Você está na página 1de 1

Soluções · Fichas de trabalho por domínio

Educação Literária
Ficha 2 · Cantigas de amor (p. 105)
1. O sujeito poético deseja provocar sofrimento a quem sempre o fez sofrer por amor, devido à
indiferença com que é tratado pela mulher amada, que não corresponde ao seu amor.
2. A cada uma das estrofes corresponde uma parte distinta da cantiga, que se desenvolve em quatro
momentos. Na primeira estrofe, o sujeito poético apresenta o seu desejo de vingança relativamente à
mulher que o faz sofrer, decorrente do desinteresse com que é tratado por ela. Contudo, na segunda
estrofe, introduzida pela conjunção coordenativa adversativa, reconhece a impossibilidade de
concretizar a intenção manifestada anteriormente, pois não consegue “enganar” o seu coração (vv.
8--9) e chega a perder o sono com a hipótese de fazer sofrer a amada. Apesar disso, retoma, na
terceira estrofe, a ideia de, de algum modo, perturbar a amada, solicitando para isso a intervenção de
Deus (vv. 15-16). Na última estrofe – e momento conclusivo da cantiga –, na sequência das reflexões
anteriores, o sujeito poético abandona a ideia de vingança e de interferência divina e conjetura sobre
a possibilidade de, para terminar o seu sofrimento, interpelar diretamente a mulher que o faz “em si
cuidar” (v. 24), atormentando-se com essa possibilidade (v. 26) e persistindo na ideia de que não
poderá “coita dar” a “quen sempre coita [lhe] deu”.
3. A mulher é apresentada na cantiga como a causa do tormento do sujeito poético (vv. 7 e 24), um
ser insensível e indiferente ao sofrimento do amador (vv. 11, 16 e 18). Não retribui o seu amor e,
segundo o sujeito poético, chega inclusivamente a desejar-lhe “mal” (v. 4).
4. Nas estrofes ímpares, o uso do imperfeito do conjuntivo (“podesse”) destaca a hipótese desejada
pelo sujeito poético de retribuir com “coita” o desprezo da mulher que sempre, no passado anterior ao
tempo da enunciação, lhe “deu” sofrimento. Contudo, constatada nas quadras pares essa
impossibilidade, por, paradoxalmente, ir contra os seus sentimentos, o eu lírico serve-se do presente
do indicativo para dar conta da sua situação atual e concluir: “non posso coita dar”.
5. O poema integra-se no género das cantigas de amor, pois apresenta um enunciador masculino
que, embora não seja identificado por qualquer elemento linguístico, se assume como apaixonado por
uma mulher (“ela”, v. 25) inacessível – tópico recorrente dos cantares de amor, segundo o código do
amor cortês –, que lhe “sempre coita deu” (v. 7) e que é indiferente ao seu amor e ao seu sofrimento.

OEXP10 © Porto Editora

Você também pode gostar