque é um com
pressor que produz os trabalhos de admissão do ar e de expulsão dos gases,
acionado pelos gases (turbocompressor – portanto, sem carrgar o MCIA), ou
diretamente (compressor mecânico – assim, com pequena carga no MCIA);
▪ As figuras abaixo ilustram como opera um turbocompressor sob os gases do
motor e a posição de um DI pot relativamente à linha da pressão atmosférica.
O compressor “empur-
ra” o DI pra acima de p0
20
▪ Definem-se como seguem os trabalhos específicos atuantes no MCIA:
TRABALHO INDICADO BRUTO (IB)
wIB Área A = wexp. − wcomp. (11)
TRABALHO DE BOMBEAMENTO (BB)
wBB Área B = wexaus. + wadm. (12)
TRABALHO INDICADO LÍQUIDO (IL)
wIL = wIB wBB Área A Área B (13)
O sinal (+) se aplica quando o MCIA é auxiliado por
compressor de ar; e o sinal (-), quando o MCIA é
naturalmente aspirado.
TRABALHO DAS PERDAS PASSIVAS (PP)
wPP = wfricção.dir. + wcompon.auxiliaries (14)
Este trabalho soma a fricção direta das partes móveis e a carga de componentes auxilia-
ries, e não aparece no DI. Varia com a rotação e a carga do MCIA como está no slide 24.
TRABALHO AO FREIO (−) Quando wBB < 0 (sem compressor); e
wperda.total. líq. (+) Quando wBB > 0 (com compressor) e |wBB| > |wPP |
wIL
wF = wIB wBB − wPP = wIB ∓ wperda.total.líq. (15)
21
PRESSÕES MÉDIAS EFETIVAS DO MCIA (𝒑𝒎𝒆)
▪ Este parâmetro tem dimensão de pressão, mas não é uma pressão. É um dos
mais importantes PD, que explica a evolução histórica dos MCIA.
Se define como:
𝒘
𝒑𝒎𝒆 ≡ [kPa] (16)
𝒗𝒅
𝑽𝒅 𝑽𝒅
Onde: 𝒗𝒅 ≡ = [m³/kg].
𝒎𝒎𝒊𝒔𝒕.𝒇𝒓𝒆𝒔𝒄𝒂 𝒎𝒂𝒓 +𝒎𝒄𝒐𝒎𝒃. +𝒎𝒈𝒂𝒔.𝒓𝒆𝒔.
22
▪ Dentre as pressões da coleção (17), a das perdas passivas pmePP , não se mos
tra destacada no DI;
▪ Assim como na eq. (15), também se define uma pressão na expressão (19):
pmeperda.total.líq. = pmeBB – pmePP (20)
▪ Foram desenvolvidos vários métodos para obter as parcelas de pmePP (fric-
ção direta; e a carga dos componentes auxiliares, que não são dissipativas,
mas “consumidoras” de trabalho). A tabela abaixo localiza estas parcelas.
pmePP = pmefricção.dir. + pmecomp.auxil. (21)
POSIÇÃO POSIÇÃO
(continuação)
pmefricção.dir. (fricção direta) 3. Comando de válvulas
1. Virabrequim - Mancais fixos no bloco
- Mancais fixos no bloco - Seguidores de lóbulos
- Retentores de mancais fixos - Mecanismo de atuação nas válvulas (VA e VE)
- Atrito viscoso do lubrificante
2. Conjunto de movimento alternante pmecomp.auxil. (componentes auxiliares)
- Olhais da biela (inferior e superior) − Bomba de óleo;
- Área lateral do pistão − Bomba d’água;
- Anéis de segmento lubrificadores
− Alternador elétrico;
- Anéis de segmento de compressão
(o atrito varia com a pressão gasosa) − Compressor de refrigeração para sistema de AC;
− Outros eventuais.
23
▪ A Figura 2 ilustra a magnitude das parcelas da pmeperda.total.líq. de um MCIAct
V8 de 5,7 litro, rV = 8, nrot. variável, carga constante (pressão de admissão pin
= 50 kPa) e aspiração natural (vide a eq. 20). Observa-se nesta figura:
o A pme do comando de válvulas é praticamente constante, porém maior em baixas
rotações, devido as molas. Em maior rotação, a inércia cancela isso;
o Crecem as pme de: circuito de bombeamento, comando de válvulas, conjunto alter-
nante, componentes auxiliares e virabrequim. Alguns destes variam muito pouco.
▪ Na Figura 1 abaixo, vê-se que rV eleva
pmeperda.total.líq., mas não muito, para es
te MCIAct V8 de 5,7 litro.
Figura 2
Figura 1
24
TORQUE AO FREIO DO MCIA
▪ Pode-se determiná-lo por:
pme F Vd
F [kN.m] (22)
2 n
▪ Regra geral, MCIAcp > MCIAct .
26
GRANDE MCIAct VEICULAR DE 7.4 litro (CARRO ESTADUNIDENSE)
Estas curvas têm as mesmas características das curvas dos slides anteriores.
28
CONSUMO ESPECÍFICO DE COMBUSTÍVEL AO FREIO DO MCIA
▪ Define-se como:
𝒎ሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃. 𝒛 ∙ 𝒏𝒓𝒐𝒕. 𝒎𝒄𝒐𝒎𝒃. [kg/kJmec.]
𝑪𝒆𝑭 ≡ = (26)
𝑾ሶ 𝑭 𝐧 𝑾ሶ 𝑭
Onde: 𝒛 é o número de cilindros do MCIA; 𝒎 ഥሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃. [kg/s], 𝒎𝒄𝒐𝒎𝒃. [kg/ciclo] e comb. [kg/litro]
são, respectivamente, a vazão média consumida, a massa consumida por ciclo e a massa
específica do combustível (gasóleo: 0,85 kg/litro; mistura M27: 0,75 kg/litro); 𝐧 é a
ciclagem (1 para MCIA 2T e 2 para MCIA 4T); e 𝑾ሶ 𝑭 [kWmec.] e 𝑾ሶ 𝑬𝑬 ≅ 0,89𝑾ሶ 𝑭 [kWel] são, res
pectivamente, a potência ao freio do MCIA e a potência do gerador elétrico, assumindo-se
operação no ponto de maior eficiência tanto do MCIA como do gerador elétrico. Atentar,
em ambas eq. (26) e (27), 𝑪𝒆𝑭 diz respeito a todos os cilindros do MCIA.
29
Relação entre a Potência, o Consumo
Específico e a Razão de Compressão
30
Valores de Referência de Consumo
Específico de Modernos MCIA
31
RAZÃO AR-COMBUSTÍVEL
▪ Indica quanto ar o MCIA consome relativamente ao quanto de combustível:
32
RAZÃO DE EQUIVALÊNCIA
Obtida da reação de combustão estequiométrica (15 p/gasóleo e M27)
𝑨𝑪𝒆𝒔𝒕𝒆𝒒.
𝝓≡ (30)
𝑨𝑪𝒓𝒆𝒂𝒍
33
EFICIÊNCIA TÉRMICA AO FREIO DO MCIA
▪ Também é chamada de “rendimento térmico do combustível” pela literatura es
tadunidense;
▪ Fundamentalmente, é uma eficiência de primeira lei da Termodinâmica, daí
que se define como:
𝑾ሶ 𝑭 𝑾ሶ 𝑭 1
𝜼𝒕.𝑭 ≡ = = (33)
𝑸ሶ 𝒒𝒖𝒆𝒊.𝒎𝒆𝒅. ഥሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃. 𝑷𝑪𝑰
𝒎 𝒒𝒖𝒆𝒊.𝒎𝒆𝒅.
𝑪𝒆𝑭 ⋅𝑷𝑪𝑰 𝒒𝒖𝒆𝒊.𝒎𝒆𝒅.
▪ Valores típicos de t.F : 30% (MCIA pequenos e MCIA automotivos) e 45% (gran
des MCIA, estacionários e navais).
34
EFICIÊNCIA DA COMBUSTÃO (QUEIMA) DO MCIA
▪ É uma medida da efetividade energética da queima do combustível, definida:
Onde: 𝑸ሶ 𝒒𝒖𝒆𝒊,𝒓𝒆𝒂𝒍 é o calor real que entra no MCIA (difícil determinação), e menor do que
𝑸ሶ 𝒒𝒖𝒆𝒊,𝒎𝒆𝒅. que é o calor medido externamente; hCB e PCI são, respectivamente, a entalpia de
combustão e o poder calorífico inferior (sem condensação d’água na combustão), do com-
bustível, ambos definidos no CAP. 4-1. Alguns valores tabelados do PCI são:
Gasolinas puras: PCIgasol. = 45 MJ/kg (na mistura brasileira M27, cai a por volta de 40 MJ/kg);
Gasóleos (geral): PCIdiesel = 42 MJ/kg ;
Gases naturais: PCIUrucu.médio = 36 MJ/kg; PCIGASBOL.médio = 39 MJ/kg.
▪ O denominador da eq. (32) se refere ao PCI (R e P @ 25 C), mas a base ideal
é a exergia do combustível. Fortuitamente, o PCI e a exergia dos combustí-
veis são praticamente iguais. O numerador da eq. (32) se refere a hCB , por-
que a temperatura dentro do MCIA é variável e muito maior do que 25 C (on-
de se definem R e P para o PCI), o calor 𝑸ሶ 𝒒𝒖𝒆𝒊.𝒓𝒆𝒂𝒍 é definido sobre hCB;
▪ Valores típicos de queima : 60% a 65% (MCIAct); e 65% a 70% (MCIAcp).
35
EFICIÊNCIA MECÂNICA DO MCIA
▪ Define-se como:
𝒘𝑭 𝜼𝒕𝑭
𝜼𝒎𝒆𝒄. ≡ = (34)
𝒘𝑰𝑳 𝜼𝒕𝑰𝑳
36
EFICIÊNCIA VOLUMÉTRICA DO MCIA
▪ É um dos mais importantes índices dos MCIA, pois avalia o desempenho do ci-
lindro como um sistema de bombeamento de ar;
▪ Define-se como uma razão entre a massa de ar que realmente entra no cilindro
e aquela teórica que entraria e que é dada pela densidade do ar no coletor de
admissão. Ou seja:
Onde:
o ഥሶ 𝒄𝒇.𝒓𝒆𝒂𝒍.𝒆𝒏𝒕. [kg/s] são, respectivamente, a massa p/ciclo e a vazão média
𝒎𝒄𝒇.𝒓𝒆𝒂𝒍.𝒆𝒏𝒕. [kg/ciclo] e 𝒎
de carga fresca (ar+combustível+gases resid. ou só ar+gases resid.) reais que entram no cilindro;
o 𝒎𝒄𝒇.𝒕𝒆ó𝒓 𝒆𝒏𝒕. [kg/ciclo] e 𝒎ሶ 𝒄𝒇.𝒕𝒆ó𝒓.𝒆𝒏𝒕. [kg/s] – são, respectivamente, a massa p/ciclo e a vazão de ar
teóricos que entram no cilindro;
o 𝝆𝒄𝒇.𝒄𝒐𝒍. [kg/m³] – densidade do ar no coletor de admissão. Para a mistura fresca como GI, esta de-
senvolve uma pressão total que é a soma da pressão parcial do ar seco, pressão parcial do vapor
d’água, pressão parcial do vapor de combustível e pressão parcial do gases residuais;
o n e 𝒏𝒓𝒐𝒕. [rpm] – são, respectivamente, a ciclagem (1 para 2T e 2 para 4T) e a frequência rotaci-
onal do motor (ou simplesmente “rotação”).
37
▪ A 𝜼𝒗𝒐𝒍. depende dos fatores:
1. Combustível: tipo, razão AC, fração vaporizada no coletor de admissão e ca-
lor latente de vaporização;
2. Temperatura da carga fresca após o seu resfriamento por transferência de ca
lor quando essa carga fresca entra e tangencia as paredes do cilindro;
3. Razão de pressões exaustão-admissão, que afeta a quantidade de gases quei
mados entre dois ciclos sucessivos (dada pela fração de gases queimados);
4. Frequência de rotação do motor;
5. Taxas de compressão volumétrica e dinâmica, que alteram a fração de gases
queimados;
6. Desenho das portas de admissão e exaustão (sedes das válvulas); e
7. Geometria, tamanho e levantamento das válvulas de admissão e exaustão.
Os efeitos 1 a 3 indedepem de 𝒏𝒓𝒐𝒕. . Os efeitos de 5 a 7 dependem de 𝒏𝒓𝒐𝒕. .
Motores antigos não conseguiam fazer que 𝜼𝒗𝒐𝒍. acompanhasse 𝒏𝒓𝒐𝒕. variando
os efeitos 4 a 7. Modernos MCIAct fazem isso, um avanço tecnológico que se
iniciou com a japonesa Honda, nas pistas da Fórmula 1, nos anos 1980.
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EXEMPLOS
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Um MCIAct de 4 cilindros 4T: tem um volume deslocado de Vd = 2,5 litro;
tem admissão totalmente aberta (wot); opera na frequência de rotação
de nrot. = 3 000 rpm; tem razão de compressão rV = 8,6; suas eficiências
mecânica e de combustão são mec. = 80% e queima = 70%, respectivamen
te; a razão curso-diâmetro é C/D = 1,025; usa um combustível cujo PCI
vale 40 000 kJ/kg, que é consumido numa razão de mcomb. = 45,1∙10-6 kg/
(ciclo.cilindro), junto com uma razão de ar da ordem de mar = 676,5∙10-6 kg/
(ciclo.cilindro). No início do ciclo, temperatura e pressão valem, respecti-
tivamente, T1 = 60 C e p1 = 100 kPa.
40
Então, determine:
41
SOLUÇÃO (A): Vc e demais parâmetros geométricos por cilindro
1 1
Vd = ( D²)C → 625∙10-6 m³ = (3,141 6 D²)(1,025D)
4 4
D = 0,091 9 m
(a Vmp também pode ser obtida pelo teorema do valor médio para integrais).
42
SOLUÇÃO (B): T e p nos pontos extremos, por ciclo e por cilindro
Ponto 1 (diagrama Otto)
Dados: T1 = 60 C (333 K) e p1 = 100 kPa (105 Pa)
44
Ponto 4 (diagrama Otto)
1 1
T4 = T3 𝑘−1 = 2 919 K = 1 234 K (961 C)
𝑟𝑉 8,6 1,4−1
1 1
p4 = p3 = 7 539 kPa = 371 kPa (3,71 bar)
𝑟𝑉𝑘 8,61,4
45
SOLUÇÃO (C): Wexp., Wcomp., WIB, WBB, WIL e WF . E eficiências t,IL e t,F .
Por ciclo e z = 4 cilindros (use o diagrama da Fig. 2, sl. 24).
Wexp.: a área sob a curva 3–4 (isentrópica) é positiva (W
sai do VC) e dada por 𝑽𝒅𝒑 . Em valor absoluto:
𝑝3 𝑉3 −𝑝4 𝑉4
𝑊𝑒𝑥𝑝. = 𝑧 𝑘−1
46
WBB: a área líquida entre a curva da exaustão (isóbara p1 = 0,1 MPa) e a curva
da indução (isóbara p0 = 0,1013 MPa) é negativa, e é dada por 𝑽𝒅𝒑 ,
que, em valor absoluto, é determinada por:
WBB = z[(p0 – p1)(V1 – V2)] = 4 cil.[(101 300 – 100 000)
(707,2 – 80)10-6] = 3,26 joule/ciclo
47
WF: extrai-se da Fig. 2 uma estimativa de pmeperda.total.líq.. Disso, com a nota da
eq. (10) para vd ; a eq. (15) para wF ; e a eq. (16) para pme; se obtém:
WF = (mar + mcomb.)(wIB − wperda.total.líq.) = (mar + mcomb.)[(wIL − wBB)− wperda.total.líq.]
48
SOLUÇÃO (D): 𝒑𝒎𝒆𝑰𝑩 ,𝒑𝒎𝒆𝑰𝑳 e 𝒑𝒎𝒆𝑭 , por ciclo, para z = 4 cilindros
49
SOLUÇÃO (E): Wሶ IB , Wሶ BB , Wሶ IL e Wሶ F , por ciclo, para z = 4 cilindros e cicla-
gem n = 2 (MCIAct 4T)
3 000 rot. Τmin
1 min ∙2 487,5 JΤciclo
n W 60 s 1 000 kJ
Wሶ IB = rot. IB = = 62,19 kW (86,72 cv)
n 2 rot.Τciclo
(Por Wሶ F = nrot.WF /n, se obtém 61,89 kW, portanto 24,6% maior que o valor acima. Isso induz que
mec. foi subestimado. Porém, o valor adotado de mec. Está no intervalo recomendado no estado
da arte, daí que o valor Wሶ F = 49,68 kW é o mais provável)
50
SOLUÇÃO (F): 𝜼𝒕,𝑰𝑳 e 𝜼𝒕,𝑭 , por ciclo, para z = 4 cilindros
𝑊𝐼𝐿 2 484,24
𝜂𝑡,𝐼𝐿 = 100 = 100 = 34,43%
𝑧 𝑚𝑐𝑜𝑚𝑏. 𝑃𝐶𝐼 4 45,1∙10−6 ∙ 40∙106
𝑊𝐹 2 475,65
𝜂𝑡,𝐹 = 100 = 100 = 34,31%
𝑧 𝑚𝑐𝑜𝑚𝑏. 𝑃𝐶𝐼 4 45,1∙10−6 ∙ 40∙106