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A DINÂMICA ECONÔMICA MUNDIAL NA SEGUNDA METADE

DO SÉCULO XX

Karoline Kelly Cunha Da Silva

No ocorrer do pós-guerra a Europa encontrava-se pedindo socorro com tamanha


dívida beirando mais de 400 bilhões de libras, além disso mais de 40 milhões de
pessoas foram mortas no conflito, a pesar disso muitos países conseguiram crescer
consideravelmente nesse período sendo alguns como o Canadá e Estados Unidos.
Ademais, durante as décadas iniciais do século XX a economia mundial vivenciou
diversas crises que auxiliaram na mudança profunda do funcionamento do modo
de produção capitalista, ainda mais acabaram ajudando a constituição de uma
época onde se teve uma grande expansão de acumulação capitalista, apesar da
divisão do mundo em dois blocos sendo o primeiro socialista liderado pela URSS,
e o segundo propriamente capitalista liderado por ninguém menos do que os EUA,
vivendo em uma situação de “Guerra fria”.

No ano de 1944, o eminente resultado da II guerra mundial demonstrava sinais


óbvios da derrota das nações Alemanha, Itália e Japão. A consequência da guerra
deixaria profundas marcas para a economia dos países envolvidos diretamente no
conflito, em especial as principais nações capitalistas da Europa, que tiveram suas
economias devastadas por conta das grandes dívidas. Ainda mais, alguns dados
obtidos sobre a produção econômica revelam uma queda bastante significativa na
produtividade na medida quem é comparado os anos 30 com a produção nos anos
do pós-guerra. Tal comparação certifica uma queda de mais de 60% no setor
agropecuário (cereais diminuíram em 70%, carne em 66% e demais produtos
agrícolas em 75%). Essa quebra na produtividade acabou atingindo também o
setor industrial, que, voltado, principalmente, para a guerra acabou tendo que
mudar de direção. Não obstante, juntamente com a quebra da produtividade
europeia surge um crescimento da dívida externa acumulada pelos países do
continente, tal dívida foi contraída com o objetivo de operar as máquinas na
guerra.
Por outro lado, alguns países conseguiram sair de uma condição de nação
devedora para credora (como no caso dos EUA). As consequências das guerras
mundiais acabaram afetando exponencialmente a geopolítica internacional, isso se
deu devido a desestruturação dos impérios antigos coloniais produzidos ao longo
do século XIX. Tal processo foi de uma significância enorme, pois na década de
70 nenhum território de grande porte continuava sob a administração direta das
ex-potências coloniais, ou seus regimes de colonos, a não ser no centro e sul da
Ásia.

É perceptível o quanto a perda das colônias ajudou em um enfraquecimento ainda


maior dos países europeus, só que ao mesmo tempo favoreceu os países líderes
dos blocos comunista e capitalista, a URSS e os EUA, tendo foco principal no
último, que, ficara líder dos países de forças produtivas mais desenvolvidas,
obtém a conquista, que durante a segunda guerra mundial, acaba triplicando a sua
produção, que em 1946 chegou a ser o responsável por 60% da produção mundial,
e sua renda perca pita atingiu um crescimento de mais de 100%, que acabou
transformando a antiga colônia britânica na maior potência mundial, militar e
econômica. Outrora, como foi dito anteriormente, o funcionamento do modo de
produção capitalista modificou-se, a era liberal do livre mercado chegou ao seu
fim, porque a regulação do capitalismo monopolista passou a ter domínio.

O período em debate ficou conhecido como a era de ouro do capitalismo, ou seja,


as crises o desemprego e a piora das condições de vida da classe trabalhadora
poderiam enfim ser superadas é claro que essas expectativas foram frustradas,
pois embora da fase de prosperidade ainda permanecia o mesmo, as
determinações essenciais da dinâmica capitalistas não haviam sido alteradas ou
seja sua própria dinâmica ainda veria a possibilidade da crise do desemprego da
miséria e da devastação da natureza. Ademais, do ponto de vista ideológico a uma
mudança fundamental na crença do liberalismo econômico a uma forte
intervenção na economia, a crise de 29 a grande depressão a maior crise da
história do capitalismo destruiu qualquer sonho liberal, a grande pressão por
exemplo a média de desemprego na Dinamarca e estados unidos estavam em um
patamar de 30% pior ainda na Alemanha chegando a 44% no auge da crise de
1932 e em 1933.
Qualquer política de livre mercado estava fora de cogitação nesse período não
havia mais dúvidas que as políticas econômicas liberais famoso laissez-faire tinha
sido o culpado da crise, no extremo oposto havia a ascensão da união soviética
enquanto o mundo todo agoniação na estagnação econômica a união soviética
parecia imune a crise com planejamento econômico forte intervenção estatal na
economia a mesma passou de uma economia semifeudal para uma potência
industrial, a produção aumentava consideravelmente e praticamente não havia
desemprego nesse cenário as políticas de livre comercia perdiam total descrédito
no âmbito internacional a regulação do capitalismo visava atenuar as estabilidades
econômicas internacionais foram criados acordos intervencionais, como por
exemplo países capitalistas que se consolidaria nos anos 50, através da
intervenção direta os países capitalistas, preocupados em afugentar as crises da
economia capitalista, a exemplo da crise que ocorreu em 1929, procuram criar
normas para regulamentar as atividades do mercado mundial, dando os primeiros
passos em 1944, com a decisão tomada por 44 países, reunidos nos Estados
Unidos, na Conferência de Bretton Woods, onde foi assinado um acordo que
determinou para a economia mundial que: I) aceitação do dólar como moeda
internacional podendo ter seu valor convertido em ouro; II) livre conversão das
moedas nacionais entre elas mesmas, a partir de um valor possível de comparação
fixado em ouro ou em dólares; III) criação de instituições que conseguissem
manter os acordos como o Fundo Monetário Internacional – FMI e o Banco
Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento, mais conhecido como
Banco Mundial. O acordo resultante da Conferencia de Bretton Woods tornou
possível a intensificação da internacionalização do capital e criou as condições
para que o Estado Unido da América estivesse à disposição para exploração de
mercados e áreas de investimentos, fato que consolidou a formação social e
econômica capitalista americana como potência hegemônica econômica e militar.

No âmbito nacional os países centrais procuraram criar o que ficaria conhecido


como welfare state (o estado do bem-estar social) feito com base nas ideias de
Kaynes, vai se desenvolver no século XX, tendo diversas as teorias que procuram
explicar o surgimento deste. Uma corrente de pensamento considera que esse
estado de bem-estar social seja uma resposta aos problemas criados pela alta
modernização. Diante dessa visão, o movimento de modernização criou de
alguma forma, demandas de bem-estar com relação a saúde, educação, bens e
serviços de fácil acesso a toda a população sendo proporcionada pelo forte estado.
Seja como for, tal comportamento é típico das sociedades capitalistas. Quando é
estabelecida essa conexão direta com o capitalismo, é perceptível uma dupla
questão em sua natureza. Afinal, como é possível promover o bem-estar social em
um sistema que enaltece a acumulação de riquezas privadas? Como Esping-
Anderson já apontou, o relacionamento entre o capitalismo e o bem-estar social
preocupava os economistas políticos clássicos, independente se sua convicção
fosse liberal, conservadora ou marxista. A partir da Segunda Guerra Mundial, com
os movimentos do trabalho organizado e de igualdade e cidadania, houve uma
institucionalização do estado de bem-estar. Em contradição, esse estado de bem-
estar social só foi possível nos países centrais, enquanto que o FMI impunha aos
países subdesenvolvidos uma agenda econômica liberal. Do ponto de vista das
estruturas produtivas foi discernido o taylorismo e fordismo. Enquanto o
taylorismo ditava que o trabalhador deveria executar ações elementares o
fordismo trabalhava com a linha de produção o que resultou em um grande
aumento na produtividade de cada trabalhador, pois agora levava menos tempo
para fazer o mesmo trabalho, além disso produzir em massa demandaria um
consumo em massa, logo o salário dos operários foi elevado e isso foi muito
importante para essa era.

O acordo de Breton Woods acabou na década de 1970 devido à instabilidade do


dólar que ao longo do tempo começou a perder o valor e o fim desse acordo foi o
primeiro grande problema dessa década, pois agora que o valor do dólar despenca,
e isso causa um grande impacto nas contas pois o estado gastou muito, a maior
parte do dólar americano estava nas mãos da OPEP (é uma organização
internacional, com sede em Viena (Áustria), fundada pela Arábia Saudita,
Venezuela, Irã, Iraque e Kuwait. Atualmente, ela conta com 13 membros,
que foram aderindo a associação ao longo do tempo, e representam  78,7%
das reservas de petróleo do mundo), para se recuperar dessa perda com a
desvalorização do dólar a OPEP decide multiplicar por 3 o valor do
petróleo, essa jogada acabou prejudicando os países que se encontravam
endividados principalmente os que ainda estão se desenvolvendo, que
tinham um déficit de 8 bilhões em 1973 e com essa jogada da OPEP deu um
salto para 51 bilhões. Além disso, teve-se a formação do que ficou
conhecido como os tigres asiáticos tendo como integrantes a Cingapura,
Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan, os mesmos apresentaram um acelerado
processo de industrialização em razão da agressiva administração e da localidade
dos países, os mesmos ficaram assim conhecidos.
O modelo industrial desses países é caracterizado como IOE (Industrialização
Orientada para a Exportação), ou seja, as indústrias transnacionais que se
estabeleceram nesses países e as empresas locais implantaram um parque
industrial destinado principalmente ao mercado exterior.

Nesse mesmo período é o fim do tão conhecido milagre econômico


Brasileiro, onde entre os anos de 1968 e 1973, sob uma forte ditadura
militar, o Brasil viveu um período verdadeiramente milagroso de expansão
econômica, além do fato de que em 1973 é abandonada a restrição ao
capital. O Produto Interno Bruto (PIB) do país crescia 10% ao ano ou mais
no setor de construção civil, tal crescimento beirava aos 15%. Na indústria,
18%. Mas nada disso evitou a queda do dito milagre econômico e acarretou
a fama de ter sido um dos períodos mais nefastos da história brasileira,
marcado principalmente pela concentração de renda e desigualdade social.

Contudo, em 1979, o mundo passou por uma nova crise do petróleo, desta vez
causada pelo Irã. O Xá do Irã, Mohammad Reza Pahlavi, o então aliado dos
Estados Unidos, foi derrubado e em seu lugar ficou Aiatolá Komeini, líder
muçulmano xiita e inimigo declarado de Israel. Com isso, o petróleo foi utilizado
como arma de manipulação e teve seu preço dobrado, em retaliação, novamente,
aos Estados Unidos, maior consumidor mundial. Com a crise do petróleo, a União
Soviética foi bastante beneficiada, propiciando um estilo de vida melhor à sua
população, com mais aquisições de bens e conforto material. Já o Brasil sofreu
com mais intensidade a segunda crise do petróleo, tendo o resultado refletido na
alta da inflação, com os constantes aumentos dos preços dos combustíveis dentro
do mercado brasileiro.

Na década de 1980 tem-se uma maior necessidade de exportação principalmente


na américa latina, nesse período a única forma de conseguir dinheiro é através da
exportação e de empréstimos, para tal é preciso ocorrer uma desvalorização na
moeda onde vai criar um efeito na balança comercial do país, se a moeda nacional
é desvalorizada torna-se muito mais fácil exportar, da mesma forma para importar
quanto mais se perde o valor maior serão os cofres com moedas estrangeiras.
Entre os anos de 1978 e 1981 as taxas de juros aumentam de 9,5% para 16% isso
vai fazer com que o dólar se valorize, entretanto, vai ocasionar em uma recessão
ao nível mundial que vai acabar agravando o problema da dívida.

Vai ocorrer no ano de 1982 uma restruturação dos acordos, como o Plano Baker
(1985) que ganhou esse nome por ter nascido na secretaria do tesouro norte-
americano, capitaneada por James Baker, completou a definição de novas ideias
ao adicionar ao ajuste macroeconômico ortodoxo as reformas institucionais
orientadas pelo mercado. O desenvolvimentismo passou logo a sofrer ataque
sistemático. Tirando proveito da crise econômica, que em parte derivava da
superação do modelo de desenvolvimento e das distorções que sofrera nas mãos
de políticos e classes médias populares, a ortodoxia convencional tornou o
desenvolvimentismo uma expressão depreciativa, identificando-o com o
populismo. E. em seu lugar, colocou como proposta políticas econômicas
ortodoxas e reformas institucionais neoliberais, que solucionariam todos os
problemas. Ainda mais, adicionou também que os países em desenvolvimento
abandonassem o antiquado conceito de “nação” que o nacional
desenvolvimentismo adotara e aceitassem a tese globalista segundo a qual, na era
da globalização, os estados-nações haviam perdido autonomia e relevância:
mercados livres mundiais, inclusive os financeiros, encarregavam-se de promover
o desenvolvimento econômico de todos. Colocando em termos mais coloquiais
plano tinha como objetivo declarado promover o crescimento econômico dos
países em desenvolvimento, para que assim pudessem pagar as suas dívidas e
voltassem a ter acesso ao mercado internacional de capitais. Além dessa
motivação, havia razões internas para o governo americano empenhar-se em
solucionar a crise dos países subdesenvolvidos. Especulava-se que os Estados
Unidos estavam à beira de uma restrição de crédito, o que causaria uma recessão.
Logo, resolver o problema da dívida externa dos países em desenvolvimento traria
consequências positivas à situação interna americana, pois faria diminuir a
necessidade de reservas dos bancos norte-americanos, aumentaria a liquidez
bancária e traria maior disponibilidade de recursos para empréstimos internos.

Acrescenta-se ainda que, como muitos bancos americanos tinham carteiras


compostas por percentuais muito elevados de dívidas dos países em crise, havia
uma grande possibilidade de quebra de algumas dessas instituições, o que poderia
provocar outras falências em cascata. O Plano Baker tinha como corolário o
estabelecimento, nos países devedores, de medidas que promovessem
crescimento, em vez de medidas que enfocassem no controle de preços. Para
empreender essas medidas, o Banco Mundial e alguns bancos privados deveriam
fazer novos empréstimos, no valor de US$ 29 bilhões, com juros Libor + 0,8125%
e prazo de um ou dois anos. O Plano acabou não alcançando o sucesso que se
esperava, pois os prazos para pagamento dos novos empréstimos foram
extremamente curtos para que os países endividados pudessem ajustar suas
economias. Dessa forma, os países devedores eram obrigados a chamar seus
credores à mesa de negociação com muita freqüência, o que evidenciou a
necessidade de se encontrar uma solução de longo prazo mais efetiva.

Em 1989, estava claro o fracasso do Plano Baker. Como ilustra Demirors (1993),
os descontos das dívidas soberanas de Brasil, Argentina e Venezuela variavam
entre 20% e 35%, em janeiro de 1986, e chegaram a atingir 85% em fevereiro de
1989. Esse fracasso trouxe reflexos negativos para os países devedores, mas
também era indesejável aos Estados Unidos. 54 A ameaça de uma restrição de
crédito retornava e, dessa vez, com um agravante a mais: os Estados Unidos
passavam por uma crise imobiliária. Logo, era preciso procurar uma nova solução
para o problema da dívida externa dos países em desenvolvimento. Outro ponto a
ser considerado dentro deste tópico é que em 1987 o Comitê da Basiléia criou um
modelo para medir a adequação do capital de um banco em relação ao fator risco.
Tal modelo serviu de base para um acordo assinado na sede do Bank of
International Settelments (BIS), na Basiléia, Suíça. Uma das regras estabelecidas
no chamado Acordo da Basiléia era que, se um banco desejasse realizar atividades
internacionais deveria ter uma estrutura de balanço tal que o seu patrimônio
líquido equivalesse a, no mínimo, 8% do total dos seus ativos ponderados pelo
risco.
Nas regras de ponderação, ficou ainda estabelecido que papéis do governo de
países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
teriam um peso de risco de 10%, ao passo que o peso de papéis de governos de
países endividados seria de 100%. O Federal Reserve (Banco Central dos Estados
Unidos) passou a exigir dos bancos americanos a adequação aos princípios do
Acordo da Basiléia. Dado que os grandes bancos privados americanos eram os
principais credores das dívidas soberanas dos países em desenvolvimento, a
estrutura de seus balanços estava bastante alavancada, se fosse considerado como
critério a ponderação do Acordo da Basiléia. Com isso, os bancos norte-
americanos, em sua maioria, estavam impossibilitados de aumentar a sua
exposição ao risco através de concessão de crédito a países endividados. Dessa
forma, o novo secretário do Tesouro americano, Nicholas Brady, anunciou um
novo plano cujo objetivo era trazer um alívio da dívida externa não apenas através
de novos empréstimos, como propunha o Plano Baker, mas também por meio do
perdão de parte do estoque da dívida. Havia nessa época um consenso entre
banqueiros, representantes dos governos e acadêmicos de que um desconto na
dívida externa dos países subdesenvolvidos seria benéfico para todas as partes
envolvidas, pois uma redução no serviço da dívida diminuiria substancialmente a
probabilidade de 55 inadimplência, fazendo com que os deságios nos preços dos
títulos da dívida também caíssem.

O Plano Brady propunha duas opções para os países devedores pudessem


negociar com os bancos credores: receber novos empréstimos ou ter abatimentos
de suas dívidas, que seriam securitizadas em títulos Brady. Para terem suas
dívidas reestruturadas, os países endividados deveriam se enquadrar nas metas de
inflação, crescimento do Produto Nacional Bruto, privatização e quebra de
monopólio sugeridas pelo Fundo Monetários Internacional. Também era
requerido que a reestruturação da dívida fosse aprovada pelo Banco Mundial.
Pode-se dizer que o Plano Brady foi fundamentado na redução da dívida, seja pela
recompra direta de parte dela pelo país devedor, seja pela substituição da dívida
velha por novos títulos através de securitização. A diferença entre a dívida velha,
em forma de empréstimo bancário, e a nova, representada por títulos negociáveis
no mercado, é que os últimos possuíam garantias maiores contra uma eventual
inadimplência. De qualquer maneira, os devedores teriam direitos a descontos
sobre partes dos valores das dívidas. Ao longo das negociações do plano, o
desconto nas operações de grande volume foi se tornando cada vez mais aceito
pelos credores. Dentre os fatores que possibilitaram isso, destaca-se a redução
ocorrida na relação entre a soma do capital próprio e das provisões para créditos
duvidosos dos bancos credores e o estoque de seus empréstimos a países em
desenvolvimento, entre o final de 1983 e meados de 1988.

O chamado “Consenso de Washington” durante as décadas de 80 e 90, o


consenso foi o responsável pela normatização do neoliberalismo no mundo, a
partir da imposição de medidas relativas à austeridade fiscal, privatização e
liberalização do mercado, logo começa a se resolver o problema da dívida onde a
Àsia vai corresponder a 60% do comércio mundial. Entretanto, no final dos anos
90, uma grande crise se abateu sobre as principais economias emergentes da Ásia.
Foi a chamada crise asiática de 1997. Inicialmente restrita ao conjunto de países
conhecidos como tigres asiáticos, a crise asiática rapidamente se espalhou para
outros países, afetando economias e mercados do mundo inteiro. Por isso, muitos
afiram que essa foi a primeira crise da era da economia globalizada. Esse
acontecimento foi um período de recessão econômica que atingiu grande parte dos
países da Ásia em 1997 — em especial os chamados tigres asiáticos, o conjunto
de países emergentes do Sudeste Asiático que, no momento, se destacavam por
um grande crescimento e desenvolvimento econômico.

Também conhecida como crise financeira asiática ou Contágio Asiático, tal


evento rapidamente obteve uma escala global, afetando indiretamente países e
economias ao redor do mundo. Tal crise ganhou fama como a primeira grande
crise dos mercados globalizados como consequência disso, os impactos logo
puderam ser sentidos por diversas nações, isso porque o mercado já era
globalizado. Países como a Tailândia, Malásia e a Coreia tiveram uma diminuição
de 10% no Produto Interno Bruto. Além disso, a Indonésia acabou sendo a mais
afetada, tendo uma redução de 15% no PIB. Uma das consequências da crise
asiática foi o aumento dos problemas sociais, isso porque houve um grande
aumento nas taxas de desemprego, como é sabido não basta muito para que o caos
seja instaurado. Tal fato acabou levando os mercados na Ásia a começarem a ser
roubados pela própria população. E fez os Estados Unidos mandaram só para
Indonésia 70 milhões em comida e remédios como um tipo de ajuda.

No final de 1997 na Tailândia, o número de desempregados passou de 850 mil,


para 1,5 milhões em 1998. Já na Coreia do Sul, pelo menos 10 mil trabalhadores
foram afastados por dia do trabalho, de acordo com o governo sul-coreano. Em
1998, a crise asiática já fazia muitas indústrias e empresas adotarem medidas
drásticas. Isso para diminuir o número de demissões, a Coreia do Sul precisou
fazer um acordo para legalizar o “lay-off’’ no país. A crise também teve um
grande efeito sobre os mercados financeiros desses países. O maior banco da Ásia,
Peregrine Investments, por exemplo, chegou a pedir liquidação financeira. Essas e
outras medidas forçaram ainda mais a saída de capital estrangeiro desses países, o
que agravou os efeitos da crise.

A crise asiática também acabou refletindo nas principais potências econômicas do


mundo. Variadas ações internacionais sofreram uma queda de 60%. Além disso,
ela afetou países da União Europeia, Estados Unidos e a Rússia. As consequências
da crise asiática também fizeram a economia mundial ficar contida nos anos de
1998 e 1999. Ainda mais, o impacto também afetou a economia dos países
asiáticos que enfrentaram diversas falências. A crise financeira na Ásia afetou
também as finanças da Rússia. O presidente do país na época, Boris Yeltsin
chegou a demitir todo o governo. Não muito tempo depois, o rublo russo também
entrou em colapso — e logo depois, a Bolsa Russa também entrou em recessão,
iniciando a também conhecida crise russa.

Entre 1989 e 1998, a Rússia mergulhou numa crise profunda. Uma crise de
transformação, ligada ao colapso do sistema soviético e uma ampla gama de
reformas. Como resultado, a Rússia finalmente consegue se tornar um país com
uma economia de mercado. Entre os anos de 95 e 97, as instituições desta nova
economia ainda estavam engatinhando. Mas os problemas do socialismo,
incluindo os mais óbvios como falta de produtos nas lojas. O dinheiro por sua vez
tinha agora valor real, e uma nova estrutura econômica passou a entrar em vigor.
Pela primeira vez em décadas, ela era baseada no conceito de oferta e demanda
deixando de lado o escravismo e principalmente a servidão.
Ainda há muita discussão sobre como a economia russa, que é hoje dependente
da exportação de combustíveis e matérias-primas. Mas isso é uma situação que já
acontecia há anos. No final da década de 1960, grandes depósitos de petróleo e
gás foram descobertos na Sibéria oriental. Esta dependência só ficou mais forte
quando o preço do petróleo disparou internacionalmente na década de 1970.
Durante a crise transformadora de 89-98, o PIB da Rússia se contraiu em 40%,
sua produção industrial caiu em 55%. Um declínio desta magnitude é inédito pelo
menos em épocas de caos. O golpe final foi dado pela crise financeira de 1988.
Ela também causou mudanças políticas. O governo de reformistas foi obrigado a
renunciar. A Rússia enfrentava agora sua primeira mudança de presidentes na
história pós-soviética.

Mas após a crise de 1998, que viu o preço do petróleo atingir seu ponto mais
baixo desde 1973 (U$ 12 o barril) as coisas começaram a melhorar. A economia
russa cresceu muito rapidamente entre 1998 e 2008. De fato, tão rapidamente que
muitos se convenceram de que a Rússia estaria pronta para se juntar ao clube
elitista dos países ricos com altas taxas de crescimento. Naqueles anos, o PIB
russo cresceu 185%, comparado com 1998. Sua média de crescimento anual foi de
7,3%. foi isso que fez da Rússia um dos países dos Brics, assim definidos pela
Goldman Sachs. Estes países são vistos como locomotivas do crescimento no
início do século 21. Mas é válido lembrar que este crescimento seguiu uma crise
muito difícil e as comparações foram feitas com os piores dias da crise.
Comparada com o nível de 1989, a inflação fez os preços serem 108% mais altos
em 2008. Neste mesmo período a população russa começou a gastar mais e
poupar menos. A poupança interna caiu de 31% para 19% do PIB. No geral,
portanto, o período de 1998 a 2008 foi de crescimento reconstrutor. E os fatores
que o definiram são improváveis de se repetirem. Mesmo se o fizerem, seu efeito
será provavelmente muito mais brando.

Esta década pode ser dividia em duas partes distintas. A primeira (de 1999 a
2003) viu rápido crescimento econômico e cooperação entre empresas e
autoridades. A atividade empresarial foi forte, empresas que vinham tendo
produtividade baixa reverteram a tendência e os preços do petróleo permaneceram
moderadamente baixos (entre US$ 20-25 pelo barril, em média). Mas em 2003,
um novo conflito entre empresas e governo se tornou aparente. Ela culminou na
condenação e prisão dos empresários bilionários Mikhail Khodorkovsky e Platon
Lebedev. Politicamente, as regulamentações eleitorais foram endurecidas e o
regime como um todo se tornou menos liberal. O segundo estágio (os anos de
2004 a 2008) viu o Estado interferir mais e mais na economia, com a queda da
atividade empresarial. No entanto, isso acontecia em um cenário de preços altos
do petróleo e crédito internacional barato. Estes fatores mantiveram os negócios
vivos e investidores estrangeiros interessados, frequentemente artificialmente.

Referencias;
Vídeo-aulas ministradas pelo professor da matéria
Textos auxiliares publicados no sigaa
Infoescola.com.br

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