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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Instituto Multidisciplinar
Departamento de Ciências Econômicas
1ª Lista de Exercícios de Microeconomia II Semestre: 2021.2
Professor: Israel Sanches Marcellino

Questão 1) A função de produção de uma firma é dada por Q = L2K onde Q é o nível de produção, e L e K
representam as quantidades de trabalho e capital, respectivamente, contratados para viabilizar a produção.

a) Calcule a taxa marginal de substituição técnica entre os fatores quando as quantidades contratadas
de fatores forem iguais a L = 2 e K = 16.

A Taxa Marginal de Substituição Técnica, ou Taxa Técnica de Substituição, nos dá a inclinação da


isoquanta em um determinado ponto e é determinada pela razão entre os produtos marginais dos fatores de
produção, isto é:

=−

Como, para a função de produção dada:

( , )
= =2

( , )
= = ²

Temos que:

2 2
=− =−

Onde, para o ponto (L,K) = (2,16), chegamos à resposta:

( )
R: =− = −16

b) Nestas condições, se o preço do fator trabalho for w = 10, qual deverá ser o preço do fator capital
(r) e o preço do produto (p) para que a firma esteja operando de forma a maximizar seus lucros
utilizando as quantidades de K e L assinaladas?

Se a empresa maximiza seus lucros e tem liberdade para definir K e L, então necessariamente atende às
condições a seguir:

Exprimindo nos termos das funções de produto marginal para L e K calculadas no item anterior:
2 =

²=

Sabendo-se que w = 10, a empresa maximiza lucros ao escolher L = 2 e K = 16 quando

10
64 =

4=

Pela primeira equação encontramos que = 5 32 (isto é, 0,15625).

Substituindo o valor de p na segunda equação e resolvendo para r, encontramos que = 5 8 (isto é, 0,625).

R: Para que L = 2 e K = 16 sejam as soluções do problema de maximização da lucros da firma quando a


taxa de salários é w = 10, necessariamente a taxa de juros e o preço do produto precisam ser respectivamente
= 5 8 e = 5 32.

Questão 2) Suponha uma situação em que os mercados de produto e de fatores são competitivos. O preço
do bem produzido pela empresa é R$ 4,00 os preços do insumo variável e fixo são R$ 1,00. A quantidade
do insumo fixo é 2. A função de produção é y = x11 / 2 x 2 .

a) Calcule a quantidade de insumo utilizada, a quantidade de produto vendido e o nível de lucros


obtidos.

Como a empresa se comporta de forma a maximizar lucros e um dos insumos é fixo, ela escolhe a
quantidade do insumo variável tal que:

!
=

Onde W1 é o preço de X1, que sabemos ser igual a 1, e P é o preço do produto, que sabemos ser igual a 4.

Seja X2 = 2, a função de produção de curto prazo é:


"=2

Tal que:

1 2 1
=$ % =
2 ⁄ ⁄

Substituindo o produto marginal do de X1 e os valores dos preços do produto e do fator de produção na


condição de maximização de lucros, podemos encontrar a quantidade utilizada do insumo variável:

1 1
= ∴ = 16
⁄ 4
Calculando o valor da função de produção a partir da quantidade do insumo variável, encontramos o quanto
a empresa venderá no mercado:


"=2 ∴ " = 2(4) = 8

O nível de lucros é obtido deduzindo-se o custo total da receita total, o que é possível encontrar pois
sabemos o preço do bem, o nível de produção, a combinação de fatores de produção utilizada e os preços
dos insumos:

' = "−! −!

' = 4(8) − 1(16) − 1(2) = 32 − 16 − 2 = 14

R: ∗
= 16 ; " ∗ = 8 ; ' ∗ = 14

b) O que ocorreria se o preço do insumo 1 fosse elevado para R$ 2,00?

)*
Quando o preço do insumo 1 aumenta, altera-se a razão , provocando mudança na combinação ótima de
+
fatores de produção da firma.

Ainda assim a firma segue sendo maximizadora de lucros de tal forma que, no curto prazo, seguem valendo
as seguintes condições:

!
=

1
= ⁄

Substituindo os preços do insumo 1 e do bem, temos que:

1 2
= ∴ =4
⁄ 4

De tal maneira que, substituindo na função de produção, obtemos o nível de produto


"=2 ∴ " = 2(2) = 4

E substituindo na função de lucro encontramos o novo nível de lucro:

' = "−! −!

' = 4(4) − 2(4) − 1(2) = 16 − 8 − 2 = 6

R: O aumento do preço de X1 provocou: (i) uma queda da demanda da firma por esse fator de produção tal
que seu nível ótimo passou a ser ∗ = 4 , (ii) uma queda no nível ótimo de produção, que passou a ser
" ∗ = 4 , e fez com que a firma passasse a maximizar seus lucros em um patamar menor: ' ∗ = 6.
c) Esboce o gráfico com as retas de isolucro em ambas as situações.

Seja a forma geral da função de lucro descrita por

' = "−! −!

Substituindo os preços e o valor do insumo fixo, chegamos às seguintes expressões para o cenário A
(quando W1 = 1) e o cenário B (quando W1 = 2):

', = 4" − −2

'- = 4" − 2 −2

Tal que, obtemos as equações gerais das retas de isolucro resolvendo as equações para y, de forma que a
função de uma reta de isolucro é definida no mesmo espaço cartesiano que a função de produção:

Reta de Isolucro no cenário A:

(', + 2)
"= +
4 4

Reta de Isolucro no cenário B:

('- + 2)
"= +
2 4

Graficamente, para um mesmo nível de lucros, cada mapa de retas de isolucros apresentará os mesmos
interceptos com o eixo vertical para o mesmo nível de lucros, mas as retas do cenário B terão o dobro da
inclinação das retas do cenário A. No gráfico abaixo, pode-se ver o esboço de tais mapas de retas de
isolucros, tal que as retas contínuas, mais inclinadas, são pertinentes ao cenário B e as retas tracejadas,
pertinentes ao cenário A para diferentes níveis de lucros

∏a’’=∏b’’

∏a’=∏b’

∏a=∏b

X1

Questão 3) As funções de produção relacionadas a seguir apresentam rendimentos decrescentes, constantes


ou crescentes de escala?
a) f (K,L) = 0,5KL

O método mais simples para verificar se uma função de produção tem rendimentos crescentes, decrescentes
ou constantes de escala é atribuir, hipoteticamente, um aumento linear na proporção de uma constante
positiva λ, por suposto maior que 1, e verificar o impacto que esse aumento geraria no nível de produção.
Se a produção aumenta exatamente na proporção de λ, a tecnologia se caracteriza por retornos constantes
de escala, se o aumento for maior que λ, teremos retornos crescentes e retornos decrescentes para aumentos
menores que λ.
No caso da função de produção acima:

f (K,L) = 0,5KL

f (λK, λL) = 0,5 (λK) (λL) = λ²(0,5KL) = λ² [f (K,L)]

Como λ > 1, então podemos dizer que f (λK, λL) > λ [f (K,L)].

Portanto, temos uma função de produção com retornos crescentes de escala.

b) f (K,L) = 2K + 3L

f (λK, λL) = 2(λK) + 3 (λL) = λ (2K + 3L) = λ [f (K,L)]

Como f (λK, λL) = λ [f (K,L)], então temos uma função de produção com retornos constantes de escala.

c) f (K,L) = 3KL

f (λK, λL) = 3 (λK) (λL) = λ²(3KL) = λ² [f (K,L)]

Logo, f (λK, λL) > λ [f (K,L)]. Portanto, temos uma função de produção com retornos crescentes de escala.

d) f (K,L) = 2 K1/4 L1/2

f (λK, λL) = 2 (λK)1/4 (λL) 1/2 = (λ1/4) (λ1/2) (2 K1/4 L1/2) = λ3/4 (2 K1/4 L1/2) = λ3/4 [f (K,L)]

Logo, f (λK, λL) < λ [f (K,L)]. Portanto, temos uma função de produção com retornos decrescentes de
escala.

e) f (K,L) = 0,5 K1/2 L3/4

f (λK, λL) = 0,5 (λK)1/2 (λL) 3/4 = (λ1/2) (λ3/4) (0,5 K1/2 L3/4) = λ5/4 (2 K1/2 L3/4) = λ5/4 [f (K,L)]

Logo, f (λK, λL) > λ [f (K,L)]. Portanto, temos uma função de produção com retornos crescentes de escala.

f) f (K,L) = 2K2 + 3L2

f (λK, λL) = 2(λK)² + 3 (λL)² = λ² (2K² + 3L²) = λ² [f (K,L)]

Como f (λK, λL) > λ [f (K,L)], então temos uma função de produção com retornos crescentes de escala.

Questão 4) Diga como se comportam o formato e a posição das curvas de isoquantas envolvendo dois
fatores nas seguintes situações:

a) fatores perfeitamente substitutos;

Uma função de produção de fatores substitutos perfeitos tem o seguinte formato:

f (K,L) = AK + BL, onde A e B são constantes.


Isso quer dizer que os dois fatores são perfeitamente intercambiáveis a uma taxa constante (TMST = -A/B)
em todo o domínio da função de produção.

No mapa de isoquantas, esse tipo de tecnologia reflete uma relação tal que o nível de produção será sempre
o mesmo desde que a soma da quantidade de K e L seja sempre o mesmo, independente da proporção de K
e L usada. Graficamente, portanto, teremos um mapa de isoquantas lineares para as quais os interceptos
com o eixo vertical e o eixo horizontal têm os mesmos valores para cada isoquanta, conforme o esboço
abaixo

b) fatores combinados em proporções fixas, dado o estado da técnica;

A noção de complementaridade implica a necessidade de se conjugar um mix de fatores de produção em


uma determinada proporção para operacionalizar o processo produtivo. Assim sendo, caso a combinação
de fatores de produção esteja exatamente na proporção condicionada pela tecnologia, a firma os estará
usando da forma mais eficiente possível, do ponto de vista técnico. Contudo, se a combinação de fatores de
produção utilizada gerar um desbalanço nessa proporção tecnicamente eficiente, um desses fatores (se
estivermos falando de dois fatores apenas) estará sendo usado em demasia, pois não será capaz de aumentar
o nível de produção, isto é, não será capaz de fazer a firma sair de uma isoquanta para outra superior.

Uma tecnologia com essas características gera uma função de produção com o seguinte formato:

f (K,L) = mín {AK, BL}, onde A e B são constantes.

Essa função de produção também pode ser chamada de função de produção de Leontief, em homenagem
ao economista russo que contribuiu significativamente para o referencial de análise provido pela matriz
insumo-produto1, que dá um tratamento à tecnologia convergente com esse tipo de função de produção.

Tal que, no mapa de isoquantas, o conjunto de combinações tecnicamente eficientes constituirão vértices a
partir dos quais, mantido o nível de L, quantidades adicionais de K farão a firma estar na mesma isoquanta
e, mantido o nível de K, quantidades adicionais de L terão o mesmo efeito. Esse tipo de isoquanta pode ser
visto no esboço abaixo:

1
Nos cursos de economia, esse tópico normalmente é aprofundado nas disciplinas de contabilidade social.
c) existência de retornos constantes, crescentes ou decrescentes de escala.

Neste caso, a relação entre a tecnologia, que condiciona a função de produção da firma, e o mapa de
isoquantas gera desdobramentos na distância entre isoquantas. É fundamental lembrar que cada isoquanta
representa um nível de produção determinado e quanto mais distante é uma isoquanta da origem do gráfico,
maior o nível de produção representado por ela.

Quando a firma opera com retornos constantes de escala, uma multiplicação do nível de produção em λ
vezes decorre de um aumento no uso de cada fator de produção nas mesmas λ vezes, fazendo com que a
expansão progressiva da produção provoque um deslocamento entre isoquantas em intervalos regulares.
Assumindo uma forma gráfica conforme o esboço abaixo:

No caso de uma firma que opera com retornos decrescentes de escala, o mesmo aumento do nível de
produção em λ vezes é alcançado com incrementos maiores que λ vezes no uso de todos os fatores de
produção. Nesse sentido, a expansão progressiva da produção provoca um deslocamento entre isoquantas
cada vez mais distantes entre si. Assumindo uma forma gráfica conforme o esboço abaixo:

Por último, no caso da firma com retornos crescentes, o mesmo aumento em λ vezes no nível de produção
requer um incremento de ordem menor que λ dos fatores de produção utilizados, o que resulta em um mapa
de isoquantas com curvas cada vez mais próximas a medida em que aumenta o nível de produção.
Assumindo uma forma gráfica conforme o esboço abaixo:

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