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Uma igreja para cada povo

Donald A. IVicGawart 8 9

N o final do século XX, traçou-se o objetivo de pregar o evan­


gelho e organizar, com a graça de Deus, o Corpo de Cristo
de modo visível em cada segmento da humanidade que ainda não
tenha uma igreja formada. A pergunta que se faz agora é: “Deve­
mos organizar um a igreja ou um conglom erado de igreja s que cres­
cem}”. Com a expressão “segmento da humanidade” quero dizer
um núcleo urbano, um vilarejo, um a casta, um a tribo, um vale,
uma planície ou um grupo populacional minoritário. O alvo de
longo alcance ao qual se apegar nunca deverá ser o primeiro, mas
sempre o segundo. O alvo não é uma congregação que seja um
grupo isolado em cada povo, e sim um conglom erado de igrejas que
crescem em cada segm ento. E preciso ter sempre em mente esse alvo
durante anos ou décadas, até que seja alcançado.
Ao considerar o tema destacado em itálico, devemos nos lem ­
brar de que geralmente é fácil dar início a uma única igreja no meio
de um povo que ainda não tem nenhuma igreja. O missionário
chegou. Ele e sua família cultuam aos domingos. São os prim ei­
ros membros da congregação. Ele aprende o idioma local, prega
o evangelho e vive como cristão. Fala às pessoas acerca de Cristo
e ajuda-as em seus problemas. Vende folhetos e evangelhos ou
os distribui. As vezes, as pessoas aproximam-se dele por razões
aceitáveis e espirituais; outras vezes, fazem-no até com segundas
intenções. Aqui e ali, uma mulher, um homem, um menino, uma
menina tomam a decisão de seguir a Jesus. Alguns empregados
DONALD A. MCGAVRAN nasceu na
índia, filho de missionários. Retornou
da missão tornam-se cristãos: pedreiros contratados para cons­
àquele país na terceira geração de truir edifícios, empregadas domésticas que trabalham na casa do
missionários, em 1923, e trabalhou missionário, pessoas recuperadas, órfãos. A história das missões
como diretor de educação religiosa, na A frica está repleta de casos de igrejas que começaram com
além de traduzir o evangelho para
escravos que foram comprados pelas missões, libertados e empre­
o dialeto chhattisgarhi. Ele fundou a
School of World Mission, do Fuller
gados ali, de modo que não tinham condições de voltar ao convívio
Theological Seminary, e foi seu deão dos parentes. Nessa situação, podiam decidir aceitar ao Senhor.
emérito. McGavran escreveu vários H á cerca de 150 anos, esse era uma forma comum de iniciar uma
livros influentes, entre eles The igreja. Com o fim da escravatura, naturalmente esse método dei­
Bridges o fG od [Pontes de Deus],
xou de ser usado.
How Churches Grow [Como as
igrejas crescem] e Compreendendo
Uma única congregação que surja da maneira que acabei de
o crescimento da igreja (São Paulo: descrever é quase sempre uma igreja que é um ajuntamento de pes­
SEPAL, 2001). soas, composta de membros de diferentes segmentos da sociedade.
Alguns membros são pessoas idosas, outros são falar. Eles lhe dizem: “Você não é mais um dos
jovens, órfãos, pessoas recuperadas, empregados nossos. Você nos abandonou, gosta mais deles
domésticos dos missionários e entusiastas. Os que de nós. Agora você adora os deuses deles, e
mais entusiasmados são investigados para se não os nossos”. Como resultado, congregações
ter certeza de que, de fato, pretendem receber a que são simples ajuntamentos, constituídas de
Cristo. Um edifício para a igreja é construído no convertidos ganhos dessa maneira, crescem muito
devido tempo, e então se diz que “aquele povo lentam ente. Aliás, pode-se corretamente afirmar
já tem uma igreja”. Contudo, é uma igreja mas- que, nos lugares em que as congregações cres­
sificada: não passa de um aglomerado de pes­ cem dessa maneira, a conversão de unidades
soas. Está isolada dos demais grupos da região. étnicas (grupos de pessoas) dos que deixaram
Nenhum segmento da população chega a dizer: seu povo para unir-se a uma igreja é muito mais
“Esse grupo de adoradores é gente nossa”. Eles difícil. O restante do grupo dirá: “Os cristãos
estão certos. Simplesmente não pertencem ao desencaminharam um dos nossos. Vamos to­
seu povo. Etnicamente, constituem uma uni­ mar providências para que não desencaminhem
dade social distinta. mais ninguém!”.
Esse método comum de iniciar o processo Alcançar um por um é relativamente fá­
de evangelização é lento quando se trata de cil. Talvez 90% dos missionários que planejam
discipular os povos da terra — repare no plu­ fundar igrejas só consigam formar ajuntamen­
ral: “os povos da terra”. Analisemos detidamen­ tos. Eles pregam o evangelho, falam de Jesus,
te o que acontece enquanto essa congregação distribuem folhetos e porções bíblicas e evan­
vai se formando. À medida que cada conver­ gelizam de diversas outras maneiras. Dão as
tido aceita o evangelho, seus parentes passam boas-vindas aos interessados, mas quem é que
a vê-lo como alguém que “nos” deixa e se une eles conquistam? Bem, conquistam um homem
a “eles”. Ele deixa “nossos” deuses para adorar aqui, uma mulher ali, um menino mais adiante
os deuses “deles”. Em consequência disso, os e uma menina acolá, os quais possuem várias
próprios parentes o expulsam. Alguns passam a razões para desejar tornar-se cristãos e para su­
ser totalmente ignorados pelos demais. Outros portar pacientemente uma desaprovação maior
são expulsos de casa e têm a esposa ameaçada. ou menor por parte de seu povo.
Centenas de convertidos já foram envenenados Caso queiramos compreender como as igre­
ou mortos. H á casos em que o ostracismo é jas crescem ou deixam de crescer num novo
brando e não passa de uma severa desaprova­ terreno, ali onde vivem povos ainda não alcan­
ção. O povo considera o convertido um traidor. çados, devemos observar que o processo que
Para os habitantes da região, uma igreja resul­ acabei de descrever parece irreal para a maioria
tante desse processo parece uma assembleia de dos missionários. Sua reação será: “Então qual
traidores. Trata-se de uma congregação que é a melhor maneira de entrar numa região de
um ajuntamento. E constituída de indivíduos povos não alcançados senão ganhar alguns de­
que, um a um, vieram de diferentes sociedades, les primeiro? Em vez de ter uma igreja isolada,
castas ou tribos. como você descreve, na verdade o processo nos
O que acontece quando alguém aceita o proporciona pontos de contato e de entrada em
evangelho é que, caso seja forçado a abandonar cada sociedade nas quais temos convertidos. Pa-
ou voluntariamente abandone um segmento ri­ rece-nos ser isso o que de fato acontece”.
gidamente estruturado da sociedade, a causa do Os que raciocinam dessa maneira conhe­
evangelho ganha o indivíduo, mas perde a famí­ cem o processo de crescimento de igreja apenas
lia. A família, seu povo, os vizinhos dessa tribo, como ocorre num país onde é grande o núme­
ficam muito indignados com ele. São homens ro de cristãos e onde os que seguem a Cristo
e mulheres com quem ele não consegue mais não são marginalizados nem tidos por traidores,
mas, ao contrário, como pessoas que tomaram alvo então não será ganhar alguns motoristas
uma decisão correta. Nesse tipo de sociedade, de táxi, alguns professores universitários, alguns
cada convertido pode mesmo se tornar um ca­ fazendeiros e alguns pescadores, mas organi­
nal para fazer fluir a fé cristã até seus parentes zar igrejas constituídas em sua maior parte por
e amigos. Quanto a isso, não há o que discutir: motoristas de táxi, com suas esposas e filhos,
é justamente o que tento destacar ao dar a um seus ajudantes e seus mecânicos. Enquanto você
de meus livros o título The B ridges o f G od [As ganha convertidos dessa comunidade específica,
pontes de Deus]. a congregação possui uma coesão social natural
Todavia, nas sociedades rigidam ente es­ e interna. Todos se sentem em casa. Sim, o alvo
truturadas, onde o cristianismo é visto como tem de ser claro.
uma religião invasora e onde os indivíduos são Segundo: o líder nacional ou o missionário
expulsos por faltas graves, conseguir convertidos e seus auxiliares devem concentrar a atenção
avulsos entre os vários segmentos da sociedade num único povo. Digamos que você vá formar
é prejudicial. Em vez de construir pontes que um con glom erado de congrega ções crescentes entre
conduzam a cada um desses segmentos, a con­ o povo nair, em Kerala, no extremo sudoeste da
versão de indivíduos isolados apenas levanta ín dia. Nesse caso, você precisa deixar a maior
obstáculos difíceis de serem transpostos. parte de seus missionários e respectivos auxi­
Façamos agora um contraste desse método liares em condições de trabalhar no meio desse
com outro meio que Deus está empregando povo. Eles devem proclamar o evangelho aos
para discipular os povos da terra. M eu relato nairs. Devem também dizer com toda a fran­
não é uma teoria, mas um a descrição ponde­ queza que esperam logo contar com milhares
rada de fatos facilmente observáveis. Ao olhar de seguidores de Jesus Cristo dentro da casta
o mundo em redor, percebe-se que, enquan­ deles, os quais deverão permanecer firmes na
to a maioria dos missionários consegue apenas comunidade. E claro que esses seguidores não
organizar igrejas-ajuntamentos pelo método de irão adorar os antigos deuses do povo nair,
“retirada de um indivíduo de cada vez de seu mas já existem muitos que não os adoram,
grupo social”, aqui e ali surgem conglomerados porque há um grande número de comunistas
de igrejas em crescimento pelo método de mo­ entre esse povo, os quais ridicularizam as ve­
vimentos populares. Elas surgem como resulta­ lhas crenças.
do de tribos ou castas que passam para o lado Os nairs que forem chamados por Deus, e
de Cristo. De muitas maneiras esse é o melhor escolherem crer em Cristo, irão amar os vizi­
sistema. Para usá-lo com eficácia, o missionário nhos como nunca antes e também andarão na
deve agir com base em sete princípios. luz. Serão um povo salvo e belo. Continuarão
Primeiro: o alvo deve ser claro. O alvo não é sendo nairs, porém na condição de cristãos.
ter uma única igreja-ajuntamento numa cidade Repetindo: concentre sua atenção num único
ou numa região. Pode ser que só venham a ter grupo de pessoas. Se você contar com três mis­
essa única igreja, m as isso não d ev erá nunca ser sionários, não ponha um missionário a evange­
o a lvo. O alvo deve ser um conglomerado de lizar este grupo, outro missionário para atingir
congregações crescentes e autóctones em que aquele e o terceiro a quilômetros de distância
cada um dos membros permanece em conta­ para evangelizar outro grupo ainda. Este é o
to íntimo com seu povo. Esse conglomerado melhor caminho para se ter igrejas pequenas e
experimentará o máximo de crescimento, caso sem crescimento: conquistar as pessoas uma a
esteja ligado a um único povo, a uma única cas­ uma. A dinâmica social desses segmentos tra­
ta, a uma única tribo, a um único segmento da balhará vigorosamente contra o surgimento de
sociedade. Por exemplo, se você estiver evan­ qualquer movimento popular e significativo que
gelizando os motoristas de táxi de Taipé, seu conduza a Cristo.
O terceiro princípio é: encoraje os conver­ Incentive os convertidos, na maioria dos
tidos a que permaneçam vivendo da mesma aspectos, a permanecerem vivendo da mesma
maneira que seu povo na maioria dos aspectos. maneira que seu povo. Observe, por favor, a
Devem continuar a comer o que seu povo come. palavra “maioria”. Eles não podem permanecer
Não devem dizer: “M eu povo é vegetariano, em união com seu povo na idolatria, na em­
mas agora que me tornei cristão vou começar briaguez ou em pecados óbvios. Se pertencem
a comer carne”. Depois de se tornarem cris­ a um segmento da sociedade que ganha a vida
tãos, devem mostrar-se ainda mais rigorosos roubando, não devem mais roubar. Na maioria
em seu vegetarianismo. No que diz respeito dos casos (como conversam, como se vestem,
ao vestuário, devem continuar com a mesma como se alimentam, aonde vão, em que tipo
aparência que os outros representantes de seu de casas vivem.), porém, podem se comportar
povo. Quanto ao casamento, a maioria dos po­ exatamente como seu povo e fazer todo esforço
vos é endógama: insistem em que “só se deve para assim proceder.
se casar com pessoas do próprio povo”. Olham Quarto: tente conseguir decisões em grupo
com grande desdém para os que se casam com ao lado de Cristo. Se uma única pessoa decide
pessoas de outros povos. Quando acontece de seguir a Jesus, não a batize imediatamente. Diga
os cristãos irem se convertendo um a um, eles à pessoa: “Você e eu vamos trabalhar juntos para
não têm como se casar com alguém do próprio levar outros 5, 10, ou, se Deus quiser, uns 50
povo, pois ninguém mais se tornou cristão. Na do seu povo a aceitar a Jesus como Salvador, de
época de eles ou seus filhos se casarem, terão de modo que, quando você for batizado, seja bati­
buscar maridos e esposas em outros segmentos zado com eles”. O ostracismo é bem eficiente
da população. Em razão disso, o povo ao qual quando se trata de uma pessoa solitária, porém
pertencem logo os acusa: “E isso que acontece não terá a mesma força contra uma dezena de
quando você se torna cristão. Agora vocês vão pessoas, e, manifestado contra um grupo de
cruzar seus filhos com gente estranha. Você nos duas centenas de membros, não exercerá pra­
deixou e se uniu a eles”. ticamente nenhum efeito.
Todos os convertidos devem ser encorajados Quinto: tenha como alvo que muitos e mui­
a suportar alegremente a expulsão, a opressão e tos grupos desse povo se tornem cristãos num
a perseguição, que não deixará de ser uma pro­ fluxo cada vez maior, no correr dos anos. Um
babilidade. Sempre que alguém adota um novo dos erros mais comuns, cometidos por missio­
estilo de vida, é provável que encontre alguma nários orientais e ocidentais em todo o mundo,
oposição por parte de seus entes queridos. Essa é que quando uns poucos se tornam cristãos,
oposição poderá ser suave ou muito severa. Ele chegando a uma ou duas centenas ou mesmo
deve suportar qualquer antagonismo com pa­ a mil convertidos, o tempo é quase todo dedi­
ciência e ser capaz de dizer em todas as oca­ cado a ensinar os novos convertidos. Querem
siões: “Sou um filho melhor que antes; sou um fazer desses convertidos bons cristãos, e dizem
pai melhor que antes; sou um marido melhor a si mesmos: “Se eles se tornarem bons cris­
que antes. Hoje amo a todos vocês mais do que tãos, então o evangelho irá se espalhar”. Assim,
costumava amar. Vocês podem me odiar, mas eu durante anos, eles se dedicam a umas poucas
não os odiarei. Vocês podem me expulsar, mas congregações. U ma ou duas décadas depois,
eu os receberei. Vocês podem me pôr para fora quando começam a evangelizar fora do grupo,
da casa em que nossa família mora há muitas o restante do povo já não tem mais interesse
gerações, mas eu irei morar na sua varanda. Ou em se tornar cristão. Isso tem acontecido repe­
então vou conseguir uma casa do outro lado da tidas vezes. Esse princípio exige que, desde o
rua. Ainda sou um de vocês. Pertenço agora a início, o missionário trabalhe para alcançar no­
vocês muito mais que antes”. vos grupos. Todavia, alguém pode argumentar:
“M as será que isso não irá resultar num grupo atacou todas as instituições sociais imperfeitas.
de cristãos fracos, que não conhecem a Bíblia? Por exemplo, não combateu a escravatura. Paulo
Se seguirmos esse princípio logo teremos uma disse ao escravo que fosse um melhor escravo.
porção de cristãos imaturos, uma comunidade Disse ao dono de escravos que os tratasse de
de milhares de pessoas que não passam de um maneira mais gentil.
projeto de cristãos”. Na famosa passagem em que Paulo enfa­
Sem dúvida, existe esse perigo. A essa altu­ tiza a unidade, ele também afirma: “Não pode
ra, devemos depender inteiramente do Novo haver [...] nem homem nem mulher”. Todavia
Testamento, lembrando-nos das rápidas sema­ os cristãos, em seus colégios internos e orfana­
nas ou meses de instrução que Paulo ministrou tos, continuam a manter dormitórios separados
às novas igrejas. Devemos confiar no Espírito para meninos e meninas! Em Cristo não há
Santo e crer que Deus chamou essas pessoas distinção de sexo. Os meninos e as meninas são
das trevas para sua maravilhosa luz. Entre os igualmente preciosos aos olhos de Deus. Todos
dois males, ou seja, não m inistrar quase ne­ somos igualmente pecadores, salvos da mesma
nhum ensino cristão e deixar que eles se tornem forma pela graça. Essas coisas são verdadeiras,
uma comunidade isolada que não consegue al­ porém há certas sutilezas acerca de questões
cançar o próprio povo, o último é bem maior. sociais que os cristãos devem agora reparar.
D evem os im p edir que os n ovos con vertid o s se iso­ Quando enfatizamos a fraternidade, não
lem . Devemos sempre garantir que um fluxo podemos nos esquecer de que a maneira mais
constante de novos convertidos vá sendo acres­ eficaz de alcançá-la é conduzir um número cres­
centado ao conglomerado sempre crescente de cente de homens e mulheres de cada etnia, tribo
congregações. ou segmento da sociedade a um relacionamento
Sexto: os convertidos, sejam eles 5 ou 5 de obediência com Cristo. A medida que mul­
mil, devem dizer ou pelo menos sentir: “Nós, tiplicarmos os cristãos em cada um desses seg­
cristãos, somos a sentinela avançada de nosso mentos, a possibilidade de fraternidade, justiça e
povo, de nosso segmento da sociedade. Estamos bondade genuínas será tremendamente aumen­
mostrando aos nossos parentes e vizinhos um tada. De fato, a melhor maneira de conseguir
modo de vida melhor. O caminho que estamos justiça, ou talvez a única, é conseguir que um
percorrendo de modo pioneiro é bom para nós, grande número de pessoas em cada segmento
que nos tornamos cristãos, e será muito bom da sociedade se tornem cristãos consagrados.
para os milhares de vocês que ainda precisam Enquanto trabalhamos para que movimen­
crer. Por favor, não olhem para nós como trai­ tos em direção a Cristo ocorram em cada povo,
dores de espécie alguma. Somos filhos, irmãos e não vamos cometer o erro de crer que o método
esposas melhores, melhores membros da tribo, de tirar uma pessoa de cada vez da sociedade
da casta ou do sindicato, melhores do que an­ para ingressar na igreja seja ruim. Uma alma
tes. Estamos mostrando maneiras pelas quais, preciosa disposta a suportar um terrível ostra­
embora permanecendo integrados ao nosso cismo a fim de se tornar um seguidor de Jesus;
segmento de sociedade, podemos ter uma vida uma alma preciosa que vem a Cristo por ini­
melhor. Queiram, por favor, considerar-nos os ciativa própria — esse é um método que Deus
primeiros do nosso povo a entrar numa mara­ tem abençoado e usado para a salvação da hu­
vilhosa terra prometida”. manidade. Todavia, é um método lento, que
Sétimo e últim o: en fa tiz e a fra ter n id a d e tende a isolar o povo a que pertence o conver­
constantemente. Em Cristo, não há judeu, nem tido, impedindo esse povo de ouvir algo mais
grego, nem escravo, nem livre, nem bárbaro, acerca do evangelho.
nem cita. Todos somos um em Cristo. Entre­ As vezes, o método de ganhar um a um é o
tanto, lembremo-nos também de que Paulo não único possível. Quando for o caso, louvemos a
Deus por isso e convivamos com suas limitações. mero enorme de pessoas, onde grandes igrejas
Desafiemos todos aqueles maravilhosos cristãos podem ser organizadas, e onde a Igreja cresce
que vêm suportando perseguição e opressão a forte. Lá está a terra do movimento popular.
orar a favor de seus queridos e a trabalhar cons­ Deixo essa ilustração com você. A ceite­
tantemente, de modo a que mais pessoas de seu mos o que Deus nos concede. Caso seja tra­
povo possam crer e ser salvas. balhar pelo método um a um, aceitemos o fato
Um a um é um dos métodos que Deus usa e orientemos os convertidos a confiar inteira­
para o crescimento de sua Igreja. O movimento mente em Cristo. Todavia, devemos orar para
popular é outro método. Os grandes avanços da que, depois desse início, possamos chegar a
Igreja em regiões de religiões não cristãs sem pre um terreno mais elevado, às regiões de pastos
têm ocorrido por meio dos movimentos popu­ mais verdejantes, às terras mais férteis, onde
lares, nunca pelo sistema de um a um. Contudo, grandes grupos de homens e mulheres, todos
é igualmente verdadeiro que o método de um p erten cen tes ao m esm o segm en to da sociedade, se
a um é uma maneira bem comum de começar. tornem cristãos e, dessa forma, abram cam i­
No livro B ridges o f God, que Deus usou para dar nho para movimentos em direção a Cristo no
início ao movimento de crescimento da igreja, meio de cada povo da terra. Nosso alvo deve ser
utilizo uma ilustração. Digo que as missões estabelecer esses movimentos dentro de cada
começam a proclamar a Cristo numa planície segmento. A li, a dinâmica da coesão social le­
quase desértica. A li a vida é dura, e o número vará o evangelho adiante e conduzirá multidões
de cristãos permanece pequeno. E preciso uma das trevas para sua maravilhosa vida. Estamos
grande presença missionária, mas aqui e ali os chamando povo após povo para deixar a mor­
missionários ou os convertidos encontram ca­ te e vir para a vida. Asseguremo-nos de que
minhos para sair da planície árida e subir até as estamos realizando essa tarefa pelos métodos
montanhas verdejantes. E lá que vive um nú­ mais eficazes.

Perguntas para estudo


1. “A melhor maneira de conseguir justiça, ou talvez a única, é conseguir que um grande número
de pessoas em cada segmento da sociedade se tornem cristãos consagrados.” Você concorda
com esse pensamento? Por quê?

2. Por que McGavran insiste que “um conglomerado de igrejas que cresçam”, em vez de “uma
igreja”, é o alvo correto no trabalho pioneiro de fundação de igrejas?

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