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ISSN 2175-5361 DOI: 10.9789/2175-5361.2013v5n4p408

Vieira BDG, Moura MAV, Alves VH et al. As implicações do profissional…

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AS IMPLICAÇÕES DA ATIVIDADE PROFISSIONAL DAS ENFERMEIRAS OBSTETRAS EFORMADAS PELA EEAN: A QUALIDADE
DE CUIDADOS

AS IMPLICAÇÕES DA PRÁTICA PROFISSIONAL DE ENFERMEIROS OBSTETRAS EGRESSOS DA EEAN: A QUALIDADE DA


ASSISTÊNCIA

AS CONSEQUÊNCIAS DA PRÁTICA PROFISSIONAL DAS ENFERMEIRAS MÉDICAS DA EEAN: A QUALIDADE DA


A ATENÇÃO

Bianca Dargam Gomes Vieira1 , Maria Aparecida Vasconcelos Moura2 , Valdecyr Herdy Alves3 , Diego Pereira Rodrigues4

RESUMO
Objetivo: Analisar as implicações da prática profissional dessas enfermeiras egressas do CEEO EEAN/UFRJ para uma assistência de qualidade à saúde da
mulher. Método: Trata-se de um estudo qualitativo, onde os sujeitos foram vinte (20) enfermeiras obstetras graduadas no CEEO/EEAN que atuam no
município do Rio de Janeiro. Resultados: A autonomia e a titularidade do exercício da obstetrícia estão legitimadas e fazem cumprir a lei como enfermeira
obstétrica, no entanto, a autonomia da assistência ao parto é limitada pelo seu desconhecimento sobre o respaldo legal para atuar nesta área de cuidado,
devido à o impedimento do exercício profissional e o preconceito das instituições de saúde e equipe médica por meio da violência verbal e suas derivações,
gerando implicações negativas para a qualidade da assistência e prática. Conclusão: Assim, deve-se legitimar o reconhecimento profissional pela aceitação
da prática de enfermagem em sua integralidade. Descritores: Especialização em enfermagem obstétrica, Cuidados de saúde de qualidade, Prática profissional.

RESUMO
Objetivo: Analisar as implicações da prática profissional desses enfermeiros egressos dos CEEO da EEAN/UFRJ para a qualidade da assistência à saúde
da mulher. Método: Trata-se de um estudo qualitativo, onde os sujeitos foram vinte (20) enfermeiros obstetras egressos do CEEO/EEAN que atuam no
Município do Rio de Janeiro. Resultados: A autonomia e a apropriação da prática dos enfermeiros obstetras são legitimadas e faz valer o direito como
enfermeiro obstetra, entretanto, a autonomia da assistência ao parto está limitada por seu desconhecimento sobre o respaldo legal para atuar nesta área do
cuidado, por conta do impedimento e preconceito o exercício profissional provenientes de instituições de saúde e da equipe médica por meio de violência
verbal e de suas derivações, gerando implicações negativas para a qualidade da atenção e sua prática. Conclusão: Então, o reconhecimento profissional
pela aceitação do exercício de enfermagem na sua plenitude deve ser legitimado. Descritores: Enfermagem obstétrica, especialização, Qualidade da
assistência à saúde, Prática profissional.

RESUMO
Objetivo: Analisar as implicações dessa prática dos enfermeiros egressos da EEAN CEEO/UFRJ para uma assistência de qualidade à saúde da mulher.
Método: Foi realizado um estudo qualitativo, onde os sujeitos foram vinte (20) parteiras graduadas do CEEO/EEAN que atuam na cidade do Rio de Janeiro.
Resultados: A autonomia e a titularidade do exercício da obstetrícia são legitimadas e impostas pela lei enquanto parteira, no entanto, a autonomia da
assistência ao parto é limitada pelo desconhecimento das mesmas sobre respaldo legal para atuar nesta área assistencial, devido ao impedimento da prática
profissional e os preconceitos das instituições de saúde e do pessoal médico por meio da violência verbal e seus derivados, gerando consequências negativas
para a qualidade da assistência e prática. Conclusão: Portanto, deve-se legitimar o reconhecimento profissional pela aceitação da prática de enfermagem em
sua integralidade. Descritores: Experiência de enfermagem obstétrica, Cuidados de saúde de qualidade, Prática profissional.

1Enfermeira, Mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil; Professora Assistente do
Departamento Materno-Infantil e Psiquiátrico da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, Universidade Federal Fluminense, Niterói (RJ) Brasil; E-mail:
biadargam@gmail.com. 2Enfermeira, Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery, Professora Associada, Departamento de Enfermagem
Materno-Infantil Escola Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil. E-mail: maparecidavas@yahoo.com.br. 3Enfermeira, Doutora em Enfermagem
pela Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil; Professora do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquiátrica
da Escola Aurora Afonso Costa, Universidade Federal Fluminense, Niterói (RS) Brasil; E-mail: herdyalves@yahoo.com.br. 4Enfermeira, Mestre em Ciências do
Cuidado em Saúde pela Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa, Universidade Federal Fluminense, Niterói (RS) Brasil. E-mail: diego.pereira.rodrigues@gmail.com.

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INTRODUÇÃO profissional enfermeira obstétrica na construção de um novo

modelo assistencial, menos intervencionista e mais humanizado

A mortalidade materna é um importante assistência à mulher no processo de parturição,

indicador para avaliar as condições de vida e recomendado por organizações internacionais por

saúde da população feminina e seus indicadores modificando esse desenho a saúde da mulher no
mostram uma situação crítica de saúde para as mulheres em nosso contexto do trabalho de parto e nascimento.

país. Essa situação é desencadeada por diversos fatores,


A humanização e a qualificação do cuidado, a
como atendimento de saúde inadequado a esse grupo,
compreensão como resultado de uma relação entre formação
acesso dos usuários aos serviços de saúde em
e prática são essenciais
em nome de uma entrega mais segura e pessoal altamente qualificado,
condições para a atuação da enfermeira obstétrica
como enfermeira obstétrica para cuidar da gravidez e
e a saúde resultarão na solução dos problemas
puerperal e em um determinado parto normal
identificados dentro de um quadro ético que
sem distocia.
garante plena saúde e bem-estar das mulheres
Nesse sentido, o grande desafio para o governo
dentro das questões inerentes à saúde da mulher.
seria quebrar o modelo intervencionista
Para atender a proposta do governo de
medicalizado-paradigma, buscou recuperar o papel
aumentar as parteiras quantitativas e qualitativas
da mulher como protagonista da ação,
público, as Secretarias Estaduais de Saúde (SES), o
evitando uma série de procedimentos que
Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Ministério da
caracterizou erroneamente o processo de parturição como
Saúde (MS) e o Pan-American Health
fenômeno fisiológico natural, levando-o a uma morte perigosa
Organização ( OPAS / OMS) começou a financiar
e muitas vezes iminente.
Cursos de Especialização em Enfermagem Obstétrica (CEEO)
Apesar da redução da maternidade
em todo o território nacional. Esses habilidosos
a mortalidade é uma prioridade nacional para todos
profissionais utilizariam, em seu cotidiano, o
municípios, os indicadores são altíssimos,
conhecimentos adquiridos para atingir
e caracteriza-se por uma taxa de 51,7
melhorias na qualidade dos cuidados prestados aos
óbitos em 2003, quase três vezes o valor máximo determinado
mulheres dentro e fora da gravidez e do parto.
pela OMS

(OMS), que é de 20 mortes por Vale ressaltar que para efetivar o estudo eleito como
1-2
100.000 nascidos vivos. Instituição de Ensino Escola de
Portanto, é importante observar que em Enfermagem Anna Nery (EEAN) / Universidade Federal do
2007, as cesáreas representaram taxas mais altas em Rio de Janeiro (UFRJ), por ser o único local
saúde pública, onde os índices no Brasil giravam em torno cidade do Rio de Janeiro oferecendo o Curso
de 35%, enquanto no estado do Rio de Janeiro Especialização em Enfermagem Obstétrica (CEEO) financiada
aproximadamente 50%, e o Município do Rio de com recursos públicos, além de federal
Janeiro, o quadro girava em torno de 21,33%, Instituição de Ensino que está, em sua história, intimamente
situação preocupante para o contexto da saúde em ligados a questões de origem sócio-política de nossa
o país. Assim, a assistência obstétrica é o principal país, especialmente no que se refere ao
instrumento do setor saúde para combater redução da morbimortalidade materna,
mortalidade materna. através da qualificação.

Compartilhando a ideia do Ministério da Saúde, Assim, o presente estudo teve como objetivo analisar
Sistema Único de Saúde (SUS), envolve um as implicações dessa prática de enfermeiros egressos

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do CEEO EEAN/UFRJ para uma assistência à saúde de qualidade e posteriormente procedeu-se à transcrição do
para mulheres. depoimentos, que foram validados pelo

entrevistados, antes de realizar a análise.


METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pesquisa qualitativa visando o aprimoramento de


Características dos Sujeitos
dados subjetivos em um levantamento social.6 Realizada em
Dos 20 sujeitos que participaram do estudo, os dados
Cursos de Especialização em Obstetrícia
mostraram predominância do sexo feminino
Enfermagem (CEEO), oferecido pela Escola de Enfermagem
(95%) e faixa etária predominante entre 40
Anna Nery/UFRJ, financiado com recursos públicos, o
e 50 anos (60%), constituindo uma população
período de 1998 a 2005.
mais avançada em termos de idade.
A investigação foi realizada após anuência e aprovação
E como o ano de conclusão do
do Comitê de Ética em Pesquisa da EEAN
Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica foi
sendo aprovado como também prevê a Resolução nº.
entrevistado na última aula de 2005 e
196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sob
Protocolo nº 06/2008. concluído em 2006 (50%) devido aos contatos de
os alunos nesta última edição do curso
A população do estudo foi composta por
são recentes e não foram alterados, como também, por
vinte (20) parteiras graduadas de Especialização
ter algum tipo de relacionamento com a Escola
Cursos de Enfermagem Obstétrica da EEAN as turmas de
da Enfermagem Anna Nery, procuradora do CEEO.
2000, 2003 e 2005, que atuam na cidade do Rio
Ao investigar o desempenho em obstetrícia entre os
de Janeiro, escolhidos ao acaso, como pudemos
sujeitos, observamos que
contatos (por carta à Coordenação Geral de
100% trabalhou nessa especialidade, trazendo um resultado positivo
Pós-Graduação e Pesquisa em Enfermagem e
perspectivas para a assistência. E quanto ao
Coordenação Cursos de Especialização em Obstetrícia
tempo de funcionamento dos participantes do estudo em
Enfermagem) e concordaram em participar do
pesquisar. obstetrícia com maior freqüência foi entre os

período de 1 a 10 anos, totalizando 75% dos entrevistados.


A técnica utilizada como instrumento para
a coleta de dados foi individual semiestruturada
Implicações da prática profissional para o
entrevistas com perguntas abertas e fechadas. Dados
Qualidade do cuidado
a coleta ocorreu durante os meses de março
O significado denotativo da implicação
até setembro de 2008 em diversas localidades da cidade do
refere-se a uma relação de consequência de
Rio de Janeiro, quase sempre em seus locais de
objetos ou ações iniciadas; portanto, esta categoria aborda as
trabalho dos graduados.
implicações do profissional
A busca por mais testemunhos foi
prática dos enfermeiros egressos, elencando como resultado
interrompido quando percebemos a saturação
qualidade da atenção à saúde da mulher.
repetição das informações coletadas. Os entrevistados foram
O início da análise foi identificado através
identificados como "graduados" e receberam uma sequência
os depoimentos sobre o cotidiano profissional
de códigos alfanuméricos (E1, ..., E20) para
prática, o cuidado integral como implicação positiva para a
garantir a confidencialidade e o anonimato de seus
qualidade da atenção à mulher. O
evidência.
enfermeira obstetra percebe o cliente como o sujeito

As entrevistas foram gravadas em fita cassete, do processo de cuidar, com expectativas e necessidades

sempre com a autorização dos entrevistados, J. res.: fundam. para ser observado.

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A totalidade dos cuidados de saúde é um dos A avaliação de enfermagem consiste em uma avaliação não

princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), 7 tecnologia invasiva, simples e de baixo custo, que

e esse princípio sendo direcionado para tratar o deve ser valorizada, e ainda aliada à observação global da
mulher chega à conclusão de que este mãe, sendo útil para evitar

população tem o direito de ser atendida em todas as suas procedimentos desnecessários, desconfortáveis ou

necessidades e expectativas, deixando os serviços de saúde embaraçoso. Outra vantagem é que o

são organizados para fornecer a atenção necessária. procedimento representa uma oportunidade para o enfermeiro

No depoimento abaixo, a CEEO trouxe uma ficar mais tempo com a mulher, com possibilidade de

reflexão pessoal e enfermeiros profissionais individualizar o atendimento.8

para melhorar o trabalho e assim melhorar A autonomia do exercício das parteiras

cuidar da mulher antes, durante e depois surgiram em expressões, mais implicações para

gravidez. Os entrevistados expressaram, no geral, a qualidade dos cuidados de saúde femininos.

que o conhecimento adquirido sobre a mulher como A soma da independência intelectual,

totalidade e compreensão de sua singularidade, adquirido na CEEO, com direito a ser regido por

foram essenciais para o crescimento e aperfeiçoamento. suas próprias leis, como a Lei da Enfermagem Profissional,

o nº 7.498/86, que define a competência da enfermeira ou


Na verdade, ser parteira não é só fazer o parto parteira na assistência de enfermagem para
é você acompanhar a mulher antes de
engravidar, durante a gravidez, e depois dela, gestantes, parto, puerpério e
e mesmo assim, para que ela engravide
recém-nascidos Portarias emitidas pelo MS e OMS
novamente. Acho que a melhor parte do curso
foi o conhecimento da mulher como um todo. recomendações sobre o assunto aparecem como
Então eu tenho tentado, depois do curso, fazer
esse link. Tenho buscado melhorar meu autonomia. E isso é importante para o pessoal
trabalho, não só em relação ao delivery. (E2) especialista em desenvolvimento profissional e

A Enfermagem, através do exercício da liberdade e

A avaliação do paciente também foi poder de decisão sobre as medidas relevantes

indicados por graduados, inseridos em considerado necessário em obstetrícia.

prática e, portanto, uma implicação positiva para Pela autonomia e propriedade do

a qualidade da assistência à saúde à clientela. prática foi endossada por parteiras obtendo o

Uma ação importante da enfermeira obstetra título conferido pelos discursos do CEEO abaixo:

em seu atendimento está a avaliação da clientela já que,


Eu acho que o título de Especialista, é sempre
através desta prática ele identifica a necessidade de outra coisa (...). Quando você vai para uma
seu público, e realiza procedimentos e pós-graduação, você tem outro olhar. Uma pós-
graduação te dá uma direção. Você pode ter
operações necessárias, qualificando a assistência e mais autonomia. (E10)

reduzindo os riscos à saúde da mulher.

Na fala abaixo, os egressos relatam a A titulação em Enfermagem Obstétrica representa

avaliação de desempenho após CEEO mais qualificado para as graduadas, certificação e comprovação de

no momento do pré-natal, trabalho de parto e parto, conhecimentos adquiridos através da teoria e da prática,

tornando as ações mais aptas para o especial bem como a capacitação profissional decorrente

Cuidado: desse aprendizado à sua autonomia diante das


ações a respeito de a área e o
Hoje consigo avaliar melhor o pré-natal da
mulher, encaminhar direitinho orientar para
todos os exames e avaliar os exames. Então inter-relações e vínculos com a instituição de saúde e seus
eu acho que contribui muito para a turnê. (E6) colegas de equipe.

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O respaldo legal também foi citado por agem banais e repetitivas mulheres cotidianas, e o
um entrevistado como condição para fazer valer os direitos situação de subordinação da mulher ao homem, a

da enfermeira obstétrica e, consequentemente, a autonomia médico e enfermeira no trabalho fogem das ordens

para cuidar da saúde da mulher: sem conhecimento científico.


Após o acordo, os médicos podem

Como enfermeira reconhecedora dos meus direitos quebrar esse relacionamento através da aceitação de
como profissional, podendo fazer valer minha atenção
possibilidades de compreensão e avaliação de
a essa mulher, sem medo de estar entrando em uma
área que não é minha. Já temos respaldo nas cuidado de enfermagem em obstetrícia e motivador como
portarias, leis que nos garantem esse direito. E
segurança no trabalho para o desenvolvimento desta parceiro, a fim de não prejudicar o
prática, reconhecida através do respaldo legal que
cristalização e, portanto, não produzindo
você tem para prestá-la de forma diferenciada e como
enfermeira. (E5) danos e erros da instituição e da saúde
profissionais em o desenvolvimento de
trabalho em equipe multidisciplinar, principalmente na área da saúde
A autonomia dos enfermeiros de assistência
cuidados direcionados às mulheres.
parto vaginal é limitado por seu desconhecimento sobre o
respaldo legal para atuar nessa área de cuidado, o poder A violência verbal representada pela retaliação
médico por deficiência de técnica e contra a causa médica da Enfermagem, também percebida
conhecimento científico para a gestão do trabalho e as como violência de gênero, moral,
atividades gerais.9
psicológico, profissional e institucional, foi
No entanto, vale ressaltar que o explicada no seguinte depoimento:
egressos trouxeram em suas falas a ideia de que a
Eu, como enfermeira obstetra, dentro de uma unidade
autonomia se conquista por meio do conhecimento sobre de baixo risco, posso e posso fazer isso. Então eu
faço um toque no paciente, para saber como foi. E
o assunto, e também pela iniciativa do profissional
depois que fiz o toque, o médico entrou na sala e me
atenção. chamou, falando assim: Você está aí coçando o
paciente. Eu estava vindo examinar. Você não tem
Além disso, surgiram relatos no nada para ser tocado [realizar toque no paciente. (E8)
dificuldades em relação à autonomia, como
preconceitos e impedimentos no exercício da prática da
Enfermagem Obstétrica, gerados pela saúde
Violência verbal, quando do médico
instituições e equipe médica.
parte do jogo de poder e dominação no
contexto do trabalho existente, é sentido cada vez mais
A gente como enfermeira obstetra vê que ainda existe
muito preconceito em relação à atuação, principalmente difíceis de superar pelos trabalhadores de enfermagem quando
dos médicos. Você dá as informações corretas e eles
causados por alguém de sua equipe, desde que
costumam assediar, pensando que não temos
conhecimento. É difícil, porque eles acham que não identificados como inconcebíveis, pois vivenciam a mesma
podemos agir. (E4)
realidade contextual estressante e desgastante.10
A violência manifestada verbalmente pode

Por semelhança, os preconceitos da obstetrícia, geram grande sofrimento mental, inclusive

médicos para enfermeiras geralmente são provisórios repercussões a nível fisiológico, especialmente

julgamentos decorrentes do ultra médico quando esta situação ocorre repetidamente.

generalização, que reage à prática de enfermagem O reconhecimento do exercício profissional

usando a analogia com experiências anteriores e emergiu das expressões das parteiras, como

história acerca da representação do trabalho da bem como uma implicação para a qualidade da saúde

enfermagem como doméstico e manual, entendido como cuidar das mulheres. Uma das questões que permeiam

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o universo da Enfermagem Obstétrica é justamente o o nível de expressão profissional hierárquico,

reconhecimento de suas ações perante a saúde onde se refere egressos sentem, por vezes, quase em

instituição e funcionários, com a intenção de realizar sua mesmo nível que o médico por causa de sua

assistência, especialmente em relação ao trabalho e reconhecimento:

nascimento, sem dificuldade em utilizar os conhecimentos


aprendeu CEEO nós. Você se sente quase no mesmo nível do médico.
Você vê que o médico confia em você.
(E3)
Somos parteiras, temos este título. Mas na
prática, e no que diz respeito à equipe médica,
não é reconhecido. (E4) Os contatos na vida cotidiana no social
A divisão do trabalho pode ser feita entre diferentes

As enfermeiras obstétricas são reconhecidas como empregos e ocupações estão relacionados com as desigualdades

profissional mais indicado para atenção à saúde da mulher envolvendo relações de superioridade e inferioridade.

acompanhamento da mãe em Portanto, nos leva a inferir até que ponto

parto sem distocia e esse reconhecimento é as parteiras são coerentes com esse entendimento

extremamente necessário, visto que a profissão tem e, portanto, não se mobilizar para fazer cumprir a sua

enfrentaram grandes obstáculos para realizar esta assistência.11 reconhecimento por acreditar verdadeiramente que a saúde é um

subordinado e inferior a outro.

No entanto, quando a enfermeira obstétrica se refere Isso demonstra o estigma ou preconceito

reconhecimento, não só a aceitação legal exercício objetivo de ainda gerou os primórdios da História da

sua prática em todas as suas enfermagem como profissão, e que continua até o

plenitude, mas a aprovação e respeito de sua dias atuais, quanto a, historicamente falando, mulheres

companheiros de viagem para a eficácia do trabalho em equipe, trabalho, sempre tiveram menor prestígio social e foram

usando uma multiplicidade de conhecimentos de obstetrícia sempre separado do conhecimento intelectual.

para a melhoria da saúde da mulher. Este mesmo raciocínio se aplica quando se considera o

Às vezes, porém, a enfermeira encontra presença de mulheres na enfermagem e subordinação de

descaso e dificuldade em aceitar suas participações classe à categoria médica, essencialmente masculina.
14
sua própria equipe de enfermagem, identificando a falta de

corporativismo e a cumplicidade de seus sócios, Reflexões dos egressos sobre sua prática

ao contrário de outras profissões, como um entrevistado e cuidados obstétricos também foram identificados como positivos
observado: implicações para a qualidade dos cuidados, uma vez que as preocupações

E tem uma vez que os próprios auxiliares dele e buscar respostas fornecer formação, profissão, políticas
pegaram o paciente, tirou minha consulta
[marcando para outro profissional]. institucionais e propostas ministeriais.
Agora eles mesmos estão ansiosos [para marcar
As perguntas sobre a prática de
uma consulta para mim]. (E3)
Enfermagem Obstétrica são pela competência e

A autonomia do enfermeiro é prejudicada por autonomia baseada em princípios éticos e legais de

conflitos decorrentes de intervenções de membros de enfermagem, principalmente após a titulação do CEEO, pois

a equipe de enfermagem em sua conduta, mas também a respondentes relataram abaixo:

percepção de que são testados pela enfermagem

auxiliares e técnicos pela competência profissional.12 Ao longo Fiz um curso de especialização em uma Escola
Federal da UFRJ, o que me possibilitou fazer
das entrevistas, parto em qualquer lugar do território nacional do
Brasil e ninguém pode dizer que eu não posso
identificamos tocar em paciente. Isso me deu o
declaração muito significativa sobre a compreensão

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Curso. Eu faço, estou habilitado, eu posso. Goste ou limitação foi identificada pelo preconceito de saúde
não, eu posso. (E16)
instituição e equipe médica por meio de
Percebemos que alcançar o CEEO, violência e suas derivações, o que gerou implicações
enfermeiros, trouxe como resultado, de forma natural, a negativas para a qualidade do atendimento e
qualidade do atendimento relatada por eles, desde prática.
utilização de tais conhecimentos, práticas e discutindo
O reconhecimento profissional foi representado
as implicações da expansão
pela aceitação legal da prática de enfermagem,
compreensão das atividades e transmissão
e pela aprovação e respeito dos funcionários em suas
conhecimento em geral, para a equipe de enfermagem, como
local de trabalho, apesar do descaso e da dificuldade de
respondentes relataram o seguinte:
adoção de alguns de seus integrantes. O elenco pensou
na hierarquia e na inferioridade da Enfermagem
Se você fizer o curso e se souber tudo o que acontece,
se for dada toda a informação em relação à gravidez em relação à medicina, como incoerência surgiu o
de risco, parto normal, parto cesáreo, amamentação,
a qualidade vem de forma natural. A qualidade você questão, que requer discussão e aponta para
acaba passando para sua equipe, para as técnicas de outros estudos. Reflexões dos egressos sobre sua
Enfermagem para auxiliares. Essa qualidade acaba
caindo para o grupo em geral. E todos acabam a prática profissional e médica obstétrica apontou para
ganhando. Toda a equipe. (E4)
a capacidade crítico-reflexiva em relação ao cuidado
dispensado à mulher.

A transformação na lógica do A qualidade do atendimento emergiu da

formação de profissionais da área da saúde, por si só, testemunhos, naturalmente, fruto de uma qualificação

não garante mudanças na qualidade prática profissional por meio de

serviços oferecidos à população. Esta assistência conhecimento e discussão das ações, a compreensão

assume uma complexidade que vai além da qualidade ampliada das atividades e a transmissão do conhecimento

dos profissionais que a executam.15 adquirido para o

Nesse sentido, a responsabilidade da saúde equipe de enfermagem.

serviços, que devem agir prontamente para eliminar ou Portanto, conclui-se que as estratégias
minimizar os pontos gargalos que costumam seriam necessários para permitir cuidados de qualidade para

obstruem a qualidade do trabalho e, consequentemente, mulheres e o fortalecimento da identidade,


a atenção à saúde da mulher.16 legitimidade do exercício profissional e a autonomia da
enfermeira obstetra, não só através
CONCLUSÃO
a reformulação das políticas de formação na área
de recursos humanos, mas também em relação
Sobre as implicações do
prática profissional dos enfermeiros egressos do CEEO qualificações oferecidas pela CEEO, que deverão

/ EEAN para uma assistência de qualidade à saúde da mulher, estimular a postura política e as questões

emergiram dos relatos identificados como consequências positivas. relevante para a militância, ampliando assim a visão

O cuidado integral, advindo também da para o pensar e fazer crítico.

reflexão pessoal e profissional, estimulada pela Uma atualização contínua dos graduados,
cursos, gerando aprimoramento da prática, e e feedback constante sobre a formação de especialistas,
avaliação da clientela, qualificando o cuidado, surgiram e conseqüentemente, as propostas de especialização
as entrevistas. A autonomia também foi destacada, cursos, usando a prática real experiente, juntamente
obtida pela titulação de respaldo legal e conhecimento e com a política ministerial voltada para a mulher
iniciativa profissional. O saúde.

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E a prática, realizada por http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/mode


lo_atencao_obstetrica.pdf.
graduados não deve haver interferência institucional,

com mais autonomia para todo o seu exercício fiscal, e apoiar 5. Ministério da Saúde (Br). Sistema de Informações
Hospitalares. Percentuais de
a implantação e implementação de
Cesarianas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro; 2007. [citado
ações de saúde da mulher, oferecendo subsídios para em 2008 junho 26]. Disponível em URL: http://
qualidade de desempenho e a possibilidade de
www.saude.rio.rj.gov.br/media/sms_aihce s_1107.pdf.
transformação da realidade da clientela, através

cuidado integral.
6. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa
Diante do exposto, a realização do
qualitativa em saúde. 12ª ed. São Paulo (SP): HUCITEC/
importância dos cursos de especialização em Obstetrícia ABRASCO; 2010.

Enfermagem para enfermeiras que atuam na área da saúde da mulher


7. Senado Federal (Br). Lei Orgânica da Saúde: 1990. Brasília
saúde e a certeza de que a pesquisa (DF): Lei N.º 8.080 de 19 de setembro de 1990. 1990.
objetivos foram alcançados, é

expectativa de que as enfermeiras obstetras busquem


8. Schneck CA, Riesco, MLG. Intervenções no parto de
aperfeiçoamento profissional como forma de proporcionar mulheres atendidas em um centro de parto normal intra-
atendimento aos seus clientes condizente com o que hospitalar. Rev Min Enf 2006 jul; 10(3): 240-246.

sociedade espera da Enfermagem, em especial atender

pressupostos científicos e o suporte legal 9. Barros LM, Silva RM, Moura ERF. Autonomia da enfermeira
que assiste o parto normal no Brasil.
à disposição desses profissionais para realizarem suas
Conjunto Invest Educ Enferm 2007; 25(2): 44-51.
atividades de trabalho de forma eficiente para melhorar a saúde dos

mulheres e feto. 10. Costa ALRC. As múltiplas formas de violência no trabalho


de enfermagem: o cotidiano de trabalho no setor de emergência
e urgência clínica em um hospital público. [Tese]. São Paulo:
REFERÊNCIAS
Universidade de São Paulo: 2005.

1. Ministério da Saúde (Br). Secretaria de Atenção à Saúde.


Manual dos comitês de mortalidade materna. Brasília; 2007
11. Araújo NRAS, Oliveira SCA. Visão do profissional médico
[citado 2008 maio 27].
em: sobre a atuação da enfermeira obstetra no centro obstétrico
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Publicado em: 01/10/2013

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