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REDENTOR
CENTRO UNIVERSITÁRIO
REDENTOR
Itaperuna-RJ
18 de maio 2020
SOCIEDADE UNIVERSITÁRIA
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18 de maio 2020
SOCIEDADE UNIVERSITÁRIA REDENTOR
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIREDENTOR
O artigo resenhado por meio desse trabalho tem por objetivo trazer a memória como
cartografia e como um dispositivo de formação-intervenção no que tange os cursos que estão
inclusos na Política Nacional de Humanização (PNH).
Lidar com a questão do cuidado quando relacionado à saúde nos traz para o lado da
complexidade que existe na gestão e nas relações entre trabalhadores, os gestores e por
fim, as pessoas que utilizam os serviços de saúde. Os autores do artigo dizem que essa
certeza ético-política no que podemos chamar de processo de formação deve nos trazer
essa complexidade citada anteriormente, porque ela contribuirá na formação dos indivíduos.
Os autores afirmam essa concepção dizendo que: "Uma opção que não cuide dessa inclusão
(ou que promova a exclusão) não sustenta a efetiva alteração dos modelos de atenção e de
gestão no âmbito do SUS." (ABBÊS; GONÇALVES; ROSA; SANTOS, 2010, pág. 45)
A memória consiste em uma cartografia, que pode ser considerado como uma prática
mnêmica. Com isso podemos dizer que é um processo que estuda as formas processuais
de construção da subjetividade de cada indivíduo. No entanto entendemos a cartografia
como: "acompanhar a trajetória da experiência de um tornar-se."
Os métodos da PNH buscam como matérias para que as análises sejam feitas por
meio dos “movimentos-acontecimentos” (Foucault, 1985) que criam possibilidades para um
trabalho que é voltado para uma precisão e uma realidade dinâmica e complexa e ao mesmo
tempo os seres humanos são produzidos por elas. Com essas afirmações podemos dizer
que o processo de formação é totalmente convocatório à problematização dessas questões.
Para abordar as práticas de cuidado e gestão em saúde é necessário que haja uma
compreensão das multiplicidades que contribuem para sua própria constituição. As apostas
feitas para que haja uma mudança no SUS só será efetivada quando todos esse movimentos
tiverem conexão com os processos de trabalho, nos serviços de saúde, seus trabalhadores
e usuários, levando em consideração também os territórios de vida.
Após algum período, foram realizadas rodas de conversa entre os militantes do projeto
Alfazendo e os do Comitê comunitário. Nesses encontros foram analisadas as demandas
que existiam no local, além das alterações feitas no processo de fazer com que as políticas
públicas fossem reformuladas e experimentadas por todo que compunham essa roda de
conversa, inclusive os consultores de PNH. Nesse contexto, o objetivo era formar agentes
sociais no campo da Política Nacional de Humanização que teriam uma participação ativa
no diz respeito às intervenções e ações de saúde produzidas no território da comunidade.
O método participativo trouxe a comunicação como uma maneira de garantir com que
as diferenças contidas nesse território pudessem trazer a problematização citada
anteriormente no que diz respeito às diferenciações e transformações do processo de
formação. A meta era fazer com que esses profissionais de saúde tirassem do seu dia a dia
e de suas experiências questões que serviriam para o reconhecimento e estudo da realidade,
automaticamente eles interviriam nessas realidades tendo como referência a PNH e seus
métodos/dispositivos.
A partir desses contextos, a memória passa a ser uma forma de registrar o que fora
produzido coletivamente e também serve para que haja uma reflexão de todo o processo
vivenciado ao longo dessa trajetória até chegar à formação.
O objetivo era que o grupo construísse uma linha da vida a partir dos relatos de suas
experiências, além desse método, a consultora propôs: “(...) pensar como essas fases estão
implicadas nos serviços de saúde e como vem se constituindo essa atenção, já que nem
sempre foi do mesmo jeito.” (ABBÊS; GONÇALVES; ROSA; SANTOS, 2010, pág. 52)
O que se passava era que a linha mostrava o nascimento de uma menina que havia
chegado à sua primeira menstruação e foi tratado a questão da sexualidade da mesma. Isso
causou um estranhamento no grupo. Algumas pessoas trataram o momento da menstruação
como “sem vergonhice” das mulheres pois os desejos sexuais eram aflorados. A linha da
vida continuou seu processo de construção e a menina havia se tornado mãe.
Durante a construção, a validação da memória causou estranhamento por conta do
assunto tratado e foi questionada, dessa forma podemos concluir que a memória funcionou
como um dispositivo. Segundo os autores do artigo, a validação da memória causou uma
ambiguidade, um duplo sentido:
“(...) (I) a memória é validada, (II) a memória é aquilo que valida. O dispositivo se
configura em uma articulação entre os dois sentidos. Validar a memória é tornar
verdadeiro o registro da experiência (a memória da experiência). Nesse dispositivo
assim montando a memória é validada ou valida? Num certo nível do dispositivo a
memória é validada e esse é o procedimento: validação do registro.” (ABBÊS;
GONÇALVES; ROSA; SANTOS, 2010)
Assim, podemos dizer que para o grupo o que se tornou uma memória como registro
foi “sem vergonhice”, uma memória representacional. E a memória a ser validada é
“dissemos isso?”.
Assim, podemos dizer que essa metodologia da PNH entende a formação como uma
atitude transdisciplinar, ou seja, que sejam capazes de produzir sentimentos empáticos para
com os outros e uma nova visibilidade também que irão ser totalmente úteis no que diz
respeito ao cuidado e gestão da saúde.
Muitas mulheres passam por alguns transtornos por conta de fazerem parte do gênero
feminino. Estudos demonstram que as mulheres sofrem duplamente com consequências no
que tange os transtornos mentais por conta das condições sociais, culturais e econômicas
na qual se encontram. Mesmo na luta por seus direitos, as mulheres continuam ganhando
menos, ainda estão concentradas em profissões menos valorizadas e não tem o acesso que
deveriam ter às decisões que são tomadas no campo da Política, economia etc. E em meio
a tantas questões, essas ainda sofrem com a violência, seja ela mental, física, doméstica,
sexual ou emocional. Além desses aspectos, essas mulheres ainda são discriminadas por
sua classe social, raça, idade e uma série de outros fatores. Segundo a Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde da Mulher:
Com isso, as ações que estão voltadas à melhor condição de vida e saúde das
mulheres deverão ser feitas de maneira articulada com setores governamentais e não-
governamentais. Essas condições são básicas para as configurações das redes integradas
à saúde e para que se consiga obter resultados.
ABBÊS, C.; GONÇALVES L.; ROZA, M.; SANTOS, S. Memória como Cartografia e
dispositivo de formação-intervenção no contexto do cursos da Política Nacional de
Humanização. Cadernos HumanizaSUS, Brasília-DF, 2010.
VARGAS, D.; DUTRA, T.; GISSETH, E.; FIGUEIRA, C.; SOUZA, M.P.S. Mulhere em
tratamento especializado para o uso de substâncias psicoativas: estudo de coorte. São
Paulo, 2018.