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CAP.

3-2
Parâmetros
Geométricos e de
Desempenho dos MCIA
Prof. Ricardo Cruz
CEM/EST/UEA
rcruz@uea.edu.br
F
1
INTRODUÇÃO

2
• Os parâmetros geométricos (PG) e os parâmetros de desempenho
(PD) são coeficientes que permitem estimar várias características
(geométricas e termomecânicas) dos motores reais;

• PG e PD são uma primeira aproximação aos MCIA reais, constituin


do-se em fatores “corretivos” dos ciclos teóricos;

• Uma segunda aproximação aos MCIA reais consiste de introduzir o


aporte de calor pela combustão interna. O CAP. 4-1 e 4-2 apresen
tam a fisicoquímica da combustão nos MCIA. Essa teoria é aplicada
no CAP. 5-1, do ciclo ar-combustível; e no CAP. 5-2, da simulação ze
ro-dimensional dessas máquinas;

• No estado da arte, o ciclo ar-combustível apenas ainda é amplamen


te usado (pequenos MCIA), porque permite predimensionar um mo
tor na rotação de eficiência máxima, que não necessariamente coin
cide com a rotação onde se tem o torque e a potência máximos.

3
PARÂMETROS GEOMÉTRICOS
(PG)

4
CURSO DO PISTÃO
Cmáx. = 2M [m] (1)
▪ O curso variável C não é um PG. É
um parâmetro cinético (Cap. 5-2).
VELOCIDADE MÉDIA DO PISTÃO
𝒏𝒓𝒐𝒕. 𝑪𝒎á𝒙.
V𝒎𝒑 = [m/s] (2)
30
▪ Valores típicos:
MCIAcp lentos navais: 5 a 8 m/s
MCIAcp estacionários: 8 a 11 m/s
MCIAct/cp automotivos: 12 a 18 m/s
MCIAct de competição: > 26 m/s
▪ Vê-se que maior o Cmáx. menor a nrot.;
▪ A eq. (2) é obtida do teorema do valor
médio para integrais, para a velocida-
de instantânea do pistão (Cap. 5-2).
5
Valores típicos de alguns parâmetros no estado da arte

Hobbismo Automotivos Médios


PARÂMETRO
(2T) (4T) estacionários

D [mm] 2 9,42 50

Cmáx. [mm] 2 10 160

Vd [litro/cilindro] > 0,007 > 0,5 >3

nrot. [rpm] 13 000 5 200 > 1 000

Potência [kW/cilindro]¹ 0,72 35 > 300

Vmp [m/s] 9 17 7

pmefreio [kPa]¹ 503 1 170 472


¹ Parâmetro de desempenho (sl. 17)
Fonte: adaptado de Internal Combustion Engines (Pulkrabek, 1997)

6
RELAÇÃO CURSO/DIÂMETRO

▪ Define-se como:
𝑪𝒎á𝒙.
𝑹𝑪𝑫 = (3)
𝑫
▪ Valores típicos:
MCIA Subquadrado: RCD > 1 (navais)
MCIA Quadrado: RCD = 1 (veiculares comuns)
MCIA Superquadrado: RCD < 1 (veiculares rápidos)
Em particular:
MCIA pequenos: 0,8 < RCD < 1,2 (estacionários)
MCIA médios a grandes: RCD  1,25 (navais e termelétricos)

7
DESLOCAMENTO (“CILINDRADA”)
▪ Define-se como:
𝝅
𝑽𝒅 = 𝑽𝑷𝑴𝑰 − 𝑽𝑷𝑴𝑺 = 𝒛 4 𝑫²𝑪𝒎á𝒙. [m³] (4)

Onde: z é o número de cilindros do MCIA.

▪ Conforme a figura ao lado, Vd e o volume da câmara


de combustão, Vc = VPMS , se relacionam assim:
VPMI = Vd + Vc = Vd + VPMS (5)

▪ Menores D (miniaturização):
✓ Reduzem as perdas de calor pela câmara de combustão (menores áreas late-
rais), elevando a eficiência térmica do MCIA;
✓ Elevam o curso do pistão, e assim, aumentam as perdas por atrito passivo, redu
zindo a eficiência total do MCIA;

▪ O volume do cilindro no fim da admissão (𝑽𝑷𝑴𝑰 ) é ocupado pela mistura


fresca: nos MCIAct – ar, combustível e gases residuais do ciclo anterior; e
nos MCIAcp – ar e gases residuais (o combustível entra próximo do PMS).

8
RAZÃO VOLUMÉTRICA (TAXA DE COMPRESSÃO)
▪ Define-se como:
VPMI Vd + Vc Vd
rV  = =1+ (6)
VPMS Vc Vc
▪ Valores típicos:
MCIAct aspirados: rV = 8/1 a 11/1
MCIAcp aspirados: rV = 12/1 a 24/1
MCIA supercarregados: a razão volumétrica real é mai
or devido a compressão do ar, e chamada de razão di-
nâmica (rV,din.), cujo valor pode ser estimado, até um
limite de rV,din. = 24/1, por: ¹
rV,din. ≅ rV + pcomp. + 1 (7)
Onde: pcomp. [bar] é a pressão do compressor de ar (fig. ao lado).

¹ http://turbobr.pbworks.com/w/page/22531765/Taxa%20e%20Press%C3%A3o%20em%20Motores%20Turbo (acesso em: 18/9/2014)

9
Evolução histórica da rV na indústria automobilistica dos EUA

Fonte: Internal Combustion Engines (Pulkrabek, 1997)

10
RAZÃO BIELA-MANIVELA
▪ Define-se como:
𝑩
𝜿≡ (8)
𝑴
▪ Este fator é importante para projeto das dimensões
internas e análise da cinética do MCIA (Cap. 6);
▪ Tanto MCIAcp como MCIAct: 2,5 < 𝜿 < 5, onde ¹:
o Menores valores de 𝜿 (pequenos 𝑩) promovem maio-
res pendulamentos laterais da biela, elevando as vibra
ções laterais do MCIA;
o Maiores valores de 𝜿 (grandes 𝑩) fazem com que o pis-
tão chegue e saia mais rápido ao PMI e ao PMS, perma-
necendo mais tempo ali. Expulsa mais gases no PMS;
o A prática recomenda 𝜿 ≤ 3. Acima disso as vibrações
de 2a ordem e o atrito pistão-camisa crescem muito.
¹ http://www.autoentusiastasclassic.com.br/2010/09/relacao-rl-uma-analise-grafica.html (acesso em: 8/3/2017)

11
EXEMPLO DE EMPREGO DE PG

12
Deseja-se estimar as características geométricas de um MCIA de igni-
ção por centelha para uso estacionário na geração de potência elétri-
ca. O motor deverá girar a 1 800 rpm e possuir 8 cilindros. O combustí-
vel projetado é o gás natural, cujas características permitem que a ra-
zão volumétrica do motor seja 13:1, sob uma pressão de compressão
de 5 atm, propiciada por turbocompressor. Adote os PG necessários e
determine:
A) O curso dos pistões, Cmáx.;
B) O comprimento das bielas, B e das manivelas, M;
C) O volume deslocado do motor, Vd em [litro]; e
D) A razão de compressão real, rVdin..

13
SOLUÇÃO (A): curso dos pistões
As expressões (2) e (3), e valores assumidos para V𝒎𝒑 e RCD , permitem obter
o curso Cmáx. e o diâmetro D.
Para MCIA de grande porte: conforme o slide 5, V𝑚𝑝 = 5 m/s; e conforme o
slide 7, RCD  1,25 , ao que é assumido 1,3.
Então, da expressão (3):
𝐶𝑚á𝑥. = 𝐷 ∙ 𝑅𝐶𝐷 = 𝐷 ∙ 1,3
E da expressão (2):
𝑛𝑟𝑜𝑡. 𝐶𝑚á𝑥. 𝑛𝑟𝑜𝑡. 1,3𝐷
V𝑚𝑝 = 5 mΤs ≡ = = 0,043 𝑛𝑟𝑜𝑡. 𝐷
30 30
116,279 116,279
∴𝐷= = = 0,064 599 m 64,599 mm
𝑛𝑟𝑜𝑡. 1 800 rpm
Retornando à expressão (3):
𝐶𝑚á𝑥. = 1,3𝐷 = 1,3 64,599 mm = 84,109 mm

14
SOLUÇÃO (B): comprimento das manivelas M e das bielas B dos pistões.

A expressão (8), slide 11, e um valor assumido para o coeficiente 𝜿 permitem


obter o comprimento das bielas B e das manivelas M dos pistões.
O slide 11 recomenda limitar 𝜿 ao intervalo de 2,5 a 5,0: é assumido 4,0.

Geometricamente, o comprimento da manivela é metade do curso do pistão


(figura ao lado):
𝐶𝑚á𝑥. 84,109 mm
𝑀= = = 42,055 mm
2 2
Logo, da expressão (8):
𝐵 𝐵
𝜅=4≡ =
𝑀 42,055 mm
∴ 𝐵 = 42,055 ∙ 4 = 168,220 mm

15
SOLUÇÃO (C): volume deslocado do motor Vd [litro].

A expressão (4) fornece o volume deslocado total dos 𝑧 = 8 cilindros.

1 1 2 84,109 mm
𝑉𝑑 = 𝑧 4𝜋𝐷²𝐶𝑚á𝑥. =8 4∙3,142∙ 0,064 599 m ∙
1 000 mmΤm

∴ 𝑉𝑑 = 0,002 205 m³, ou 2,2 litro

SOLUÇÃO (D): razão de compressão real rVdin..

Em motores cuja admissão de ar é comprimida além da pressão atmosférica,


pela pressão 𝑝𝑐𝑜𝑚𝑝. = 5 atm  5 bar, pode-se estimar a razão volumétrica di-
nâmica, dada a razão volumétrica geométrica 𝑟𝑉 = 13, pela expressão (7):

𝑟𝑉,𝑑𝑖𝑛. ≅ 𝑟𝑉 +𝑝𝑐𝑜𝑚𝑝. + 1 = 13 + 5 + 1 = 19:1

16
PARÂMETROS DE DESEMPENHO
(PD)

17
DEFINIÇÃO DOS VÁRIOS TRABALHOS INTERNOS DO MCIA
▪ Direta ou indiretamente, os PD se referem aos vários trabalhos num MCIA;
▪ Esses trabalhos aparecem como áreas no diagrama do indicador (DI) dos
MCIA reais (plano pV), figura abaixo, onde se destacam as áreas A, B e C;
▪ Define-se um trabalho, por ciclo e por cilindro,
equivalente a uma área no DI, como:
𝑾 ≡ ‫([ 𝒅𝑽𝒅 ∙ 𝒑 ׬‬kJ/ciclo)/cilindro] (9)
▪ E deste, um trabalho específico, dividindo am-
bos os membros de (9) pela massa de mistura
gasosa fresca do cilindro, 𝒎𝒎𝒊𝒔𝒕.𝒈𝒂𝒔.𝒇𝒓𝒆𝒔𝒄𝒂 :
∴ 𝒘 ≡ ‫({[ 𝒅𝒗𝒅 ∙ 𝒑 ׬‬kJ/kg)/ciclo}/cilindro] (10)
𝒅𝑽𝒅 𝒅𝑽𝒅
Onde: 𝒅𝒗𝒅 ≡ 𝒎 =
𝒎𝒂𝒓 +𝒎𝒄𝒐𝒎𝒃. +𝒎𝒈𝒂𝒔.𝒓𝒆𝒔.
[m³/kg], é
𝒎𝒊𝒔𝒕.𝒈𝒂𝒔.𝒇𝒓𝒆𝒔𝒄𝒂

o volume deslocado específico do pistão (este volume epe-


cífico não é uma propriedade da mistura fresca).

▪ Observe-se, de (9) e (10), que 𝑾 = 𝒘 ∙ 𝒎𝒎𝒊𝒔𝒕.𝒈𝒂𝒔.𝒇𝒓𝒆𝒔𝒄𝒂.

18
▪ A posição relativa da área B aparece nas figuras abaixo e do próximo slide;
▪ Nas figuras abaixo, a área B é “negativa” relativamente à pressão atmosférica
p0 , porque o MCIA é naturalmente aspirado, e o pistão “gasta” trabalho para
admitir a carga fresca do novo ciclo e expulsar os gases do ciclo anterior;
▪ As figuras abaixo também ilustram a variação do tamanho da área B de um
MCIA naturalmente aspirado, conforme a aspiração é wot ou pot.

Fonte: adaptado de Internal Combustion Engines (Pulkrabek, 1997)

19
▪ Se o MCIA é auxiliado por compressor a área B é “positiva", porque é um com
pressor que produz os trabalhos de admissão do ar e de expulsão dos gases,
acionado pelos gases (turbocompressor – portanto, sem carrgar o MCIA), ou
diretamente (compressor mecânico – assim, com pequena carga no MCIA);
▪ As figuras abaixo ilustram como opera um turbocompressor sob os gases do
motor e a posição de um DI pot relativamente à linha da pressão atmosférica.

O compressor “empur-
ra” o DI pra acima de p0

Fonte: adaptado de Internal Combustion Engines (Pulkrabek, 1997)

20
▪ Definem-se como seguem os trabalhos específicos atuantes no MCIA:
TRABALHO INDICADO BRUTO (IB)
wIB  Área A = wexp. − wcomp. (11)
TRABALHO DE BOMBEAMENTO (BB)
wBB  Área B = wexaus. + wadm. (12)
TRABALHO INDICADO LÍQUIDO (IL)
wIL = wIB  wBB  Área A  Área B (13)
O sinal (+) se aplica quando o MCIA é auxiliado por
compressor de ar; e o sinal (-), quando o MCIA é
naturalmente aspirado.
TRABALHO DAS PERDAS PASSIVAS (PP)
wPP = wfricção.dir. + wcompon.auxiliaries (14)
Este trabalho soma a fricção direta das partes móveis e a carga de componentes auxilia-
ries, e não aparece no DI. Varia com a rotação e a carga do MCIA como está no slide 24.
TRABALHO AO FREIO (−) Quando wBB < 0 (sem compressor); e
wperda.total. líq. (+) Quando wBB > 0 (com compressor) e |wBB| > |wPP |
wIL
wF = wIB  wBB − wPP = wIB ∓ wperda.total.líq. (15)

21
PRESSÕES MÉDIAS EFETIVAS DO MCIA (𝒑𝒎𝒆)
▪ Este parâmetro tem dimensão de pressão, mas não é uma pressão. É um dos
mais importantes PD, que explica a evolução histórica dos MCIA.
Se define como:
𝒘
𝒑𝒎𝒆 ≡ [kPa] (16)
𝒗𝒅
𝑽𝒅 𝑽𝒅
Onde: 𝒗𝒅 ≡ = [m³/kg].
𝒎𝒎𝒊𝒔𝒕.𝒇𝒓𝒆𝒔𝒄𝒂 𝒎𝒂𝒓 +𝒎𝒄𝒐𝒎𝒃. +𝒎𝒈𝒂𝒔.𝒓𝒆𝒔.

▪ A pme depende fracamente da rotação do MCIA;


▪ Definem-se várias pme, seguindo os trabalhos cor-
respondentes do slide 21:
pmeIB , pmeBB , pmePP (17)
pmeIL = pmeIB  pmeBB (18)
pmeF = pmeIB  pmeBB − pmePP = pmeIB ∓ pmeperda.total.líq. (19)
▪ Da coleção (17) acima, a pressão de bombeamen- DADOS DE pmeF (a mais importante):
MCIAct em geral: 8,5 a 10,5 bar
to, pmeBB , resulta do esforço do pistão para ad- MCIAcp a aspiração natural: 7 a 9 bar
mitir carga fresca e expulsar gases queimados. MCIAcp supercarregado: 10 a 12 bar

22
▪ Dentre as pressões da coleção (17), a das perdas passivas pmePP , não se mos
tra destacada no DI;
▪ Assim como na eq. (15), também se define uma pressão na expressão (19):
pmeperda.total.líq. =  pmeBB – pmePP (20)
▪ Foram desenvolvidos vários métodos para obter as parcelas de pmePP (fric-
ção direta; e a carga dos componentes auxiliares, que não são dissipativas,
mas “consumidoras” de trabalho). A tabela abaixo localiza estas parcelas.
pmePP = pmefricção.dir. + pmecomp.auxil. (21)

POSIÇÃO POSIÇÃO
(continuação)
pmefricção.dir. (fricção direta) 3. Comando de válvulas
1. Virabrequim - Mancais fixos no bloco
- Mancais fixos no bloco - Seguidores de lóbulos
- Retentores de mancais fixos - Mecanismo de atuação nas válvulas (VA e VE)
- Atrito viscoso do lubrificante
2. Conjunto de movimento alternante pmecomp.auxil. (componentes auxiliares)
- Olhais da biela (inferior e superior) − Bomba de óleo;
- Área lateral do pistão − Bomba d’água;
- Anéis de segmento lubrificadores
− Alternador elétrico;
- Anéis de segmento de compressão
(o atrito varia com a pressão gasosa) − Compressor de refrigeração para sistema de AC;
− Outros eventuais.
23
▪ A Figura 2 ilustra a magnitude das parcelas da pmeperda.total.líq. de um MCIAct
V8 de 5,7 litro, rV = 8, nrot. variável, carga constante (pressão de admissão pin
= 50 kPa) e aspiração natural (vide a eq. 20). Observa-se nesta figura:
o A pme do comando de válvulas é praticamente constante, porém maior em baixas
rotações, devido as molas. Em maior rotação, a inércia cancela isso;
o Crecem as pme de: circuito de bombeamento, comando de válvulas, conjunto alter-
nante, componentes auxiliares e virabrequim. Alguns destes variam muito pouco.
▪ Na Figura 1 abaixo, vê-se que rV eleva
pmeperda.total.líq., mas não muito, para es
te MCIAct V8 de 5,7 litro.

Figura 2
Figura 1

24
TORQUE AO FREIO DO MCIA
▪ Pode-se determiná-lo por:
pme F  Vd
F  [kN.m] (22)
2 n
▪ Regra geral, MCIAcp > MCIAct .

POTÊNCIA AO FREIO DO MCIA


▪ Pode-se obtê-la por uma das três fórmulas seguintes:
 nrot .  W F , ou
 (23)
(11)
60 n

 2 nrot .   F , ou
W F [kW] =  (12)
(24)
 60
 pme F  A p  Vmp = pme i  nrot  Vd (25)
(13)
 2n 60 n
Onde: pmeF [kPa], nrot. [rpm] e Vd [m³] já foram definidos; n é a ciclagem do MCIA (4T: 2
e 2T: 1); e WF = wF Vd [kJ] é o trabalho total ao freio, sendo wF o trabalho específico.
25
Exemplos de Curvas de Potência e Torque Versus a Rotação
PEQUENO MCIAct VEICULAR DE 150 cm³ (MOTOCICLETA)

Características das cur-


vas de torque e potên-
cia versus a rotação:
• O máx. ocorre onde se es
gota a capacidade de en
golimento de ar;

• Após o máximo, 𝑾ሶ 𝑭 cai


devido a potência de a-
trito aumentar, mas pou
co com a rotação; ou se
ja, na prática, se tem u-
ma relação do tipo:
Fonte: AZEVEDO NETO, R., AZEVEDO, J. D. L. Comparative performance of a flex-fuel motocycle 𝑾ሶ 𝑭 = 𝒇 𝒏𝒓𝒐𝒕. 𝒙
using different mixtures of ethanol and gasoline. 21st COBEM. Natal, 2011.

26
GRANDE MCIAct VEICULAR DE 7.4 litro (CARRO ESTADUNIDENSE)

Estas curvas têm as mes


mas características daque
las curvas do MCIAct do
slide 26.

Fonte: Internal Combustion Engines (Pulkrabek, 1997)


27
GRANDE MCIAct MODERNO DE 8 CIL., 5.46 litro (CARRO EUROPEU)

Fonte: Revista 4 Rodas. Ano 53, Ed. 640 (Fev., 2013)

Estas curvas têm as mesmas características das curvas dos slides anteriores.

28
CONSUMO ESPECÍFICO DE COMBUSTÍVEL AO FREIO DO MCIA
▪ Define-se como:
𝒎ሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃. 𝒛 ∙ 𝒏𝒓𝒐𝒕. 𝒎𝒄𝒐𝒎𝒃. [kg/kJmec.]
𝑪𝒆𝑭 ≡ = (26)
𝑾ሶ 𝑭 𝐧 𝑾ሶ 𝑭

▪ Regra geral, CeF,MCIAcp < CeF,MCIAct ;


▪ No setor elétrico é mais comum o termo:
𝒎ሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃. [litro/kWhelét.]
𝑪𝒆𝑬𝑬 = 3600
𝝆𝒄𝒐𝒎𝒃. 𝑾ሶ 𝑬𝑬 (27)

Onde: 𝒛 é o número de cilindros do MCIA; 𝒎 ഥሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃. [kg/s], 𝒎𝒄𝒐𝒎𝒃. [kg/ciclo] e comb. [kg/litro]
são, respectivamente, a vazão média consumida, a massa consumida por ciclo e a massa
específica do combustível (gasóleo: 0,85 kg/litro; mistura M27: 0,75 kg/litro); 𝐧 é a
ciclagem (1 para MCIA 2T e 2 para MCIA 4T); e 𝑾ሶ 𝑭 [kWmec.] e 𝑾ሶ 𝑬𝑬 ≅ 0,89𝑾ሶ 𝑭 [kWel] são, res
pectivamente, a potência ao freio do MCIA e a potência do gerador elétrico, assumindo-se
operação no ponto de maior eficiência tanto do MCIA como do gerador elétrico. Atentar,
em ambas eq. (26) e (27), 𝑪𝒆𝑭 diz respeito a todos os cilindros do MCIA.

29
Relação entre a Potência, o Consumo
Específico e a Razão de Compressão

Fonte: Introduction to Internal Combustion Engines (Stone, 1999)

30
Valores de Referência de Consumo
Específico de Modernos MCIA

Faixa de consumo específico


Tipo de MCIA 10-5 [(kgcomb./s)/kWmec.] 
[litrocomb./kWhmec.]
10-5 [kgcomb./kJmec.]

MCIAcp 4T estacionário (até 1 MW) 8,22 a 5,4 0,350 a 0,230 a


MCIAcp 2T estacionário (acima de 10 MW) 5,28 a 5 0,225 a 0,213 a
MCIAct 4T veicular (4 cilindros até 2 litros) 7,5 0,319
MCIAct 2T veicular (motocicletas e lanchas) 9,72 0,414
a O menor valor corresponde aos maiores MCIA desta categoria.

31
RAZÃO AR-COMBUSTÍVEL
▪ Indica quanto ar o MCIA consome relativamente ao quanto de combustível:

𝒎𝒂𝒓.𝒓𝒆𝒂𝒍 𝒎ഥሶ 𝒂𝒓.𝒓𝒆𝒂𝒍


𝑨𝑪 ≡ = (28)
𝒎𝒄𝒐𝒎𝒃. 𝒎ഥሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃.
ഥሶ 𝒂𝒓.𝒓𝒆𝒂𝒍 [kg/s] são, respectivamente, a massa de ar por ciclo e a vazão de
Onde: 𝒎𝒂𝒓.𝒓𝒆𝒂𝒍 [kg/ciclo] e 𝒎
ar média engolida; e idem, 𝒎𝒄𝒐𝒎𝒃. [kg/ciclo] e 𝒎 ഥሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃. [kg/s], do combustível usado.

▪ Definem-se: ACesteq. – é uma constante teórica para cada combustível;


ACreal – varia com 𝒏𝒓𝒐𝒕. e a carga, nos MCIAcp; é const. nos MCIAct.
▪ Valores: MCIAct ACreal − 12  18; e MCIAcp − 18 (pequenos e médios)  70 (grandes
navais). Mesmo fora do limite máximo nos MCIAcp, ocorre queima porque a mistu-
ra no cilindro não é homogênea. Alguns autores usam o inverso de AC, ou seja, CA.
VARIAÇÃO DE ACreal COM A CARGA EM MCIAcp ESTACIONÁRIOS
Catálogos de MCIAcp informam ACreal|100 (na carga de 100%). Em outras cargas q, em regime
contínuo constante, geralmente a 1 800 rpm, se podem estimar ACreal por (Cruz, 2004) por:
𝒎ሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃.|𝟏𝟎𝟎
𝑨𝑪𝒓𝒆𝒂𝒍|𝒒 = 𝑨𝑪𝒓𝒆𝒂𝒍|𝟏𝟎𝟎 (29)
𝒎ሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃.|𝒒

ഥሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃.|𝟏𝟎𝟎 (carga 100%) e 𝒎


Onde: CAreal|100 , 𝒎 ഥሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃.|𝒒 (cargas 25, 50 e 75%) são catalogados.

32
RAZÃO DE EQUIVALÊNCIA
Obtida da reação de combustão estequiométrica (15 p/gasóleo e M27)

𝑨𝑪𝒆𝒔𝒕𝒆𝒒.
𝝓≡ (30)
𝑨𝑪𝒓𝒆𝒂𝒍

Dado de catálogo de fabricante (variável com a carga)

▪ Definem-se os seguintes valores:  = 1 (ar estequiométrico)


 < 1 (combustível pobre)
 > 1 (combustível rico)
▪ Valores usuais: MCIAct – 1    1,4 ; MCIAcp – 0,7    1,10;
▪ Usando na eq. (30) CA (o inverso de AC), a razão é conhecida como razão de ex-
cesso de combustível (“luftzahl” na literatura alemã), definida como segue (no
Cap. 4-2, este fator é representado pela letra ):
CAreal
 (19)
(31)
CAesteq.

33
EFICIÊNCIA TÉRMICA AO FREIO DO MCIA
▪ Também é chamada de “rendimento térmico do combustível” pela literatura es
tadunidense;
▪ Fundamentalmente, é uma eficiência de primeira lei da Termodinâmica, daí
que se define como:
𝑾ሶ 𝑭 𝑾ሶ 𝑭 1
𝜼𝒕.𝑭 ≡ = = (33)
𝑸ሶ 𝒒𝒖𝒆𝒊.𝒎𝒆𝒅. ഥሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃. 𝑷𝑪𝑰
𝒎 𝒒𝒖𝒆𝒊.𝒎𝒆𝒅.
𝑪𝒆𝑭 ⋅𝑷𝑪𝑰 𝒒𝒖𝒆𝒊.𝒎𝒆𝒅.

▪ A t.F é avaliada em relação à energia da queima medida externamente, dada


por 𝑸ሶ 𝒒𝒖𝒆𝒊.𝒎𝒆𝒅. , e não em relação à energia que de fato entra no MCIA, dada
ഥሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃. é medida fora;
por 𝑸ሶ 𝒒𝒖𝒆𝒊.𝒓𝒆𝒂𝒍, porque a vazão média de combustível 𝒎
▪ Aqui se definiu esta t no nível ao freio, mas é possível também definir efici-
ências térmicas em níveis anteriores mais elevados, e.g. IB e IL;

▪ Valores típicos de t.F : 30% (MCIA pequenos e MCIA automotivos) e 45% (gran
des MCIA, estacionários e navais).

34
EFICIÊNCIA DA COMBUSTÃO (QUEIMA) DO MCIA
▪ É uma medida da efetividade energética da queima do combustível, definida:

𝑸ሶ 𝒒𝒖𝒆𝒊,𝒓𝒆𝒂𝒍 ഥሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃. 𝒉𝑪𝑩


𝒎 𝒉𝑪𝑩
𝒒𝒖𝒆𝒊.𝒓𝒆𝒂𝒍 𝒒𝒖𝒆𝒊.𝒓𝒆𝒂𝒍
𝜼𝒒𝒖𝒆𝒊𝒎𝒂 ≡ = = (32)
𝑸ሶ 𝒒𝒖𝒆𝒊,𝒎𝒆𝒅. ഥሶ 𝒄𝒐𝒎𝒃. 𝑷𝑪𝑰
𝒎 𝑷𝑪𝑰 𝒒𝒖𝒆𝒊.𝒎𝒆𝒅.
𝒒𝒖𝒆𝒊.𝒎𝒆𝒅.

Onde: 𝑸ሶ 𝒒𝒖𝒆𝒊,𝒓𝒆𝒂𝒍 é o calor real que entra no MCIA (difícil determinação), e menor do que
𝑸ሶ 𝒒𝒖𝒆𝒊,𝒎𝒆𝒅. que é o calor medido externamente; hCB e PCI são, respectivamente, a entalpia de
combustão e o poder calorífico inferior (sem condensação d’água na combustão), do com-
bustível, ambos definidos no CAP. 4-1. Alguns valores tabelados do PCI são:
Gasolinas puras: PCIgasol. = 45 MJ/kg (na mistura brasileira M27, cai a por volta de 40 MJ/kg);
Gasóleos (geral): PCIdiesel = 42 MJ/kg ;
Gases naturais: PCIUrucu.médio = 36 MJ/kg; PCIGASBOL.médio = 39 MJ/kg.
▪ O denominador da eq. (32) se refere ao PCI (R e P @ 25 C), mas a base ideal
é a exergia do combustível. Fortuitamente, o PCI e a exergia dos combustí-
veis são praticamente iguais. O numerador da eq. (32) se refere a hCB , por-
que a temperatura dentro do MCIA é variável e muito maior do que 25 C (on-
de se definem R e P para o PCI), o calor 𝑸ሶ 𝒒𝒖𝒆𝒊.𝒓𝒆𝒂𝒍 é definido sobre hCB;
▪ Valores típicos de queima : 60% a 65% (MCIAct); e 65% a 70% (MCIAcp).
35
EFICIÊNCIA MECÂNICA DO MCIA

▪ É uma medida relativa das perdas mecânicas internas do MCIA;

▪ Define-se como:

𝒘𝑭 𝜼𝒕𝑭
𝜼𝒎𝒆𝒄. ≡ = (34)
𝒘𝑰𝑳 𝜼𝒕𝑰𝑳

Onde: F e IL significam, respectivamente, ao freio e indicado líquido.

▪ Valores típicos de mec.:

MCIAct – 65% a 75%; e

MCIAcp – 70% a 85%.

36
EFICIÊNCIA VOLUMÉTRICA DO MCIA
▪ É um dos mais importantes índices dos MCIA, pois avalia o desempenho do ci-
lindro como um sistema de bombeamento de ar;
▪ Define-se como uma razão entre a massa de ar que realmente entra no cilindro
e aquela teórica que entraria e que é dada pela densidade do ar no coletor de
admissão. Ou seja:

𝒎𝒄𝒇.𝒓𝒆𝒂𝒍.𝒆𝒏𝒕. 𝒎𝒄𝒇.𝒓𝒆𝒂𝒍.𝒆𝒏𝒕. 𝒎 ഥሶ 𝒄𝒇.𝒓𝒆𝒂𝒍.𝒆𝒏𝒕. 60n ⋅ 𝒎 ഥሶ 𝒄𝒇.𝒓𝒆𝒂𝒍.𝒆𝒏𝒕.


𝜼𝒗𝒐𝒍. ≡ = ≡ = (33)
𝒎𝒄𝒇.𝒕𝒆ó𝒓.𝒆𝒏𝒕. 𝝆𝒄𝒇.𝒄𝒐𝒍. ⋅ 𝑽𝒅 𝒎ሶ 𝒄𝒇.𝒕𝒆ó𝒓.𝒆𝒏. 𝝆𝒄𝒇.𝒄𝒐𝒍. ⋅ 𝒏𝒓𝒐𝒕. ⋅ 𝑽𝒅

Onde:
o ഥሶ 𝒄𝒇.𝒓𝒆𝒂𝒍.𝒆𝒏𝒕. [kg/s] são, respectivamente, a massa p/ciclo e a vazão média
𝒎𝒄𝒇.𝒓𝒆𝒂𝒍.𝒆𝒏𝒕. [kg/ciclo] e 𝒎
de carga fresca (ar+combustível+gases resid. ou só ar+gases resid.) reais que entram no cilindro;
o 𝒎𝒄𝒇.𝒕𝒆ó𝒓 𝒆𝒏𝒕. [kg/ciclo] e 𝒎ሶ 𝒄𝒇.𝒕𝒆ó𝒓.𝒆𝒏𝒕. [kg/s] – são, respectivamente, a massa p/ciclo e a vazão de ar
teóricos que entram no cilindro;
o 𝝆𝒄𝒇.𝒄𝒐𝒍. [kg/m³] – densidade do ar no coletor de admissão. Para a mistura fresca como GI, esta de-
senvolve uma pressão total que é a soma da pressão parcial do ar seco, pressão parcial do vapor
d’água, pressão parcial do vapor de combustível e pressão parcial do gases residuais;
o n e 𝒏𝒓𝒐𝒕. [rpm] – são, respectivamente, a ciclagem (1 para 2T e 2 para 4T) e a frequência rotaci-
onal do motor (ou simplesmente “rotação”).

37
▪ A 𝜼𝒗𝒐𝒍. depende dos fatores:
1. Combustível: tipo, razão AC, fração vaporizada no coletor de admissão e ca-
lor latente de vaporização;
2. Temperatura da carga fresca após o seu resfriamento por transferência de ca
lor quando essa carga fresca entra e tangencia as paredes do cilindro;
3. Razão de pressões exaustão-admissão, que afeta a quantidade de gases quei
mados entre dois ciclos sucessivos (dada pela fração de gases queimados);
4. Frequência de rotação do motor;
5. Taxas de compressão volumétrica e dinâmica, que alteram a fração de gases
queimados;
6. Desenho das portas de admissão e exaustão (sedes das válvulas); e
7. Geometria, tamanho e levantamento das válvulas de admissão e exaustão.
Os efeitos 1 a 3 indedepem de 𝒏𝒓𝒐𝒕. . Os efeitos de 5 a 7 dependem de 𝒏𝒓𝒐𝒕. .
Motores antigos não conseguiam fazer que 𝜼𝒗𝒐𝒍. acompanhasse 𝒏𝒓𝒐𝒕. variando
os efeitos 4 a 7. Modernos MCIAct fazem isso, um avanço tecnológico que se
iniciou com a japonesa Honda, nas pistas da Fórmula 1, nos anos 1980.
38
EXEMPLOS

39
Um MCIAct de 4 cilindros 4T: tem um volume deslocado de Vd = 2,5 litro;
tem admissão totalmente aberta (wot); opera na frequência de rotação
de nrot. = 3 000 rpm; tem razão de compressão rV = 8,6; suas eficiências
mecânica e de combustão são mec. = 80% e queima = 70%, respectivamen
te; a razão curso-diâmetro é C/D = 1,025; usa um combustível cujo PCI
vale 40 000 kJ/kg, que é consumido numa razão de mcomb. = 45,1∙10-6 kg/
(ciclo.cilindro), junto com uma razão de ar da ordem de mar = 676,5∙10-6 kg/
(ciclo.cilindro). No início do ciclo, temperatura e pressão valem, respecti-
tivamente, T1 = 60 C e p1 = 100 kPa.

Considera-se que o MCIAct se espelha no ciclo Otto padrão de ar, sob as


propriedades:
Mistura fresca: Rar = 287 J/kg.K, cp,cf = 1 005 J/kg.K e
cV,cf = 718 J/kg.K
Gases queimados: cp,gases.queim. = 1 108 J/kg.K e cV,gases.queim. = 821 J/kg.K

Adotam-se parâmetros geométricos e de desempenho para viesá-lo.

40
Então, determine:

A) O volume da câmara e os demais parâmetros geométricos;

B) A temperatura e a pressão nos pontos extremos do ciclo Otto;

C) Os trabalhos: de expansão, de compressão, indicado bruto, de bombe-


mento, indicado líquido e ao freio (use o diagrama da Fig. 2 do sl. 24);

D) As pressões médias efetivas: indicada bruta, indicada líquida e ao freio;

E) As eficiência térmicas: indicada líquida e ao freio;

F) As potências: indicada bruta, de bombeamento, indicada líquida e ao


freio do motor;

G) O torque ao freio e o consumo específico ao freio do motor.

41
SOLUÇÃO (A): Vc e demais parâmetros geométricos por cilindro

Vd = 2, 5 litro / 4 cil. = 0,625 litro /cil. (625∙10-6 m³/cil.)


𝑉𝑐 + 𝑉𝑑 𝑉𝑑 0,625 litro
Eq. 6 : 𝒓𝑽 = = 1+ → 8,6 = 1 +
𝑉𝑐 𝑉𝑐 𝑉𝑐

Vc = 0,0822 litro/cil. (82,2 ∙10-6 m³/cil.)

1 1
Vd = ( D²)C → 625∙10-6 m³ = (3,141 6 D²)(1,025D)
4 4

D = 0,091 9 m

Da razão C/D: C = 1,025D C = 0,094 2 m

Vmp = 2C∙nrot. = 2 ∙ 0,094 2 m ∙ 3 000 rot/min.(1 min./60 s) = 9,42 m/s

(a Vmp também pode ser obtida pelo teorema do valor médio para integrais).

42
SOLUÇÃO (B): T e p nos pontos extremos, por ciclo e por cilindro
Ponto 1 (diagrama Otto)
Dados: T1 = 60 C (333 K) e p1 = 100 kPa (105 Pa)

V1 = Vd + Vc = 625∙10-6 + 82,2∙10-6 = 707,2∙10-6 m³/cil.

Ponto 2 (diagrama Otto)


Se tem: Rar = 287 J/kg.K, cp,cf = 1 005 J/kg.K e cV,cf = 718 J/kg.K
c 1 005 JΤkg.K
 k = p,cf = 718 JΤkg.K = 1,4
cV,cf
𝑘−1
Logo: T2 = T1 𝑟𝑉 = 333 ∙ 8,6(1,4 – 1) = 787,5 K (514,5 C)
p2 = p1 𝑟𝑉𝑘 = 100 ∙ 8,61,4 = 2 034 kPa (20,34 bar)
Para o volume no ponto 2: p2V2 = mmist.RarT2 = (mar + mcomb.)RarT2
T 787,5 K
V2 = (mar + mcomb.)Rar p2 = (676,5 + 45,1)10-6∙287 2 034∙103 Pa = 80∙10-6 m³
2

(é aproximável por: V2 = V1 / rV = 707,2∙10-6 / 8,6  82,2∙10-6 m³)


43
Ponto 3 (diagrama Otto)
Se tem: PCI = 40106 J/kg, queima = 0,7 (70%) e cV,gases.queim. = 821 J/kg.K
Aporte de calor: Qqueima,real = (mcomb.PCI)queima,  mmist.cV,gases.queim.(T3 – T2)

(mcomb. PCI)queima (mcomb. PCI)queima


T3 = T2 + = T2 + =
mmist.cV,gases.queim. (mar + mcomb.)cV,gases.queim.
45,1∙10−6 40∙106 ∙ 0,7
= 787,5 K + = 2 919 K (2 646 C)
(676,5 + 45,1)10−6 ∙ 821
Para o volume no ponto 3:
V3 = V2 = 80∙10-6 m³
E para a pressão no ponto 3:
p3V3 p2V2
=
T3 T2
p2T3 2 034 kPa ∙ 2 919 K
 p3 = = = 7 539 kPa (75,4 bar)
T2 787,5 K

44
Ponto 4 (diagrama Otto)

1 1
T4 = T3 𝑘−1 = 2 919 K = 1 234 K (961 C)
𝑟𝑉 8,6 1,4−1

1 1
p4 = p3 = 7 539 kPa = 371 kPa (3,71 bar)
𝑟𝑉𝑘 8,61,4

Cálculo alternativo do volume no ponto 4:


p4V4 = mmist.RarT4 = (mar + mcomb.)RarT4
T4
V4 = (mar + mcomb.) Rar =
p4
676,5 + 45,1 1 234 K
= 287 =
106 371∙103 Pa
= 690∙10-6 m³Τcil.
690 −707,2
Ou seja, há um pequeno erro de 100 707,2 = -2,43%, em relação ao valor do
slide 43, V4 = V1 = 707,2∙10-6 m³/cil.

45
SOLUÇÃO (C): Wexp., Wcomp., WIB, WBB, WIL e WF . E eficiências t,IL e t,F .
Por ciclo e z = 4 cilindros (use o diagrama da Fig. 2, sl. 24).
Wexp.: a área sob a curva 3–4 (isentrópica) é positiva (W
sai do VC) e dada por ‫𝑽𝒅𝒑 ׬‬. Em valor absoluto:
𝑝3 𝑉3 −𝑝4 𝑉4
𝑊𝑒𝑥𝑝. = 𝑧 𝑘−1

7 539⋅103 80⋅10−6 − 371⋅103 707,2⋅10−6


= 4cil.
1,4−1
= 3 407,5 J/ciclo
Wcomp.: a área sob a curva 1–2 (isentróp.) é negativa (W
entra no VC). É dada por ‫𝑽𝒅𝒑 ׬‬. Em absoluto:
𝑝2 𝑉2 −𝑝1 𝑉1
𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝. = 𝑧 𝑘−1
2 034 80⋅10−6 − 100 707,2⋅10−6
= 4cil.
1,4−1
= 920 J/ciclo

WIB: deriva da diferença entre os trabalhos anteriores.


𝑊𝐼𝐵 = 𝑊𝑒𝑥𝑝. − 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝. = 3 407,5 J/ciclo − 920 J/ciclo = 2 487,5 J/ciclo

46
WBB: a área líquida entre a curva da exaustão (isóbara p1 = 0,1 MPa) e a curva
da indução (isóbara p0 = 0,1013 MPa) é negativa, e é dada por ‫𝑽𝒅𝒑 ׬‬,
que, em valor absoluto, é determinada por:
WBB = z[(p0 – p1)(V1 – V2)] = 4 cil.[(101 300 – 100 000)
(707,2 – 80)10-6] = 3,26 joule/ciclo

WIL: resulta da diferença dos trabalhos anteriores:


WIL = WIB – WBB = 2 487,50 – 3,26 = 2 484,24 joule/ciclo

47
WF: extrai-se da Fig. 2 uma estimativa de pmeperda.total.líq.. Disso, com a nota da
eq. (10) para vd ; a eq. (15) para wF ; e a eq. (16) para pme; se obtém:
WF = (mar + mcomb.)(wIB − wperda.total.líq.) = (mar + mcomb.)[(wIL − wBB)− wperda.total.líq.]

= WIL – (mar + mcomb.)(wBB + wperda.total.líq.) = 𝑽𝒅 = 𝒗𝒅 𝒎𝒂𝒓 + 𝒎𝒄𝒐𝒎𝒃.

= WIL – (mar + mcomb.) wBB+ 𝜑∙pmeperda.total.líq.8cil. .zvd =


Fator redutor
= WIL – WBB + 𝜑 ∙pmeperda.total.líq.8cil..z Vd =
pmeperda.total.líq.4cil

= 2 484,24 – ሾ3,26+ 0,023 150∙103 Pa ∙ 4 cil. 625∙10−6 m³/cil. ሿ =


 pmeperda.total.líq.8cil
= 2 475,65 joule/ciclo

O fator redutor  para estimar a pmeperda.total,4cil. a partir


da pmeperda.total,8cil., é obtido assumindo-se que a perda
pmeperda.total varia linearmente entre MCIAct de 4 cilin-
dros e de 8 cilindros. Assim:
WBB (3,26 JΤciclo)∙10−3 kJΤJ
pmeBB,4cil. = = = 1,3 kPa
zVd 4 cil. ∙ 625∙10−6 m³Τcil.

pmeBB,4cil. 1,3 kPa
∴𝜑= = = 0,023
pmeBB,8cil. 57 kPa

48
SOLUÇÃO (D): 𝒑𝒎𝒆𝑰𝑩 ,𝒑𝒎𝒆𝑰𝑳 e 𝒑𝒎𝒆𝑭 , por ciclo, para z = 4 cilindros

𝑊𝐼𝐵 2 487,5 JΤciclo ∙10−3 kJΤJ


𝑝𝑚𝑒𝐼𝐵 = = = 995,0 kPa
𝑧𝑉𝑑 4 cil. 625∙10−6 m³/cil .

𝑊𝐼𝐿 2 484,24 JΤciclo ∙10−3 kJΤJ


𝑝𝑚𝑒𝐼𝐿 = = = 993,7 kPa
𝑧𝑉𝑑 4 cil. 625∙10−6 m³/cil .

𝑊𝐹 2 475,65 JΤciclo ∙10−3 kJΤJ


𝑝𝑚𝑒𝐹 = = −6
= 990,3 kPa
𝑧𝑉𝑑 4 cil. 625∙10 m³/cil .

49
SOLUÇÃO (E): Wሶ IB , Wሶ BB , Wሶ IL e Wሶ F , por ciclo, para z = 4 cilindros e cicla-
gem n = 2 (MCIAct 4T)
3 000 rot. Τmin
1 min ∙2 487,5 JΤciclo
n W 60 s 1 000 kJ
Wሶ IB = rot. IB = = 62,19 kW (86,72 cv)
n 2 rot.Τciclo

3 000 rot. Τmin


1 min ∙3,26 JΤciclo
n W 60 s 1 000 kJ
Wሶ BB = rot. BB = = 0,082 kW (0,11 cv)
n 2 rot.Τciclo

3 000 rot. Τmin


1 min ∙2 484,24 JΤciclo
n W 60 s 1 000 kJ
Wሶ IL = rot. IL = = 62,11 kW (86,59 cv)
n 2 rot.Τciclo
Wሶ F = mec.Wሶ IL = 0,8∙62,11 kW = 49,68 kW (69,27 cv)

(Por Wሶ F = nrot.WF /n, se obtém 61,89 kW, portanto 24,6% maior que o valor acima. Isso induz que
mec. foi subestimado. Porém, o valor adotado de mec. Está no intervalo recomendado no estado
da arte, daí que o valor Wሶ F = 49,68 kW é o mais provável)

50
SOLUÇÃO (F): 𝜼𝒕,𝑰𝑳 e 𝜼𝒕,𝑭 , por ciclo, para z = 4 cilindros
𝑊𝐼𝐿 2 484,24
𝜂𝑡,𝐼𝐿 = 100 = 100 = 34,43%
𝑧 𝑚𝑐𝑜𝑚𝑏. 𝑃𝐶𝐼 4 45,1∙10−6 ∙ 40∙106
𝑊𝐹 2 475,65
𝜂𝑡,𝐹 = 100 = 100 = 34,31%
𝑧 𝑚𝑐𝑜𝑚𝑏. 𝑃𝐶𝐼 4 45,1∙10−6 ∙ 40∙106

SOLUÇÃO (G): F , CeF e vol. , por ciclo, para z = 4 cilindros e n = 2.


pmeF zVd pmeF zVd 990,3∙103 Pa 4 cil. ∙ 625∙10−6 m³Τcil.
F = 2 n
=
2 n
=
2 2 rot.Τciclo
=

= 197 N.m (20,1 kgf.m)


nrot. m𝑐𝑜𝑚𝑏.
z mሶ 𝑐𝑜𝑚𝑏. z n
CeF = = =
Wሶ F Wሶ F
kg∙10³ g
4 cil. ∙3 000 rot. 1 min ∙ 45,1∙10−6 kg
= min 60 s ciclo∙cil. = 90,8 g/W
2 rot. 49,68∙103 W
ciclo
51

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