Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Exemplo 1
Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma colicazinha divertida hoje. Simplesmente não
dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela
luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na
secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou
nervoso. Estou zangado.
Exemplo 2
Motivo
1
Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.
[...] MEIRELES, Cecília. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.
Exemplo 1:
TEIXEIRA, F. L. S.; CAMINHA, I. O. Preconceito no futebol feminino: uma revisão sistemática. Movimento,
Porto Alegre, n. 1, 2013 (adaptado)
Exemplo 02:
2
alcançar um corpo ideal condizente com os padrões de beleza, eliminando as poucas
calorias que o sujeito se permite ingerir
Exemplo 03:
Quando a Lua passa exatamente entre a Terra e o Sol, o astro que ilumina nosso
planeta some por alguns minutos. O espetáculo só ocorre durante a lua nova e apenas
nas ocasiões em que a sombra projetada pelo satélite atinge algum ponto da superfície
do planeta. Aliás, é o tamanho dessa sombra que vai determinar se o desaparecimento
do astro será total, parcial ou anular. Geralmente, ocorrem ao menos dois eclipses
solares por ano. Um eclipse solar é uma excelente oportunidade para estudar melhor o
Sol.
C. Função fática centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato
com o receptor, ou testar a eficiência do canal. Linguagem das falas telefônicas,
saudações e similares.
Exemplo 01:
Olá, como vai?
Eu vou indo e você, tudo bem?
Tudo bem eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe ...
Quanto tempo... pois é...
Quanto tempo...
Exemplo 02:
Alô alô Marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar, estamos em guerra
Você não imagina a loucura
O ser humano tá na maior fissura.
Exemplo 03:
-- Alô, está me ouvindo?
-- Ahn? -- Tá me ouvindo?
-- Pouco.
-- Ligo depois
3
D. Função apelativa (ou conativa) centraliza-se no receptor; o emissor procura
influenciar o comportamento do receptor.
Exemplo 02:
“Celular no trânsito não combina. O melhor a fazer é desligar o aparelho enquanto
estiver dirigindo ou deixar no modo silencioso. Quando chegar ao destino, você retorna
as chamadas não atendidas. Se a chamada é urgente, estacione o veículo primeiro e
depois atenda ao telefone. E se você estiver caminhando quando o telefone tocar, pare
em algum lugar seguro para atender a ligação. Lembre-se: nada é mais importante do
que a sua vida!”
Exemplo 03:
4
E. Função poética
Exemplo 01:
O que Maria vê
Digitalmente perdidos
Caverna digital
5
Exemplo 02:
Ao shopping center
do mundo do consumo.
De elevador ao céu
os extremos se tocam
no castigo eterno.
da Grande Liquidação.
F. Função metalinguística
Centralizada no código, usando a linguagem para falar dela mesma. A poesia que fala
da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. Principalmente
os dicionários são repositórios de metalinguagem.
Exemplo 01:
Enfim, o “rolezinho” é uma torrente repentina no curso até então sereno de algum lugar
ocupado por outras classes sociais. É diminutivo de “rolé”, assim, com acento agudo,
como registram os dicionários. “Rolé” é parônima de “rolê”. Convém lembrar que
palavras parônimas pouco diferem uma da outra na grafia ou na pronúncia. Outra
parônima de “rolé” e “rolê”, ambas oxítonas (acento tônico na última sílaba), é “role”,
paroxítona (tônica na penúltima sílaba), forma do verbo “rolar” (“rodar”, “fazer girar”; e
6
também “arrulhar”). “Rolar de rir” significa rir tanto a ponto de dobrar o corpo como um
rolo.
Exemplo 02:
“Estou absolutamente cansado de literatura; só a mudez me faz companhia. Se ainda
escrevo é porque nada mais tenho a fazer no mundo enquanto espero a morte. [...]
Quanto a mim, estou cansado. Talvez da companhia de Macabéa, Glória, Olímpico. O
médico me enjoou com a sua cerveja. Tenho que interromper esta história por uns três
dias”
(A Hora da Estrela. LISPECTOR, 1998, p. 70).
Exemplo 03:
Resolução de Atividades
Texto 1
Texto 2
7
São vários os fatores, internos e externos, que influenciam os hábitos das
pessoas no acesso à internet, assim como nas práticas culturais realizadas na rede. A
utilização das tecnologias de informação e comunicação está diretamente relacionada
aos aspectos como: conhecimento de seu uso, acesso à linguagem letrada, nível de
instrução, escolaridade, letramento digital etc.
Os que detêm tais recursos (os mais escolarizados) são os que mais acessam a
rede e também os que possuem maior índice de acumulatividade das práticas. A análise
dos dados nos possibilita dizer que a falta de acesso à rede repete as mesmas
adversidades e exclusões já verificadas na sociedade brasileira no que se refere a
analfabetos, menos escolarizados, negros, população indígena e desempregados. Isso
significa dizer que a internet, se não produz diretamente a exclusão, certamente a
reproduz, tendo em vista que os que mais a acessam são justamente os mais jovens,
escolarizados, remunerados, trabalhadores qualificados, homens e brancos.
SILVA, F. A. B.; ZIVIANE, P.; GHEZZI, D. R. As tecnologias digitais e seus usos. Brasília; Rio de Janeiro:
Ipea, 2019 (adaptado).
01. Considerando a linguagem dos textos acima, verifica-se que:
A. Os elementos de comunicação que aparecem, respectivamente, nos textos são
receptor, referente e mensagem.
B. a função de linguagem predominante no texto III é referencial, enquanto, no texto I,
predomina a função metalinguística.
C. a função que predomina no texto II é a função referencial.
D. Os elementos de comunicação que aparecem, respectivamente, nos textos são
receptor, receptor e referente.
E. O elemento de comunicação que predomina no texto I é o código e o predominante
no texto III é o canal.
Texto 1
Texto 2
[...] Pare de acumular dívidas. Corte os cartões de crédito e jogue os cheques fora, para
não soltar uma borracha. Não peça mais cartões ou financiamentos. Fique longe de
8
empréstimos consignados. Se não pode comprar algo hoje, também não pode amanhã
[...].
Texto 3
Saúde aprova implantação de 82 academias em praças públicas na PB Setenta
e oito municípios paraibanos deverão receber 82 unidades das Academias da Saúde,
que são espaços apropriados para a prática de atividades físicas. Os equipamentos são
montados ao ar livre, e a população tem orientação gratuita sobre o uso dos aparelhos
para se exercitar. A implantação das academias faz parte de um plano de ações
estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis, cuja meta
é reduzir as mortes prematuras em 2% ao ano. O objetivo é alcançar melhorias em
indicadores relacionados ao tabagismo, ao álcool, ao sedentarismo, à alimentação
inadequada e à obesidade.
Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 11 nov. 2011 (adaptado).
02. Considerando a linguagem dos textos acima, verifica-se que:
A. Os elementos de comunicação que aparecem, respectivamente, nos textos são
referente, receptor e mensagem.
B. a função de linguagem predominante no texto III é referencial, enquanto, no texto I,
predomina a função fática.
C. a função que predomina no texto II é a função emotiva.
D. Os elementos de comunicação que aparecem, respectivamente, nos textos são
código, receptor e referente.
E. O elemento de comunicação que predomina no texto I é o código e o predominante
no texto III é o receptor.
Texto 1
Um asteroide de cerca de mil metros de diâmetro, viajando a 288 mil quilômetros
por hora, passou a uma distância insignificante – em termos cósmicos – da Terra, pouco
mais do dobro da distância que nos separa da Lua. Segundo os cálculos matemáticos,
o asteroide cruzou a órbita da Terra e somente não colidiu porque ela não estava
naquele ponto de interseção. Se ele tivesse sido capturado pelo campo gravitacional do
nosso planeta e colidido, o impacto equivaleria a 40 bilhões de toneladas de TNT, ou
equivalente à explosão de 40 mil bombas de hidrogênio, conforme calcularam os
computadores operados pelos astrônomos do programa de Exploração do Sistema
Solar da NASA; se caísse no continente, abriria uma cratera de cinco quilômetros, no
mínimo, e destruiria tudo que houvesse num raio de milhares de outros; se desabasse
no oceano, provocaria maremotos que devastariam imensas regiões costeiras. Enfim,
uma visão do apocalipse.
Texto 2
Eu sobrevivi do nada, do nada
Eu não existia
9
Não tinha uma existência
Texto 3
10
só mata o trabalhador.
O dono de engenho engorda,
vira logo senador.
Não faz um ano que os homens
que trabalham na fazenda
do Coronel Benedito
tiveram com ele atrito
devido ao preço da venda.
(Cabra Marcado para Morrer, Ferreira Gullar)
Poema 2
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
(Traduzir-se. Ferreira Gullar)
Texto V
Mensagem à família
11
Ajude-o, não o substitua.
Não exija que seja o melhor, peça-lhe para ser bom e dê exemplo.
Não lhe ensine a ser, seja você como quer que ele seja.
Não lhe dedique a vida, vivam todos. Lembre-se de que seu filho não o escuta, ele o
olha.
Eugênia Puebla
A. Referencial.
B. Fática.
C. Apelativa.
D. Metalinguística.
E. Emotiva.
Texto VI
12
Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de mais longa gestação em toda a
minha obra. Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha os meus dezesseis
anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos
persas” ou “tesouro dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa,
um país de delícias, como o de L’invitation au Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte
anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento
de fundo desânimo, da mais aguda sensação de tudo o que eu não tinha feito em minha
vida por motivo da doença, saltou-me de súbito do subconsciente este grito
estapafúrdio: “Vou-me embora p’ra Pasárgada!” Senti na redondilha a primeira célula de
um poema, e tentei realizá-lo, mas fracassei. Alguns anos depois, em idênticas
circunstâncias de desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de evasão da “vida
besta”. Desta vez o poema saiu sem esforço como se já estivesse pronto dentro de mim.
Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a minha vida; [...] Não sou
arquiteto, como meu pai desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não de uma
forma imperfeita neste mundo de aparências”, uma cidade ilustre, que hoje não é mais
a Pasárgada de Ciro, e sim a “minha” Pasárgada.
BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984
E. apelativa, porque o poeta tenta convencer os leitores sobre sua dificuldade de compor
um poema.
Texto 1
13
Texto 2
14
E. Os elementos de comunicação que predominam, respectivamente, nos textos são
canal, emissor e mensagem.
Texto VIII
Lusofonia
rapariga: s.f., fem. de rapaz: mulher nova; moça; menina; (Brasil), meretriz.
Escrevo um poema sobre a rapariga que está sentada
no café, em frente da chávena de café, enquanto
alisa os cabelos com a mão. Mas não posso escrever
este poema sobre essa rapariga porque, no brasil, a palavra
rapariga não quer dizer o que ela diz em portugal. Então,
terei de escrever a mulher nova do café, a jovem do café,
a menina do café, para que a reputação da pobre rapariga
que alisa os cabelos com a mão, num café de lisboa, não
fique estragada para sempre quando este poema atravessar o
atlântico para desembarcar no rio de janeiro. E isto tudo
sem pensar em áfrica, porque aí lá terei
de escrever sobre a moça do café, para
evitar o tom demasiado continental da rapariga, que é
uma palavra que já me está a pôr com dores
de cabeça até porque, no fundo, a única coisa que eu queria
era escrever um poema sobre a rapariga do
café. A solução, então, é mudar de café, e limitar-me a
escrever um poema sobre aquele café onde nenhuma
rapariga se pode sentar à mesa porque só servem café ao balcão.
JÚDICE, N. Matéria do Poema. Lisboa: D. Quixote, 2008.
08. O texto traz em relevo as funções metalinguística e poética. Seu caráter
metalinguístico justifica-se pela:
A. discussão da dificuldade de se fazer arte inovadora no mundo contemporâneo.
B. defesa do movimento artístico da pós-modernidade, típico do século XX.
C. abordagem de temas do cotidiano, em que a arte se volta para assuntos rotineiros.
D. tematização do fazer artístico, pela discussão do ato de construção da própria obra.
E. valorização do efeito de estranhamento causado no público, o que faz a obra ser
reconhecida.
Texto IX
Assentamento
Zanza daqui
Zanza pra acolá
Fim de feira, periferia afora
A cidade não mora mais em mim
15
Francisco, Serafim
Vamos embora
Ver o capim
Ver o baobá
Vamos ver a campina quando flora
A piracema, rios contravim
Binho, Bel, Bia, Quim
Vamos embora
Quando eu morrer
Cansado de guerra
Morro de bem
Com a minha terra:
Cana, caqui
Inhame, abóbora
Onde só vento se semeava outrora
Amplidão, nação, sertão sem fim
Ó Manuel, Miguilim
Vamos embora
BUARQUE, C. As cidades. Rio de Janeiro: RCA, 1998 (fragmento).
09. Nesse texto, predomina a função poética da linguagem. Entretanto, a função emotiva
pode ser identificada no verso:
A. “Zanza pra acolá”.
B. “Fim de feira, periferia afora”.
C. “A cidade não mora mais em mim”.
D. “Onde só vento se semeava outrora”.
E. “Ó Manuel, Miguilim”.
Texto X
A conquista da medalha de prata por Rayssa Leal, no skate street nos Jogos
Olímpicos, é exemplo da representatividade feminina no esporte, avalia a âncora do
jornal da rede de televisão da CNN. A apresentadora, que também anda de skate,
celebrou a vitória da brasileira, que entrou para a história como a atleta mais nova a
subir num pódio defendendo o Brasil. “Essa representatividade do esporte nos Jogos
faz pensarmos que não temos que ficar nos encaixando em nenhum lugar. Posso gostar
de passar notícia e, mesmo assim, gostar de skate, subir montanha, mergulhar, andar
de bike, fazer yoga. Temos que parar de ficar enquadrando as pessoas dentro de regras.
A gente vive num padrão no qual a menina ganha boneca, mas por que também não
fazer um esporte de aventura? Por que o homem pode se machucar, cair de joelhos, e
16
a menina tem que estar sempre lindinha dentro de um padrão? Acabamos limitando os
talentos das pessoas”, afirmou a jornalista, sobre a prática do skate por mulheres.
Disponível em: www.cnnbrasil.com.br. Acesso em: 31 out. 2021 (adaptado).
Texto 1
Texto 2
Texto 3
17
Nas várias redes sociais que povoam a internet, os chamados digital influencers
estão sempre felizes e pregam a felicidade como um estilo de vida. Essas pessoas
espalham conteúdo para milhares de seguidores, ditando tendência e mostrando um
estilo de vida sonhado por muitos, como o corpo esbelto, viagens incríveis, casas
deslumbrantes, carros novos e alegria em tempo integral, algo bem improvável de
ocorrer o tempo todo, aponta Carla Furtado, mestre em psicologia e fundadora do
Instituto Feliciência.
A problemática pode surgir com a busca incessante por essa felicidade, que gera
efeitos colaterais em quem consome diariamente a “vida perfeita” de outros. Daí vem o
conceito de positividade tóxica: a expressão tem sido usada para abordar uma espécie
de pressão pela adoção de um discurso positivo, aliada a uma vida editada para as
redes sociais. Para manter a saúde mental e evitar ser atingido pela positividade tóxica,
o uso racional das redes sociais é o mais indicado, aconselha a médica psiquiatra
Renata Nayara Figueiredo, presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília (APBr).
Texto XII
Os valores não são, como habitualmente se pensa, atributos desejáveis ao ser humano,
ou fundamentos da dignidade da pessoa, ou objeto de escolhas morais, ou qualidade
que pode fazê-lo mais ou menos bonito no contexto social. Ao contrário, os valores são
os alicerces da humanidade, a essência da preservação da espécie e o “alimento” que
integra e faz prosperar os grupos sociais. Mais que isso, “Valores” são, em última
instância, aquilo que pode ser vivenciado como algo que faz sentido e, dessa forma,
como tudo quanto dá razão à vida. A vida biológica do homem, tal como a vida biológica
18
da mosca, não necessita ser vivida. Representa simplesmente uma circunstância
evolutiva, um acidente orgânico e, dessa forma, basta durar apenas o tempo para se
reproduzir. Com essa missão orgânica concluída, a vida não tem mais motivo e morrer
ou não constitui apenas um acidente que termina um outro que a gerou.
12. Todo texto apresenta características que o fazem estar relacionado a uma função
da linguagem. O texto acima prioriza, principalmente, a função:
A. Poética, vista a sua linguagem metafórica, simbólica, para alcançar seu objetivo.
B. Apelativa, já que autor utiliza estratégias que tentam convencer o leitor de seu ponto
de vista.
E. Fática, ao propor que deve haver maneiras diferentes de expor valores, o autor
focalizou a importância do canal de comunicação.
Texto XIII
O exercício da crônica
Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista;
não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e
situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia
mais fino. Senta-se ele diante de sua máquina, olha através da janela e busca fundo em
sua imaginação um fato qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da
véspera, em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo.
Se nada houver, resta-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um
processo associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua
vida emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em última instância,
recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de
escrever, pode surgir o inesperado.
MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia. das Letras.
13. Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui:
A. nas diferenças entre o cronista e o ficcionista.
B. nos elementos que servem de inspiração ao cronista.
C. nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica.
D. no papel da vida do cronista no processo de escrita da crônica.
E. nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de uma crônica.
Texto XIV
Trechos do discurso de Ulysses Guimarães na promulgação da Constituição em
1988
19
Senhoras e senhores constituintes.
Dois de fevereiro de 1987. Ecoam nesta sala as reivindicações das ruas. A Nação
quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação vai mudar. São palavras constantes do
discurso de posse como presidente da Assembleia Nacional Constituinte.
Hoje, 5 de outubro de 1988, no que tange à Constituição, a Nação mudou. A
Constituição mudou na sua elaboração, mudou na definição dos Poderes. Mudou
restaurando a federação, mudou quando quer mudar o homem cidadão. E é só cidadão
quem ganha justo e suficiente salário, lê e escreve, mora, tem hospital e remédio, lazer
quando descansa.
A Nação nos mandou executar um serviço. Nós o fizemos com amor, aplicação e
sem medo.
A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa ao admitir a
reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la,
nunca. Quando, após tantos anos de lutas e sacrifícios, promulgamos o Estatuto do
Homem, da Liberdade e da Democracia, bradamos por imposição de sua honra.
Nós, os legisladores, ampliamos os nossos deveres. Teremos de honrá-los. A
Nação repudia a preguiça, a negligência e a inépcia.
O povo é o superlegislador habilitado a rejeitar pelo referendo os projetos
aprovados pelo Parlamento.
Não é a Constituição perfeita, mas será útil, pioneira, desbravadora.
Termino com as palavras com que comecei esta fala.
A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação vai mudar. A Constituição
pretende ser a voz, a letra, a vontade política da sociedade rumo à mudança.
Que a promulgação seja o nosso grito.
Mudar para vencer. Muda, Brasil!
Disponível em: www.senadofederal.br. Acesso em: 30 out. 2021.
14. O discurso de Ulysses Guimarães apresenta características de duas funções da
linguagem: ora revela a subjetividade de quem vive um momento histórico, ora busca
informar a população sobre a Carta Magna. Essas duas funções manifestam-se,
respectivamente, nos trechos:
A. “São palavras constantes do discurso de posse como presidente da Assembleia
Nacional Constituinte.” e “A Constituição pretende ser a voz, a letra, a vontade política
da sociedade rumo à mudança”.
B. “Nós o fizemos com amor, aplicação e sem medo.” e “A Constituição mudou na sua
elaboração, mudou na definição dos Poderes”.
C. “Quando, após tantos anos de lutas e sacrifícios, promulgamos o Estatuto do Homem,
da Liberdade e da Democracia, bradamos por imposição de sua honra.” e “Nós, os
legisladores, ampliamos os nossos deveres. Teremos de honrá-los”.
20
D. “O povo é o superlegislador habilitado a rejeitar pelo referendo os projetos aprovados
pelo Parlamento.” e “Termino com as palavras com que comecei esta fala”.
E. “Não é a Constituição perfeita, mas será útil, pioneira, desbravadora.” e “Que a
promulgação seja o nosso grito”.
Texto XV
Preconceito: do latim prae, antes, e conceptus, conceito, esse termo pode ser definido
como o conjunto de crenças e valores aprendidos, que levam um indivíduo ou um grupo
a nutrir opiniões a favor ou contra os membros de determinados grupos, antes de uma
efetiva experiência com eles. Tecnicamente, portanto, existe um preconceito positivo e
um negativo, embora, nas relações raciais e étnicas, o termo costume se referir ao
aspecto negativo de um grupo herdar ou gerar visões hostis a respeito de um outro,
distinguível com base em generalizações. Essas generalizações derivam
invariavelmente da informação incorreta ou incompleta a respeito do outro grupo.
CASHMORE, E. Dicionário de relações étnicas e raciais. São Paulo: Selo Negro, 2000 (adaptado).
A. emotiva.
B. referencial.
C. metalinguística.
D. fática.
E. apelativa.
Texto XVI
21
alternativa. Quantas vezes nos deparamos com pessoas andando — ou correndo —
nas ruas? Isso pode ser imitado. Não tem custo algum!
E nas finanças pessoais? Disciplina, disciplina. Reduzir o consumo desenfreado, os
gastos desnecessários e pesquisar muito antes de comprar o que é realmente essencial:
supermercado, farmácia etc. Na verdade, as compras passam por gestão. Se compro
roupa nova (necessária), deixo para comprar sapato ou bolsa no mês que vem. Além
de evitar o endividamento numa hora de emprego difícil e renda baixa, o planejamento
de gastos torna-se essencial.
Quem consegue poupar R$ 10,00 por semana terá R$ 40,00 no final do mês. Ao longo
do ano, terá acumulado quase R$ 500. Sem sofrimento. Não foi uma reciclagem de
hábito?
CALIL, M. Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso em: 24 ago. 2017 (adaptado)
16. Embora no texto acima predomine a função referencial da linguagem, em muitos
momentos, por meio de perguntas retóricas como “Quantos se lembram de apagar a luz
quando deixam um ambiente?”, “E de desligar o chuveiro quando estão se
ensaboando?” e “Não foi uma reciclagem de hábito?”, o autor vale-se da função:
A. Metalinguística.
B. Fática.
C. Poética.
D. Emotiva.
E. Conativa.
Texto XVII
Qual a diferença entre publicidade e propaganda?
Esses dois termos não são sinônimos, embora sejam usados indistintamente no Brasil.
Propaganda é a atividade associada à divulgação de ideias (políticas, religiosas,
partidárias etc.) para influenciar um comportamento. Alguns exemplos podem ilustrar,
como o famoso Tio Sam, criado para incentivar jovens a se alistar no exército dos EUA;
ou imagens criadas para “demonizar” os judeus, espalhadas na Alemanha pelo regime
nazista; ou um pôster promovendo o poderio militar da China comunista. No Brasil, um
exemplo regular de propaganda são as campanhas políticas em período pré-eleitoral.
Já a publicidade, em sua essência, quer dizer tornar algo público. Com a Revolução
Industrial, a publicidade ganhou um sentido mais comercial e passou a ser uma
ferramenta de comunicação para convencer o público a consumir um produto, serviço
ou marca. Anúncios para venda de carros, bebidas ou roupas são exemplos de
publicidade.
17. Sabemos que em um mesmo texto pode predominar mais de uma função de
linguagem, considerando a presença da função referencial como uma delas, pode-se
afirmar que a outra função que se destaca no texto acima é:
22
A. fática.
B. poética.
C. conativa.
D. emotiva.
E. metalinguística.
Texto XVIII
e a lembrança do movimento.
18. Nos versos acima da poesia “Canção” de Cecília Meireles, podemos observar o
predomínio da função:
A. poética.
B. metalinguística.
C. conativa.
D. emotiva.
E. fática.
Texto XIX
Seis em cada dez pessoas com 15 anos ou mais não praticam esporte ou
atividade física. São mais de 100 milhões de sedentários. Esses são dados do estudo
23
Práticas de esporte e atividade física, da Pnad 2015, realizado pelo IBGE. A falta de
tempo e de interesse são os principais motivos apontados para o sedentarismo.
Paralelamente, 73,3% das pessoas de 15 anos ou mais afirmaram que o poder público
deveria investir em esporte ou atividades físicas. Observou-se uma relação direta entre
escolaridade e renda na realização de esportes ou atividades físicas. Enquanto 17,3%
das pessoas que não tinham instrução realizavam diversas práticas corporais, esse
percentual chegava a 56,7% das pessoas com superior completo. Entre as pessoas que
têm práticas de esporte e atividade física regulares, o percentual de praticantes ia de
31,1%, na classe sem rendimento, a 65,2%, na classe de cinco salários-mínimos ou
mais. A falta de tempo foi mais declarada pela população adulta, com destaque entre
as pessoas de 25 a 39 anos. Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, o principal motivo
foi não gostarem ou não quererem. Já o principal motivo para praticar esporte, declarado
por 11,2 milhões de pessoas, foi relaxar ou se divertir, seguido de melhorar a qualidade
de vida ou o bem-estar. A falta de instalação esportiva acessível ou nas proximidades
foi um motivo pouco citado, demonstrando que a não prática estaria menos associada
à infraestrutura disponível.
Disponível em: www.esporte.gov.br. Acesso em: 9 ago. 2017 (adaptado)
19. No texto acima, predomina a função referencial da linguagem, pois o autor do texto:
A. utiliza sua subjetividade como é padrão nesse gênero textual.
B. opina acerca do tema apresentado e esclarece conceitos.
C. deseja persuadir o leitor a consumir produtos geneticamente modificados.
D. prioriza aspectos estéticos para a construção de sentido.
E. baseia-se na informatividade objetiva daquilo que é relatado no texto.
Texto XX
Sou eu que começo? Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma
mulher como as outras. Por exemplo, odeio falar sobre crianças, empregadas e
liquidações. Tenho vontade de cometer haraquiri quando me convidam para um chá de
fraldas e me sinto esquisita à beça usando um lencinho amarrado no pescoço. Mas
segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do
escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo. Quem me vê caminhando na rua, de salto
alto e delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém desconfia do
meu hermafroditismo cerebral. Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa. Penso
como um homem, mas sinto como mulher. Não me considero vítima de nada. Sou
autoritária, teimosa e um verdadeiro desastre na cozinha. Peça para eu arrumar uma
cama e estrague meu dia. Vida doméstica é para os gatos. Nossa, pareço uma
metralhadora disparando informações como se estivesse preenchendo um cadastro
para arranjar marido. Ponha na conta da ansiedade. A propósito, tenho marido e tenho
três filhos. [...] Tenho um cérebro masculino, como lhe disse, mas isso não interfere na
minha sexualidade, que é bem ortodoxa. Já o coração sempre foi gelatinoso, me deixa
24
com as pernas frouxas diante de qualquer um que me convide para um chope. [...] Sou
tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela
comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Acho que sou promíscua, doutor
Lopes. São muitas mulheres numa só, e alguns homens também. Prepare-se para uma
terapia de grupo.
20. Todo texto apresenta características que o fazem estar relacionado a uma função
da linguagem. O texto acima prioriza, principalmente, a função:
A. Poética, vista a sua linguagem metafórica, simbólica, para alcançar seu objetivo.
B. Apelativa, já que autor utiliza estratégias que tentam convencer o leitor de seu ponto
de vista.
E. Fática, ao propor que deve haver maneiras diferentes de expor valores, o autor
focalizou a importância do canal de comunicação.
Boa Atividade!
25