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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E


TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DE RORAIMA
DEIINF
ELETRÔNICA DIGITAL

Íkaro Kauã Lopes Aragão e Luíza Nelí Gomes Moura

FAMÍLIAS LÓGICAS E SUAS


CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS

Boa Vista-RR
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO_______________________________________3
2. DESENVOLVIMENTO________________________________4
3. CONCLUSÃO_______________________________________11
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS___________________12

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1. INTRODUÇÃO

As famílias lógicas são um conjunto de circuitos eletrônicos responsáveis pelo


processamento de informações digitais. Elas são compostas por circuitos
integrados que compartilham características elétricas comuns, tais como níveis de
tensão de entrada e saída, velocidade de transmissão de dados e consumo de
energia. Dentre as famílias lógicas mais comuns, estão as que utilizam diodos e
transistores em sua construção, como DTL, DCTL, RCTL e HTL.

A família TTL, por sua vez, é uma das mais conhecidas e amplamente utilizadas
em sistemas digitais, apresentando alta velocidade de transmissão de dados, baixa
potência consumida e facilidade de implementação. Já a família ECL é
caracterizada por sua alta velocidade de transmissão de dados e baixo consumo de
energia, mas com maior complexidade em sua construção. A família MOS, por
sua vez, é conhecida por sua facilidade de integração com outros circuitos
eletrônicos e baixo consumo de energia.

A família CMOS, que utiliza tanto diodos quanto transistores em sua construção, é
uma das mais recentes e promissoras na área de sistemas digitais, apresentando
baixo consumo de energia e alta imunidade a ruídos elétricos e interferências
externas. Diante de tantas opções de famílias lógicas, é fundamental compreender
suas características elétricas, como correntes de entrada, para garantir o correto
funcionamento dos sistemas digitais e escolher a melhor opção para uma
determinada aplicação. Além disso, é importante acompanhar as tendências e
aplicações das famílias lógicas para estar sempre atualizado e em consonância
com as demandas do mercado.

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2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Correntes de entrada e Famílias a diodo e transistor

As correntes de entrada são um parâmetro elétrico importante na análise das famílias lógicas a
diodo e transistor. Segundo Wakerly (2017, p. 249), as correntes de entrada são responsáveis
por garantir que o sinal de entrada seja corretamente interpretado pelos circuitos eletrônicos.
Essa corrente pode variar entre as diferentes famílias lógicas, sendo determinada pela
tecnologia de fabricação utilizada e pelo tipo de circuito integrado.

As famílias lógicas a diodo e transistor, como DTL, DCTL, RCTL e HTL, são exemplos de
tecnologias mais antigas utilizadas em sistemas digitais. De acordo com Ashenden (2018, p.
79), essas famílias se baseiam na utilização de diodos e transistores para realizar operações
lógicas, tais como inversão, portas lógicas e circuitos combinacionais. No entanto, essas
famílias apresentam limitações em termos de velocidade de transmissão de dados e consumo
de energia.

Com o avanço da tecnologia de fabricação de circuitos integrados, surgiram novas famílias


lógicas, como ECL, MOS e CMOS, que apresentam correntes de entrada mais baixas, maior
velocidade de transmissão de dados e menor consumo de energia. Segundo Kang e Leblebici
(2003, p. 22), a família CMOS tem se destacado como uma das mais promissoras, com
correntes de entrada na faixa de nano ampères e baixo consumo de energia. Essas
características tornam a família CMOS ideal para aplicações em sistemas digitais de alta
velocidade e baixo consumo de energia, como em dispositivos móveis e sensores IoT.

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2.2 Família DTL, DCTL, RCTL e HTL

A família DTL (Diode-Transistor Logic) é uma tecnologia de circuitos lógicos que foi
amplamente utilizada na década de 1960 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2004). Essa
tecnologia consiste em diodos e transistores, sendo que os diodos são responsáveis por
realizar a função de lógica, enquanto os transistores são utilizados para amplificar o sinal. A
principal vantagem da família DTL é a sua simplicidade, além de ser relativamente barata e
fácil de implementar. No entanto, essa tecnologia possui limitações em relação à velocidade
de operação e à dissipação de energia.

A família DCTL (Diode-Clamped Transistor Logic) é uma evolução da tecnologia DTL, que
foi introduzida na década de 1970 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2004). Essa tecnologia
utiliza diodos zener para realizar a função de clamping, permitindo que os transistores operem
em modo saturado ou corte. A principal vantagem da família DCTL é a sua capacidade de
operar em alta velocidade, além de possuir baixa dissipação de energia. No entanto, essa
tecnologia possui limitações em relação à imunidade a ruídos.

A família RCTL (Resistor-Clamped Transistor Logic) é uma tecnologia que foi introduzida na
década de 1980 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2004). Essa tecnologia utiliza resistores para
realizar a função de clamping, permitindo que os transistores operem em modo saturado ou
corte. A principal vantagem da família RCTL é a sua imunidade a ruídos, além de possuir
baixa dissipação de energia. No entanto, essa tecnologia possui limitações em relação à
velocidade de operação.

A família HTL (High Threshold Logic) é uma tecnologia que foi introduzida na década de
1990 (BOYLESTAD; NASHELSKY, 2004). Essa tecnologia utiliza um nível de tensão de
entrada mais elevado do que as demais famílias, o que permite uma maior imunidade a ruídos.
Além disso, a família HTL possui baixa dissipação de energia e é capaz de operar em alta
velocidade. No entanto, essa tecnologia é relativamente complexa e possui custo mais elevado
em comparação às demais famílias.

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2.3 Família TTL

A família TTL (Transistor-Transistor Logic) utiliza transistores bipolares como seu principal
componente, sua tensão de alimentação se restringe a 5V contínuos, com uma faixa de tensão
correspondente aos níveis lógicos 0 e 1. Os transistores bipolares utilizados nessa família
possuem vários emissores, chamados de Multiemissores. Seu uso se destaca em duas séries
comerciais: A militar e a de uso padrão. O uso padrão começa com o número 74xxx, onde o x
pode ser uma soma de letras e números, seu trabalho se dá em uma faixa de temperatura
estreita, de 0°C até 70°C. Já a série militar se inicia com o número 54xxx, seu destaque é o
trabalho em amplas faixas de temperatura, podendo ir de -55ºC a 125ºC. A família TTL se
encontra com algumas características especiais em suas entradas e saídas, pode se destacar:
open-collector, tri-state, schimitt-trigger.

Na característica open-collector, os circuitos TTL não possuem o resistor de coletor, com isso,
se faz necessário o uso de um resistor externo, ou seja, a limitação da corrente se dá ao lado
de fora do circuito.

Na característica Tri-State os componentes operam em três estados: nível baixo, alto e alta
impedância. Pode-se destacar a alta impedância, quando o circuito não fornece e nem absorve
corrente e sua saída fica desconectada, permitindo que se ligue vários dispositivos em uma
única linha de dados.

Na característica Schimitt-Trigger, sua particularidade se destaca em ser imune a ruídos


(desde que esteja abaixo da tensão de limiar). Sua entrada possui dois valores diferentes para
a transição lógica: um para valores ascendentes da tensão de entrada e outro para valores
descendentes da tensão de entrada.

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2.4 Família ECL e MOS

A família ECL (Lógica de Emissores acoplados) faz com que os transistores não trabalhem na
região de saturação, resultando um tempo menor de resposta, ou seja, o acoplamento é direto
entre os emissores dos transistores. A família ECL possui dois blocos lógicos principais: a
porta OU (saída Z1) e a porta NOU (Z2). A porta OU executa a soma (disjunção) booleana de
duas ou mais variáveis binárias. Já a porta NOU será o inverso da função OU, ou seja, sua
saída será 0 se uma ou mais entradas forem 1. Destaca-se que a potência dissipada pelos
blocos e da ordem de 50 a 70 mW por bloco.

Já a família MOS (Metal-Oxide Semiconductor) se destaca por circuitos formados a partir de


transistores MOSFETs (Metal-Oxide Semiconductor Field Effect Transistor), onde seu
funcionamento é realizado através do efeito do campo elétrico, que acontece pela junção de
sua composição. A tecnologia MOS tem um maior nível de integração do que a bipolar, para
implementar um grande número de componentes dentro de um mesmo pacote. Essa família é
amplamente utilizada em circuitos de armazenamento em massa e microprocessadores. As
vantagens dessa família, pode se destacar o baixo custo de fabricação, menor consumo
(fabricação sem uso de resistor de C.I. Os transistores atuam como resistores). Sua maior
desvantagem é a menor velocidade de operação.

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2.5 Família CMOS

A família CMOS (Complementary MOS) tem seus circuitos construídos basicamente de


pares, sendo MOS canal n e MOS canal p, ou seja, sempre haverá um transistor pMOS
trabalhando com um outro nMOS. Suas principais características são: grande escala de
integração, consumo de baixa potência e seu grande Fan-out (número máximo de portas
similares que uma porta pode acionar permanecendo dentro das especificações). Alguns
exemplos de circuito CMOS incluem amplificadores operacionais, portas lógicas,
registradores, contadores, conversores analógico-digital. Uma de suas vantagens é que eles
podem ser fabricados usando a tecnologia de semicondutores de processo padrão. Além disso,
são relativamente resistentes a danos eletrostáticos, o que os torna mais fáceis de manusear
durante a fabricação e uso.

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2.6 Tendências e Aplicações

As famílias lógicas DTL (Diode-Transistor Logic), DCTL (Diode-Clamped Transistor Logic),


RCTL (Resistor-Clamped Transistor Logic), HTL (High-Threshold Logic), TTL (Transistor-
Transistor Logic), ECL (Emitter-Coupled Logic), MOS (Metal-Oxide-Semiconductor) e
CMOS (Complementary Metal-Oxide-Semiconductor) possuem características elétricas
distintas e são utilizadas em diferentes aplicações. A seguir, serão apresentadas as tendências e
aplicações de cada uma delas:

DTL: A família lógica DTL é uma das mais antigas e consiste em diodos e transistores. Ela é
utilizada em aplicações de baixa complexidade e baixa velocidade, como em equipamentos de
áudio e sistemas de alarme.

DCTL: A DCTL é uma variação da DTL que utiliza diodos adicionais para clamping
(limitação) do sinal de entrada. Ela é utilizada em aplicações de baixa velocidade e baixa
complexidade, como em sistemas de automação residencial e equipamentos de controle de
acesso.

RCTL: A RCTL é uma variação da DCTL que utiliza resistores adicionais para clamping do
sinal de entrada. Ela é utilizada em aplicações de baixa velocidade e baixa complexidade,
como em equipamentos de controle de temperatura e sistemas de iluminação.

HTL: A família lógica HTL utiliza transistores de alto limiar de tensão para realizar a lógica
digital. Ela é utilizada em aplicações de alta tensão e alta corrente, como em sistemas de
acionamento de motores elétricos e equipamentos de alta potência.

TTL: A família lógica TTL utiliza transistores bipolares para realizar a lógica digital. Ela é
utilizada em aplicações de alta velocidade e baixa potência, como em processadores de
computadores, sistemas de controle e equipamentos de telecomunicações.

ECL: A família lógica ECL utiliza transistores de junção emissor-base para realizar a lógica
digital. Ela é utilizada em aplicações de alta velocidade e alta frequência, como em sistemas
de comunicação de dados, aplicações aeroespaciais e militares.

MOS: A família lógica MOS utiliza transistores MOSFET para realizar a lógica digital. Ela é
utilizada em aplicações de baixa potência e alta integração, como em sistemas embarcados,
dispositivos portáteis e equipamentos de automação residencial.

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CMOS: A família lógica CMOS utiliza transistores MOSFET complementares para realizar a
lógica digital. Ela é utilizada em aplicações de baixa potência e alta integração, como em
sistemas embarcados, dispositivos portáteis e equipamentos de automação residencial.

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3. CONCLUSÃO
Cada família lógica apresenta características elétricas distintas que determinam suas
aplicações e desempenho em diferentes situações. A escolha da família lógica mais adequada
para uma determinada aplicação depende de vários fatores, como velocidade, consumo de
energia, imunidade a ruídos elétricos e temperatura de operação. É importante conhecer as
tendências e aplicações das famílias lógicas para escolher a opção mais adequada para o
projeto em questão. Além disso, é importante ressaltar que as famílias lógicas têm evoluído ao
longo do tempo para atender às demandas do mercado.

As tendências atuais envolvem a busca por soluções de baixo consumo de energia, alta
velocidade e alta integração, com menor tamanho e menor custo. Por isso, as famílias lógicas
MOS e CMOS têm ganhado destaque nos últimos anos, devido às suas características de
baixo consumo de energia e alta integração.

Além disso, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IFRR)


destaca a importância de se aprender sobre Eletrônica Digital, uma vez que esta disciplina é
essencial para o desenvolvimento de projetos na área de eletrônica e computação. Por isso, é
muito importante que nós, os alunos se dediquem ao estudo das famílias lógicas e suas
aplicações, buscando sempre atualizar seus conhecimentos e estar em sintonia com as
tendências do mercado.

Outra tendência é a utilização de técnicas de correção de erros, como a redundância, para


garantir a confiabilidade dos sistemas digitais. Isso é particularmente importante em
aplicações críticas, como em sistemas aeroespaciais e militares.

Em suma, as famílias lógicas têm evoluído para atender às demandas do mercado, com
soluções cada vez mais avançadas em termos de velocidade, consumo de energia e
confiabilidade. É fundamental conhecer as características elétricas de cada uma delas para
escolher a opção mais adequada para cada projeto, levando em consideração as tendências e
aplicações atuais.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ASHENDEN, P. J. Digital Logic Families. In: The Designer's Guide to VHDL. 4. ed.
Boston: Morgan Kaufmann, 2018. p. 77-95.
2. KANG, S. M.; LEBLEBICI, Y. CMOS Digital Integrated Circuits: Analysis and Design.
3. ed. New York: McGraw Hill, 2003.
3. WAKERLY, J. F. Digital Design: Principles and Practices. 5. ed. New York: Pearson
Education, 2017.
4. MANO, M. M.; KIME, C. R. Logic and Computer Design Fundamentals. 4. ed. Upper
Saddle River: Pearson Education, 2010.
5. BOYLESTAD, R. L.; NASHELSKY, L. Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos.
10. ed. São Paulo: Pearson, 2004.
6. NEAMEN, D. A. Semiconductor Physics and Devices: Basic Principles. 4th ed. Boston:
McGraw-Hill Higher Education, 2012.
7. SEDRA, A. S.; SMITH, K. C. Microeletrônica. 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2011.
8. MALVINO, A. P.; BATES, D. J. Eletrônica. Vol. 1. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007.
9. RASHID, M. H. Eletrônica de Potência: Circuitos, Dispositivos e Aplicações. 3. ed. São
Paulo: Prentice Hall, 2006.
10. TEXAS INSTRUMENTS. Transistor-Transistor Logic (TTL). Disponível em:
https://www.ti.com/logic-circuit/ttl/overview.html. Acesso em: 05 maio 2023.
11. MANUAL DO ENG. TTL - Transistor-Transistor Logic. Disponível em:
http://www.vitae.net.br/manualengttl.pdf. Acesso em: 05 maio 2023.
12. MORAIS, A. V. F. Eletrônica digital: Circuitos Lógicos. São Paulo: Érica, 2012.
13. WENDLING, Marcelo. Famílias Logicas: características gerais. UNESP, 2010.
Disponível em: https://www.feg.unesp.br/Home/PaginasPessoais/ProfMarceloWendling/
6---familias-logicas-i---ii.pdf. Acesso em: 05 maio 2023.
14. SCHNEIDER JR, Bertoldo. Famílias e tecnologias digitais. UFPR, 2001.
Disponível em: http://paginapessoal.utfpr.edu.br/fabioks/disciplinas/tecnico-integrado/
el04e-eln-digital-1/el04e-eletronica-digital-1-tecnico-integrado/aulas/Familias-
Digitais_Bertoldo_Fabio_Schneider.pdf. Acesso em: 05 maio 2023.

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