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Jorge M. Andraz
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1.3 Crescimento económico mundial: As origens do crescimento e as grandes questões
Objetivos da aula
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1.3 Crescimento económico mundial: As origens do crescimento e as grandes questões
Podemos considerar a Revolução Industrial como o marco histórico para o início do crescimento económico dos países.
1860 1820
• O gap de rendimento era reduzido em 1820 mas • As diferenças no rendimento per capita eram até mesmo
aumentou bastante em 1960 menores antes de 1820
À medida que recuamos no tempo, o gap entre os países diminui, o que revela que a grande divergência entre os países
começou nos últimos 200 anos.
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1.3 Crescimento económico mundial: As origens do crescimento e as grandes questões
As diferenças nas taxas de crescimento observadas no período do pós 2ª Guerra Mundial, podem ser responsáveis pelas elevadas
diferenças no rendimento per capita que observamos atualmente. Mas essas diferenças de taxas de crescimento não explicam a totalidade
das diferenças de rendimento que observamos nos países
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1.3 Crescimento económico mundial: As origens do crescimento e as grandes questões
Como é que um país pode ser 30 vezes mais rico do que outro?
A resposta a esta questão está nas diferenças persistentes das taxas de crescimento ao longo do tempo.
Considere-se 2 países, A e B, com o mesmo nível inicial de rendimento num determinado ano (𝑦𝐴 = 𝑦𝐵 ).
𝑔𝑦𝐴 = 0 𝑔𝑦𝐵 = 2%
Mantendo-se estas taxas de crescimento, ao fim de 200 anos, o país B será 55 vezes mais rico do que o país A.
País A País B
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1.3 Crescimento económico mundial: As origens do crescimento e as grandes questões
Convergência 𝛽: dizemos que ocorre “convergência 𝛽” entre dois países se houver uma tendência para que o país mais pobre (o que
apresenta menor rendimento per capita ou menor produto por trabalhador) apresente taxas de crescimento sistematicamente mais
altas do que o país mais rico (o que apresenta maior rendimento per capita ou maior produto por trabalhador) .
Todavia, a hipótese de convergência absoluta já é empiricamente observada se analisarmos um grupo mais homogéneo de economias.
A Figura seguinte apresenta os resultados para um grupo de 18 economias industrializadas, membros fundadores da OCDE.
• Neste caso, observa-se uma relação inversa entre níveis iniciais de rendimento (em 1960) e
taxas de crescimento no período entre 1960 e 2000, o que significa que os países inicialmente
mais pobres apresentaram taxas de crescimento superiores no período seguinte, aos países
mais ricos.
Convergência 𝜎: tendo em conta uma determinada medida de dispersão, dizemos que ocorre “convergência 𝜎” entre países se essa
medida de dispersão aplicada ao rendimento per capita ou produto por trabalhador dos países declina sistematicamente ao longo
do tempo. Ocorre divergência 𝜎 se a medida de dispersão aumentar ao longo do tempo.
Mas se esta medida for usada, será difícil encontrar convergência entre países porque como o rendimento per capita
tende a crescer ao longo do tempo, o desvio-padrão também aumenta.
• Coeficiente de variação: Torna-se mais adequado considerar o desvio-padrão dos níveis relativos dos rendimentos
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em que
Antes da crise houve crescimento mais elevado na Grécia e Espanha do que nos
outros países. Mas verificou-se o contrário em 2008-2013 (recessão).
Portugal: pouca evidência de convergência no período pré-crise
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Muitos observadores esperavam que uma maior integração financeira e monetária conduzisse a uma convergência real mais
forte
• Tal como esperado, o fluxo de capitais antes da crise foi significativo nos países
da Zona Euro – 12 com rendimentos inferiores à média (incl. Portugal, Grécia e
Espanha)
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A falta de sustentabilidade no processo de convergência real nos anos anteriores à crise foi devida à combinação de 3 fatores
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Queda acentuada das taxas de juro reais, particularmente nos países do sul:
favoreceu o crescimento do crédito e o aumento da procura gerando
expectativas erradas acerca dos rendimentos futuros
O boom da procura motivada pelo crédito barato levou a sobreestimar o crescimento potencial nestes países (Grécia e Espanha em
particular). A política fiscal não travou o crescimento da procura porque se considerava que as receitas geradas pelo aumento da procura
continuariam no futuro. Com a crise, a procura reduziu-se e também as receitas fiscais com o consequente agravamento dos défices.
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Os fluxos financeiros canalizados para os países de baixo rendimento não conseguiram gerar convergência de produtividade no
período antes da crise
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• Após o Euro, o capital foi canalizado essencialmente para setores com baixa
produtividade (BNT – serviços- setores sem concorrência
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1.3 Crescimento económico mundial: As origens do crescimento e as grandes questões
• Uma lição importante que se retira da crise da dívida soberana da Zona Euro é que mesmo após a adoção do Euro, continua a
ser necessário adotar políticas económicas estruturantes.
• A crise financeira global que começou em 2008 mostrou que alguns países membros da União Económica e Monetária
apresentam fragilidades estruturais, que conduziram a uma queda dos níveis de rendimento per capita desde 2008.
• Apesar de ter havido convergência real no conjunto da UE desde 1999 devido ao processo de aproximação dos países de Europa
Central e de Leste, não houve convergência entre os países que adotaram o Euro em 1999 e 2001.
• Fatores de divergência: problemas institucionais, rigidez estrutural, fraco crescimento da produtividade, ausência de políticas
para evitar oscilações de preços dos ativos.
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• Estabilidade macroeconómica;
• flexibilidade nos mercados de produtos e de trabalho e portanto condições favoráveis para utilização eficiente do trabalho e do
capital de forma a promover o aumento da produtividade;
• integração económica com a Zona Euro;
• utilização de instrumentos de política para impedir ciclos dos preços e de crédito.
• O crescimento do PIB que resulta de fatores externos tais como um aumento da procura global, ou de uma redução dos juros que
ocorreram após a introdução do Euro, pode não ser sustentável se não for acompanhado por uma maior crescimento potencial.
• Para que a convergência seja sustentável, o crescimento do produto per capita potencial de longo prazo tem de ser consistente
com o aumento da procura.
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1.3 Crescimento económico mundial: As origens do crescimento e as grandes questões
• A problemática da distribuição desequilibrada dos rendimentos tem a ver com a sua relação com a pobreza: dado um nível de
rendimento médio, quanto maior a desigualdade na distribuição de rendimento, maior será a pobreza.
• Exemplo: Em 1995, o rendimento per capita no Paraguay ($4,670) era o dobro do do Egito ($2,960). Mas 19.4% da população
no Paraguay tinha um rendimento per capita inferior a $1, enquanto que no Egito apenas 3.1% da população se encontrava
nessa condição. A grande diferença estava na distribuição do rendimento: o Paraguay apresentava maior desiguadade na
distribuição do rendimento.
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O quadro apresenta a população dos EU em 2001 dividida em 5 quintis de rendimento. O 1º inclui as famílias de menor rendimento e
o 5º as famílias de maior rendimento
Figura: A curva de Lorenz para os EUA
A hipótese de Kuznets
Em 1955 Simon Kuznets defendeu que durante o processo de crescimento de um país, a desigualdade começa por aumentar e depois
acaba por diminuir.
Esta hipótese implica que a curva que relaciona o nível de crescimento (dado pelo PIB per capita) com a desigualdade do rendimento
(Coeficiente de Gini) apresenta a forma de um U invertido – Curva de Kuznets
A curva de Kuznets em Inglaterra e País de Gales
A curva de Kuznets
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• No início o crescimento económico (aparecimento de novas tecnologias e alterações na estrutura da economia) aumenta a taxa
de retorno de certas capacidades – educação, empreendedorismo, etc. porque os trabalhadores mais qualificados adaptam-se
facilmente às novas formas de produção – aumento das desigualdades;
A curva de Kuznets
• ao longo do tempo os trabalhadores menos qualificados
adquirem qualificações, ocorrem migrações para regiões
prósperas – redução das desigualdades.
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1.3 Crescimento económico mundial: As origens do crescimento e as grandes questões
Os fatores do aumento da desigualdade dos rendimentos nos países desenvolvidos: o caso dos Estados Unidos
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1.3 Crescimento económico mundial: As origens do crescimento e as grandes questões
O crescimento económico gera desigualdade, mas a desigualdade pode gerar crescimento económico?
Conclusão: a menor desigualdade leva a uma redução da poupança e a uma menor acumulação de capital físico.
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Acumulação de capital humano • O capital humano está “instalado” numa pessoa específica;
Produtos marginais do capital físico e humano • Não pode ser transferido de uma pessoa para outra;
• Uma pessoa rica pode possuir uma empresa que usa o trabalho de outras
pessoas, mas não pode ser proprietária do capital humano que está “instalado”
em outras pessoas.
A menor desigualdade nos rendimentos leva a uma maior acumulação de capital humano.
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Políticas de redistribuição;
• As diferenças no rendimento entre países não são explicadas apenas por diferenças na quantidade de fatores produtivos, mas
também são explicadas por diferenças na produtividade e a produtividade está relacionada com a eficiência (países com menor
produtividade e menos eficientes, tendema a ter menor crescimento económico).
• O combate à desigualdade dos rendimentos, através de políticas de redistribuição de rendimentos (regime fiscal progressivo)
gera ineficiência.
• A diferença entre os dois preços (P2-P3) é o imposto por unidade vendida, sendo o total do imposto
arrecadado pelo Estado igual ao produto deste imposto unitário pela quantidade vendida Q2;
• Para além destas transferências das empresas e dos compradores para o Estado, a introdução do
imposta acarreta ainda uma perda de excedente dos consumidores e das empresas que não tem
contrapartida em aumento de receitas do Estado, medida pelos triângulos assinalados na figura.
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Instabilidade socio-política
• Em países com maior desigualdade na distribuição do rendimento haverá maior pressão para a implementação de medidas de
redistribuição, principalmente por parte dos partidos da oposição, mas tal exigência não é totalmente satisfeita. Por vezes
surgem tensões políticas e sociais que geram instabilidade. As tensões políticas geram instabilidade política, e as tensões sociais
podem dar origem a motins que podem gerar situações de destruição da propriedade privada, mesmo que não conduzam à
redistribuição do rendimento.
• Uma outra forma de pressão para a redistribuição é o crime. O crime contra a propriedade é frequentemente uma tentativa dos
grupos sociais economicamente desfavorecidos para conseguir redistribuir recursos através de outras vias que não por via do
sistema político.
• A instabilidade política desencoraja o investimento, porque, por exemplo, os que pretenderiam construir fábricas receiam que
a sua propriedade passa ser confiscada na sequência de revoluções ou de alterações dos governos.
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