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Teoria Microeconômica II

REC2110

Lista de exercícios 03 Professora Elaine Toldo Pazello


2º semestre de 2019 Monitor: André Luís Menegatti
FEA-RP/USP E-mail: andre.menegatti@usp.br

Monopólio
Exercício 1) Uma empresa monopolista opera com custo 𝐶(𝑞) = 5𝑞. A curva de demanda
do mercado é 𝐷(𝑝) = 550 − 10𝑝.

a) Calcule o preço, a quantidade de equilíbrio e o lucro obtido pela empresa monopo-


lista.
Utilizando a demanda inversa 𝑝(𝑞) = 550−𝑞 10
, sabemos que o lucro do monopolista
550𝑞−𝑞 2
é dado por 𝜋 = 𝑝𝑞 − 𝑐(𝑞) = 10
− 5𝑞. Sabemos que a condição de primeira
ordem do problema de maximização de lucro equivale à igualdade 𝑅𝑀 𝑔 = 𝐶𝑀 𝑔.
Portanto:
550 − 2𝑞
𝑅𝑀 𝑔 = 𝐶𝑀 𝑔 =⇒ = 5 =⇒ 𝑞𝑚 = 250 (1)
10
Substituindo 𝑞𝑚 = 250 na demanda inversa:
550 − 250
𝑝(𝑞𝑚 ) = = 30. (2)
10
Substituindo 𝑞𝑚 = 250 e 𝑝𝑚 = 30 na expressão para o lucro:

𝜋(𝑝𝑚 , 𝑞𝑚 ) = 30(250) − 5(250) = 6.250 (3)

b) Calcule o preço e a quantidade que seriam praticados neste mercado, se vigorasse a


competição perfeita (com custo igual para todas as empresas).
Vamos denotar a quantidade e o preço de competição perfeita como 𝑞𝑒 e 𝑝𝑒 , respec-
tivamente. Em competição perfeita, 𝑃 = 𝐶𝑀 𝑔. Portanto, utilizando os resultados
do item anterior para a demanda inversa e custo marginal:
550 − 𝑞
= 5 =⇒ 𝑞𝑒 = 500 (4)
10
Substituindo 𝑞𝑒 = 500 na demanda inversa:
550 − 500
𝑝(𝑞𝑒 ) =⇒ 𝑝𝑒 = 5 (5)
10

c) Calcule o ônus (deadweight loss) do monopólio.


O peso morto do monopólio é representado pela área identificada com a letra A no
gráfico a seguir:

Podemos verificar que o peso morto corresponde a área de um triângulo de base


igual a 250 (diferença das quantidades, 𝑞𝑚 − 𝑞𝑒 ) e altura igual a 25 (diferença do
preço cobrado pelo monpolista e seu custo marginal, 𝑝𝑚 − 𝐶𝑀 𝑔(𝑞𝑚 ))1 . Logo, o peso
morto é igual a 3125.

d) Calcule o markup praticado pelo monopolista.


Sabemos que:
1
𝑃 (𝑞) = 𝐶𝑀 𝑔 1 (6)
1 − |𝜀|
O markup corresponde ao termo que multiplica o custo marginal, 1−1 1 . Portanto,
|𝜀|
com 𝑝𝑚 = 5 e 𝐶𝑀 𝑔 = 5, no problema em questão o markup do monopolista é igual
a 6.

1
Nesse exemplo específico, 𝐶𝑀 𝑔(𝑞𝑚 ) = 𝑝𝑒 , em razão de o custo marginal ser constante (horizontal).
No entanto, esse nem sempre é o caso. Compare com o item e) do exercício 5, por exemplo.
Exercício 2) Considere um monopolista com função demanda inversa 𝑝(𝑞) = 90 − 5𝑞 e
custos iguais a 𝐶(𝑞) = 200 + 10𝑞.

a) Calcule a quantidade e o preço que maximizam o lucro do monopolista.


A receita marginal do monopolista é dada por: 𝑅𝑀 𝑔 = 𝜕𝑝(𝑞)𝑞𝜕𝑞
= 90 − 10𝑞. O custo
𝜕𝐶(𝑞)
marginal, por sua vez, é: 𝐶𝑀 𝑔 = 𝜕𝑞 = 10. Sabemos que a maximização de lucros
implica igualdade entre custo marginal e receita marginal (sob monopólio e também
sob concorrência perfeita). Portanto:

𝑅𝑀 𝑔 = 𝐶𝑀 𝑔 =⇒ 90 − 10𝑞 = 10 =⇒ 𝑞𝑚 = 8 (7)

Substituindo 𝑞𝑚 = 8 na demanda inversa:

𝑝(𝑞𝑚 ) = 90 − 5(𝑞𝑚 ) =⇒ 𝑝𝑚 = 50 (8)

b) Calcule o lucro do monopolista.

(︁ )︁
𝜋(𝑝𝑚 , 𝑞𝑚 ) = 𝑝𝑚 𝑞𝑚 − 𝐶(𝑞𝑚 ) = 50(8) − 200 + 10(8) = 120 (9)

c) Suponha que um regulador queira implementar o nível eficiente de produção. Ob-


tenha o preço, quantidade e lucro da firma nesse caso. Você acha que seria uma
política regulatória adequada?
Para obter o nível eficiente de produção, denotado por 𝑞𝑒 , o regulador deveria fazer
com que preço e quantidade fossem iguais aos do competição perfeita. Para isso, é
necessário que haja igualdade entre preço e custo marginal:

𝑃 = 𝐶𝑀 𝑔 =⇒ 90 − 5𝑞 = 10 =⇒ 𝑞𝑒 = 16 (10)

Substituindo na demanda inversa para encontrar o preço de competição perfeita


(i.e., o preço eficiente), denotado por 𝑝𝑒 :

𝑝(𝑞𝑒 ) = 90 − 5𝑞𝑒 =⇒ 𝑝𝑒 = 10 (11)

Obtendo o lucro da empresa no nível de produção eficiente, 𝜋𝑒 :


(︁ )︁
𝜋(𝑝𝑒 , 𝑞𝑒 ) = 10(16) − 200 + 10(16) =⇒ 𝜋𝑒 = −200 (12)

Vemos que o lucro da empresa seria negativo caso o regulador conseguisse imple-
mentar o nível eficiente de produção. Nesse cenário, a empresa preferiria sair do
mercado, o que prejudicaria os consumidores, que não teriam mais a oferta do bem.
Portanto, essa estratégia regulatória não seria adequada. Temos indícios de um
monopólio natural.

d) Uma regulação alternativa seria obrigar a firma produzir no ponto onde o custo
médio iguala a receita média. Calcule o nível de produto, o preço e lucro da firma
com essa política regulatória.

200 + 10𝑞
𝑃 = 𝐶𝑀 𝑒 =⇒ 90 − 5𝑞 = =⇒ −5𝑞 2 + 80𝑞 − 200 = 0 (13)
𝑞
Resolvendo a equação quadrática acima por meio da fórmula de Bhaskara, encon-
√ √
tramos duas soluções: 𝑞 ′ = 8 − 2 6 e 𝑞 ′′ = 8 + 2 6. Como 𝑞 ′ < 𝑞𝑚 , essa solução

pode ser desconsiderada. Substituindo 𝑞 ′′ = 8 + 2 6 na demanda inversa:

𝑝(𝑞 ′′ ) = 90 − 5𝑞 ′′ =⇒ 𝑝′′ = 50 − 10 6 (14)

Calculando lucro do monopolista nesse cenário:

𝜋(𝑝′′ , 𝑞 ′′ ) = 𝑝′′ 𝑞 ′′ − 𝐶(𝑞 ′′ )


√ √ (︁ √ )︁
= (50 − 10 6)(8 + 2 6) − 200 + 10(8 + 2 6)
√ √ √
= 400 + 100 6 − 80 6 − 20(6) − (200 + 80 + 20 6)
√ √ (15)
= 400 + 20 6 − 120 − (280 + 20 6)
√ √
= 280 + 20 6 − 280 − 20 6
= 0

e) Argumente através da forma das curvas de custo médio e marginal qual das duas
políticas é mais adequada.
Este caso traz indícios de um monopólio natural, com 𝐶𝑀 𝑒 > 𝐶𝑀 𝑔 para qualquer
quantidade produzida, pois a empresa possui custos marginais pequenos e custos
fixos elevados. Uma intervenção que obrigasse a empresa a produzir a quantidade
eficiente resultaria em lucros negativos e não seria adequada. Uma solução seria
impor preço e quantidade em que a empresa apresenta lucro nulo (𝐶𝑀 𝑒 = 𝑝), de
forma a obter uma quantidade maior (e preços menores) do que a solução de mo-
nopólio. Portanto, a segunda opção seria mais adequada. No entanto, é importante
ressaltar que, na prática, esse tipo de problema regulatório é bastante complexo,
porque o regulador dificilmente conhecerá a real estrutura de custos da empresa,
havendo grande assimetria informacional entre as duas partes.
Exercício 3) Um monopolista com custo marginal constante opera num nível de produção
em que |𝜀| = 3. O governo impõe um imposto de R$6,00 por unidade produzida.
Para esse exercício, vide exemplo da seção 25.3 do Varian.

a) Se a curva de demanda com a qual se defronta o monopolista for linear, em quanto


aumenta o preço?
Sabemos que nesse caso a variação no preço será:
1
Δ𝑝 = 6 = 3 (16)
2

b) Qual é a resposta para a pergunta anterior se a curva de demanda com a qual o


monopolista se defronta tiver elasticidade constante?
Denotando por 𝑡 o valor do imposto:
1 1
Δ𝑝 = 𝑡 1 = 6 1 =9 (17)
1 − |𝜀| 1− 3

Exercício 4) Se a curva de demanda com a qual o monopolista se defronta tiver uma


elasticidade constante |𝜀| = 2:

a) Qual será o markup no custo marginal?

1 1
𝑚𝑎𝑟𝑘𝑢𝑝 = 1 = 1 =2 (18)
1 − |𝜀| 1− 2

b) O governo pensa em subsidiar os custos marginais do monopolista descrito na ques-


tão anterior. Que nível de subsídio o governo deverá escolher, se desejar que o
monopolista alcance a quantidade social ótima de produção?
A quantidade social ótima de produção será aquela que em que preço e custo mar-
ginal são iguais (quantidade de competição perfeita). Portanto, usando 𝑃 = 𝐶𝑀 𝑔
e denotando por 𝑠 o subsídio dado pelo governo:

𝑃 = (𝐶𝑀 𝑔 − 𝑠) 1−1 1
|𝜀|

𝑃 = (𝑃 − 𝑠)2
𝑃 = 2𝑃 − 2𝑠 (19)
𝑠 = 𝑃2
𝑠 = 𝐶𝑀 2
𝑔
Portanto, o governo deveria subsidiar metade do custo marginal do monopolista
para induzir a produção da quantidade que seria produzida sob competição per-
feita.

Exercício 5) Um monopolista cujos custos de produção são dados por 𝑐(𝑞) = 𝑞 2 + 100
defronta-se com a demanda de mercado 𝑝 = 𝐴 − 3𝑞, em que 𝐴 > 0 é uma constante.
Analise a veracidade das afirmativas a seguir.

a) Se 𝐴 < 40, o monopolista terá prejuízo no equilíbrio.


A receita do monopolista é: 𝑅(𝑞) = 𝑝(𝑞)𝑞 = (𝐴 − 3𝑞)𝑞 = 𝐴𝑞 − 3𝑞 2 . Derivando a
receita em relação a 𝑞, encontramos a receita marginal, 𝑅𝑀 𝑔(𝑞) = 𝐴−6𝑞. Derivando
a função de custos em relação a 𝑞, encontramos a função de custo marginal do
monopolista: 𝐶𝑀 𝑔(𝑞) = 2𝑞. Sabemos que a maximização de lucros implica 𝑅𝑀 𝑔 =
𝐶𝑀 𝑔. Portanto:
𝐴
𝑅𝑀 𝑔(𝑞) = 𝐶𝑀 𝑔(𝑞) =⇒ 𝐴 − 6𝑞 = 2𝑞 =⇒ 𝑞𝑚 = (20)
8
Acima, encontramos a quantidade que o monopolista escolherá produzir para ma-
ximizar seus lucros, 𝑞𝑚 , como função de 𝐴. Substituindo 𝑞𝑚 = 𝐴8 na função de
demanda inversa, encontramos o preço que o monopolista irá cobrar ao produzir 𝑞𝑚
unidades, também em função de A:
𝐴 5𝐴
𝑝𝑚 = 𝐴 − 3𝑞𝑚 = 𝐴 − = (21)
8 8
Com esses resultados, podemos obter uma expressão para o lucro do monopolista
em função de 𝐴:
𝜋𝑚 = 𝑝𝑚 𝑞𝑚 − 𝑐(𝑞𝑚 )⎛ ⎞
(︂ )︂(︂ )︂ (︂ )︂2
5𝐴 𝐴 𝐴
= 8 8
− ⎝
8
+ 100⎠
(22)
5𝐴2 𝐴2
= 64
− 64
− 100
4𝐴2
= 64
− 100
Fazendo 𝜋 = 0, podemos encontrar o valor de 𝐴 associado a lucros nulos:
4𝐴2
𝜋 = 0 =⇒ − 100 = 0 =⇒ 𝐴 = 40 (23)
64
Com esse resultado e com a expressão que encontramos para o lucro, podemos
perceber que 𝜋 = 0 quando 𝐴 = 40, 𝜋 > 0 quando 𝐴 > 40 e 𝜋 < 0 quando 𝐴 < 40.
Portanto, o monopolista terá prejuízo no equilíbrio para 𝐴 < 40 e a afirmativa está
correta.
b) A alocação eficiente nesse mercado é 𝑞𝑒 = 2𝐴
5
.
Falso. Sabemos que a alocação eficiente é aquela que satisfaz 𝑝 = 𝐶𝑀 𝑔. Assim,
resolvendo 𝐴 − 3𝑞 = 2𝑞, encontramos 𝑞𝑒 = 𝐴5 .

c) Se 𝐴 = 45, será possível regular o monopólio de modo que este produza quantidade
competitiva sem ter prejuízo.
Falso. Vimos que 𝑞𝑒 = 𝐴5 . Portanto, para 𝐴 = 45, temos 𝑞𝑒 = 9. Substituindo
essa quantidade na demanda inversa, encontramos 𝑝𝑒 = 18. Calculando o lucro do
monopolista nesse cenário: 𝜋(𝑝, 𝑞) = 𝑝𝑞−(𝑞 2 +100) = 8(9)−(92 +100) = 162−181 =
−19. Portanto, o lucro é negativo e a afirmativa é falsa.

d) Considerando 𝐴 = 48, um regulador que estipule um preço mínimo de $30, 00 estará


agindo conforme o interesse do monopolista de maximizar lucro em detrimento do
ótimo social.
Verdadeiro. Sabemos que 𝐶𝑀 𝑔 = 2𝑞. Para 𝐴 = 48, temos 𝑅𝑀 𝑔 = 48 − 6𝑞. A
condição de primeira ordem do problema de maximização de lucro é equivalente a
𝑅𝑀 𝑔 = 𝐶𝑀 𝑔. Logo: 48 − 6𝑞 = 2𝑞 =⇒ 48 = 8𝑞 =⇒ 𝑞𝑚 = 6. Substituindo
esse resultado na demanda inversa, temos: 𝑝𝑚 = 48 − 3(6) = 30. Portanto, se
o regulador estipular o preço mínimo de R$30,00 o monopolista continuará sendo
capaz de praticar o preço que maximiza o seu lucro de monopólio, produzindo
quantidade sub-ótima e gerando perda de bem estar social equivalente à área do
triângulo de Harberger.

e) Quando 𝐴 = 48, o peso morto do monopólio é igual a 36.


Falso. Para 𝐴 = 48, a solução de competição perfeita seria: 𝑃 = 𝐶𝑀 𝑔 =⇒
48 − 3𝑞 = 2𝑞 =⇒ 𝑞𝑒 = 48 5
= 9, 6. Além disso, vimos que para 𝐴 = 48 o monopo-
lista irá produzir 𝑞𝑚 = 6, incorrendo em um custo marginal 𝐶𝑀 𝑔(𝑞𝑚 ) = 2𝑞𝑚 = 12.
Portanto, o peso morto, 𝐷𝑊 𝐿, será igual à área de um triângulo de base 𝑏 =
𝑝𝑚 − 𝐶𝑀 𝑔(𝑞𝑚 ) = 30 − 12 = 18 e altura ℎ = 𝑞𝑒 − 𝑞𝑚 = 9, 6 − 6 = 3, 6 - ou seja,
𝐷𝑊 𝐿 = 32, 4.

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