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Ana de Castro Osório

Escritora, feminista e ativista republicana nascida a 18 de junho de 1872, em Mangualde, e


falecida a 23 de março de 1935. É considerada a fundadora da literatura infantil no nosso país.
Traduziu autores estrangeiros de literatura infantil.

No início do século XX, num tempo em que as mulheres não tinham direitos, Ana Castro Osório
tornou-se feminista. A República estava a começar quando escreve e publica o primeiro
manifesto feminista português. Defendia que homens e mulheres deviam ser aliados, ter igual
acesso à escola e ao trabalho, os mesmos salários. Saber ler e escrever eram o princípio da
mudança. Por isso, abraçou outra causa: criou manuais escolares e editou livros para crianças.
Ana, o grande amor do poeta Camilo Pessanha, é considerada a mãe da literatura infantil em
Portugal.

Como as histórias que editou, a vida de Ana de Castro Osório é matéria fantástica para um
livro. Podia começar com “era uma vez” uma mulher corajosa e determinada que acreditava
no poder da fantasia para instruir, formar e divertir os mais pequenos. Queria trazer livros a
um país dominado pelo analfabetismo. Republicana que era, defendia o direito à educação e à
cultura, por isso, a par da luta feminista que desenvolveu, dedicou-se também à causa da
literatura.

Ainda nos últimos anos da monarquia, começa a escrever e a publicar para crianças. Manuais
escolares, mas também histórias de príncipes e princesas, fábulas, adaptações de clássicos,
obras marcantes de autores estrangeiros e contos tradicionais portugueses que ela própria
recolhia junto do povo. Fosse em fascículos ou em livros cada vez mais cuidados, com
ilustrações apelativas, a produção das suas editoras é contínua e relevante. Ana consegue a
proeza de fazer da literatura infantil “um assunto sério” em Portugal. Sem saber, estava a
iniciar a história de um novo género literário.

Criadora de universos infantis, Ana de Castro Osório dedicou-se também à escrita de romances
para adultos. A alfabetização seria sempre uma das grandes preocupações; queria ensinar as
letras às mulheres que, no início do século XX, não podiam sequer votar. Foi em defesa do
direito ao voto, à educação, ao trabalho, a ter um salário igual ao dos homens, que redigiu em
1905 o primeiro Manifesto Feminista Português. Em 1911 escreveu “A Mulher no Casamento e
no Divórcio” e colaborou com Afonso Costa, então ministro da Justiça, na elaboração da Lei do
Divórcio.

Espírito insubmisso, Ana de Castro Osório comungava dos ideais republicanos e fez da sua
intervenção social e política um espaço de consciência para defender e proteger os mais
fracos. Camilo Pessanha declarou-lhe o seu amor, escreveu-lhe poemas, mas os esforços foram
em vão. No entanto, a ela se deve a publicação de “Clepsidra”, único livro do poeta.

Como as histórias que editou, a vida de Ana de Castro Osório também está dentro de um livro.
“A mulher que votou na Literatura”. Conhecemos as suas autoras, Carla Maia Almeida e Marta
Monteiro.

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