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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO CIVIL

Marcela Michelini Noronha

COORDENAÇÃO MODULAR EM ALVENARIA ESTRUTURAL:


Necessidades e particularidades da cadeia produtiva de blocos cerâmicos
estruturais em Minas Gerais

BELO HORIZONTE
2017
MARCELA MICHELINI NORONHA

COORDENAÇÃO MODULAR EM ALVENARIA ESTRUTURAL:

NECESSIDADES E PARTICULARIDADES DA CADEIA PRODUTIVA DE


BLOCOS CERÂMICOS ESTRUTURAIS EM MINAS GERAIS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Programa de Graduação em
Engenharia de Produção Civil do Centro
Federal de Educação Tecnológica de Minas
Gerais como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Engenharia de
Produção Civil.

Orientadora: Prof.a Dra. Cristina Guimarães Cesar

BELO HORIZONTE
2017
i

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por guiar meu caminho durante esta trajetória.

Aos meus pais, meus avós e meus irmãos, pelo apoio e pelo amor incondicional.

À professora Cristina, por todas as orientações, pelo conhecimento


compartilhado e pela paciência durante o desenvolvimento deste trabalho.

Aos meus amigos, especialmente aos colegas de faculdade.

A todos vocês, muito obrigada!


ii

RESUMO

A indústria da Construção Civil, apesar de seus positivos impactos


socioeconômicos para o país, é responsável pela geração de mais da metade dos
resíduos sólidos urbanos. A NBR 15873:2010 – que trata da coordenação modular
para edificações – estabelece os requisitos para o instrumento de compatibilização
de elementos e componentes da construção através da coordenação de dimensões
a partir de uma medida padrão, o módulo básico de 100 mm. Dentre os diversos
potenciais benefícios associados a esse instrumento, destaca-se a redução da
geração de resíduos nos canteiros de obras. O presente trabalho teve como objetivo
avaliar se as dimensões de blocos cerâmicos estruturais fabricados em Minas Gerais
atendem à NBR 15873:2010, além de identificar as percepções dos fabricantes
desses componentes construtivos em relação à norma. Para isso, foi feito um
levantamento das dimensões de blocos cerâmicos estruturais fabricados por cinco
empresas do estado, e foram realizadas entrevistas com representantes de cada
uma das empresas, a fim de conhecer suas opiniões a respeito da norma de
coordenação modular, dos conceitos envolvidos e das barreiras encontradas para
sua aplicação. Verificou-se que apenas duas das empresas oferecem blocos
coordenados modularmente, e que de todas as dimensões fabricadas pelas cinco
empresas, apenas 19,1% são baseadas no módulo padrão normatizado. Durante as
entrevistas, constatou-se que nenhum dos cinco representantes das cerâmicas
estava familiarizado com os conceitos abordados pela NBR 15873:2010, sendo que
três deles relataram que sequer sabiam da existência da norma. Os resultados
obtidos indicam que, para se traçar uma estratégia eficaz para implementação da
norma de coordenação modular, é necessária uma maior difusão de informações a
seu respeito entre os agentes da cadeia produtiva, além de identificar e tentar sanar
as dificuldades encontradas para sua aderência.

Palavras-chave: Alvenaria Estrutural; Blocos Cerâmicos; Coordenação Modular.


iii

ABSTRACT

The construction industry, besides its positive socioeconomic impacts to the


country, is responsible for the generation of half of the urban solid residues. The NBR
15873:2010 – related to the modular coordination for building construction – establish
the requirements of the compatibilization instruments of construction elements and
components through the coordination of measures from a standard 100mm basic
module. Among the many potential benefits related to this instrument, the main one is
the reduction of residues on construction sites. This graduation paper has the
objective to evaluate if the ceramic structural blocks manufactured in Minas Gerais
comply with the NBR 15873:2010, and also identifying the perception of the
manufacturers about this norm. For that, it was made a research about the ceramic
structural blocks dimensions manufactured by five companies of the state and
representatives of these companies were interviewed in order to understand their
opinion about the modular coordination norm, the concepts related to it and the
challenges to its application. It was verified that only two of the companies offer
blocks modularly coordinated and among all the dimensions manufactured by these
five companies only 19,1% are based on the norm. During the interviews, it was
verified that none of the representatives was fully aware about the concepts of NBR
15873:2010. Three of them reported that never heard about this norm. The results
obtained indicate that to define an efficient strategy to implement the modular
coordination norm, it is necessary a greater spread of information to the
manufacturers, and also to identify and mitigate the obstacles to adhere to the
standard.

Keywords: Structural Masonry; Ceramic Blocks; Modular Coordination.


iv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Blocos cerâmicos estruturais. .............................................................. 12


Figura 2 - Sistemas de referência modulares nos planos x, y e z ....................... 18
Figura 3 - Reticulado modular de referência......................................................... 19
Figura 4 - Exemplo de componente modular com respectivo espaço de
coordenação ............................................................................................................ 20
Figura 5 - Medida modular, medida nominal, junta modular e ajuste de
coordenação ............................................................................................................ 21
Figura 6 - Planta baixa modular ............................................................................. 23
Figura 7 - Elevação da parede de alvenaria modular ........................................... 23
Figura 8 - Conjunto modular composto por peças não modulares .................... 24
Figura 9 - Zona neutra na junta de dilatação ........................................................ 24
Figura 10 - Fluxograma da sequência metodológica ........................................... 34
Figura 11 - Mesorregiões do estado de Minas Gerais .......................................... 36
Figura 12 - Blocos coordenados modularmente produzidos pela empresa A, e
suas dimensões ...................................................................................................... 37
Figura 13 - Blocos coordenados modularmente produzidos pela empresa B, e
suas dimensões ...................................................................................................... 38
Figura 14 - Relação entre medidas coordenadas e não coordenadas
modularmente de blocos cerâmicos estruturais fabricados no estado de Minas
Gerais. ...................................................................................................................... 41
v

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tolerâncias dimensionais individuais relacionadas à dimensão


efetiva ....................................................................................................................... 20
Tabela 2 - Tolerâncias dimensionais relacionadas à média das dimensões
efetivas ..................................................................................................................... 20
Tabela 3 - Dados das empresas que compõem a amostra .................................. 35
Tabela 4 - Dimensões nominais dos blocos estruturais fabricados pela
empresa A (cm) ....................................................................................................... 37
Tabela 5 - Dimensões nominais dos blocos estruturais fabricados pela
empresa B (cm) ....................................................................................................... 38
Tabela 6 - Dimensões nominais dos blocos estruturais fabricados pela
empresa C (cm) ....................................................................................................... 39
Tabela 7 - Dimensões nominais dos blocos estruturais fabricados pela
empresa D (cm) ....................................................................................................... 39
Tabela 8 - Dimensões nominais dos blocos estruturais fabricados pela
empresa E (cm)........................................................................................................ 39
Tabela 9 - Dimensões nominais de blocos cerâmicos estruturais fabricados em
Minas Gerais (cm) ................................................................................................... 40
Tabela 10 - Dimensões de fabricação de blocos cerâmicos estruturais segundo
a NBR 15270-2 ......................................................................................................... 42
Tabela 11 - Dados relativos às empresas e suas atividades ............................... 43
Tabela 12 - Dados dos entrevistados .................................................................... 44
Tabela 13 - Respostas relativas à abrangência do mercado atendido pelas
empresas.................................................................................................................. 45
Tabela 14 - Resposta dos entrevistados em relação às opções dadas na
pergunta 11 do questionário .................................................................................. 52
vi

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8
1.1. Pergunta de Pesquisa e Objetivos .................................................................... 8
1.1.1. Pergunta da Pesquisa ....................................................................................... 8
1.1.2. Objetivo Geral ................................................................................................... 9
1.1.3. Objetivos Específicos ........................................................................................ 9
1.2. Justificativa e Relevância .................................................................................. 9
1.3. Restrições e Limitações da Pesquisa............................................................. 10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 11
2.1. Alvenaria Estrutural de Blocos Cerâmicos .................................................... 11
2.1.1. Modulação ....................................................................................................... 13
2.1.2. Geração de Resíduos...................................................................................... 14
2.2. Coordenação Modular...................................................................................... 16
2.2.1. Breve histórico ................................................................................................. 16
2.2.2. Conceitos e definições .................................................................................... 18
2.2.3. Projetos coordenados modularmente .............................................................. 22
2.2.4. Objetivos da coordenação modular ................................................................. 25
2.2.5. Abordagem atual ............................................................................................. 26
2.2.6. Possibilidades de ações para implementação da coordenação modular ........ 27
3. METODOLOGIA ................................................................................................... 29
3.1. Enquadramento Metodológico ........................................................................ 29
3.2. Método............................................................................................................... 30
3.2.1. Etapas da pesquisa ......................................................................................... 30
3.2.2. Seleção das empresas .................................................................................... 30
3.2.3. Levantamento das dimensões de blocos cerâmicos estruturais disponíveis no
mercado de Minas Gerais ......................................................................................... 31
3.2.4. Realização de entrevista nas empresas fabricantes de blocos cerâmicos
estruturais.................................................................................................................. 31
3.2.5. Roteiro de coleta dos dados ............................................................................ 32
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................ 35
4.1. Estudo das dimensões de blocos cerâmicos estruturais disponíveis no
mercado de Minas Gerais ....................................................................................... 36
vii

4.2. Realização de entrevista nas empresas fabricantes de blocos cerâmicos


estruturais ................................................................................................................ 42
4.2.1. Respostas dos fabricantes ao questionário ..................................................... 44
4.2.2. Considerações gerais relativas às entrevistas ................................................ 53
5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 57
6. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 60
APÊNDICE A – Roteiro para coleta dos dados nas empresas ............................ 63
APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) ................. 67
APÊNDICE C – Cartilha sobre Coordenação Modular ......................................... 68
8

1. INTRODUÇÃO

A humanidade vem, através dos séculos, conquistando espaços, quase


sempre em detrimento dos recursos naturais. A Construção Civil, apesar de seus
positivos impactos socioeconômicos para o país, como geração de empregos,
viabilização de moradias e infraestrutura, ainda carece de uma maior consciência
ambiental. A geração de resíduos sólidos pela Indústria da Construção Civil é
grande, podendo representar mais da metade dos resíduos sólidos urbanos
(SINDUSCON-MG; SENAI-MG, 2008).

Todavia, aos poucos, as empresas do setor vêm demonstrando preocupação


em relação aos impactos causados no meio ambiente (SINDUSCON-MG; SENAI-
MG, 2008). São notáveis os esforços para encontrar meios de reduzir o consumo
desnecessário de materiais, amenizando seus impactos ambientais. No que diz
respeito à questão dos resíduos, pode-se atuar em vários momentos do
empreendimento – pode-se dar foco à reciclagem ou reuso, porém há um grande
potencial de se reduzir sua geração no canteiro de obras (SOUZA et al., 2004).

Segundo Souza et al. (2004), a falta de padronização entre as dimensões das


paredes e dos blocos, que envolve desde a fase de projeto até a fase de execução
da obra, é uma das causas da geração de entulho de blocos em construções em
alvenaria. Nesse sentido, o autor aponta como uma possível solução do problema a
adoção da coordenação modular na cadeia produtiva da construção.

A coordenação modular consiste em um instrumento de compatibilização de


elementos e componentes na Construção Civil através da coordenação de
dimensões a partir de uma medida padrão (ABNT, 2010a). De acordo com Greven e
Baldauf (2007), o objetivo da coordenação modular, de uma forma genérica, é a
racionalização da construção, na medida em que visa maior eficiência na aplicação
de recursos.

1.1. Pergunta de Pesquisa e Objetivos

1.1.1. Pergunta da Pesquisa

Qual o nível de envolvimento e comprometimento da Indústria da Construção


Civil de Minas Gerais em fornecer blocos cerâmicos estruturais coordenados
9

modularmente, e quais são as impressões dos fabricantes desses componentes


construtivos em relação à NBR 15873:2010 – Coordenação modular para
edificações?

1.1.2. Objetivo Geral

Avaliar se as dimensões de blocos cerâmicos estruturais fabricados em Minas


Gerais atendem à NBR 15873:2010 – Coordenação modular para edificações, e
identificar as percepções dos fabricantes desses componentes construtivos em
relação à Norma.

1.1.3. Objetivos Específicos

 Identificar as dimensões de blocos cerâmicos estruturais fabricados Minas


Gerais;
 Comparar as dimensões utilizadas na indústria mineira com as
recomendações da NBR 15873:2010 – Coordenação modular para
edificações;
 Realizar entrevistas com gestores de indústrias fabricantes de blocos
cerâmicos estruturais de Minas Gerais, seguindo o roteiro elaborado;
 Identificar particularidades da cadeia produtiva de blocos cerâmicos
estruturais em relação à Norma de coordenação modular.

1.2. Justificativa e Relevância

O mercado da Construção Civil brasileira está em constante busca por


possibilidade de melhoria de processos objetivando redução de desperdício,
sustentabilidade, aumento de produtividade e redução de custos. Todos esses
objetivos estão incluídos nos benefícios potencialmente gerados pela prática dos
princípios da coordenação modular de uma forma integrada em toda a cadeia
produtiva. Dessa forma, essa ferramenta poderia ser um caminho para se alcançar a
sustentabilidade e produtividade almejadas por aqueles que atuam no setor.

Apesar disso, segundo relatório da Agência Brasileira de Desenvolvimento


Industrial (ABDI), que avalia os esforços para implantação da coordenação modular
no Brasil, é necessária ainda uma maior difusão de informações sobre a
10

coordenação modular aos integrantes da cadeia produtiva (ABDI, 2010). Portanto, é


relevante todo trabalho que traga informações sobre a Norma vigente sobre o
assunto – a NBR 15873:2010 –, os esforços das partes envolvidas para a
implantação de seus princípios, bem como as barreiras encontradas para a sua
implementação efetiva.

O emprego da alvenaria estrutural como sistema construtivo proporciona


diversas vantagens, dentre elas a redução de desperdício de materiais e mão de
obra (SOARES, 2014). Porém, para que o desperdício de materiais não vá de
encontro aos possíveis benefícios oferecidos por esse sistema construtivo, é
necessário que haja uma adequação das dimensões dos componentes ao projeto.
Tal adequação poderia ser alcançada pela aplicação da coordenação modular,
entretanto pesquisas realizadas em estados brasileiros (ABDI, 2010; NAVARINI,
2010; BARBOSA et al., 2011) mostram a dificuldade de se encontrar blocos
cerâmicos estruturais que atendam aos requisitos da NBR 15873:2010. Tais
resultados reforçam a necessidade da realização de estudos a respeito do tema,
visando facilitar a elaboração de estratégias eficientes para a implementação dos
conceitos da coordenação modular na indústria da Construção Civil.

1.3. Restrições e Limitações da Pesquisa

No presente trabalho, as análises se referem somente aos fabricantes de


blocos cerâmicos do estado de Minas Gerais, e foi avaliado apenas um tipo de
componente construtivo – o bloco cerâmico estrutural.

Além disso, o presente estudo envolveu a aplicação de questionário para


coleta de informações e opiniões dos fabricantes de blocos cerâmicos. Uma
limitação inerente a esse método é a possibilidade de os respondentes fornecerem
respostas que não traduzam suas opiniões reais, seja consciente ou
inconscientemente, devido à falta de compreensão em relação aos conceitos ou aos
questionamentos.
11

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Alvenaria Estrutural de Blocos Cerâmicos

A alvenaria é um sistema construtivo muito tradicional, tendo sido utilizada


desde as primeiras civilizações para a execução de estruturas para os mais variados
fins. Os materiais que compunham as unidades construtivas variavam, sendo argila
e pedra alguns exemplos de destaque, e esse sistema construtivo permitiu a
execução de obras que atravessaram séculos ou milênios. Alguns exemplares são
as Pirâmides de Gizé, construídas em blocos de pedra que datam de
aproximadamente 2600 a.C., e o Farol de Alexandria, construído em mármore
branco em aproximadamente 280 a.C. (RAMALHO; CORRÊA, 2003).

Tauil e Nese (2010) definem a alvenaria como um conjunto de peças


justapostas coladas em sua interface formando um elemento vertical coeso. As
funções desse conjunto, de acordo com os autores, são: vedar espaços, resistir a
cargas oriundas da gravidade, promover segurança, resistir a impactos e à ação do
fogo, isolar e proteger acusticamente os ambientes, contribuir para a manutenção do
conforto térmico e impedir a entrada de vento e chuva no interior dos ambientes
(TAUIL; NESE, 2010).

No caso em que a alvenaria é a própria estrutura da edificação, tem-se a


alvenaria estrutural. Nesse sistema construtivo não são utilizados pilares e vigas,
pois as paredes chamadas de portantes têm a função de distribuir as cargas ao
longo das fundações (TAUIL; NESE, 2010). Segundo a NBR 15812-1:2010, que
trata da alvenaria estrutural em blocos cerâmicos, uma estrutura em alvenaria deve
estar apta a receber todas as influências e ações que sobre ela produzam efeitos
significativos, além de resistir a ações excepcionais sem apresentar danos
desproporcionais às suas causas (ABNT, 2010b).

Os principais componentes da alvenaria estrutural são: a) Blocos:


componentes básicos, que podem ser de materiais variados; b) Argamassa:
composto de areia, cimento, cal e água, que tem como função unir os blocos,
transmitindo e uniformizando as tensões entre eles; c) Graute: concreto com
agregados de pequena dimensão, necessário em algumas ocasiões para preencher
12

a parte vazia dos blocos; d) Armaduras: barras de aço utilizadas para reforçar a
estrutura (RAMALHO; CORRÊA, 2003).

No Brasil, o material mais utilizado para fabricação dos blocos estruturais é o


concreto, seguido da cerâmica (RAMALHO; CORRÊA, 2003). A NBR 15270-2:2005
define o bloco cerâmico estrutural como “componente da alvenaria estrutural que
possui furos prismáticos perpendiculares às faces que os contêm”, ressaltando que o
assentamento dos blocos é feito com os furos orientados verticalmente (ABNT,
2005). A mesma norma apresenta três tipos de blocos cerâmicos estruturais: o de
paredes vazadas, de paredes maciças e o perfurado. Os dois primeiros tipos podem
ser usados em alvenaria estrutural armada, não armada ou protendida, enquanto o
último só é adequado para alvenaria estrutural não armada (ABNT, 2005). Os tipos
de blocos são apresentados na Figura 1.

Figura 1 - Blocos cerâmicos estruturais. (a) Bloco com paredes vazadas; (b) Bloco com
paredes maciças e paredes internas maciças; (c) Blocos com paredes maciças e paredes
internas vazadas; (d) Bloco perfurado

(a) (b)

(c) (d)

Fonte: ABNT, 2005

Segundo Tauil e Nese (2010) a partir da década de 90 houve muito


desenvolvimento em relação à alvenaria estrutural, tanto no que diz respeito a
processos e equipamentos, quanto em relação à logística de entrega, transporte e
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execução das obras que adotam esse sistema construtivo. Suas principais
vantagens, de acordo com o Manual Técnico de Execução de Alvenaria Estrutural,
são: (a) redução de até 20% do custo total das obras habitacionais e comerciais; (b)
menor peso; (c) uniformidade de absorção e dimensões; (d) maior conforto térmico;
(e) eliminação de formas; (f) redução do volume de concreto e aço; (g) melhor
aproveitamento interno que as estruturas de concreto (inexistência de requadrações
de vigas e pilares); (h) espessuras mínimas de revestimento; (i) maior produtividade
da mão de obra; (j) redução de 83% da emissão de gases de efeito estufa quando
comparado com os blocos de concreto; (k) redução de 43% de recursos naturais não
renováveis em relação aos blocos de concreto; (l) redução de 84% do consumo de
água na execução, quando comparado com componentes de concreto (SOARES,
2014). Ramalho e Corrêa (2003) citam como pontos positivos desse sistema
construtivo a redução de gastos com materiais e mão de obra, além da flexibilidade
no ritmo de execução da obra.

Siqueira et al. (2014) também ressaltam as vantagens da alvenaria estrutural


de blocos cerâmicos, mas consideram essencial para a redução de custos, bem
como para o aumento da produtividade, o uso de ferramentas que auxiliem o
processo de planejamento da alvenaria. Nesse sentido, uma ferramenta fundamental
para o sucesso do empreendimento de alvenaria estrutural é o seu projeto
arquitetônico, sendo essencial também a troca de informações entre os demais
projetistas – estrutural, hidráulico e elétrico, incêndio etc (SOARES, 2014).

2.1.1. Modulação

Langlois (2002) define a modularidade, de uma maneira geral, como um


conjunto de princípios para gerenciar a complexidade. Segundo o autor, ao dividir
um sistema complexo em partes discretas – que podem se comunicar entre si
através de interfaces padronizadas –, pode-se eliminar o que seria de outra forma,
um emaranhado de interconexões sistêmicas incontrolável. Uma definição mais
específica é dada por Greven, que conceitua o processo como sendo “a ordenação
dos espaços na construção civil” (GREVEN, 2000 apud GREVEN; BALDAUF, 2007).

Segundo Ramalho e Corrêa (2003), modular um arranjo arquitetônico significa


acertar suas dimensões em planta, e também o pé-direito da edificação, em função
14

das dimensões das unidades, de modo a reduzir ajustes necessários à execução


das paredes.

Segundo consta no Manual Técnico de Execução de Alvenaria Estrutural, a


modulação é a parte mais importante do projeto. Quando as dimensões
arquitetônicas seguem o padrão modular, ou seja, têm medidas múltiplas de uma
dimensão padrão, torna-se possível o ajuste perfeito dos blocos na planta de
arquitetura. Dessa forma, essa prática garante a racionalização da produção,
evitando a necessidade da quebra de blocos, e permite um alto índice de
produtividade, já que simplifica e padroniza a fase de execução (SOARES, 2014).

Além do desperdício de recursos, o comprometimento do desempenho da


alvenaria estrutural também é uma importante consequência da falta de modulação
do projeto. Uma das causas é a quebra inadequada dos blocos no canteiro de obras,
a fim de adaptar as dimensões do componente, o que pode alterar sua resistência
(SOUSA, 2011). Outra causa pode ser o enchimento da parede com massa, caso
não haja uso de blocos cortados para atender às dimensões do projeto. Nesse caso,
além de resultar em um custo maior e uma racionalidade menor para a obra,
também pode levar ao comprometimento no desempenho da estrutura como um
todo devido à alteração nas distribuições das ações entre as paredes do edifício
(RAMALHO; CORRÊA, 2003).

No momento da escolha da modulação a ser utilizada, Ramalho e Corrêa


(2003) consideram que o ideal é que o módulo longitudinal dos blocos a serem
utilizados seja igual à largura a ser adotada, garantindo uma distância modular
horizontal apropriada. Segundo os mesmo autores, quanto à modulação vertical,
deve-se ajustar a distância de piso a teto para que seja um múltiplo do módulo
vertical a ser adotado. Por fim, consideram que alguns outros recursos podem ser
adotados para facilitar o processo, como a utilização de blocos compensadores, mas
ressaltam que deve-se lançar mão de ajustes apenas sob condições particulares.

2.1.2. Geração de Resíduos

As vantagens inerentes à alvenaria estrutural de blocos cerâmicos, além de


envolverem o aspecto econômico, englobam também aspectos ambientais, não só
em relação à produção do bloco, mas na execução do empreendimento. Entretanto,
15

o desperdício de materiais ocasionado pela falta de planejamento e modulação vai


de encontro à busca pelo desenvolvimento sustentável (SOUZA et al., 2004). Em um
estudo relativo à ocorrência de resíduos em canteiros de obras, Souza et al. (2004)
citam como uma das possíveis causas da geração de resíduos de blocos de
alvenaria a necessidade de cortes para adequar as dimensões dos componentes ao
projeto.

De acordo com a Resolução nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente


(CONAMA), os resíduos da construção civil (RCC) são aqueles provenientes de
construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil. Essa
Resolução classifica os RCC em quatro diferentes grupos, e os componentes
cerâmicos se enquadram na Classe A, que engloba os resíduos reutilizáveis ou
recicláveis como agregados (CONAMA, 2002).

No Brasil, os RCC podem representar de 50% a 70% da massa de resíduos


sólidos urbanos (RSU) (BRASIL, 2005). Segundo a Associação Brasileira de
Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2015), a
quantidade de RSU gerada em 2015 no país atingiu um montante de 79,9 milhões
de toneladas, tendo apresentado um crescimento de 1,7% em relação a 2014. No
ano de 2015, 45 milhões de toneladas de RCC foram coletadas pelos municípios.
Visto que, via de regra, os municípios coletam apenas resíduos lançados em
logradouros públicos, a quantidade real desses resíduos é ainda maior (ABRELPE,
2015).

Quanto à sua composição gravimétrica, de acordo com Ângulo e John (2006),


os RCC gerados no Brasil são predominantemente (em torno de 90% em massa)
materiais inorgânicos não metálicos, em sua maioria advindos de rochas naturais,
cimento e cerâmica. Segundo Monteiro et al. (2001), em média 29,0% dos resíduos
de obra no Brasil são compostos por concreto e blocos, ficando atrás somente da
argamassa, responsável por 63,0% dos RCC.

Em estudo realizado em Fortaleza (CE), Lima e Cabral (2013) encontraram


que 14,30% do RCC do município eram compostos por cerâmica vermelha. Em um
levantamento da composição feito na cidade de São Carlos (SP) por Marques Neto
(2003), concluiu-se que 26% do RCC gerado eram compostos por cerâmica. Já na
16

cidade de Belo Horizonte (MG), após realizar avaliação da tipologia dos RCC
entregues nas usinas de beneficiamento do município, Carmo et al. (2012)
concluíram que a maior parte dos rejeitos gerados na capital é de base cerâmica,
sendo responsável por 51% da contribuição.

A geração elevada dos RCC, somada à atuação desregrada por partes dos
agentes envolvidos, podem ocasionar diversos impactos ambientais devido ao
surgimento de áreas degradadas na forma de bota-foras clandestinos ou de
deposições irregulares. Os bota-foras clandestinos resultam da ação de empresas
que transportam resíduos de obras de maior porte e os descarregam de maneira
irregular em locais inadequados, sem licenciamento ambiental. Já as deposições
irregulares resultam, na maioria das vezes, de pequenas obras ou reformas,
realizadas por uma camada da população que não possui recursos financeiros
suficientes para contratação de agentes coletores formais (PINTO; GONZÁLEZ,
2005).

Essas áreas degradadas podem colocar em risco a estabilidade de encostas,


comprometer a drenagem urbana, prejudicar a capacidade viária e possibilitar a
multiplicação de vetores epidêmicos. Além disso, as deposições clandestinas e os
bota-foras irregulares atraem o lançamento ilegal de outros tipos de resíduos, de
origem doméstica e industrial, tornando mais complexa a recuperação da área
(PINTO; GONZÁLEZ, 2005).

Os impactos ambientais, além de gerarem prejuízos à paisagem e à


qualidade de vida, implicam também em impactos econômicos, já que requerem
ações corretivas de limpeza urbana (PINTO; GONZÁLEZ, 2005).

2.2. Coordenação Modular

2.2.1. Breve histórico

Em uma retrospectiva na história, a utilização do módulo leva à interpretação


clássica dos gregos, dos romanos e dos japoneses (ROSSO, 1976 apud BALDAUF,
2004). Os gregos usavam o diâmetro das colunas como unidade básica das demais
dimensões das obras (NISSEN, 1976 apud BALDAUF, 2004). Os romanos
elaboravam os projetos dos edifícios obedecendo a um reticulado modular baseado
17

no passus romano, múltiplo de uma medida antropométrica, o pes (ROSSO, 1976


apud BALDAUF, 2004). Já os japoneses utilizavam uma medida chinesa – o shaku –
até a segunda metade da Idade Média, quando implantaram o ken, que com o
passar do tempo se tornou um módulo que regia toda a arquitetura japonesa
(CHING, 2002). A primeira aplicação moderna dos conceitos de coordenação
modular foi o Palácio de Cristal, construído entre 1850 e 1851 para a Exposição
Universal de Londres, cujo módulo básico era de 8 pés (ROSSO, 1976 apud
BALDAUF, 2004).

As primeiras normas relacionadas à coordenação modular foram elaboradas


pela International Organization for Standardization (ISO) (ABDI, 2010). A ISO propôs
o módulo de 100 mm como módulo-base internacional, já que em 1961 a maioria
dos países europeus adotava esse valor. A partir disso, sua adoção se espalhou por
todos os países que adotavam o Sistema Internacional de Unidades (SI). Já nos
Estados Unidos, que não adotaram o SI, o módulo-base utilizado é de 4 polegadas
(BRUSCHI, 1996).

No Brasil, a primeira norma foi publicada em 1950, seguido de tentativas de


difusão do instrumento nas décadas de 60 e 70. Devido às mudanças dos processos
de trabalho na construção civil brasileira nas décadas de 80 e 90, houve a
necessidade da retomada da discussão a respeito da coordenação modular visando
melhorar a produtividade no setor, melhorar a versatilidade dos componentes
construtivos e intensificar a comunicação entre os agentes do setor – fabricantes,
construtores, projetistas, usuários, poder público (ABDI, 2010).

Em 2006, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) do Ministério da


Ciência e Tecnologia (MCT) lançou um edital de projetos de pesquisa que incluía o
desenvolvimento da coordenação modular. Oito instituições de pesquisa tiveram
projetos aprovados, e formou-se uma Rede Colaborativa de pesquisa, que examinou
as normas vigentes e identificou os principais obstáculos para a sua implementação.
Em 2009, representantes da Rede FINEP, do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e
dos diversos segmentos da cadeia produtiva da construção civil se reuniram para a
elaboração de uma norma-diretriz, que foi finalizada em 2010 (ABDI, 2010).
18

2.2.2. Conceitos e definições

“A Coordenação Modular se baseia num único princípio fundamental: o


espaço ocupado por um elemento ou componente construtivo deve ter medidas
múltiplas de 100 mm nas três dimensões” (ABDI, 2010, p. 16).

A norma brasileira que atualmente trata do tema é a NBR 15873:2010 –


Coordenação modular para edificações. Ela define coordenação modular como
“coordenação dimensional mediante emprego do módulo básico ou de um
multimódulo”, sendo que o módulo básico é a “menor unidade de medida linear da
coordenação modular, representado pela letra M, cujo valor normalizado é M = 100
mm”, e os multimódulos são os múltiplos do módulo básico (ABNT, 2010a). Segundo
Tauil e Nese (2010), coordenar modularmente significa organizar componentes de
forma a atenderem uma medida de base padronizada, nesse caso, o módulo básico
normatizado.

No projeto e na execução de obras coordenadas modularmente são


empregados sistemas de referência modulares, que são constituídos por planos
ortogonais dispostos nas três dimensões. O sistema de referência define espaços
geométricos necessariamente modulares, sendo a distância entre planos paralelos
sempre igual ao módulo básico de 10 cm ou a um multimódulo (ABNT, 2010a). A
Figura 2 mostra três sistemas de referência, sendo o primeiro dividido em módulos
básicos e os demais divididos em multimódulos.

Figura 2 - Sistemas de referência modulares nos planos x, y e z

Fonte: TAUIL; NESE, 2010


19

A NBR 5706:1977 – Coordenação modular da construção, cancelada e


substituída pela NBR 15873:2010, abordava ainda o conceito de reticulado modular
espacial de referência (Figura 3 (a)), constituído pelas linhas de interseção dos
planos do sistema modular de referência (ABNT, 1977). O reticulado modular
espacial é uma malha espacial onde estão presentes todos os componentes da
edificação (LUCINI, 2001 apud GREVEN; BALDAUF, 2007). A Figura 3 (b) mostra
como os componentes ficam localizados na malha espacial.

Figura 3 - Reticulado modular de referência

(a) (b)

Fonte: GREVEN; BALDAUF, 2007

Ao considerar o vão ocupado por um componente em um sistema modular de


referência, deve-se considerar outros elementos além do componente em si. Espaço
de coordenação é o nome dado ao espaço ocupado pelo componente propriamente
dito e pelos ajustes de coordenação. Os ajustes incluem os seguintes elementos: (a)
folgas perimetrais requeridas devido a deformações; (b) tolerância, que é a diferença
admissível entre a medida real e a medida nominal de um componente; (c) processo
de instalação; e (d) materiais de união entre as unidades. Portanto o espaço de
coordenação, e não o componente isoladamente, deve ter medidas modulares ou
multimodulares (ABNT, 2010a).

A medida real do componente é a medida verificada diretamente em um


objeto fabricado, e pode representar algumas variações em relação à medida
nominal, que é a dimensão esperada de um objeto, definida anteriormente à
fabricação (ABNT, 2010a). Os limites de tolerância para a diferença entre dimensão
20

real e nominal de blocos cerâmicos estruturais, especificamente, estão presentes na


NBR 15270-2:2005 (ABNT, 2005). As tolerâncias relacionadas às medições
individuais e às médias estão dispostas, respectivamente, nas Tabelas 1 e 2 a
seguir.

Tabela 1 - Tolerâncias dimensionais individuais relacionadas à dimensão efetiva

Grandezas controladas Tolerância (em mm)


Largura (L)
Altura (H) ±5
Comprimento (C)

Fonte: ABNT, 2005

Tabela 2 - Tolerâncias dimensionais relacionadas à média das dimensões efetivas

Grandezas controladas Tolerância (em mm)


Largura (L)
Altura (H) ±3
Comprimento (C)

Fonte: ABNT, 2005

Dessa maneira, temos as seguintes relações (ABDI, 2010):

Espaço de coordenação = Componente + Ajustes de coordenação

Medida modular (Mm) = Medida nominal (Mn) + Ajuste de coordenação (Ac)

A Figura 4 mostra o exemplo de um componente modular de medidas


nominais 19 cm x 19 cm x 39 cm, e o mesmo componente com ajustes de
coordenação de 1 cm em cada dimensão, resultando em medidas de coordenação
20 cm x 20 cm x 40 cm.

Figura 4 – Exemplo de componente modular com respectivo espaço de coordenação

Fonte: ABNT, 2010a


21

A Figura 5 ilustra os conceitos de medida modular, medida nominal e ajuste


de coordenação no caso de uma parede de alvenaria. Está identificada também a
junta modular, que é a distância entre os extremos de dois componentes
considerando suas medidas nominais (GREVEN; BALDAUF, 2007).

Figura 5 - Medida modular, medida nominal, junta modular e ajuste de coordenação

Fonte: adaptada de GREVEN; BALDAUF, 2007

Conforme dito anteriormente, o módulo de 100 mm é representado pela letra


M. A quantidade de módulos é representada pela letra n, que representa um número
inteiro positivo qualquer, portanto um multimódulo é representado por n x M. Os
multimódulos são utilizados convenientemente, desde o projeto da edificação, para
uma melhor articulação entre os componentes construtivos (ABNT, 2010a). Na
Figura 4, as medidas modulares do componente acrescido dos ajustes é 2M x 2M x
4M, exemplificando o conceito de multimódulo.

Já os incrementos submodulares – ou submódulos – são frações do módulo


básico (ex.: M/2 = 50 mm; M/4 = 25 mm). Segundo Greven e Baldauf (2007), deve-
se tomar cuidado com a utilização do submódulo com frequência desnecessária,
pois essa prática iria de encontro à economia própria do sistema modular. Porém,
como destacam os mesmos autores, alguns componentes têm dimensões
obrigatoriamente inferiores ao módulo como, por exemplo, espessuras de painéis e
acabamentos. A NBR 15873:2010 não recomenda a utilização do submódulo nas
seguintes ocasiões: para substituir o módulo; para determinar a distância entre
planos modulares de um mesmo sistema de referência; e isoladamente, como
medida de coordenação de um componente (ABNT, 2010a).
22

2.2.3. Projetos coordenados modularmente

Tauil e Nese (2010) definem projeto de alvenaria estrutural como “um esforço
temporário empreendido a partir da coleta de informações provenientes do cliente,
que serão interpretadas, analisadas, discutidas, conceituadas e enquadradas legal e
tecnicamente por uma equipe de profissionais, por uma equipe técnica, gerando um
resultado exclusivo para a criação de uma edificação em alvenaria estrutural".
Segundo os mesmo autores, o projeto é o desenho preciso de cada lâmina de
parede que sustentará a edificação, além de determinar os vãos de janelas e portas
e todas as demais interferências da obra.

As cinco etapas de projeto são as seguintes: escopo de projeto, anteprojeto,


projeto legal, pré-executivo, executivo ou produção. Após as três primeiras etapas,
quando já existe um pré-dimensionamento para os projetos de estrutura, instalações
e os demais, é que é elaborado o projeto de modulação (TAUIL; NESE, 2010).

Quando o projeto segue os princípios da coordenação modular, as plantas


baixas, fachadas e cortes que o compõem se desenvolvem sobre o quadriculado
modular de referência (ou malha modular), que é a projeção ortogonal do reticulado
espacial de referência sobre um plano paralelo a um dos três planos ortogonais. As
cotas dos projetos são representadas com a medida em módulos, o que simplifica
sua representação. Além disso, a montagem dos componentes na execução da obra
também é facilitada, o que reduz a necessidade de cortes (GREVEN; BALDAUF,
2007).

A Figura 6 é um exemplo de uma planta baixa modular, onde foram utilizados


blocos de espessura 2M e de comprimento 4M (medidas nominais de 19 cm e 39
cm, respectivamente), sobre a malha modular de 1M x 1M. A Figura 7 mostra uma
vista referente à elevação da parede, mostrando o posicionamento dos blocos e
vãos.

No caso da utilização de peças com medidas não modulares no projeto, a


solução é fazer um arranjo dessas peças de forma a obter uma dimensão modular
(GREVEN; BALDAUF, 2007). A Figura 8 mostra a utilização de um maior número de
fiadas de tijolos de altura não modular, alcançando uma dimensão modular de 4M.
23

Figura 6 - Planta baixa modular

Fonte: GREVEN; BALDAUF, 2007

Figura 7 - Elevação da parede de alvenaria modular

Fonte: GREVEN; BALDAUF, 2007


24

Figura 8 - Conjunto modular composto por peças não modulares

Fonte: GREVEN; BALDAUF, 2007

Em algumas situações, é necessária a separação dos quadriculados


modulares de referência por medidas não modulares. Nesses casos são utilizadas
as zonas neutras – zonas não modulares que separam as malhas modulares por
alguma razão construtiva ou funcional. Exemplos de zonas neutras são as juntas de
dilatação (Figura 9) ou casos em que o projeto da edificação for composto de blocos
não ortogonais entre si. Nessa última situação haverá, além da zona neutra, uma
faixa de sobreposição entre os quadriculados modulares de referência (GREVEN;
BALDAUF, 2007).

Figura 9 - Zona neutra na junta de dilatação

Fonte: GREVEN; BALDAUF, 2007


25

2.2.4. Objetivos da coordenação modular

A NBR 15873:2010 cita como objetivos da coordenação modular (ABNT,


2010a):

(a) ampliar a cooperação entre os agentes da cadeia produtiva da construção


civil;

(b) racionalizar a variedade de medidas de coordenação empregadas na


fabricação de componentes;

(c) simplificar o processo de marcação no canteiro de obras para


posicionamento e instalação de componentes construtivos;

(d) aumentar a intercambiabilidade de componentes tanto na construção


inicial quanto em reformas e melhorias ao longo da vida útil projetada da edificação.

A esses objetivos, a ABDI (2010) ainda acrescenta a simplificação da


coordenação dimensional nos projetos, o aumento do mercado de exportação de
componentes e a redução de cortes e ajustes de componentes e elementos
construtivos. Além disso, Zechmeister (2005) destaca que a padronização das
unidades traria uma independência de um mesmo fornecedor ao longo de toda a
obra, aumentando a competitividade por qualidade entre as indústrias.

Simplificadamente, Jonh e Prado (2010) colocam três objetivos da


coordenação modular: (a) redução de perdas de materiais pela necessidade de
cortes, ajustes de componentes e uso de material de enchimento; (b) aumento da
produtividade da construção civil e (c) redução do volume de resíduos gerados pela
construção. Os autores destacam a importância de uma menor geração de resíduos
do ponto de vista da sustentabilidade.

De uma maneira geral, tudo o que se almeja com a utilização da coordenação


modular traz como consequência o aumento da produtividade e a redução de
custos, contribuindo para a qualificação da indústria da construção civil (BALDAUF,
2004).
26

2.2.5. Abordagem atual

Atualmente, a coordenação modular está presente no dia a dia da construção


civil em países industrializados da Europa e da América do Norte, e seus princípios
são abordados desde a fase de projeto, passando pela formação dos profissionais
nas Universidades e chegando até o canteiro de obras. No Brasil, apesar de já haver
estudos relativos ao tema, ainda há um longo caminho a percorrer, tanto em relação
ao conhecimento pelos agentes do setor a respeito da coordenação modular, quanto
às efetivas ações para sua implementação (ABDI, 2010).

Em um levantamento dimensional realizado em Maceió (AL), Barboza et al.


(2011) encontraram grande variedade de dimensões de componentes construtivos
no mercado. Segundo os autores, isso é um empecilho para que os projetos sigam
os princípios da coordenação modular, tendo que se ajustarem aos componentes
disponíveis para utilização.

Em levantamento realizado em seis empresas do estado de Santa Catarina


por Navarini (2010), concluiu-se que do total de blocos pesquisados,
aproximadamente 67% não eram modulares, e quando se trata de blocos estruturais
cerâmicos, apenas 35% atenderam aos requisitos de coordenação modular. Vale
ressaltar que a autora do referido estudo não encontrou esquadrias com dimensões
modulares no mercado – o que tem influência direta sobre os projetos de alvenaria
estrutural –, apesar de algumas empresas disponibilizarem o material sob
encomenda. Para Navarini (2010), essa oferta limitada de produtos modulares reduz
a aceitação da coordenação modular por parte dos projetistas, gerando um
empecilho para a implementação da NBR 15873:2010.

No relatório que avaliou os esforços para implementação da coordenação


modular no Brasil, realizado pela ABDI (2010), foi feito um levantamento dimensional
em empresas que disponibilizavam informações dos produtos online. Encontrou-se
que, das oito linhas de blocos cerâmicos efetivamente praticadas pelos fabricantes,
quatro (50%) eram coordenadas modularmente, duas (25%) não eram modulares e
outras duas (25%) obedeciam à modulação apenas em conjuntos modulares, porém
os fabricantes não davam qualquer tipo de informação a respeito dessa
possibilidade. Nesse estudo, a prática da coordenação modular em blocos
27

cerâmicos foi considerada parcial, sendo que a principal dificuldade encontrada foi o
uso inadequado da largura nominal igual a 14 cm (ABDI, 2010).

De uma maneira geral, considerando o levantamento feito pela ABDI de


diversos componentes construtivos, destacou-se o fato de as empresas não fazerem
distinções entre os conceitos de medidas. Muitos fabricantes utilizam medidas
nominais múltiplas de 100 mm em lugar de medidas de coordenação múltiplas de
100 mm, indicando que não há um desconhecimento total a respeito da norma, mas
uma compreensão errônea de seus princípios (ABDI, 2010).

Santos e Pereira (2006) destacam que mesmo que o mercado ofereça


produtos com medidas apropriadas, a falta de concepção na fase de projeto e de
padronização na fase de execução anula as vantagens da utilização desses
componentes na obra. Nesse contexto, Gosling et al. (2016) salientam a
necessidade de um pensamento sistêmico entre todos os profissionais que atuam no
setor da construção civil, incluindo desde a fase de projeto e compatibilização,
passando pela aquisição de componentes, até as operações no canteiro de obras.
Segundo Greven e Baldauf (2007), para que essa mobilização aconteça, ajustes
iniciais são necessários, principalmente em relação à fabricação de componentes.

2.2.6. Possibilidades de ações para implementação da coordenação modular

A NBR 15873:2010 diz em sua introdução que os princípios de coordenação


modular não são de caráter obrigatório, cabendo aos responsáveis definir a
amplitude de sua aplicação (ABNT, 2010a). De acordo com Baldauf (2004), o fato de
a aplicação da coordenação modular ser de caráter voluntário facilita muito para que
ela seja negligenciada. O autor sugere como solução a inclusão da norma como
condicionante para obtenção de financiamento público e participação em
concorrência pública.

Nesse contexto, a Caixa Econômica Federal, responsável pela maior parte do


crédito imobiliário do mercado brasileiro, criou o Selo Casa Azul – uma classificação
socioambiental dos projetos habitacionais financiados pelo banco – com o objetivo
de racionalizar o uso de recursos naturais na construção, reduzir o custo de
manutenção dos edifícios e promover a conscientização sobre as vantagens das
construções sustentáveis. Para que o empreendimento obtenha o selo, ele deve
28

atender a alguns critérios obrigatórios, e a graduação do selo aumenta de acordo


com o número de critérios voluntários que se opta por atender, podendo o selo ser
de bronze, prata ou ouro. A coordenação modular está presente entre os critérios,
porém é um daqueles de livre escolha, não sendo considerado essencial para a
obtenção do selo (JONH; PRADO, 2010).

A NBR 15873:2010 também é desconsiderada no Programa Setorial da


Qualidade dos Blocos Cerâmicos (PSQ-BC), que avalia a conformidade das
empresas do setor baseando-se apenas na NBR 15270:2005. A qualificação no
PSQ-BC vem sendo exigida nas obras do Programa Habitacional do Governo
Federal, Minha Casa Minha Vida (BRASIL, 2016).

A ABDI (2010) dá foco à necessidade de difusão das informações sobre


coordenação modular entre os atuantes do setor. Nesse contexto, Baldauf (2004)
destaca a importância da inclusão do tema na grade curricular dos cursos de
graduação em Arquitetura e Urbanismo e em Engenharia Civil. Segundo o autor, na
prática, poucos cursos dessas duas áreas possuem disciplinas que abordem o tema.

Singh, Sawhney e Borrmann (2015) abordam a relação entre a coordenação


modular e o Building Information Modeling (BIM), ferramenta que permite a
modelagem das informações de uma edificação. De acordo com os autores, a
utilização do BIM facilitaria a elaboração de projetos modulares, alinhando a
estrutura a sistemas de referência modulares e criando combinações de
componentes que atendam aos princípios de coordenação modular. Dessa forma,
vários detalhes a serem examinados para o cumprimento da norma são integrados
durante a elaboração do projeto. Essa maior facilidade de aplicação dos princípios
da modulação poderia incentivar sua prática pelos profissionais.

Adotando uma visão mais ampla, Baldauf (2004) considera que deve ser
montada uma estratégia de implantação da coordenação modular com prazos
estipulados, esclarecendo explicitamente aos intervenientes da cadeia produtiva o
que deve ser feito e de que forma será feito, para que assim sejam de fato aplicados
os princípios da coordenação modular.
29

3. METODOLOGIA

3.1. Enquadramento Metodológico

Do ponto de vista da sua natureza, essa pesquisa pode ser classificada como
uma pesquisa aplicada, que segundo Kauark, Manhães e Medeiros (2010), tem
como objetivo gerar conhecimento para aplicação prática, voltada à solução de
problemas específicos.

Inicialmente, com o intuito de dar embasamento teórico ao presente trabalho,


foi feita uma pesquisa bibliográfica. Este procedimento técnico é desenvolvido com
base em material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de
periódicos e materiais disponibilizados na internet (GIL, 2002).

Do ponto de vista da forma de abordagem do problema e dos procedimentos


técnicos utilizados, o trabalho pode ser dividido em duas etapas distintas: na fase em
que foi realizado um levantamento das dimensões dos componentes construtivos, a
pesquisa pode ser classificada como quantitativa, já que envolve variáveis objetivas
e mensuráveis. Na fase seguinte, na qual foi coletada e analisada a opinião de
fabricantes de componentes construtivos através de um estudo de campo, trata-se
de uma pesquisa qualitativa, uma vez que são coletadas respostas subjetivas cuja
análise não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas (GIL, 2002).

Considerando os objetivos do trabalho, trata-se de pesquisa descritiva, com


características que a aproximam de uma pesquisa exploratória. Uma pesquisa
descritiva tem como objetivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre
variáveis. Uma de suas principais características é a utilização de técnicas
padronizadas de coleta de dados, como o questionário, e são incluídas neste grupo
as pesquisas que têm por objetivo levantar opiniões, atitudes e crenças de uma
população. A pesquisa, entretanto, se aproxima das exploratórias, visto que busca
proporcionar uma nova visão de um problema (GIL, 2002).
30

3.2. Método

3.2.1. Etapas da pesquisa

O tema “Coordenação Modular” foi inicialmente proposto pela professora


orientadora, e após reuniões e leitura de materiais sobre o assunto, foram
identificados pontos relevantes a serem estudados. A partir daí, foram definidas a
pergunta de pesquisa e os objetivos do trabalho.

A revisão teórica foi elaborada a partir de artigos científicos nacionais e


internacionais, pesquisados através do portal de periódicos da CAPES. Foram
amplamente utilizadas também normas técnicas da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas), principalmente a NBR 15873:2010 – Coordenação modular para
edificações, comprada através do website da ABNT. Baseou-se também em livros,
dissertações de programas de pós-graduação de universidades brasileiras, trabalhos
publicados em encontros nacionais, além de relatórios, documentos e cartilhas
elaborados e publicados por ministérios, sindicatos, instituições e órgãos do
governo.

Os passos seguintes foram: a seleção das empresas para compor a amostra


do estudo, o levantamento das dimensões dos blocos cerâmicos estruturais que são
fabricados e comercializados por essas empresas, a elaboração de instrumentos
necessários para a entrevista e, posteriormente, o agendamento e a visita às
empresas para a aplicação do questionário.

3.2.2. Seleção das empresas

Para realizar o estudo, foi feito um levantamento de todas as indústrias


fabricantes de blocos cerâmicos localizadas em Minas Gerais, e associadas à
Associação Nacional da Indústria Cerâmica (ANICER). A ANICER representa o setor
de cerâmica vermelha e está presente em todo o País, através de parcerias com
Sindicatos e Associações. A relação de cerâmicas associadas pode ser acessada
através do website da ANICER.

Posteriormente, através de pesquisa nos websites das empresas, contato


telefônico ou contato através de e-mail, foram identificadas aquelas que fabricam
blocos cerâmicos estruturais. Sendo assim, todas as olarias associadas à ANICER e
31

que fabricam esse tipo de componente construtivo fizeram parte da amostra da


pesquisa.

3.2.3. Levantamento das dimensões de blocos cerâmicos estruturais disponíveis no


mercado de Minas Gerais

Os dados relativos às dimensões dos componentes foram obtidos através do


catálogo de produtos das empresas constantes nos respectivos websites, ou
enviados por e-mail mediante solicitação. Dessa forma, foi possível fazer uma
comparação entre as medidas de blocos cerâmicos estruturais realizadas pela
indústria de Minas Gerais e as recomendações da norma de coordenação modular,
NBR 15873 (ABNT, 2010a).

Nessa etapa foi possível ainda identificar, através do Relatório Setorial


publicado pelo Ministério das Cidades em Outubro de 2016, quais das empresas
incluídas no estudo são qualificadas pelo Programa Setorial da Qualidade dos
Blocos Cerâmicos (PSQ-BC) (BRASIL, 2016).

3.2.4. Realização de entrevista nas empresas fabricantes de blocos cerâmicos


estruturais

As entrevistas foram realizadas com o intuito de conhecer a percepção dos


fabricantes de blocos cerâmicos estruturais em relação à coordenação modular, já
que são importantes agentes integrantes da cadeia produtiva na construção civil.

Depois de definidas as informações relevantes que deveriam ser coletadas


nas entrevistas, foi elaborado um roteiro para a coleta de dados (APÊNDICE A). O
roteiro serviu de apoio para a entrevistadora – que foi a própria autora do presente
trabalho –, sendo que os entrevistados não tiveram acesso às perguntas em
nenhum momento anterior à realização das entrevistas. Além disso, foi elaborado
também um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) a ser preenchido
no momento de cada entrevista, em duas vias – uma pelo entrevistado e outra pela
entrevistadora (APÊNDICE B). O TCLE é um documento que tem por objetivo
esclarecer e proteger o sujeito da pesquisa, bem como o pesquisador, garantindo o
respeito à ética no desenvolvimento do trabalho.
32

Como material auxiliar a ser utilizado nas entrevistas, além da norma NBR
15873:2010 – Coordenação modular para edificações impressa, foi levada também
uma cartilha informativa elaborada pela autora do presente trabalho (APÊNDICE C).
O material elaborado apresenta, de maneira simplificada e didática, conceitos e
informações baseadas na norma e na revisão bibliográfica do presente trabalho.
Essa cartilha, além de auxiliar na discussão durante a entrevista, foi cedida ao
entrevistado para que pudesse ser consultada posteriormente, caso houvesse
interesse.

Com os materiais necessários elaborados, foi dado início ao agendamento


das entrevistas. O contato foi feito por telefone e através de e-mail e, nesse primeiro
momento, foram dadas algumas informações gerais a respeito do estudo, para que o
convite fosse feito sem, contudo, serem fornecidas informações que pudessem
influenciar nas respostas às perguntas do questionário. Foi solicitado que a
entrevista fosse realizada com um gestor da empresa.

Todas as entrevistas foram presenciais, e realizadas dentro das respectivas


empresas. As visitas ocorreram entre os meses de maio e setembro de 2017.

3.2.5. Roteiro de coleta dos dados

O roteiro elaborado para a coleta dos dados (APÊNDICE A) foi dividido em


duas partes. A primeira parte do roteiro – primeira página – consiste em informações
a respeito das empresas visitadas e dos produtos por elas fabricados, e os dados
necessários para preenchê-la já eram conhecidos antes do momento da entrevista,
obtidos através dos websites das empresas e/ou dos catálogos enviados por e-mail
para a entrevistadora. O objetivo dessa primeira parte do roteiro foi uma melhor
organização dos dados e maior facilidade para consulta de informações relevantes
durante a entrevista, caso fosse necessária.

A segunda parte do roteiro – segunda e terceira páginas – foi preenchida no


momento da entrevista, à medida que as perguntas eram feitas. No cabeçalho foram
anotadas informações a respeito do entrevistado; a pergunta de número 1 visa
conhecer um pouco mais a respeito do mercado atendido pela empresa; e a
pergunta de número 2 aborda sobre o controle de qualidade das dimensões dos
33

blocos, para saber até que ponto a empresa é comprometida com o atendimento às
normas que tratam das dimensões dos blocos cerâmicos.

A pergunta de número 3 já começa a introduzir o tema “coordenação


modular”, com o objetivo de saber se o entrevistado está familiarizado com o
conceito. E somente na pergunta seguinte é feito um questionamento a respeito da
norma NBR 15873:2010 – Coordenação modular para edificações.

Nesse momento da entrevista, conforme consta no roteiro, caso fosse


identificado um desconhecimento dos conceitos e da referida NBR por parte dos
entrevistados, era feita uma explicação pela entrevistadora, com auxílio da norma
impressa e de partes da cartilha. Tal procedimento era realizado para que houvesse
um embasamento teórico para as respostas às demais perguntas do questionário.

A pergunta de número 5 questiona a respeito da procura, por parte dos


clientes, por blocos de dimensões que seguem os padrões da coordenação modular.
Ela tem como objetivo entender até que ponto o mercado consumidor da empresa
pode estar familiarizado com a norma e os conceitos tratados no estudo.

As perguntas de números 6 e 7 visam conhecer a opinião dos entrevistados a


respeito dos possíveis benefícios que a implementação da NBR 15873:2010 traria,
tanto para a indústria da construção civil como um todo, quanto especificamente
para os fabricantes de blocos cerâmicos.

As perguntas de números 8 e 9 dizem respeito às opiniões dos entrevistados


em relação à aderência da empresa à norma. Importante ressaltar que a pergunta de
número 9 já considera informações coletadas na fase de levantamento das medidas
dos blocos, na qual foi constatada que nenhuma das empresas avaliadas produz
exclusivamente blocos de medidas coordenadas modularmente. Já a pergunta de
número 10 visa conhecer quais seriam as maiores dificuldades para a empresa caso
ela passasse a aderir às recomendações da NBR 15873:2010.

A última pergunta tem como objetivo saber quais medidas seriam mais
efetivas para estimular a empresa a aderir à norma de coordenação modular. Após a
resposta do entrevistado, eram apresentadas opções que foram elaboradas com
base na revisão bibliográfica feita para o presente trabalho. À medida que as opções
34

eram apresentadas, o entrevistado respondia se ele achava ou não que aquela


medida estimularia a empresa a aderir às recomendações da NBR 15873:2010.

A Figura 10 a seguir mostra o fluxograma com a sequência metodológica do


trabalho.

Figura 10 - Fluxograma da sequência metodológica

Fonte: Autoria própria


35

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Do total de quatorze indústrias cerâmicas associadas à ANICER, cinco


fabricam blocos cerâmicos estruturais, e no presente trabalho foram designadas por
empresas A, B, C, D e E, com o intuito de preservar suas imagens. Dentre essas
cinco empresas, três são qualificadas pelo PSQ-BC, de acordo com o Relatório
Setorial (BRASIL, 2016), sendo elas as empresas A, B e C. Cada entrevistado será
designado, nesse trabalho, pela mesma letra da empresa que representa.

Das cinco empresas que compõem a amostra, três delas estão localizadas na
mesorregião metropolitana de Belo Horizonte, e as outras duas na mesorregião
norte do estado de Minas Gerais. Os dados das cerâmicas estão resumidos na
Tabela 3.

Tabela 3 - Dados das empresas que compõem a amostra

Mesorregião de Qualificada pelo


Empresa Entrevistado
Minas Gerais PSQ-BC
Metropolitana de
A Sim A
Belo Horizonte
Metropolitana de
B Sim B
Belo Horizonte
Metropolitana de
C Sim C
Belo Horizonte
D Norte de Minas Não D
E Norte de Minas Não E

Fonte: Autoria própria

A Figura 11 mostra o mapa do estado dividido em mesorregiões, de acordo


com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), no qual se podem
identificar as duas mesorregiões nas quais se localizam as empresas que fizeram
parte do estudo.
36

Figura 11 - Mesorregiões do estado de Minas Gerais

Fonte: IBGE, 1990

4.1. Estudo das dimensões de blocos cerâmicos estruturais disponíveis no


mercado de Minas Gerais

As Tabelas 4 a 8 a seguir mostram as medidas nominais dos blocos


cerâmicos estruturais fabricados por cada uma das empresas, bem como a análise
de cada bloco quanto à coordenação modular. Os blocos coordenados
modularmente são aqueles que apresentam as três dimensões com medidas de
coordenação múltiplas do módulo básico M = 10 cm, considerando ajustes de
coordenação de 1 cm em cada dimensão.

Ao analisá-las, nota-se que apenas duas empresas – 40% do total de


empresas presentes nesse estudo – fabricam blocos de medidas coordenadas
modularmente. Em contrapartida, todas as cinco empresas fabricam blocos que
contêm uma ou mais dimensões em desacordo com a norma de coordenação
modular.

Mesmo dentre as indústrias que fabricam os blocos com medidas modulares,


tais componentes são minoria no catálogo de produtos. A indústria A produz 4
blocos modulares, de um total de 12 produtos ofertados (33,33%), enquanto a
37

indústria B oferece 2 opções de blocos modulares, em um total de 13 dimensões


produzidas (15,38%).

As Figuras 12 e 13 mostram os blocos coordenados modularmente fabricados


pelas empresas A e B, respectivamente.

Tabela 4 - Dimensões nominais dos blocos estruturais fabricados pela empresa A (cm)

Largura (L) Altura (H) Comprimento (C) Coordenado modularmente?


19 Sim
9 19
39 Sim
19 Não
11,5 19
39 Não
14 Não
29 Não
29* Não
14 19
34 Não
39 Não
44 Não
19 Sim
19 19
39 Sim
* Bloco compensador seccionável

Fonte: Autoria própria

Figura 12 - Blocos coordenados modularmente produzidos pela empresa A, e suas dimensões

09 x 19 x 19 cm 09 x 19 x 39 cm

19 x 19 x 19 cm 19 x 19 x 39 cm

Fonte: Catálogo de produtos do fabricante


38

Tabela 5 - Dimensões nominais dos blocos estruturais fabricados pela empresa B (cm)

Largura (L) Altura (H) Comprimento (C) Coordenado modularmente?


19 Sim
9 19
39 Sim
12 39 Não
11,5 19 Não
19
39 Não
12 39 Não
14 Não
19 Não
29 Não
14
19 29* Não
34 Não
39 Não
44 Não
* Bloco compensador seccionável

Fonte: Autoria própria

Figura 13 - Blocos coordenados modularmente produzidos pela empresa B, e suas dimensões

09 x 19 x 19 cm 09 x 19 x 39 cm

Fonte: Catálogo de produtos do fabricante

As Tabelas 6 a 8, apresentadas a seguir, apresentam as dimensões dos blocos


fabricados pelas empresas C, D e E, que não fabricam nenhum bloco coordenado
modularmente.
39

Tabela 6 - Dimensões nominais dos blocos estruturais fabricados pela empresa C (cm)

Largura (L) Altura (H) Comprimento (C) Coordenado modularmente?


11,5 Não
14 Não
19 Não
11,5 19 24 Não
29 Não
36,5 Não
39 Não
04 Não
14 Não
19 Não
14 19 29 Não
34 Não
39 Não
44 Não

Fonte: Autoria própria

Tabela 7 - Dimensões nominais dos blocos estruturais fabricados pela empresa D (cm)

Largura (L) Altura (H) Comprimento (C) Coordenado modularmente?


19 Não
14 19 34 Não
39 Não

Fonte: Autoria própria

Tabela 8 - Dimensões nominais dos blocos estruturais fabricados pela empresa E (cm)

Largura (L) Altura (H) Comprimento (C) Coordenado modularmente?


14 19 29 Não

Fonte: Autoria própria

A fim de fazer uma análise das medidas praticadas na indústria de Minas


Gerais de uma maneira geral, a Tabela 9 a seguir apresenta todos os blocos
cerâmicos fabricados pelas cinco olarias, sem discriminar por empresa fabricante.
40

Tabela 9 - Dimensões nominais de blocos cerâmicos estruturais fabricados em Minas Gerais


(cm)

Largura (L) Altura (H) Comprimento (C) Coordenado modularmente?


19 Sim
9 19
39 Sim
12 39 Não
11,5 Não
14 Não
19 Não
11,5
19 24 Não
29 Não
36,5 Não
39 Não
12 39 Não
04 Não
14 Não
19 Não
14 29 Não
19
29* Não
34 Não
39 Não
44 Não
19 Sim
19 19
39 Sim
* Bloco compensador seccionável em 6 partes

Fonte: Autoria própria

Das 21 dimensões fabricadas no estado, apenas 4 (19,05%) são coordenadas


modularmente de acordo com a NBR 15873:2010 (Figura 14). São oferecidas no
mercado apenas duas famílias de blocos cerâmicos estruturais modulares, o de
largura nominal de 9 cm e o de 19 cm, e cada uma dessas famílias é composta pelo
bloco principal e pelo meio bloco – sendo que este último se caracteriza por
apresentar a medida modular do comprimento correspondente à metade do bloco
principal.
41

Figura 14 - Relação entre medidas coordenadas e não coordenadas modularmente de blocos


cerâmicos estruturais fabricados no estado de Minas Gerais.

Fonte: Autoria própria

As duas empresas que oferecem os blocos coordenados modularmente – e


somente elas – oferecem também os blocos compensadores seccionáveis, o que
auxilia na modulação do projeto e em uma menor geração de resíduos. De acordo
com Tauil e Nese (2010), as peças compensadoras servem para complementar ou
ajustar espaços e vãos com dimensões fora da modulação múltipla de M = 10 cm,
sendo uteis em projetos que não foram desenvolvidos dentro do reticulado modular
de referência.

Entretanto, verificou-se que só uma das empresas oferece também blocos


canaletas coordenados modularmente, elemento essencial na composição da família
dos blocos e na modulação dos projetos de alvenaria estrutural de blocos cerâmicos.
Outro ponto interessante que se pode notar é que mesmo algumas famílias não
modulares são comercializadas de maneira incompleta, o que dificulta que o projeto
seja executado sem a necessidade de corte de componentes.

Algumas das dificuldades apontadas pelo Relatório de Avaliação dos Esforços


para Implantação da Coordenação Modular no Brasil, elaborado pela ABDI em 2010,
são ainda, sete anos depois, identificadas no mercado de componentes cerâmicos.
São elas o amplo e inadequado uso das larguras nominais de 14 cm e de 11,5 cm
42

(ABDI, 2010). Entretanto, o que se nota é que a NBR 15270-2:2005 permite o uso de
sobmódulos M/2 e M/4 nas dimensões dos blocos cerâmicos estruturais (ABNT,
2005), o que entra em conflito com a norma de coordenação modular.

Tabela 10 - Dimensões de fabricação de blocos cerâmicos estruturais segundo a NBR 15270-2

Dimensões de fabricação
Dimensões L x H x C
(cm)
Comprimento (C)
Módulo dimensional Largura Altura
Bloco Amarração Amarração
M = 10 cm (L) (H) ½ bloco
principal (L) (T)
(5/4)M x (5/4)M x (5/2)M 11,5 24 11,5 - 36,5
(5/4)M x (2)M x (5/2)M 11,5 24 11,5 - 36,5
(5/4)M x (2)M x (3)M 19 29 14 26,5 41,5
(5/4)M x (2)M x (4)M 39 19 31,5 51,5
(3/2)M x (2)M x (3)M 14 19 29 14 - 44
(3/2)M x (2)M x (4)M 39 19 34 54
(2)M x (2)M x (3)M 19 19 29 14 34 49
(2)M x (2)M x (4)M 39 19 - 59
Bloco L – bloco para amarração em paredes L.
Bloco T – bloco para amarração em paredes T.

Fonte: ABNT, 2005

A ABDI aponta algumas recomendações que poderiam sanar as dificuldades


encontradas. São elas: a introdução de componentes complementares nas famílias
que são comercializadas de maneira incompleta, a elaboração de soluções de
conjuntos modulares para a largura de 14 cm, a revisão da NBR 15270-2 quanto ao
uso de submódulos, além de uma maior difusão de informações sobre a
coordenação modular (ABDI, 2010).

Outra possível solução seria a inclusão da NBR 15873:2010 nos critérios para
obtenção da qualificação pelo PSQ-BC, visto que duas das empresas qualificadas
praticam parcialmente a coordenação modular, e uma delas não fabrica nenhum
componente de acordo com essa norma. Entretanto, para que essa solução fosse
adotada, deveria ser solucionado o conflito existente entre a norma de coordenação
modular e a NBR 15270-2:2005.

4.2. Realização de entrevista nas empresas fabricantes de blocos cerâmicos


estruturais

Todas as empresas aceitaram participar da pesquisa, e as entrevistas – que


foram realizadas nas empresas – aconteceram entre os meses de maio e setembro
de 2017. As entrevistas tiveram uma duração média de 1:05h (uma hora e cinco
43

minutos). Na Tabela 11 estão apresentados dados relativos às atividades das


olarias, e correspondem aos dados da primeira página do roteiro de coleta de dados
(APÊNDICE A). Esses dados foram preenchidos antes da realização da entrevista,
para auxiliar na organização das informações, e facilitar a consulta de elementos
importantes durante a visita, caso necessário.

Tabela 11 - Dados relativos às empresas e suas atividades

Fabrica blocos Indica no catálogo


estruturais com qual é o tipo de
Tipo de produtos
Empresa medidas medida (nominal
fabricados
coordenadas ou de
modularmente? coordenação)?
Blocos estruturais, blocos
A de vedação, blocos para Sim Não
laje, blocos canaletas
Blocos estruturais, blocos
B de vedação, blocos para Sim Não
laje, blocos canaletas
Blocos estruturais, blocos
de vedação, blocos para
C laje, blocos canaletas, Não Não
paver, tubo cerâmico para
saneamento
Blocos estruturais, blocos
D de vedação, blocos Não Não
canaletas, telhas
Blocos estruturais, blocos
E Não Não
de vedação, lajotas, telhas

Fonte: Autoria própria

Todas as empresas fabricam outros tipos de produtos além dos blocos


cerâmicos estruturais, entretanto todos os produtos fabricados utilizam a cerâmica
como matéria prima.

As medidas normalmente indicadas por empresas fabricantes de blocos é a


nominal, que não considera a medida do ajuste de coordenação. No entanto,
nenhuma das empresas deixa explícito em seu catálogo ou em seu website qual é o
tipo de medida informada.

O que quatro das empresas informam é o rendimento dos blocos, em


unidades por metro quadrado de parede. Todavia, nota-se que para uma mesma
dimensão de bloco, há discrepância entre os rendimentos indicados pelas empresas.
44

Isso pode acontecer devido a arredondamentos ou utilização de diferentes valores


de ajustes de coordenação no momento dos cálculos.

A ABDI também identificou, em suas pesquisas, a falta de padronização dos


conceitos de medidas entre os fabricantes, e ressaltou que a uniformização desses
conceitos resultaria em uma maior facilidade de coordenação dimensional entre os
componentes. Segundo o Relatório, no caso dos componentes não modulares, os
fabricantes poderiam, inclusive, indicar para projetistas e construtores como formar
conjuntos modulares, auxiliando na compatibilização de medidas (ABDI, 2010).

A Tabela 12 contém informações a respeito dos entrevistados, e os dados


estão colocados exatamente da forma como foram relatados. No momento do
agendamento da entrevista, foi solicitado que a entrevistadora fosse recebida por um
gestor da empresa. Entretanto, em uma das empresas isso não foi possível, por
incompatibilidade de datas e horários.

Tabela 12 - Dados dos entrevistados

Tem/teve algum
Cargo ocupado na
Entrevistado Profissão cargo no
empresa
SINDICER-MG?
A Vendedor técnico Vendedor técnico Não
B Empresário Diretor Sim
C Engenheiro Civil Diretor Presidente Sim
Administrador de Sócio / Diretor
D Sim
empresa administrativo
E Engenheiro Civil Sócio Gerente Não

Fonte: Autoria própria

4.2.1. Respostas dos fabricantes ao questionário

Nesta seção, serão apresentadas e analisadas as respostas dadas pelos


entrevistados a cada uma das perguntas numeradas do roteiro de coleta de dados.
As respostas apresentadas são todas de acordo com o que foi relatado nas
entrevistas.

PERGUNTA Nº 1: O mercado da empresa abrange outras regiões além da


cidade em que se situa? Se sim, quais?
45

Todas as empresas atendem consumidores de fora das cidades onde se


situam as fábricas, conforme consta na Tabela 13 abaixo.

Tabela 13 – Respostas relativas à abrangência do mercado atendido pelas empresas

Respostas
Entrevistado
Mercado abrange outras regiões? Quais?
A Sim Raio de 150 km
B Sim Raio de 150 km
C Sim Raio de 200 km
Sul da Bahia e norte de
D Sim
Minas Gerais
E Sim Norte de Minas Gerais

Fonte: Autoria própria

O entrevistado A relatou que a abrangência da área atendida é limitada, pois,


na maioria das vezes, o custo relativo ao transporte dos componentes por longas
distâncias encarece a obra, o que não é atrativo para os clientes.

De acordo com os entrevistados D e E, o mercado consumidor dos blocos


cerâmicos estruturais, especificamente, é mais restrito do que dos outros
componentes fabricados. Segundo eles, não é característico da região norte do
estado construir empreendimentos de alvenaria estrutural e, além disso, é forte a
concorrência dos fabricantes de blocos de concreto. Isso explica a pequena
variedade de dimensões de blocos cerâmicos estruturais praticados por essas duas
empresas.

PERGUNTA Nº 2: É realizado controle de qualidade dos produtos em relação


às tolerâncias dimensionais? Se sim, como se dá o processo?

Todos os entrevistados responderam que é feito o controle das dimensões


dos produtos, e quando perguntados a respeito do processo, todos eles relataram
que ocorre de acordo com a NBR 15270:2005, demonstrando que têm
conhecimento a respeito da norma que trata de componentes cerâmicos.

PERGUNTA Nº 3: Você sabe o que é coordenação modular? Se sim, o que você


sabe a respeito?

Ao serem perguntados se sabem o que é a coordenação modular, todos os


entrevistados responderam que sim.
46

Ao serem indagados sobre o que sabem a respeito, os entrevistados A e C


falaram que, no seu entendimento, a coordenação modular se relaciona à alvenaria
racionalizada, sendo que o primeiro complementou dizendo que se trata da
“combinação de medidas visando à racionalização da alvenaria”. Os entrevistados B
e D disseram que a coordenação modular está relacionada às medidas de projetos e
componentes. O entrevistado E relacionou o conceito à “modulação de projeto, para
adaptação dos componentes utilizados”.

PERGUNTA Nº 4: Tem conhecimento a respeito da Norma NBR 15873:2010 –


Coordenação modular para edificações?

Os entrevistados A, C e E disseram que desconhecem a norma de


coordenação modular. O entrevistado B relatou que tem consciência da existência
dessa norma, porém nunca a leu, e o entrevistado D disse que já leu a norma,
porém não a compreendeu bem, já que não é engenheiro civil.

Importante ressaltar que, nesse momento da entrevista, foi feita uma breve
discussão com os entrevistados a respeito dos conceitos básicos da NBR de
coordenação modular, com auxilio da norma impressa e de algumas partes da
cartilha previamente elaborada (APÊNDICE C), objetivando dar embasamento para
que pudessem responder às próximas perguntas.

PERGUNTA Nº 5: Já houve caso de clientes buscarem exclusivamente blocos


de dimensões coordenadas modularmente? Se sim, qual a frequência em que
isso ocorre?

O entrevistado D relatou que houve um cliente que buscou blocos


coordenados modularmente devido às exigências de um projeto específico, e então
os blocos foram fabricados sob encomenda para atender às necessidades do
cliente.

Os entrevistados das empresas C e E, que também não fabricam blocos com


medidas coordenadas modularmente, disseram que nunca houve procura por esse
tipo de componente por parte dos seus clientes.

Os entrevistados das empresas A e B, que fabricam blocos de acordo com a


NBR 15873:2010, relataram que desconhecem caso de procura por esses blocos
47

devido à exigência de projeto. O que acontece, segundo eles, é uma procura cada
vez menor por blocos dessas dimensões, pois os blocos de espessura nominal de 9
cm não são mais aceitos pela Caixa Econômica Federal em obras financiadas, e
aqueles de 19 cm de largura nominal são considerados muito espessos pelos outros
agentes da cadeia produtiva.

De fato, o bloco com espessura de 9 cm não consta na tabela de dimensões


de fabricação de blocos cerâmicos estruturais da NBR 15270-2:2005 (Tabela 10),
que é a norma em vigor que trata desses componentes. A NBR 15812-1:2010, que
trata de projetos em alvenaria estrutural com blocos cerâmicos, ainda estabelece
que, para edificações de mais de dois pavimentos, não se admite parede com
espessura efetiva inferior a 14 cm (ABNT, 2010b).

Além disso, segundo relatado pelo representante da empresa A, que possui


selo de identificação de conformidade concedido pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), é necessária uma autorização da
autarquia federal para que os blocos com 9 cm de largura sejam fabricados e
comercializados.

PERGUNTA Nº 6: Em sua opinião, quais são os benefícios que a


implementação da norma de coordenação modular traria para a indústria da
construção civil de uma maneira geral?

Apesar de alguns pontos em comum entre as opiniões dos entrevistados, as


respostas apresentaram algumas variações nos pontos de vista de cada um.

O entrevistado A considera que a implementação da NBR 15873:2010


resultaria em uma racionalização expressiva da alvenaria. Ele relatou que, durante
suas visitas a obras, observa muitas perdas por cortes de blocos, e que são poucas
as construtoras que se preocupam com a geração de resíduos. Na sua percepção,
essas empresas visam prioritariamente à redução de custos do empreendimento
considerando apenas o curto prazo, e que essa economia pode ser ilusória quando
se considera o longo prazo. Dessa forma, acredita que um melhor investimento em
planejamento da obra resultaria em menos desperdício de recursos na execução.
48

O entrevistado B também citou a redução de recortes de componentes como


potencial benefício gerado pela aplicação da coordenação modular. Entretanto, em
sua opinião, atualmente o cliente está cada vez mais exigente em relação à redução
de desperdícios de materiais na execução da alvenaria estrutural. Dessa maneira, a
aplicação efetiva da norma contribuiria ainda mais para essa crescente
conscientização dos agentes da cadeia produtiva.

O entrevistado C apenas citou como benefício o aumento da produtividade, e


não entrou em maiores detalhes a respeito da sua opinião.

Segundo o entrevistado D, a aplicação dos conceitos da coordenação


modular resultaria na padronização entre projetos e componentes construtivos, e
como consequência, em uma redução do desperdício de materiais.

O entrevistado E também citou a padronização como potencial benefício, que


segundo ele aumentaria a produtividade nas obras. Além disso, considera que a
padronização no setor da construção civil, não só entre empresas, mas também
entre as diferentes regiões do país, seria uma vantagem resultante da
implementação efetiva da norma.

De uma maneira geral, os benefícios citados foram: a redução da geração de


resíduos, o aumento da produtividade e a padronização da indústria da construção
civil de uma maneira geral.

PERGUNTA Nº 7: Em sua opinião, quais são os benefícios que a


implementação da norma de coordenação modular traria para os fabricantes
de blocos cerâmicos?

Nesse momento, os entrevistados foram questionados a respeito dos


potenciais benefícios que a implementação da NBR 15873:2010 traria
especificamente para os fabricantes de blocos cerâmicos.

O entrevistado A considera que essa medida agregaria valor às opções


disponíveis no mercado que atendem à norma. A empresa A disponibiliza opções
coordenadas modularmente e, segundo ele, se a NBR 15873:2010 fosse mais
praticada, esses componentes seriam produzidos em maior escala, o que acarretaria
em um menor custo de produção.
49

Segundo os entrevistados B e C, uma menor variedade de medidas de blocos


levaria a uma maior produtividade pelas empresas. O entrevistado D também
considera que a aplicação da norma simplificaria o processo produtivo das olarias
que fabricam ampla gama de dimensões de componentes.

O entrevistado E considera que a efetiva implementação da norma significaria


o estabelecimento de um parâmetro de produção igual para todas os fabricantes.
Segundo ele, isso resultaria em uma competitividade mais leal entre as empresas, já
que a concorrência seria mais relacionada à qualidade dos produtos. Além disso,
também destacou como vantagens a redução de estoque de componentes e maior
praticidade na produção.

De uma maneira geral, então, todos os entrevistados tiveram sua resposta


relacionada com melhorias na produtividade ou maior lealdade na concorrência.

PERGUNTA Nº 8: Qual a sua percepção a respeito da aderência da empresa à


norma de coordenação modular?

O entrevistado A foi o único que considerou que a empresa adere


perfeitamente à norma. Segundo ele, a empresa deve estar apta a atender as
necessidades de todos os clientes. Tendo isso em consideração, julga necessária a
oferta tanto de blocos coordenados modularmente – que é feita pela empresa de
maneira eficaz, em sua opinião – quanto de blocos com medidas fora da norma de
coordenação modular. Segundo ele, essa oferta deve acontecer, pois o fabricante
não sabe das particularidades de cada obra, e como os blocos vendidos serão
combinados com outros componentes e elementos construtivos.

Os demais entrevistados – inclusive o representante da empresa B, que


fabrica blocos coordenados modularmente – reconheceram que não há aderência da
empresa à NBR 15873:2010.

PERGUNTA Nº 9: Qual(is) é(são) o(s) motivo(s) que leva(m) a empresa a


não aderir (ou não aderir totalmente) à Norma de Coordenação Modular
atualmente?

Na resposta a essa pergunta, uma opinião foi unânime a todos os


entrevistados: não há mercado para blocos coordenados modularmente. Segundo
50

eles, o principal fator que rege a escolha das medidas a serem fabricadas é a
procura pelos clientes. Dessa forma, se a procura por alguma medida é baixa (ou
nula), não há motivo para sua produção.

Outro ponto abordado pelos entrevistados A, B e E é que a NBR 15270-


2:2005 não concorda totalmente com a norma de coordenação modular no que diz
respeito às dimensões dos blocos. Como a primeira é cobrada dos demais agentes
ligados à cadeia produtiva de alvenaria estrutural de blocos cerâmicos, é priorizado o
seu cumprimento.

PERGUNTA Nº 10: Quais são os maiores empecilhos que a empresa


encontraria para uma maior aderência à norma de coordenação modular?

Nesse momento os entrevistados foram interrogados a respeito dos


obstáculos que existiriam se, por algum motivo, a empresa se visse obrigada a aderir
à NBR 15873:2010. Todos eles consideraram que o maior empecilho é o mercado
consumidor; se houver a procura por parte dos clientes, não há dificuldade em se
alterar a produção.

PERGUNTA Nº 11: Qual medida seria mais efetiva para estimular a empresa a
uma maior aderência à norma de coordenação modular?

Nesse momento, primeiramente, o entrevistado deu sua resposta à pergunta.


Depois foram apresentadas algumas opções que não incluíam a resposta inicial,
para saber sua opinião a respeito de cada uma delas.

O entrevistado A acredita que a iniciativa pela aderência da norma deveria


partir do investidor, que deveria buscar o projetista estabelecendo a exigência pela
utilização da coordenação modular.

Na opinião do entrevistado B, o processo de aderência à norma deveria ser


iniciado pelos calculistas responsáveis pelos projetos dos empreendimentos.

O entrevistado C acredita que o passo inicial para a implementação da norma


deve ser dado na formação dos profissionais envolvidos, tanto em cursos superiores
quanto em cursos técnicos.
51

O entrevistado D defende a ideia de que, para que a aderência ocorra, é


necessário que os órgãos responsáveis pela aprovação dos projetos passem a
cobrar o cumprimento da norma.

O entrevistado E acredita que a inclusão da NBR 15873:2010 como


condicionante para obtenção de financiamento público, aliado a uma forte
fiscalização, seria o primeiro passo para estimular a cadeia produtiva a aplicar os
conceitos da coordenação modular.

Apesar da diversidade das opiniões, pode-se notar que todos os entrevistados


acreditam que algum fator externo à empresa deve influenciar no perfil do seu
mercado consumidor, fazendo com que aumente a procura por blocos coordenados
modularmente. Assim, como consequência, a empresa direcionaria a produção de
modo a aumentar a oferta desses componentes, e se adequaria à norma.

Em um segundo momento, foram apresentadas algumas opções de medidas


potencialmente efetivas para estimular a empresa a uma maior aderência à norma.
Os entrevistados falaram se concordavam ou não com a efetividade de cada
medida. As opções dadas foram as seguintes:

1. Obrigatoriedade da NBR 15873:2010 – Coordenação modular para


edificações;

2. Inclusão da NBR 15873:2010 como condicionante para obtenção de


financiamento público e participação em concorrência pública;

3. Inclusão da NBR 15873:2010 como condicionante para obtenção de


qualificação no Programa Setorial da Qualidade dos Blocos Cerâmicos –
PSQ-BC;

4. Conscientização e difusão da informação a respeito da NBR 15873:2010


entre outros agentes do setor da construção civil, levando a um aumento de
mercado para produtos normatizados.

A Tabela 14 a seguir apresenta a posição de cada entrevistado em relação às


opções.
52

Tabela 14 - Resposta dos entrevistados em relação às opções dadas na pergunta 11 do


questionário

Entrevistado
Opções A B C D E
1 Não Concorda Não Concorda Não
concorda concorda concorda
2 Concorda Concorda Concorda Concorda Concorda
3 Concorda Não Não Não Não
concorda concorda concorda concorda
4 Concorda Não Concorda Não Não
concorda concorda concorda

Fonte: Autoria própria

Os entrevistados que não concordaram que a obrigatoriedade da norma


estimularia sua prática justificaram sua resposta utilizando o mesmo argumento:
segundo eles, o fato de alguma norma ser obrigatória não significa, na prática, que
ela será cumprida, cobrada e fiscalizada. Dessa forma, não havendo um empenho
da cadeia produtiva como um todo, o mercado consumidor dos blocos não sofreria
alterações significativas. O entrevistado D, apesar de ter concordado com a
efetividade da opção de número 1, também ressaltou que a obrigatoriedade só seria
eficaz se houvesse fiscalização pelos órgãos competentes.

A segunda opção foi a única que todos os entrevistados consideraram efetiva.


De acordo com o entrevistado A, financiamento e concorrência pública são aspectos
que têm grande influência na procura por certos produtos. O entrevistado C acredita
que essa medida seria eficaz para estimular a elaboração de projetos coordenados
modularmente, mas a partir daí, se não houvesse fiscalização, os conceitos da
norma não seguiriam adiante na cadeia produtiva. O entrevistado E também acredita
que essa medida deve ser acompanhada de fiscalização para que seja eficaz.

O entrevistado A foi o único que concordou que a opção 3 seria efetiva para
estimular a aderência à NBR 15873:2010, porém ele acredita que a inclusão da
norma como condicionante para manutenção – e não obtenção – da qualificação
seria mais eficaz. Segundo ele, as empresas que já são qualificadas e buscam
manter essa qualificação geralmente são mais preocupadas com a qualidade do
produto que oferecem.
53

Os representantes das empresas B e C, que também são qualificadas pelo


Programa Setorial, relataram que a qualificação é uma consequência pelo trabalho
que fazem, mas que o consumidor não leva esse fator em consideração no momento
da escolha do fornecedor de componentes construtivos. Já os entrevistados D e E
disseram que, para que fossem qualificadas pelo PSQ-BC, as empresas teriam um
gasto associado, que teria que ser repassado para o produto. Esse aumento de
preço resultaria em uma redução das vendas, já que o valor do produto é um critério
mais considerado pelo comprador do que a qualificação da empresa.

Os entrevistados A e C acreditam que a conscientização e difusão da


informação a respeito da NBR 15873:2010 entre os agentes do setor da construção
civil seriam o primeiro passo – mas não eficaz de maneira isolada – para estimular a
uma maior aderência à norma. O entrevistado C reforçou sua resposta inicial à
pergunta 11, dizendo que a informação deveria ser disseminada principalmente em
graduações e cursos técnicos. O entrevistado A considera importante também a
conscientização do cliente final do empreendimento, o estimulando a cobrar o
cumprimento da norma por parte dos outros agentes da cadeia produtiva.

4.2.2. Considerações gerais relativas às entrevistas

De uma maneira geral, a profissão do entrevistado – e o fato de ser ou não


engenheiro civil – não teve influência no padrão de respostas. A região onde a
empresa se localiza também não teve forte interferência nas opiniões em relação à
coordenação modular. O que se pôde notar foi uma maior preocupação dos
fabricantes do norte do estado em relação à concorrência, devido à grande
quantidade de pequenas cerâmicas presentes na região, e também à ampla
utilização da alvenaria estrutural de blocos de concreto.

Todos os entrevistados demonstraram que têm conhecimento a respeito do


conteúdo da NBR 15270:2005, que trata de componentes cerâmicos. Entretanto,
não estão familiarizados com a NBR 15873:2010 e com os conceitos de
coordenação modular.

Quando questionados sobre o que sabiam a respeito da coordenação


modular os entrevistados, de uma maneira geral, abordaram o conceito amplo de
modulação, relacionado à ordenação de espaços e elementos na construção civil.
54

Entretanto, nenhum deles citou o conceito de módulo básico ou sua medida


normatizada M = 100 mm.

Dos cinco entrevistados, três relataram nunca terem ouvido falar a respeito da
NBR 15873:2010. Cabe ressaltar que a norma é mencionada em uma publicação
elaborada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais
(Sinduscon – MG), que elenca as principais normas incidentes nas etapas de
produção de uma edificação (SINDUSCON-MG, 2015). Essa publicação está
disponível no website do Sindicato das Indústrias de Cerâmica para Construção e
Olaria no Estado de Minas Gerais (Sindicer – MG), ao qual todas as empresas que
fizeram parte desse estudo são associadas – e no qual, inclusive, três dos
entrevistados assumem ou já assumiram algum cargo (ver Tabela 12). Há, então,
uma falta de engajamento com a atualização em relação às novas normas
relacionadas ao setor da construção civil.

Os outros dois entrevistados relataram que já tiveram contato com a norma de


coordenação modular, mas que não leram ou não entenderam seu conteúdo. Pode-
se notar, nesses casos, uma falta de estímulo para conhecer e se aprofundar no
tema tratado pela NBR 15873:2010.

Entretanto, após serem apresentados à norma e seus conceitos, todos os


entrevistados puderam apontar pelo menos uma vantagem que a implementação da
NBR 15873:2010 traria para o setor da construção civil. Além disso, todas as
vantagens citadas concordam com os principais objetivos da aplicação da
coordenação modular citadas tanto na norma quanto por autores que abordaram o
tema (vide item 2.2.4. do presente trabalho). Todos os entrevistados apontaram,
também, possíveis impactos positivos que a aplicação da coordenação modular
poderia ter para as empresas que representam.

Em relação às principais dificuldades encontradas pelas empresas para aderir


à norma de coordenação modular, duas se destacaram: pontos contraditórios entre a
NBR 15873:2010 e outras normas que tratam de componentes e projetos de
alvenaria estrutural de blocos cerâmicos, e a falta de mercado para os blocos
coordenados modularmente.
55

O bloco de largura nominal igual a 9 cm não está normatizado, de acordo com


a NBR 15270-2:2005; o bloco de 11,5 cm de espessura não pode ser utilizado em
certos tipos de edificações, segundo a NBR 15812-1:2010; e o bloco de 19 cm,
apesar de atender às normas, é considerado muito espesso pelos clientes, de uma
maneira geral. Dessa forma, os blocos de espessura nominal de 14 cm são os mais
procurados, visto que têm a espessura mínima para atenderem às normas e às
exigências da Caixa Econômica Federal para financiamento de imóveis.

Como relatado anteriormente, a ABDI (2010) aponta o amplo e inadequado


uso das larguras de 11,5 cm e 14 cm como a principal dificuldade para a
implantação da coordenação modular na indústria de blocos cerâmicos no Brasil,
inclusive pelo fato de que esse uso é respaldado pela NBR 15270-2:2005. Algumas
das soluções apontadas pela ABDI para essa dificuldade são: a revisão da NBR
15270-2 quanto ao uso de submódulos e a elaboração de soluções de conjuntos
modulares para a largura de 14 cm (ABDI, 2010).

Tauil e Nese (2010) propõem que, para blocos de largura nominal igual a 14
cm (medida modular igual a 3/2M), a combinação de peças de comprimentos
nominais de 14 cm, 29 cm e 44 cm (ou 3/2M, 3M e 5/2M) possibilitaria atender a
uma grande variedade de vãos modulares. Apesar de todas as empresas que
fizeram parte do presente estudo comercializarem blocos de largura nominal de 14
cm, apenas as empresas A, B e C produzem os três comprimentos indicados.

Em relação à falta de mercado para blocos coordenados modularmente,


algumas análises podem ser feitas. Através das respostas dadas pelos
entrevistados, nota-se que nenhum deles considera que também tem uma parcela
de responsabilidade para uma maior aderência da cadeia produtiva à NBR
15873:2010. Na opinião dos fabricantes, sua preocupação deve ser no sentido de
atender às necessidades do mercado, e quando algum fator levar o consumidor a
procurar blocos coordenados modularmente, as cerâmicas poderão se adequar às
normas.

Não há dúvidas de que o fabricante de blocos cerâmicos estruturais deve


oferecer o que seu cliente procura, sobretudo quando o produto está de acordo com
a NBR 15270-2:2005. Se não há oferta dos produtos procurados, o natural é que a
56

empresa perca mercado para a concorrência, a não ser que todas as empresas
passem a aderir, simultaneamente, à norma de coordenação modular.

Nesse contexto, há dois pontos que se pode considerar. Primeiramente, se


todas as empresas fabricantes de blocos venderem somente componentes
coordenados modularmente, não há nenhuma garantia de vantagens no setor da
construção civil, a não ser que o restante da cadeia produtiva de edificações também
esteja de acordo com a NBR 15873:2010. Por outro lado, se as empresas não
oferecerem nenhuma família de blocos coordenados modularmente, todos os outros
agentes da cadeia produtiva poderiam estar dispostos a aderir à norma de
coordenação modular, e ainda assim não haveria resultados.

Ramalho e Corrêa (2003) enfatizam que nem sempre é possível definir um


módulo básico apenas seguindo os procedimentos normatizados, pois pode ocorrer
de não se conseguir um fornecedor para a modulação mais adequada. Além disso,
segundo os autores, o ideal é que existam pelo menos dois fornecedores
potencialmente viáveis para uma edificação, pois depender de apenas um
fornecedor pode representar uma vulnerabilidade a eventuais interrupções de
fornecimento ou aumento de preços.

Seria prudente, portanto, que os fornecedores disponibilizassem algumas


famílias de blocos coordenados modularmente para atender às necessidades de
projetos elaborados de acordo com a NBR 15873:2010, e para estimular o restante
da cadeia produtiva a aplicar os conceitos da norma. Um agente da cadeia produtiva
não deve esperar todos os outros aderirem para, só então, fazerem sua parte. A
coordenação modular deve ser incorporada por todos para que alcance os seus
potenciais benefícios.
57

5. CONCLUSÕES

O presente trabalho procurou avaliar se as dimensões de blocos cerâmicos


estruturais fabricados em Minas Gerais estão de acordo com a NBR 15873:2010 –
Coordenação modular para edificações, e identificar as opiniões dos fabricantes
desses componentes construtivos em relação à referida norma. Para isso, foi
realizado um estudo envolvendo as cinco cerâmicas do estado que são associadas
à ANICER e que fabricam blocos cerâmicos estruturais, nas quais foi realizado um
levantamento das medidas desses componentes. Além disso, foram realizadas
entrevistas com representantes das empresas, a fim de conhecer a percepção dos
fabricantes em relação à norma de coordenação modular e aos conceitos
envolvidos.

Após o levantamento das dimensões de blocos cerâmicos estruturais


fabricados em Minas Gerais, verificou-se que apenas duas das cinco empresas que
fizeram parte da pesquisa (40% das empresas) oferecem blocos coordenados
modularmente. Em uma delas, aproximadamente 33,3% da variedade de tamanhos
oferecida está de acordo com a NBR 15873:2010, enquanto na outra essa
porcentagem é ainda mais baixa, de aproximadamente 15,4%. No total,
considerando todas as medidas fabricadas pelas cinco empresas, são encontradas
apenas duas famílias de blocos cerâmicos de dimensões baseadas no módulo
básico M = 100 mm, que correspondem a aproximadamente 19,1% do total da
variedade de dimensões fabricadas.

Durante as entrevistas, constatou-se que nenhum dos cinco representantes


das olarias estava familiarizado com os conceitos abordados pela NBR 15873:2010.
Três deles relataram que sequer sabiam da existência da norma, embora tenha sido
verificado que ela é citada em publicação disponível no website do Sindicer – MG,
ao qual todas as empresas que fizeram parte desse estudo são associadas.
Portanto, há uma divulgação – mesmo que pequena – a respeito da norma de
coordenação modular, mas não há uma iniciativa por parte dos fabricantes em
buscar informações a respeito do tema.

Ao serem apresentados à NBR 15873:2010 e aos conceitos a ela associados,


todos os fabricantes consideraram que a implementação da norma teria impactos
58

positivos para as empresas que representam. As vantagens citadas envolveram


aspectos relacionados a melhorias no processo produtivo e maior lealdade na
concorrência entre cerâmicas. Todos os entrevistados apontaram também benefícios
potenciais da implementação da norma para a indústria da construção civil de uma
maneira geral, que incluíram: redução da geração de resíduos, aumento da
produtividade e padronização do setor como um todo.

Apesar de reconhecerem as vantagens associadas à NBR 15873:2010, os


fabricantes vêm como principais empecilhos para sua aderência por parte das
olarias: a falta de mercado consumidor para dimensões coordenadas modularmente;
e o fato de que existem alguns pontos de conflito entre a norma de coordenação
modular e as demais normas que regem a cadeia produtiva de alvenaria estrutural
de blocos cerâmicos no país.

Em relação às medidas para incentivar a implementação da NBR 15873:2010


nas empresas, a única considerada potencialmente efetiva por todos os
entrevistados foi a inclusão da norma como condicionante para obtenção de
financiamento público, visto que esse fator tem grande impacto na procura por certas
dimensões de blocos. Todos ressaltaram que, para garantir a aderência de todos os
agentes da cadeia produtiva, é imprescindível que haja uma efetiva fiscalização
associada a qualquer medida que venha a ser tomada.

De uma maneira geral, percebeu-se que os fabricantes de blocos cerâmicos


consideram que deve haver, inicialmente, uma mudança de comportamento de
outros agentes da cadeia produtiva, com consequente aumento na procura por
blocos coordenados modularmente. Dessa forma, seria natural que as olarias,
visando atender seu mercado consumidor, aderissem também à NBR 15873:2010.

Entretanto, para que se alcancem os benefícios inerentes à coordenação


modular, é necessário que toda a cadeia produtiva esteja ciente da norma e de seus
conceitos e engajada em sua aplicação simultaneamente, e não que cada agente
espere que o outro dê o primeiro passo para a implementação da NBR 15873:2010.
Para que um projeto coordenado modularmente seja capaz de reduzir a geração de
resíduos e aumentar a produtividade em uma obra, é indispensável que as
59

empresas fabricantes de componentes construtivos ofereçam o material adequado à


norma, e percebe-se que esta não é a realidade da indústria cerâmica do estado.

Independente da estratégia que venha a ser traçada para a implementação da


norma de coordenação modular, está clara a necessidade de uma maior difusão de
informações a seu respeito entre os agentes da cadeia produtiva, além de identificar
– e tentar sanar – as dificuldades encontradas por cada setor para sua aderência
efetiva.

Diante disso, como sugestão para futuras pesquisas, destaca-se a


necessidade de coletar informações a respeito da adequação da oferta de outros
componentes construtivos à NBR 15873:2010, além de reunir opiniões de outros
agentes da indústria da construção civil a respeito da norma. Dessa maneira, haverá
maior quantidade de informações para subsidiar a elaboração de uma estratégia
efetiva de implementação.
60

6. REFERÊNCIAS

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de Avaliação dos Esforços para Implantação da Coordenação Modular no Brasil.
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Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
63

APÊNDICE A – ROTEIRO PARA COLETA DOS DADOS NAS EMPRESAS

(PREENCHIMENTO PELA ENTREVISTADORA ANTES DA ENTREVISTA)

Data: / /

Empresa:

Localização:

Tipo de produtos fabricados:

Fabrica blocos estruturais com medidas coordenadas modularmente?

( ) Sim ( ) Não

Se sim, quais dimensões?

Indica qual é o tipo de medida (nominal ou de coordenação)?


64

Data: / /

Nome do entrevistado:

Profissão:

Cargo na empresa:

Tem (ou já teve) algum cargo na gestão do SINDICER-MG? ( ) Sim ( ) Não

1) O mercado da empresa abrange outras regiões além da cidade em que se


situa?
( ) Sim ( ) Não

Se sim, quais?

2) É realizado controle de qualidade dos produtos em relação às tolerâncias


dimensionais?
( ) Sim ( ) Não

Se sim, como se dá o processo?

3) Você sabe o que é Coordenação Modular?


( ) Sim ( ) Não

Se sim, o que você sabe a respeito?

4) Tem conhecimento a respeito da Norma NBR 15.873:2010 – Coordenação


Modular para Edificações?
( ) Sim ( ) Não

(Caso o entrevistado desconheça os conceitos relacionados à Coordenação


Modular e à Norma, é feita uma explicação pela entrevistadora a respeito do tema,
com auxílio da Norma impressa e de uma cartilha)
65

5) Já houve caso de clientes buscarem exclusivamente blocos de dimensões


coordenadas modularmente?
( ) Sim ( ) Não ( ) Desconheço

Se sim, qual a frequência em que isso ocorre?

6) Em sua opinião, quais são os benefícios que a implementação da Norma de


Coordenação Modular traria para a indústria da Construção Civil de uma
maneira geral?

7) Em sua opinião, quais são os benefícios que a implementação da Norma de


Coordenação Modular traria para os fabricantes de blocos cerâmicos?

8) Qual a sua percepção a respeito da aderência da empresa à Norma de


Coordenação Modular?

9) Qual(is) é(são) o(s) motivo(s) que leva(m) a empresa a não aderir (ou não
aderir totalmente) à Norma de Coordenação Modular atualmente?

10) Quais são os maiores empecilhos que a empresa encontraria para uma
maior aderência à Norma de Coordenação Modular?
66

11) Qual medida seria mais efetiva para estimular a empresa a uma maior
aderência à Norma de Coordenação Modular?

(Esperar o entrevistado responder, e só depois apresentar opções abaixo).

( ) Obrigatoriedade da NBR 15.873:2010 – Coordenação Modular para


Edificações

( ) Inclusão da NBR 15.873:2010 como condicionante para obtenção de


financiamento público e participação em concorrência pública

( ) Inclusão da NBR 15.873:2010 como condicionante para obtenção de


qualificação no Programa Setorial da Qualidade dos Blocos Cerâmicos – PSQ-BC

( ) Conscientização e difusão da informação a respeito da NBR 15.873:2010


entre outros agentes do setor da construção civil, levando a um aumento de
mercado para produtos normatizados
67

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


(TCLE)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, _________________________________________________________, profissão:


__________________________, nacionalidade _______________, ____ anos, RG nº
____________, estou sendo convidado a participar do estudo denominado “COORDENAÇÃO
MODULAR EM ALVENARIA ESTRUTURAL: Necessidades e particularidades da cadeia produtiva de
blocos cerâmicos estruturais em Minas Gerais”. Trata-se de um trabalho de conclusão de curso cujos
objetivos são avaliar se as dimensões de blocos cerâmicos estruturais fabricados em Minas Gerais
atendem à NBR 15873:2010 – Coordenação modular para edificações, e identificar as percepções
dos fabricantes desses componentes construtivos em relação à Norma em questão.
A minha participação no referido estudo será no sentido de responder a uma entrevista, como
representante da empresa _________________________________________________, onde ocupo
o cargo de __________________________________. Estou ciente de que minha privacidade, bem
como da empresa onde trabalho, serão respeitadas.
Os pesquisadores envolvidos com o referido projeto são: Marcela Michelini Noronha, aluna do
curso de graduação em Engenharia de Produção Civil, no Centro Federal de Educação Tecnológica
de Minas Gerais; e a orientadora do trabalho, Prof.ª Dr.ª Cristina Guimarães Cesar. E com eles
poderei manter contato pelo e-mail: marcelamichelini@hotmail.com.
É assegurado meu livre acesso a todas as informações e esclarecimentos adicionais sobre o
estudo e seus resultados, enfim, tudo o que eu queira saber antes, durante e depois da minha
participação.
Tendo sido orientado quanto ao teor de todo o aqui mencionado e compreendido a natureza e o
objetivo do já referido estudo, manifesto meu livre consentimento em participar, estando totalmente
ciente de que não há nenhum valor econômico, a receber ou a pagar, por minha participação.

________________________, ____ de _________ de 2017.

Nome do(a) entrevistado(a) Assinatura do(a) entrevistado(a)

Marcela Michelini Noronha


(entrevistadora)
68

APÊNDICE C – CARTILHA SOBRE COORDENAÇÃO MODULAR

Lado 1:
69

Lado 2:

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