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DOI 10.31560/pimentacultural/2022.94562.7
RESUMO:
O governo investe em desenvolvimento tecnológico por meio de programas
de fomento à inovação para possibilitar a execução de atividades inovativas. O
investimento em alta tecnologia é arriscado e muitas vezes alto demais para as
próprias empresas. Nos Estados Unidos o SBIR (Small Business Innovation Re-
search), é o principal programa de fomento à inovação e tem suma importância
para o setor tecnológico do país. No Brasil há diversos programas espalhados
pelos estados como o Programa Centelha, Tecnova, Inovação Rio e Startup
Pará, no entanto, o PIPE (Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas
Empresas) se destaca por ter sido criado com base no programa norte-ame-
ricano. Esse trabalho tem como objetivo identificar os programas de fomento
às atividades inovativas no Brasil e compara com o programa dos Estados
Unidos, explorando os dados dos programas analisados. Os resultados en-
contrados mostram que existem empresas brasileiras que se desenvolveram
tecnologicamente através dos programas de fomento. Por outro lado, o núme-
ro de programas de fomento e as quantias financeiras disponíveis no Brasil são
baixos comparados aos disponibilizados nos Estados Unidos.
241
ABSTRACT:
Governments have been investing in technological development by programs
which support innovation. Investments in high technology are sometimes too
risky for companies. In the United States, Small Business Innovation Research
(SBIR), is the main program which supports innovation, and it is very important
for this country’s technological segment. In Brazil there are many programs
spread around the states, such as. ‘Programa Centelha’, ‘Tecnova’, ‘Inova-
ção Rio’ and ‘Startup Pará’, although, the ‘Programa de Inovação Tecnológica
em Pequenas Empresas’ (PIPE) is featured because it was created based on
SBIR. The aim of this article is to identify programs which support innovation
in Brazil and compare those with the US programs, exploring data. Results
showed that there are brazilian programs which seek supporting technologi-
cal innovation and that there are companies being developed through them.
However, the number of the development programs and the finance resources
available in Brazil is lower than the amount available for SBIR.
242
1. INTRODUÇÃO
243
Este trabalho foi organizado como segue: após uma breve intro-
dução nesta seção 1, na seção 2 é apresentada uma revisão da litera-
tura sobre os principais programas de fomento à inovação no Brasil e
nos Estados Unidos, na seção 3 é descrita a metodologia de pesquisa
aplicada, na seção 4 é exibida a análise dos resultados e na seção 5
são expostas as considerações finais da pesquisa.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
244
mais de 35 anos de operação. Uma média anual de aproximadamente
2.800 empresas contempladas com recursos financeiros do programa.
245
programa (WESSNER, 2008). Basicamente, o SBIR é dividido em
três fases principais, descritas a seguir:
246
Um programa bem estruturado como o SBIR norte-americano
certamente apresenta resultados relevantes. Alguns dos principais im-
pactos e resultados do programa SBIR passíveis de avaliação são a
venda de empresas e a geração de emprego. Neste sentido, é possível
apresentar alguns exemplos de empresas que foram contempladas com
investimentos do SBIR. A Qualcomm é uma fabricante de processado-
res que se beneficiou do programa para se desenvolver. Outra empresa
que participou do SBIR é a Symantec, empresa de segurança cibernéti-
ca. No ramo da robótica, pode-se destacar a desenvolvedora de robôs
iRobot que também recebeu investimentos do programa norte-america-
no. Por fim, a indústria de turbinas hidráulicas Natel Energy, que assim
como as três empresas anteriores também tem atuação global, sendo
mais um exemplo de negócio desenvolvido com recursos do SBIR.
247
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CAPES – Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, e a FINEP – Finan-
ciadora de Estudos e Projetos.
248
de empresas. Nesse sentido, programas como o PIPE se mostram
muito importantes para a economia.
249
os projetos são selecionados respeitando as 3 fases de seleção (CEN-
TELHA, 2020). Em média, são disponibilizados cerca de 50 mil reais
por ideia aprovada e apoio técnico durante os 11 meses de duração,
incluindo um período para abertura das empresas e acompanhamento
do início das operações (CENTELHA, 2020).
3. METODOLOGIA
250
Foi criada uma relação das Fundações de Amparo à pesqui-
sa estaduais com seus respectivos sites, Programas de fomento para
Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas e editais dos Programas,
e organizados no Apêndice A. A população da pesquisa são os 26 es-
tados da federação brasileira mais o Distrito Federal, sendo a amostra
100,0% dos sites de Fundações de Amparo à Pesquisa.
251
Tabela 1 – Programas de Fomento à Inovação
em Pequenas Empresas no Brasil 2019/2020
252
% Subvenção % de Con- Total de proje- Total de pro- Percentual de Percentual
Estadual trapartida do tos submetidos jetos apro- projetos aprova- de projetos
montante da em 2019 / 2020 vados em dos em relação aprovados X
Subvenção 2019 / 2020 ao total de sub- submetidos
metidos no país por Programa
100% 5% 106
33% 5% 802
253
Verifica-se, conforme apresentado na Tabela 1, que foram en-
contrados 24 programas de fomento à pesquisa inovativa em peque-
nas empresas promovidos pelas Fundações de Apoio à Pesquisa
estaduais (FAP´s) com editais nos anos de 2019 e 2020. Destes 24
programas encontrados, nem todos os estados da federação tiveram
programas realizados neste período e alguns estados tiveram mais de
um programa neste período. Encontrou-se 22 estados com um progra-
ma administrado pelas suas respectivas Fundações de Amparo à Pes-
quisa, que representam 82,0% do total de estados do Brasil. Os esta-
dos do Acre, Rondônia, Roraima e Tocantins, além do Distrito Federal,
não apresentaram Programas, enquanto os estados do Rio Grande do
Sul e Santa Catarina tiveram 2 programas neste período.
254
Sul foram encontrados o Tecnova, no Pará o programa Startup, no Rio
de Janeiro o programa InovAÇÃO e em São Paulo o PIPE (Fase 1 e
Fase 2). Fora os programas mencionados no referencial teórico, foram
encontrados os programas InovAÇÃO-Rio e Startup-Pará.
255
Programas Programas
Fases e suas Fase 1: 6 meses à 1 ano Fase1: até 9 meses Execução: 12 meses Execução: 24 meses Execução: 7 meses Execução: 24 meses
Durações Fase 2: até 24 meses Fase 2: até 24 meses
Valores Fase 1: 50 à 250.000 Fase 1: até R$200.000 Após projeto aprovado, de Mínimo R$ 100.000,00 e Para a modalidade Acele- Faixa A: até
Fase 2: geralmente U$ 750.000,00 Fase 2: até R$1.000.000 R$ 50.000 à R$ 80.000,00 máximo R$ 300.000,00 ração, as propostas devem R$200.000,00
( U$ 500.000 à U$ 1,5M) Fase 3: sem apoio FAPESP ter valor máximo previsto Faixa B: até
Fase 3: sem aporte financeiro de até R$ 200.000,00 e R$600.000,00
para a modalidade Novos Faixa C: até R$
Negócios as propostas 3.000.000,00 (50%
devem ter valor máximo financiado)
de até R$ 80.000,00
Pesquisador Emprego primário (> 50%) deve Caso o pesquisador principal seja pago O coordenador do proje- O coordenador do projeto Pessoa física (coorde- Informação não encon-
principal estar com a pequena empresa pela empresa e não receba bolsa da to deve ter competência e deve ter competência e ex- nador do projeto) deverá trada no edital
FAPESP, é exigida a dedicação mínima experiência técnica relacio- periência técnica relacionada constituir uma empresa
de 24 horas semanais ao projeto na nada ao tema da proposta e ao tema da proposta e vín- com sede no Estado do
empresa. Se o pesquisador principal soli- vínculo com a beneficiária culo com a beneficiária pro- Pará para o recebimento
citar Bolsa PE, é necessária a dedicação proponente (participação ponente (participação como dos recursos financei-
mínima de 40 horas semanais ao projeto. como sócio ou empregado sócio ou empregado com ros não reembolsáveis;
com vínculo trabalhista, de vínculo trabalhista, de acordo O proponente do projeto
acordo com as regras da CLT) com as regras da CLT). deverá ter vínculo direto
com a empresa beneficiá-
ria a ser criada (proprietá-
rio ou sócio-proprietário),
comprovado por meio de
contrato social.
Itens 33% (Fase I) Além das bolsas PE e TT e de recursos Diárias nacionais; • Concepção, definição de Os itens relacionados a Serviços de terceiros
Financiáveis 50 % (Fase II) para viagens, são também financiáveis Passagens aéreas; parâmetros e elaboração de despesas de capital, cus- (pessoas físicas e ju-
Serviços de Terceiros, Material Perma- Material de Consumo; projetos básicos e executivos; teio e bolsas são passíveis rídicas), no Brasil e
nente e Material de Consumo. Estes po- Seriços de Terceiros Pessoa • Desenvolvimento ou apri- do apoio financeiro pre- no exterior, inclusive
dem ser adquiridos tanto no Brasil quanto Fisica e/ou Jurídica; moramento de novos produ- visto neste Edital somente consultorias externas
no exterior. Em todos os casos, é funda- Despesas de Capital tos e/ou processos; se estiverem diretamente e contratações de Ins-
mental que eles sejam bem justificados • Avaliação de desempe- relacionados aos objetivos tituições de Ciência e
como essenciais à pesquisa científica nho, incluindo inspeção, e as atividades do projeto Tecnologia; Material de
ou tecnológica que será desenvolvida no ensaios, testes de conformi- consumo, componen-
âmbito do projeto. Não são financiáveis dade e certificação; tes e/ou peças de repo-
itens de produção ou que não sejam • Patenteamento de soluções sição de equipamentos;
essenciais à pesquisa proposta, mesmo desenvolvidas no projeto; Diárias e passagens.
que possam ter utilidade para a empresa. • Aquisição de equipamen-
tos e instalações de caráter
permanente.
Organizadores 11 agências governamentais FAPESP Fundações estaduais Parceiros Operacionais FAPESPA FAPERJ
(USDA, DoC, DoD, ED, DOE, HHS, de amparo à pesquisa Descentralizados no
DHS, DOT, EPA, NASA, NSF) nível estadual
Site https://www.sbir.gov/about https://fapesp.br/pipe/faq/ https://programacentelha. http://www.finep.gov. https://startuppara. http://www.faperj.
com.br/ br/apoio-e-financia- fapespa.pa.gov.br/ br/?id=3876.2.0
mento-externa/progra-
mas-e-linhas/tecnova
Na Tabela 2 podem ser notadas as similaridades entre os
objetivos dos programas, os quais estão sempre desenvolvendo
empresas de base tecnológica através da promoção de projetos
inovativos de produtos ou serviços. Como critério de elegibilidade
dos programas Centelha, Startup-Pará, Tecnova e Inovação-Rio foi
estabelecido um faturamento bruto anual de até R$ 4.800.000,00
das empresas que participaram dos editais. As fases dos progra-
mas e seus períodos de duração são similares entre os programas
SBIR e PIPE. Os demais programas mencionam fases, mas as mes-
mas estão relacionadas com o processo seletivo. Nos programas
Centelha, Tecnova e Startup-Pará o responsável pelo projeto deve
ter vínculo direto com a empresa beneficiária. A maioria dos progra-
mas têm como itens financiáveis as bolsas para os pesquisadores,
pagamento de diárias e materiais de consumo.
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a relação de projetos aprovados versus submetidos, com seus valores
expressos em porcentagem.
259
bém que alguns programas apresentados na Figura 1, não apresentam
projetos aprovados, ou seja, os estados do Paraná e Pará, o que signifi-
ca que os programas estão em fases de seleção de projetos e não foram
divulgados os finalistas até o momento da elaboração deste trabalho.
260
lo, com o programa PIPE, onde foram submetidos 825 projetos e
aprovados 181 levando a taxa percentual para 21,9%, ou seja, uma
relação muito superior que todos os outros estados, como pode ser
notado na Figura 1. No outro extremo, o estado do Espírito Santo teve
uma alta carga de projetos submetidos, com o total de 3.553, porém,
com uma baixa quantidade de projetos aprovados de 56, levando a
uma baixa relação, representada por 1,6%.
261
Em relação aos objetivos do programa Centelha, busca-se es-
timular o empreendedorismo inovador por meio de capacitações para
o desenvolvimento de produtos (bens e/ou serviços) ou de processos
inovadores e apoiar, por meio da concessão de recursos de subven-
ção econômica (recursos não reembolsáveis), a geração de empresas
de base tecnológica, a partir da transformação de ideias inovadoras
em empreendimentos que incorporem novas tecnologias aos setores
econômicos estratégicos. A pesquisa buscou comparar com SBIR e
PIPE, porém foi possível fazer a comparação com apenas o PIPE o
qual tinham dados robustos para análise. Ao comparar com o PIPE,
busca-se apoiar a pesquisa em ciência e tecnologia como instrumento
para promover a inovação tecnológica, promover o desenvolvimento
empresarial e aumentar a competitividade das pequenas empresas,
incrementar a contribuição da pesquisa para o desenvolvimento eco-
nômico e social, induzir o aumento do investimento privado em pes-
quisa tecnológica, possibilitar que as empresas se associam a pesqui-
sadores do ambiente acadêmico em projetos de pesquisa visando à
inovação tecnológica e contribuir para a formação e o desenvolvimento
de núcleos de desenvolvimento tecnológico nas empresas e para o
emprego de pesquisadores no mercado de trabalho empresarial.
262
4.5 RECURSOS FINANCEIROS CONCEDIDOS
263
cederam valores inferiores à R$ 70.000,00 foram de outras 18 Fun-
dações de Apoio. O total de subvenção econômica concedida pelo
somatório de todos editais dos programas encontrados no Brasil é
de R$ 159.476.727,25 para os anos de 2019 e 2020. Comparando
o montante de subvenção econômica por projeto do PIPE, que é o
maior dos programas do Brasil com o SBIR, é possível analisar que
enquanto o PIPE oferece até R$ 1.200.000,00 (valores somados das
Fases 1 e 2), o SBIR destina U$ 850.000,00 (U$ 100.000,00 na Fase
1 mais U$ 750.000,00 na Fase 2) por projeto aprovado.
264
praticaram uma faixa de subvenção econômica oriunda de recursos
federais (FINEP) de 50,0 à 65,0% do montante concedido ao proje-
to aprovado: Centelha/CE, Tecnova/RS, Centelha/RS, Centelha/AM,
Centelha/AP e Centelha/MG. Os demais programas concederam
uma valor de subvenção econômica oriunda de recursos federais (FI-
NEP) entre 65,0 e 100% do montante concedido ao projeto aprovado:
Centelha/GO, Centelha/BA, Centelha/ES, Centelha/MT, Centelha/PB,
Centelha/PR, Centelha/PE, Centelha/PI, Centelha/SC, Centelha/AL,
Centelha/RN, Centelha/ES e Centelha/MA.
265
A pesquisa buscou mostrar regionalmente a proporção de pro-
jetos submetidos nos programas Centelha, Tecnova e PIPE para que
seja possível ter uma visão ampla de qual região que teve maior par-
ticipação no território brasileiro. Ao avaliar a soma de projetos sub-
metidos, observou-se que a região que ficou em primeiro lugar no
ranking foi o Nordeste, em segundo lugar o Sudeste, em terceiro lugar
o Sul, em quarto lugar o Centro-Oeste e por último a região Norte. O
fato do estado do Nordeste ficar em primeiro lugar, foi pela grande
quantidade de projetos submetidos nos estados, ou seja, 8 estados
tiveram a participação dos programas de inovação, todos provenien-
tes do programa Centelha. Os estados que participaram foram: Piauí,
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Ceará, Bahia e
Alagoas. Em seguida, a segunda posição do ranking teve uma grande
participação do estado do Espírito Santo, contabilizando 3.553 proje-
tos na fase de submissão, sem este estado, a região sudeste ficaria
na última colocação. Em terceiro lugar, a região Sul teve uma grande
contribuição com os programas Tecnova nos estados de Santa Cata-
rina e Rio Grande do Sul, contribuindo com quase 30,0% dos projetos
submetidos. Em quarto lugar, na região Centro-Oeste, tem destaque
o estado de Goiás com 917 projetos submetidos, os outros estados
desta região apresentam baixa quantidade de projetos submetidos,
Maranhão com 384, Mato Grosso com 498 e Mato Grosso do Sul com
564. Em último lugar do ranking, a região Norte teve menor partici-
pação, pois foram submetidos projetos em apenas 3 estados: Pará,
Amapá e Amazonas com a maior representativa de 964 projetos.
266
no âmbito de projetos aprovados. E por última análise da pesquisa por
região, ao avaliar em termos percentuais de projetos aprovados em
cada região, tem-se outro ranking que põe os estados em outras po-
sições, trazendo na primeira posição a região Sudeste com 5,4%, em
segundo o Centro-Oeste com 4,3%, em terceiro o Nordeste com 4,2%,
em quarto o Norte com 3,4% e por fim o Sul com 1,5%. O detalhamento
de cada estado pode ser observado na Tabela 1.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
267
introduzir novos produtos e serviços ou agregar novas funcionalidades
aos atuais para ganho de qualidade e aumento de desempenho.
REFERÊNCIAS
ARROW, K. Economic welfare and the allocation of resources for invention.
In: NATIONAL BUREAU OF ECONOMIC RESEARCH. The rate and direc-
tion of inventive activity: Economic and social factors. Princeton University
Press, 1962. p. 609-626.
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