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Lavra Subterrânea

Introdução:
Conceitos e
Aspectos Gerais

José Margarida da Silva-


DEMIN - 2020 – MIN114
Sumário
• Introdução: Definições
• Decisão: lavra a céu aberto x
subterrânea
• Desenvolvimento subterrâneo
• Projeto de Lavra Subterrânea
• Planejamento de lavra Subterrânea
• Seleção do Método de Lavra
• Dimensionamento e disposição de
realces
• Dimensionamento de Frota
• Transporte: Fluxo por gravidade
• Mecanização e Automação
• Seleção de Suporte
• Impactos Ambientais
• Fechamento de Mina
• Lavra;
Definições • Operações
• Escavação
• Método de lavra; • Carregamento
• Transporte
• Princípios de Lavra Subterrânea • Sustentação
• Operações unitárias de lavra; • Ventilação
• Iluminação
• Métodos integrais; • Drenagem, ...
• Métodos seletivos.
Histórico: Mina Morro Velho (em 1868).
Com 186 anos, AngloGold Ashanti é a indústria mais
longeva de Minas Gerais e também de todo o País.
História que começou no século XIX (em 1834),
quando a empresa, ainda como Saint John del Rey
Mining Company, deu início à mineração de ouro em
Nova Lima (MG).

Atlantic Nickel investirá US$ 335 M na instalação


(primeiros 5 anos), a partir de 2026 (mais 26 anos),
de mina subterrânea de níquel sulfetado em Itagibá,
Bahia.
Apresentação
• Lavra subterrânea: trabalhadores realizam operações de extração de minério dentro das
escavações.
• Lavra subterrânea de larga escala: envolve alta tecnologia (mecanização e automação) e tem
cada vez mais sucedido a lavra a céu aberto e sido realizada a maiores profundidades.
• Transporte: entre atividades de maior custo intensivo na lavra; das que mais contribuem
para custos operacionais. Custo e tempo requeridos para transporte de materiais
aumentam com: profundidade e princípio de aumentar volumes extraídos e reduzir custos
de produção (“economia de escala”). Transporte da frente de extração para a superfície é
desafios para as minas, além da segurança, da ventilação, entre outras.
• Escolha influenciada por: natureza do material, espaço disponível e economia em geral.
Geralmente conclui-se por uma combinação de elementos, incluindo-se carregadeiras tipo
LHD, caminhão, passagem, britador, correia, trens, esquipes.
• Transporte vertical por esquipes: considerado de menor custo, embora custo de escavação do
poço (shaft- escavação onde o esquipe se encontra) seja custo de escavação maior,
comparado a outros métodos (Hartman et al, 2002; Lages, 2018) - túneis, rampa ou ádito.

MIN114- descreve e analisa os


métodos de lavra subterrânea
mais comuns (aplicabilidade,
variações, vantagens e
desvantagens relativas).
Introdução

• Lavra subterrânea – deve crescer proporcionalmente (Peursum, 2007;


Silveira, 2000; Zablocki, 1997; Carter, 1996, Hennies, 1996; Australian
Mining, 2014). Cobre - 26% produção mundial -> 40% (2025);
• Maiores dimensões de aberturas-> maiores necessidades de suporte;
• Aumento do conhecimento acerca das características mecânicas e do
comportamento dos maciços rochosos.
• Número de profissionais de mineração especialistas em planejamento
diminuindo, questões regulatórias, custos se elevando mais rápido que
a demanda;
• Minas a céu aberto passam ao subsolo ou “solução mista” (Black Angel,
Belmont, Caraíba, Kiruna, Santa Bárbara, Chuquicamata, Palabora etc);
• Alguns minérios metálicos continuam com preço de venda interessante;
• Tecnologia deve tomar posição mais vital nas operações de suporte à
mineração.
Introdução
• Vem aumentando número de minas em que opção pela lavra
subterrânea é solução com aprofundamento de depósitos de teor
ainda alto ou escassez de novos depósitos mais superficiais. Em
transição da lavra a céu aberto ou diretamente a partir da superfície.
• No mundo todo observam-se adaptações de operações em métodos
de lavra às particularidades de cada situação.
• Depósitos antes não viáveis (a céu aberto) vêm estudando opção,
adiando transição ou empreendendo escavações (galerias de
exploração), estudando menor extensão total de escavações ou
alternativas de transporte, baseando no escoamento por gravidade
para diminuir custos de transporte e viabilizar economicamente o
empreendimento.
Mineração
• custo de investimento crescente,
• longo período pré-produção,
• recursos não renováveis,
• alto risco,
• impactos ao meio-ambiente.
O que torna mais importante o
projeto e o planejamento da
extração dos minérios;
• 3 a 15% do custo.
Algumas das maiores minas de
cobre em operações de lavra céu
aberto do mundo estão se
transformando em subterrâneas com
ambiciosos planos de produção por
abatimento em blocos (block caving).
Mineração
• Aproveitamento de um bem
exaurível e não renovável;
• Significativo prazo de maturação
de projetos e materialização de
instalações,
• Busca da maximização
econômica do VAL (valor atual
líquido) dos benefícios futuros,
durante toda a vida do
empreendimento (mina).
• Alternativas de aproveitamento:
lavra integral, lavra ambiciosa,
lavra criteriosa.

Stewart (2012):
lavra céu aberto x subterrânea- produção 5-100 mil t/d, vida útil até mais de
100 anos x produção 500-8 mil t/d, vida útil raramente maior que 25 anos.
Implantações e Projetos
• Início (últimos anos): Oz Minerals-Cu, Santa Helena, Cu-Au, Rio
Branco– MT; Serabi, Au, M. Almeida– PA; LAMIL, agalmatolito, MG;
Engenho, Au, Rio Acima– MG, Córrego do Sítio, Au, S. Bárbara – MG;
• Expandidas: Cuiabá, ouro, Sabará– MG; Kid Creek, Canadá; Caraíba,
Jaguarari– BA, El Teniente – Chile-cobre;
• Andamento/desenvolvimento: Fruta del Norte (Equador), New Caribou
(Zn, Canadá), Córrego do Sítio II (Au, S. Bárbara–MG; Vila Nova (Cr,
Marzagão–PA); Marikana (África do Sul); Serra Pelada, (ouro-PA);
Caetité (urânio- BA);
• Noticiados: viabilidade- New Liberty (Avesoro- Libéria), Tropicana
(ASX), Rosemont, interligação- Palmital, Marzagão, Santa Isabel
(Jaguar, ouro, Itabirito–MG); Pedra Branca, ouro, AP; Lagoa Seca,
(Belo Horizonte-MG, dolomita); Argyle, diamante, Carpathian Gold
(Riacho dos Machados- MG), Springsure Creek Coal;
• Estudo/expansão: Chuquicamata, Chile-Cu; gipsita, Camamu-BA,
Lamego, Sabará-MG; Morro da Mina (manganês, C. Lafaiete – MG);
• Potencial de expansão (concomitante, pós-céu aberto): Belmont,
esmeralda, Itabira– MG, Dolores, Au, México, Las Cruces, Espanha,
Rustenburg (Pt, África do Sul).
Transição para subsolo- Chah-Gaz (Fe- China)- Bakhtavar (2013).
Desenvolvimento- Ni-Cu-Co- Reid Brooks, Eastern Deeps- lavra 2019-
2034 (Canadian Mining, 2018; vale.com). Mina Santa Rita (Ni)- 2026.
Minas subterrâneas – além destas citadas por USP (2015): Belmont (Itabira-MG),
Pau-a-Pique (MT), Caetité (BA), Santa Helena- Prometálica (MT)... João Belo-
Jacobina (BA), Lamil (MG), ...,Morro (PR), ... 47 exclusivas, segundo DNPM, 64
mistas. Algumas reabrem, fecham: Currais Novos (RN), Tanguá (RJ), Morro da
Fumaça (SC).
Francis (1998): o projeto de mina inclui todos os aspectos para a mina ser aberta,
desenvolvida e operada.
Classificação de métodos
Métodos de lavra subterrânea

Métodos sem suporte artificial Suportados Abatimento

Room-and- Sublevel and Longwall Sublevel Block


pillar longhole open mining caving caving
stoping

Cut-and-fill Shrink VCR


stoping stoping Stoping

Deslocamentos

Energia armazenada
Câmaras e pilares
(Room-and-Pillar)
Subníveis com pilares
(Sublevel stoping)
Corte e enchimento Cut and fill
ascendente
Abatimento em subníveis (Sublevel caving)

Zona abatida

Lavra: desmonte
e carregamento Passagem de minério

Perfuração

Desenvolvimento
Nível principal de transporte

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Abatimento em blocos (Block Caving)
baixo mergulho – Lavra por frente longa (Longwall)

Maquinário concebido exclusivamente para o método


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Open Stopes
baixo mergulho – Lavra por alargamentos abertos
• Lavra frontal: corpos até 20º,
camadas espessura até 2,4 m;
• Opção depende da profundidade Perfuração manual
do depósito, da resistência do
minério e condições do teto;
• Tentativas de mecanização x
perfuração manual,
equipamentos sobre pneus (LHD,
rastelo, carro-vagoneta 1 t),
vagonetas e chutes;
• pilares, naturais ou artificiais;
• rafa antes do explosivo; inclinada frontal
• meio econômico de lavrar corpos
estreitos profundos;
• método seletivo. 20
Reef Mining- A baixa altura do corpo
restringe o uso de equipamentos. A
lavra necessita de uma grande
quantidade de operadores, com
equipamentos leves. As minas Sul
Africanas de Au/Pt são exemplos
típicos do método longwall aplicado a
rocha dura.
Veio de ouro é escavado por meio de
perfuração e detonação
convencionais. Furos curtos (short
hole mining) são executados ao longo
de uma face ou painel.
A escavação avança juntamente com
a frente (parede); com perfuração e
desmonte ou com desmonte
mecânico. Área de operação
sustentada com suportes mecânicos
ou de madeira (USP, 2015).
forte mergulho – alargamentos abertos

Lavra ascendente
Open stopes
• perfuração manual
(plataforma, pilha de
material, pranchões);
• Frente: 45 a 60o;
• jumbo, eventualmente na
preparação de níveis;
• carregadeira de descarga
traseira, chute e vagoneta;
• Configuração: degrau
invertido;
• pilares ou esteios;
• pontos de carregamento
em intervalos.
• fluorita, EMITANG (RJ).
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Métodos para forte mergulho – alargamentos abertos

Lavra descendente
• Iniciada da porção superior, Open stopes
bancos 1,8 m altura por 1,2 m
largura, ângulo geral 60o.
• perfuração manual,
plataforma de trabalho é
minério,
• lavra em degrau direito;
pontos de carregamento a
cada 6-7,5 m;
• pilares eventuais, não
recuperáveis.
• Mina Santa Catarina
(Votorantim).
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Forte mergulho – lavra por recalque (Shrinkage)

Minério
Passagem
deixado
de pessoal
no realce
e ar

Travessas de carregamento

Galeria de transporte
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Camm (sd)- custos na lavra subterrânea, operacionais
Manuseio de material

trolley
Projeto e Planejamento
• Projeto – conjunto de estudos para implantação;
• Planejamento - etapa importante na mineração,
pois define estratégia de operação para otimização
global do processo (redução de custos, qualidade
das matérias-primas, maior confiabilidade,
questões ambientais, entre outros).
• Planejamento de mineração: longo, médio e curto
prazos, programação de lavra, manutenção,
indicadores de desempenho, padronização de
procedimentos.
• “Projeto perfeito é anti-econômico”.
Planejamento
• Melhor arranjo para aberturas para alcance do
minério com custo mais baixo, com maior
segurança.
Necessário:
• localizar minério,
• quais rochas a atravessar,
• quantidade de água que pode fluir no avanço,
• como suportar o teto,
• prover o ar e retirá-lo,
• melhor forma de mover pessoas e materiais com
segurança e custo efetivo.
(Caldwell, sd)
Fases e Estágios
• Planejamento: estudo conceitual, estudo preliminar,
viabilidade (feasibility);
• Implementação: projeto e construção;
• Produção: comissionamento, início, operação,...,
fechamento.
• Os projetos mineiros são desenvolvidos por
equipes multidisciplinares (geólogos, engos de
minas, mecânicos, especialista de mecânica de
rochas etc), passando por vários estágios de
evolução (Silveira e Girodo, 1991; Caldwell, sd);
• Avaliação preliminar, pesquisa de jazida, pesquisa
detalhada da jazida, projeto básico, detalhado (ou
executivo), seguido da implantação, pré- operação
(“start-up” ) e plena operação.
Melhoria do planejamento (“otimização”)
Objetivos individuais usualmente não complementares e, de alguma
forma, conflitantes (Pelley, 1994, por Kazakidis et al, 2002):
• Máxima taxa de extração global,
• Desenvolvimento e sustentação de taxa de extração hábil,
• Mínimo custo unitário,
• Mínimo tempo e custo de desenvolvimento,
• Provimento de estratégia de controle de teor,
• Mínimo de custos e problemas de controle de teto.
Incerteza associada com diversas fontes de fatores externos e internos
(condições do maciço, confiabilidade do equipamento, necessidade de
infraestrutura e desempenho da extração). Dimitrakopulos & Grieco (2009):
riscos- técnico, geológico, financeiro, ambiental. Silva (2008): incorporação
de incertezas. Francis (1998): sucesso financeiro da mina diretamente
dependente do desempenho (relação com efetividade do projeto,
planejamento e controle da produção). Complexidade geológica exerce
influência em desempenho do projeto, natureza e efetividade do
controle geológico. Estruturas geológicas complexas aumentam em 25-
35% custos operacionais relativo a modelos mais simples.
Plano de mina
• Viabilidade econômica de extração do minério;
• Criação e melhoria de acessos;
• Caracterização de planos de médio e longo prazo;
• Implementação de padronização na produção;
• Análise e atualização do projeto e padronização em
bases econômicas;
• Estudo posterior do recurso para controle do ciclo.

• Pressões: lucratividade e atendimento a expectativas de


acionistas.
(Peursum, 2007)
Acesso principal
• O planejamento do desenvolvimento primário de uma jazida é
usualmente realizado apenas uma vez durante a vida da
mina.
• Não otimizá-lo causa desvantagens ao longo de toda a vida
útil e pode levar a custos maiores (Moser, 1996).
• Tipo, número, forma e dimensão das aberturas principais são
decididas ao tempo em que é escolhido o sistema de
manuseio de materiais.
• Após decisão, mudanças são caras e geralmente
complicadas, principalmente em minas de vida útil pequena.
(Hartman & Mutmansky, 2002)
. “crown pillar” ou “laje”: separação da mina a céu aberto – 10 a
50 m, em média 20 m.
Acesso principal
Fatores de decisão:
• profundidade,
• forma e tamanho do depósito,
• topografia de superfície,
• condições geológicas e naturais do minério e
rocha encaixante,
• método de lavra,
• taxa de produção.

• Custos: US$ 1/t a mais a cada 500 m de rampa;


poço – vida útil mínima 2.000 dias de operação
(Netto, 2010).
Taylor
Opção de acesso
shafts or declines?

7 passos
- presença de trilhos – não -> poço
- qualidade do maciço – pior -> poço
- capeamento aluvionar – maior -> poço
- presença de céu aberto – não + profundidade (máxima e
mínima) – maior -> poço
- produção – maior -> poço, menor -> rampa

(Mining Magazine, maio/1997).


Comparações
Mina subterrânea
• Plano inclinado + correia transportadora – mais barato que
poço + içamento
• Rampa + equipamento móvel - mais barato que poço +
içamento
• Túnel: adequado para região montanhosa.
(Hartman & Mutmansky, 2002)
• Correia – a partir de 1.800 t/ dia, até 800 m profundidade,
inclinação 30%;
• Poço – até 2.000 t/ dia, acima 250 m profundidade,
produções acima – maiores profundidades;
• Rampa - até 2.000 t/ dia, até 350 m profundidade, maiores
produções, menor profundidade.
(Taylor, 1972 ou De la Vergne, 1997)
Histórico de estudos

• 1961, Rist: modelo para número de trens no


transporte de mina subterrânea, usando técnicas
de Monte Carlo.

• 1964, modelo de Rist ampliado por Harvey.

• 1964: Elbrond - modelo de simulação de sistema


de transporte por trens para mina subterrânea de
ferro da LKAB, Kiruna, Suécia.
Histórico de estudos
• 1968, Bucklen, Suboleski et al: simulação de
transporte por trens em minas subterrâneas.

• 1969, Suboleski e Lucas: programa Simulator 1


- operações em minas subterrâneas do método
de câmaras e pilares.

• 1970, Wilke: simulação para estudar sistema de


transporte por trens em mina subterrânea de
carvão na Alemanha.
Histórico de estudos
• 1975, Redling - SIGUT para modelagem de sistemas de
correias transportadoras, carregamento e transporte,
tratando dados de natureza estocástica, minas
subterrâneas de carvão, Alemanha.

• 1976, Wilke et al - simulação para determinar se o


critério de despacho melhoraria a eficiência de um
sistema subterrâneo de carregamento e transporte por
trens.

• 1976, Bobilier, Kahan et al : GPSS para simular


transporte por trens em minas subterrâneas.

• 1982, Steiker: GPSS para simular sistema de transporte


em mina subterrânea.
Histórico de estudos
• 1994, Hunt - SLAMSYSTEM para simular sistema de
transporte em mina subterrânea do Colorado.
• 1996, Runciman, Vagenas e Newson- WITNESS, simularam
diversas operações em uma mina subterrânea, superando as
expectativas.

• 1998, Konyukh - GPSS/H e Proof Animation para escolher


tecnologia de transporte mais produtiva e compor sistema sem
gargalos, minas subterrâneas da Rússia.
• 1998, Knights e Muñoz - SLAM – II para modelar tempo
perdido em filas em sistema de carregamento e transporte
semi-automatizado de mina subterrânea.
• 1998, Quesada et al - simulação e animação SIMAN e ARENA
para modelar produtividade de LHD’s em mina subterrânea.

• 2008 – Souza – proposta de simulação no transporte da mina


subterrânea Jacobina, ouro, BA.
Tecnologia e Aplicativos
no planejamento e controle
Evolução mais homogênea quando projetos conjuntos definem
metas.
• Projeto na Suécia (anos 70, séc XX);
• Projeto DEEPMINE- África do Sul (Durrheim, 2000);
• Projeto da rede AMIRA (2006/2009);
• Neme (2009): uso do SURPAC em desenvolvimento;
• Oliveira et al. (2008): Vulcan no controle da diluição, junto com
Cavity Monitoring System;
Novos aplicativos: Micromine, Deswik - modelagem de
depósitos minerais com recursos tecnológicos capazes de
modelar depósito de maneira eficiente, além de facilitar diversos
procedimentos da rotina mineira. Dentre eles: Vulcan, Gemcon,
Datamine, Surpac, Deswik e Minesight
(ge902cobre.wordpress.com/caracterizacao-de-mina, 2015).
Informatização no planejamento de mina
• Principais módulos dos aplicativos: banco de dados
geológicos, modelagem, composição, análise, criação
de modelo, projeto.
• Na lavra subterrânea, a otimização do projeto e
padronização das minas por meio de aplicativos
comerciais está menos disponível do que para a lavra
a céu aberto.
• Existe uma necessidade reconhecida de melhoria das
ferramentas computacionais para embasar o
planejamento, o projeto e a operação de minas
subterrâneas.
Planejamento de mina subterrânea
• Considerações no planejamento de mina
subterrânea devem vir de várias fontes.

• Informações geológicas, estruturais e


mineralógicas devem ser coletadas primeiro e
combinadas com dados de recursos e reservas.

• Estas informações conduzem a seleção preliminar


de um método de lavra potencial e
dimensionamento da produção da mina.

• Planejamento do desenvolvimento, seleção de


equipamento, tudo conduzindo a uma análise
econômica do cenário do planejamento da mina.
Planejamento de lavra subterrânea
• Não se pode assumir que a sequência
descrita garantirá a melhor operação
possível, a menos que o melhor
planejamento possível seja conduzido
corretamente.

• ordem crescente de precisão das


informações;

• ordem decrescente da participação de


pessoal do nível superior e sênior.
Planejamento de mina subterrânea
• Processo iterativo que requer a visão das
várias opções e determinação de qual
realiza a melhor solução no longo prazo.

• O planejamento de cavas, e sua


consequente otimização, em minas a céu
aberto ou subterrâneas (realces ou stopes),
é uma tarefa crítica que é realizada
principalmente com ajuda de ferramentas
computacionais de última geração que
ajudam a projetar soluções que minimizam
custos e integram informações valiosas.
Seleção do Método de Lavra
• Preliminar – métodos candidatos;
• Metodologias – empíricas e numéricas (UBC).

Exemplo:
Mina Gualcamayo (Argentina)
- reserva 83 Mt, teor 2,7 g/t,
- foram consideradas as opções de lavra por corte e
enchimento e uma lavra frontal (câmaras e pilares).
Entre as vantagens, a lavra por corte e enchimento
foi escolhida pela velocidade
(Equipo Minero, jun-2009, p. 4).
Minto Mine (2014): lavra a céu aberto (Canadá, prata, ouro e
cobre) realizada de 2007 a 2012, quando se iniciou
desenvolvimento do acesso ao subsolo, do fundo da cava mais
nova na sequência de lavra. Variação de câmaras e pilares: up-
hole retreat mining method.
Taxa de extração 2.000 t/d; vida útil de aproximadamente 4
anos. Lente de minério a ser lavrada mergulha cerca de 12º.
Planejamento de mina subterrânea
Exemplos de estudos
• Mina Neves Corvo (Portugal, pirita): realce experimental –
instrumentação e modelagem numérica;

• Mina do Moinho (Portugal): definição de pilares e


enchimento posterior, para recuperação parcial.

• Projeto da Mina Efemçukuru (Turquia, ouro) - britagem


subterrânea e transporte por correia à superfície
(Engineering & Mining Journal, 2008).

• Mina Argyle, diamante (Austrália) – pré-viabilidade em


2003, abertura de rampa exploratória 2,5 km, 1:6, suporte
de aço nos 135 m iniciais, a 85 m abaixo da cava a céu
aberto; adiado em 2009 (argylediamonds.com.au, 2010).
Planejamento de mina subterrânea
Exemplos de alterações
• Após mais de 30 anos lavra a céu aberto, Rana Gruber iniciou
lavra subterrânea da Mina Kvannevann (Noruega, minério de
ferro) em 2000, com método realce em subníveis. Mudança
para abatimento em subníveis.
• Teor estimado em 33,5% de ferro, incluindo magnetita.
• Combinação minério de ferro de baixo teor e desafios
geomecânicos sérios (grandes tensões horizontais). Pilares
verticais, 30 m de espessura. Pilar de separação (sill pillar)- em
média 30 m de espessura (Rana Gruber, citado por Silva et al.,
2015).
• Caraíba: monitoramento a laser (CMS), modelagem via
aplicativo, estimativa,mudanças no método de lavra, na
dimensão do realce, no desmonte e suporte.
• Crixás: estudo e alteração do método de lavra (custo x
recuperação de minério).
Dimensionamento de realces
• Lavra por abatimento: alternados nos níveis;

Mina de Urucum: subdivisão do corpo de minério em 3


faixas sub-horizontais, de 800 m de largura, na lavra por
câmaras e pilares.

• Definição se deveu à grande área e demais parâmetros


geométricos e contribuiu para melhor adequação às
metodologias de lavra, às operações de ventilação e
transporte do minério.

• No desenvolvimento, foi locado túnel na lapa; painel de


800 m x 800 m, com distância lateral de 400 m.
Operações de lavra
• in pit crushing: reduzir custo de transporte de material
(exemplos de britagem dentro da mina: Andina, Chile;
Baltar, Brasil; Kidd Creek, Otijhase, Canadá).

Planta dentro da mina


– Central Rand Gold, África do Sul (Engineering and Mining
Journal, jul-ago 2009);
- Andina (Chile; Lisboa, 2009, 2013).

• Distância econômica de transporte com LHD: 250 m


(Lisboa, 2009, 2013).
Mecanização e automação – Estudo de Caso
Mina Finsch (África do Sul) – diamante
• Sistema de manuseio de minério tem CMS (Cavity
Monitoring System) para planejamento das atividades do dia,
divisão nos turnos de trabalho, orientações para LHDs.
• Registro de todos os movimentos do equipamento.
• Fornece informações para outros sistemas de controle:
PCS – Production Control System;
MCS – Mission Control System.
• Sala de controle na superfície - operador controla caminhões
e LHDs.
Benefícios
• aumento do índice de utilização dos equipamentos
(caminhões e LHDs),
• maiores velocidades de transporte aumentaram a produção;
• maior estabilidade das escavações, redução do risco de
dano ao trabalhador.
Estudos no Quadrilátero Ferrífero
• Estudos com escavações subterrâneas já viabilizaram mina de ouro;
outro estudo indica futura mina subterrânea de manganês.
• Mais estudos prosseguem e podem, por exemplo, tornar
interessante futura lavra em subsolo de minério de ferro.
• Nesses estudos se faz necessário, além de provar a quantidade e
qualidade do depósito em galeria exploratória e furos de sonda,
propor-se a adequação da extração às condições geológicas e
geomecânicas do corpo de minério e das rochas encaixantes para
tomada de decisão.
• Existe expectativa de que depósitos se tornem minas subterrâneas,
visto que os custos de transporte são significativos. Paralelamente,
estuda-se alternativa de pré-concentração em subsolo, diminuindo
quantidades de material a ser levado à superfície para tratamento.
• Necessário levantamento de parâmetros dos maciços rochosos em
galerias já existentes (ou novas escavações), para dar suporte a
tomadas de decisão de lavra potencial em subsolo de depósitos
remanescentes de minérios metálicos no Q.F. (Brandi, 2009), com
ênfase no fluxo por gravidade de minério desmontado.
Fechamento
Exemplos de Processo de Fechamento de Mina
- alguns exemplos de atitudes:
• a deposição de estéril em frentes já lavradas em galerias
subterrâneas, na Mina Belmont, Itabira-MG;
• selamento da entrada da mina com concreto, na Companhia
Catarinense.
(In The Mine, 2009)

• Mina São Bento (Penna, 2007) – reaberta pela AngloGold,


como Córrego do Sítio II;
• Cabaçal - certificada;
• Deposição na Carbonífera Criciúma.
Referências
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Battacharya, J. Principles of Mine Planning. Allied Publishers. 2006.
Bise, C. J. Mining Engineering Analysis. 2003.
Brady, B. H. G.; Brown, E. T. Rock Mechanics for Underground Mining. London.
George Allen & Unwin. 2006.
Britton, S. C. 1983. Construction Engineering in Underground Coal Mines. New
York, SME-AIME. 312 p.
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