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DO SÉCULO XX
Contudo, em 1979, o mundo passou por uma nova crise do petróleo, desta vez
causada pelo Irã. O Xá do Irã, Mohammad Reza Pahlavi, o então aliado dos
Estados Unidos, foi derrubado e em seu lugar ficou Aiatolá Komeini, líder
muçulmano xiita e inimigo declarado de Israel. Com isso, o petróleo foi utilizado
como arma de manipulação e teve seu preço dobrado, em retaliação, novamente,
aos Estados Unidos, maior consumidor mundial. Com a crise do petróleo, a União
Soviética foi bastante beneficiada, propiciando um estilo de vida melhor à sua
população, com mais aquisições de bens e conforto material. Já o Brasil sofreu
com mais intensidade a segunda crise do petróleo, tendo o resultado refletido na
alta da inflação, com os constantes aumentos dos preços dos combustíveis dentro
do mercado brasileiro.
Vai ocorrer no ano de 1982 uma restruturação dos acordos, como o Plano Baker
(1985) que ganhou esse nome por ter nascido na secretaria do tesouro norte-
americano, capitaneada por James Baker, completou a definição de novas ideias
ao adicionar ao ajuste macroeconômico ortodoxo as reformas institucionais
orientadas pelo mercado. O desenvolvimentismo passou logo a sofrer ataque
sistemático. Tirando proveito da crise econômica, que em parte derivava da
superação do modelo de desenvolvimento e das distorções que sofrera nas mãos
de políticos e classes médias populares, a ortodoxia convencional tornou o
desenvolvimentismo uma expressão depreciativa, identificando-o com o
populismo. E. em seu lugar, colocou como proposta políticas econômicas
ortodoxas e reformas institucionais neoliberais, que solucionariam todos os
problemas. Ainda mais, adicionou também que os países em desenvolvimento
abandonassem o antiquado conceito de “nação” que o nacional
desenvolvimentismo adotara e aceitassem a tese globalista segundo a qual, na era
da globalização, os estados-nações haviam perdido autonomia e relevância:
mercados livres mundiais, inclusive os financeiros, encarregavam-se de promover
o desenvolvimento econômico de todos. Colocando em termos mais coloquiais
plano tinha como objetivo declarado promover o crescimento econômico dos
países em desenvolvimento, para que assim pudessem pagar as suas dívidas e
voltassem a ter acesso ao mercado internacional de capitais. Além dessa
motivação, havia razões internas para o governo americano empenhar-se em
solucionar a crise dos países subdesenvolvidos. Especulava-se que os Estados
Unidos estavam à beira de uma restrição de crédito, o que causaria uma recessão.
Logo, resolver o problema da dívida externa dos países em desenvolvimento traria
consequências positivas à situação interna americana, pois faria diminuir a
necessidade de reservas dos bancos norte-americanos, aumentaria a liquidez
bancária e traria maior disponibilidade de recursos para empréstimos internos.
Em 1989, estava claro o fracasso do Plano Baker. Como ilustra Demirors (1993),
os descontos das dívidas soberanas de Brasil, Argentina e Venezuela variavam
entre 20% e 35%, em janeiro de 1986, e chegaram a atingir 85% em fevereiro de
1989. Esse fracasso trouxe reflexos negativos para os países devedores, mas
também era indesejável aos Estados Unidos. 54 A ameaça de uma restrição de
crédito retornava e, dessa vez, com um agravante a mais: os Estados Unidos
passavam por uma crise imobiliária. Logo, era preciso procurar uma nova solução
para o problema da dívida externa dos países em desenvolvimento. Outro ponto a
ser considerado dentro deste tópico é que em 1987 o Comitê da Basiléia criou um
modelo para medir a adequação do capital de um banco em relação ao fator risco.
Tal modelo serviu de base para um acordo assinado na sede do Bank of
International Settelments (BIS), na Basiléia, Suíça. Uma das regras estabelecidas
no chamado Acordo da Basiléia era que, se um banco desejasse realizar atividades
internacionais deveria ter uma estrutura de balanço tal que o seu patrimônio
líquido equivalesse a, no mínimo, 8% do total dos seus ativos ponderados pelo
risco.
Nas regras de ponderação, ficou ainda estabelecido que papéis do governo de
países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
teriam um peso de risco de 10%, ao passo que o peso de papéis de governos de
países endividados seria de 100%. O Federal Reserve (Banco Central dos Estados
Unidos) passou a exigir dos bancos americanos a adequação aos princípios do
Acordo da Basiléia. Dado que os grandes bancos privados americanos eram os
principais credores das dívidas soberanas dos países em desenvolvimento, a
estrutura de seus balanços estava bastante alavancada, se fosse considerado como
critério a ponderação do Acordo da Basiléia. Com isso, os bancos norte-
americanos, em sua maioria, estavam impossibilitados de aumentar a sua
exposição ao risco através de concessão de crédito a países endividados. Dessa
forma, o novo secretário do Tesouro americano, Nicholas Brady, anunciou um
novo plano cujo objetivo era trazer um alívio da dívida externa não apenas através
de novos empréstimos, como propunha o Plano Baker, mas também por meio do
perdão de parte do estoque da dívida. Havia nessa época um consenso entre
banqueiros, representantes dos governos e acadêmicos de que um desconto na
dívida externa dos países subdesenvolvidos seria benéfico para todas as partes
envolvidas, pois uma redução no serviço da dívida diminuiria substancialmente a
probabilidade de 55 inadimplência, fazendo com que os deságios nos preços dos
títulos da dívida também caíssem.
Entre 1989 e 1998, a Rússia mergulhou numa crise profunda. Uma crise de
transformação, ligada ao colapso do sistema soviético e uma ampla gama de
reformas. Como resultado, a Rússia finalmente consegue se tornar um país com
uma economia de mercado. Entre os anos de 95 e 97, as instituições desta nova
economia ainda estavam engatinhando. Mas os problemas do socialismo,
incluindo os mais óbvios como falta de produtos nas lojas. O dinheiro por sua vez
tinha agora valor real, e uma nova estrutura econômica passou a entrar em vigor.
Pela primeira vez em décadas, ela era baseada no conceito de oferta e demanda
deixando de lado o escravismo e principalmente a servidão.
Ainda há muita discussão sobre como a economia russa, que é hoje dependente
da exportação de combustíveis e matérias-primas. Mas isso é uma situação que já
acontecia há anos. No final da década de 1960, grandes depósitos de petróleo e
gás foram descobertos na Sibéria oriental. Esta dependência só ficou mais forte
quando o preço do petróleo disparou internacionalmente na década de 1970.
Durante a crise transformadora de 89-98, o PIB da Rússia se contraiu em 40%,
sua produção industrial caiu em 55%. Um declínio desta magnitude é inédito pelo
menos em épocas de caos. O golpe final foi dado pela crise financeira de 1988.
Ela também causou mudanças políticas. O governo de reformistas foi obrigado a
renunciar. A Rússia enfrentava agora sua primeira mudança de presidentes na
história pós-soviética.
Mas após a crise de 1998, que viu o preço do petróleo atingir seu ponto mais
baixo desde 1973 (U$ 12 o barril) as coisas começaram a melhorar. A economia
russa cresceu muito rapidamente entre 1998 e 2008. De fato, tão rapidamente que
muitos se convenceram de que a Rússia estaria pronta para se juntar ao clube
elitista dos países ricos com altas taxas de crescimento. Naqueles anos, o PIB
russo cresceu 185%, comparado com 1998. Sua média de crescimento anual foi de
7,3%. foi isso que fez da Rússia um dos países dos Brics, assim definidos pela
Goldman Sachs. Estes países são vistos como locomotivas do crescimento no
início do século 21. Mas é válido lembrar que este crescimento seguiu uma crise
muito difícil e as comparações foram feitas com os piores dias da crise.
Comparada com o nível de 1989, a inflação fez os preços serem 108% mais altos
em 2008. Neste mesmo período a população russa começou a gastar mais e
poupar menos. A poupança interna caiu de 31% para 19% do PIB. No geral,
portanto, o período de 1998 a 2008 foi de crescimento reconstrutor. E os fatores
que o definiram são improváveis de se repetirem. Mesmo se o fizerem, seu efeito
será provavelmente muito mais brando.
Esta década pode ser dividia em duas partes distintas. A primeira (de 1999 a
2003) viu rápido crescimento econômico e cooperação entre empresas e
autoridades. A atividade empresarial foi forte, empresas que vinham tendo
produtividade baixa reverteram a tendência e os preços do petróleo permaneceram
moderadamente baixos (entre US$ 20-25 pelo barril, em média). Mas em 2003,
um novo conflito entre empresas e governo se tornou aparente. Ela culminou na
condenação e prisão dos empresários bilionários Mikhail Khodorkovsky e Platon
Lebedev. Politicamente, as regulamentações eleitorais foram endurecidas e o
regime como um todo se tornou menos liberal. O segundo estágio (os anos de
2004 a 2008) viu o Estado interferir mais e mais na economia, com a queda da
atividade empresarial. No entanto, isso acontecia em um cenário de preços altos
do petróleo e crédito internacional barato. Estes fatores mantiveram os negócios
vivos e investidores estrangeiros interessados, frequentemente artificialmente.
Referencias;
Vídeo-aulas ministradas pelo professor da matéria
Textos auxiliares publicados no sigaa
Infoescola.com.br