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Este texto foi originalmente publicado em dezembro de 2021 e republicado após atualização.
O Império Romano deixou como legado ao mundo ocidental, entre muitas coisas, os princípios
do ordenamento jurídico praticado em dezenas de países, as raízes de línguas como o espanhol,
o francês ou o italiano, e até a lógica com que operam os Corpos de Bombeiros que trabalham
nas cidades.
Mas talvez haja um elemento desse legado que não é tão conhecido: a festa do Natal.
Em uma das principais celebrações do Cristianismo, hoje marcada por árvores luminosas, Papai
Noel, manjedouras e reuniões familiares, é difícil ver qualquer vestígio da cultura romana.
A história e as curiosidades do Natal, desde evangelhos e tradições pagãs até o Papai Noel
Principalmente porque, por mais de cinco séculos, o Império Romano era um povo que acreditava
em múltiplas divindades.
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A resposta a essa pergunta se refere a uma celebração romana em particular: a Saturnália, o rito
com o qual o inverno era recebido no Império Romano.
"A escolha de 25 de dezembro como a data do nascimento de Jesus não tem nada a ver com a
Bíblia; ao contrário, foi uma escolha bastante consciente e explícita de usar o solstício de inverno
para simbolizar o papel de Cristo como a luz do mundo", diz Diarmaid MacCulloch, professor de
história da Igreja na Universidade de Oxford, no Reino Unido, à BBC News Mundo, o serviço de
notícias em espanhol da BBC.
Mas quando ocorreu esse encontro entre os ritos romanos e as celebrações cristãs e como
chegaram aos nossos dias?
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Durante Saturnália, havia espécie de inversão de papéis: homens vestidos de mulheres e senhores
vestidos de escravos
Saturnália
A Saturnália era um festival realizado pelos
romanos antigos para celebrar o que chamavam de
"renascimento" do ano, para marcar o solstício de Podcast
inverno no calendário juliano (prevalente no
império romano e na Europa durante séculos) que,
curiosamente, era celebrado em 25 de dezembro.
"Ele era o deus do tempo, da agricultura e das coisas sobrenaturais. Como os dias encurtavam e
de alguma forma a terra morria de forma simbólica, era necessário que o deus do tempo e da
comida ficasse feliz", explica Johnson.
E como parte dessa tradição de agradar a divindade e outras pessoas, os presentes foram
introduzidos.
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"Como parte das festividades, os romanos trocavam presentes: velas, chinelos de lã, chapéus e
até meias. E o faziam entre famílias, enquanto os escravos desfrutavam de tempo livre."
Mas a historiadora lembra que, além da festa da Saturnália, os romanos tinham outra celebração
importante: a do "nascimento do sol invicto ou não conquistado" (Natalis Solis Invicti), que era
celebrado todo dia 25 de dezembro, segundo diversos documentos dos tempos romanos.
"E é nesse documento que se faz a primeira menção que 25 de dezembro é o nascimento de
Jesus", acrescenta a historiadora.
Dezembro
A verdade é que, no fim da era romana, o Natal já fazia parte do calendário romano.
Foi um processo gradual, segundo os historiadores, que teve a ver com uma hibridização ou
amálgama de tradições.
"À medida que o cristianismo se tornou mais arraigado no mundo romano e a antiga religião
politeísta ficou para trás, os cristãos se adaptaram a esses ritos estabelecidos e os tornaram
seus", observa Johnson.
"É muito plausível que tenham escolhido essa festa pela sua relação com o renascimento, mas
dessa vez com o renascimento de Cristo, a quem ao mesmo tempo foi confiada a missão de os
redimir e conduzir à vida eterna", acrescenta.
Já no século 4 tudo passou a estar escrito: entre 320 e 353, o Papa Júlio 1º fixou a solenidade do
Natal em 25 de dezembro, talvez como estratégia para converter os romanos.
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Papa Leão 1º foi quem confirmou no século 5 data de 25 de dezembro como comemoração do
nascimento de Cristo
No ano de 449, o Papa Leão 1º estabeleceu a data para a comemoração do nascimento de Jesus
como uma das principais festas da Igreja Católica e finalmente o Imperador Justiniano em 529 a
declarou feriado oficial do império.
Então, começou-se a supor que Jesus havia nascido em dezembro. No entanto, o historiador
italiano Polidoro Virgilio no século 15 começou a notar as semelhanças entre vários ritos pagãos
e a celebração do Natal.
"Polidoro Virgilio apontou a conexão entre a tradição predominantemente inglesa, 'The Lord of
Misrule', que ocorria no dia de Natal, e o costume equivalente que ocorria durante a Saturnália.
Ambos envolviam senhores e servos ou escravos trocando papéis por um dia", observa Johnson.
Desde então, busca-se a data exata do nascimento de Jesus, que alguns historiadores situam em
meados de março ou início de abril.
Mas a influência é tão forte que continuamos a comemorar com presentes, festas e reuniões
familiares no dia 25 de dezembro.
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