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ARTIGO - COMITÊ DE IMPRENSA

DEEPFAKES:
O que são e como elas ameaçam a reputação,
a segurança e a privacidade das pessoas

Resumo:
Fotos, vídeos ou áudios já não podem ser consideradas provas 100%
idôneas, pois atualmente há técnicas capazes de enganar até mesmo
peritos, detetives cibernéticos e especialistas em segurança da
informação. Deepfakes são vídeos ou imagens manipulados que utilizam
inteligência artificial para criar conteúdo falso ou enganoso. Essa
tecnologia permite que os usuários alterem a aparência e as ações de
pessoas ou objetos em vídeos e imagens de uma forma que pareça
realista. As deepfakes se tornaram uma ameaça à privacidade dos
envolvidos, pois podem ser usadas para criar imagens e vídeos falsos
que retratam pessoas em situações em que elas nunca estiveram ou
fazendo coisas que nunca fizeram. Isso pode ter consequências
negativas para a reputação, segurança e privacidade dos envolvidos.

ANPPD® - Comitê Diretivo ● contato@anppd.org ● Documento Público/Publicado


ANPPD® - Associação Nacional dos Profissionais de Privacidade de Dados
Publicado em 2023
Introdução:
“O mau no analfabeto é que ele é obrigado a acreditar em tudo que lhe
contam” - Davis Alves, Ph.D

A frase acima destaca a vulnerabilidade do analfabeto em relação


à desinformação. Sem a capacidade de ler e escrever, ele pode ser
facilmente enganado ou manipulado por informações falsas ou
distorcidas que lhe são passadas oralmente. Isso destaca a importância
da alfabetização e da educação em geral como ferramentas para
combater a desinformação e a manipulação. Quando as pessoas têm a
capacidade de ler, pesquisar, analisar e compreender informações, elas
se tornam menos suscetíveis a serem enganadas e mais capazes de
tomar decisões informadas.
No mundo digital atual, essa capacidade é ainda mais importante,
já que a internet e as redes sociais tornaram mais fácil a disseminação
de informações falsas e enganosas. Por isso, é crucial que as pessoas
sejam capazes de verificar a veracidade do que recebem e desenvolvam
habilidades críticas de pensamento para avaliar a credibilidade das
fontes. A técnica das deepfakes usa a tecnologia de aprendizado de
máquina, na qual um algoritmo é treinado em um conjunto de dados para
aprender a imitar a aparência e a ação de uma pessoa ou objeto. Com
isso, é possível criar um vídeo ou imagem que pareça autêntico, mas que,
na verdade, é uma fabricação.

As deepfakes podem ser usadas para criar notícias falsas, espalhar


desinformação, propaganda enganosa ou até mesmo para fins de
vingança ou difamação. Também podem ser usadas para criar conteúdo
humorístico ou de entretenimento, como colocar a imagem de um ator em
um filme em que ele não atuou. No entanto, elas levantam preocupações
sobre a segurança e privacidade, já que podem servir para criar imagens
falsas de pessoas para extorsão ou chantagem. Também são
comumente utilizadas para criar vídeos pornográficos falsos, conhecidos
como “pornografia de vingança”, em que a imagem de uma pessoa é
manipulada para parecer que está envolvida em atos sexuais.

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Devido aos riscos que as deepfakes apresentam, muitos
pesquisadores estão trabalhando no desenvolvimento de tecnologias de
detecção para identificar e remover esses conteúdos falsos da internet.
Já no contexto da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), a
criação e compartilhamento de deepfakes, além de estarem relacionados
ao Princípio da Qualidade dos Dados (Art. 6, V – LGPD) — garantia aos
titulares de exatidão, clareza, relevância e atualização dos dados, de
acordo com a necessidade e para o cumprimento da finalidade de seu
tratamento —, podem ser uma violação da privacidade das pessoas
retratadas no vídeo ou imagem se forem propagados para fins comerciais
por uma empresa. As pessoas têm o direito de controlar como sua
imagem e voz são usadas e compartilhadas, mas deepfakes podem ser
criados sem o seu consentimento e compartilhados amplamente na
internet, podendo ocasionar o ressarcimento por danos para os titulares,
conforme o Art. 42 da LGPD. Por essas razões, é importante que as
pessoas estejam cientes dos riscos e saibam como se proteger. É
igualmente importante que os governos e as empresas invistam em
tecnologias de detecção e legislações que protejam a privacidade dos
indivíduos.

Confira mais detalhes sobre os tipos de deepfakes,


juntamente com alguns exemplos:
1 - Substituição de rosto

Essa técnica envolve a substituição do rosto de uma pessoa em um


vídeo ou foto por outro rosto, geralmente de uma celebridade ou político.
Um exemplo comum desse tipo de deepfake é o vídeo que mostrava o
ator Bill Hader falando como o astro de cinema Tom Cruise. Quando
Hader imitava a voz de Cruise, o rosto dele também era substituído pelo
astro de “Missão Impossível” de forma realista.

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2 - Vozes falsas

Essa técnica é usada para criar uma voz falsa que imita a voz de
uma pessoa real. Exemplos comuns incluem falsificações de discursos
políticos ou mensagens de
áudio falsas em apps de
mensagens de voz. O
exemplo mais notável
disso é a deepfake de
Barack Obama feita pelo
cineasta Jordan Peele, no
qual ele usa a voz falsa
para criticar o presidente
dos EUA.

3 - Manipulação de objetos

Essa técnica envolve a adição ou remoção de objetos em um vídeo


ou foto. Um exemplo comum dessa técnica é a manipulação de vídeos
que retratam eventos ao vivo, como uma apresentação de dança ou um
show de música, para incluir um elemento diferente ou criar um efeito
visual. Por exemplo, um deepfake pode ser usado para inserir uma
pessoa em um show no qual ela nunca esteve fazendo parecer que é
uma das estrelas do evento.

4 - Vídeos de propaganda enganosa

É usada para criar vídeos falsos que parecem reais, mas que são
propaganda enganosa. Um exemplo notável foi o deepfake de Nancy
Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, em que sua voz
foi distorcida para parecer que ela estava bêbada ou doente, visando
afetar sua credibilidade.

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5 - Criação de personagens

Essa técnica é usada para criar personagens


fictícios que parecem reais. Exemplo comum inclui
criação de personagens de jogos de vídeo
realistas, em que o rosto e o corpo do personagem
são modelados com base em uma pessoa real. A
criação de fotos de pessoas que não existem
também pode ser feita através de sites de criação
por Inteligência Artificial como pode-se ver na
imagem ao lado onde o próprio site criador deixa
claro que essa pessoa não existe.

6 - Manipulação de fotos

Essa técnica é usada para alterar ou criar fotos que parecem


autênticas, mas são falsas. Isso pode
ser usado para criar imagens de
pessoas em situações que nunca
estiveram, como em um local de férias
ou evento. Um exemplo notável é a foto
do ex-presidente dos Estados Unidos
Donald Trump que foi criada para
parecer que ele está sendo preso.

Existem várias organizações e iniciativas que se


dedicam à verificação de informações e combate a
deepfakes na internet. Aqui estão alguns exemplos:
• Snopes: Fundado em 1994, o Snopes é um dos sites de
verificação de fatos mais antigos da internet. A organização é
dedicada a pesquisar e verificar a precisão de informações em
várias áreas, incluindo política e saúde.

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• FactCheck.org: Criada em 2003 pela Universidade da
Pensilvânia, é uma organização independente de verificação de
fatos que se concentra em checar notícias políticas, mas também
abrange outros assuntos como saúde e ciência.

• PolitiFact: Fundada em 2007, é uma organização de verificação


de fatos que se concentra em informações políticas, avaliando a
precisão de declarações de agentes políticos, partidos e grupos de
interesse.

• Verificado: Uma iniciativa da ONU que visa combater a


desinformação e a propaganda online, oferecendo verificação de
fatos em tempo real e campanhas de conscientização.

• Deepfake Detection Challenge: Uma iniciativa da Darpa


(Agência de Projetos de Pesquisa Avançada em Defesa dos EUA,
na sigla em inglês) que busca desenvolver tecnologias de detecção
de deepfakes.

• Projeto Foco: Uma iniciativa brasileira que busca combater a


desinformação, verificando a veracidade das informações e produzindo
conteúdo educativo.

Dicas para não cair em DeepFakes


Devemos sempre questionar se essas
instituições atuam com imparcialidade na
verificação, pois de nada adianta a própria
empresa geradora de notícias “certificar” algo
produzido por ela mesma. Uma agência de
checagem deve ser independente de governo ou
patrocínios para não tornar questionável o
conflito de interesse! Por fim, a melhor maneira
ainda é a conscientização. Por isso, clique na
imagem ao lado e confira no Instagram
@davisalvesphd 10 Dicas para não cair em
DeepFakes.

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No entanto, a detecção de deepfakes é um desafio em constante
evolução e não há uma solução única para esse problema. É importante
que todos os usuários da internet estejam cientes dos riscos de
desinformação e aprendam a verificar as informações antes de
compartilhá-las. É importante lembrar que a criação e distribuição de
deepfakes é considerada ilegal em muitas jurisdições, especialmente se
os vídeos são usados para difamar, humilhar ou prejudicar uma pessoa
ou instituição.

Quer se aprofundar no assunto, tem alguma dúvida, comentário ou


deseja compartilhar sua experiência nesse tema? Escreva para o autor
no Instagram: @davisalvesphd.

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CLASSIFICAÇÃO DESSE DOCUMENTO – PÚBLICO

AUTOR:
Davis Alves, Ph.D
Presidente da ANPPD

PUBLICADO ORIGINALMENTE:
Coluna Davis Alves – Segurança & Tecnologia
Portal Jovem Pan News

DISPONÍVEL EM:
https://jovempan.com.br/opiniao-jovem-
pan/comentaristas/davis-alves/o-que-sao-deepfakes-e-como-
elas-ameacam-a-reputacao-a-seguranca-e-a-privacidade-das-
pessoas.html

Março 2023

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