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Continuamos o debate com o seguinte texto “Os quintais e seus saberes (in)visibilizados”,
construído com um intuito de trazer elementos para trabalhar em sala de aula os assuntos
proposto no planejamento que é a agricultura urbana e os saberes ancestrais. Texto baseado
no artigo SABERES “INVISÍVEIS” NA CIDADE : DA SEGREGAÇÃO SÓCIO-
ESPACIAL ÉTNICA À CONSTRUÇÃO DA JUSTIÇA AMBIENTAL.
autoras: GOMES Ângela Maria da Silva, Centro Universitário de Belo Horizonte-UNI-
BH, WAKISAKA, Maria Lúcia Yoshico, Centro Universitário de Belo Horizonte-UNI-
BH.
Percebe-se que a população pobre e periférica sempre agiu de maneira autônoma para
superar os problemas de planejamento urbano que estão presentes na sua localidade. Já que o
Estado se nega a atender as necessidades dessa população. Quando pesquisamos o histórico
do Planejamento Urbano ofertado pelo governo brasileiro, encontramos registros que seu uso
e aplicação sempre foi empregado para gerar capital e conforto para quem tem dinheiro, essa
realidade é ainda presente nos dias de hoje, perpetuando a segregação social e racial.
Deixando assim a população pobre, preta e periférica na marginal das “cidades modelos”. É
importante dizer que a população periférica nunca ficou apática por não ter a presença dos
aparatos públicos nos seus territórios, esses sujeitos buscaram nos seus saberes tradicionais e
ancestrais dos povos ameríndios e africanos e afro-brasileiros modos de bem viver sem a
lógica capitalista. Tornando esses lugares em verdadeiros refúgios dessas cidades que
segregam, mata corpos não homogêneos a lógica tóxica do capitalismo.
A tradição dos quintais que estão situados nos arredores das moradias seja nos bairros,
morros, vilas e favelas por toda a América Latina. Entretanto vamos realizar um recorte mais
específico podemos ver essas realidades aqui em Florianópolis no Maciço do Morro da Cruz,
neste território observamos ver que a maioria das habitações possuem um quintal. Nestes
quintais geridos em sua maioria por mulheres matriarcas da família tem espaço para tudo,
puro planejamento urbano/estratégico de seus territórios, encontramos hortas para alimentar
a família, ervas ancestrais que cuidam da saúde física, aos manejos agroecológicos que são
por exemplo: as árvores frutíferas plantadas em algumas encostas dos morros para evitar seu
deslizamento em caso de chuvas. Esses saberes foram marginalizados historicamente por não
estar contido nos moldes da ciência colonial eurocêntrica. Os saberes desses povos estão
contidos na oralidade que essas vozes e corpos carregam, com conhecimentos que vem da
base dos povos originários e os povos de matrizes africanas.
A agricultura urbana que só agora começa a ganhar “voz” nos meios institucionais,
sempre existiu (e por isso resistiu) nestes quintais periféricos. Alimentando e nutrindo essas
famílias em localidades urbanas e/ou periurbana. Reconhecer essas vozes é dar protagonismo
aos verdadeiros precursores desta prática ancestral.
No próximo encontro será feita uma roda de conversa com os mais velhos da comunidade
(griôs) falando sobre seus conhecimentos tradicionais que perpassam desde técnicas
tradicionais de plantio, a importância de não usar agrotóxicos, fases da lua e sua influência no
plantio, quintais e agricultura urbana nos quintais. E suas vivências com os quintais urbanos.
Por fim será construído um roteiro de saída de campo da comunidade, uma articulação entre a
comunidade e a escola.
No terceiro encontro será realizada a saída de campo para visitar os quintais da comunidade
com o roteiro feito no encontro passado com os mais velhos.
A proposta é que essa saída seja interdisciplinar e dialogue com as diversas áreas do
conhecimento.
As fotos a seguir são de minha autoria em uma saída de campo para visitação dos quintais no
Morro do Mocotó Queimada com a Educação de Jovens e Adultos da Educação Escolar
Quilombola.
Na
caderneta de campo cada estudante anotará informações passadas pelos moradores sobre os
quintais visitados, e os/ as estudantes farão algumas perguntas para os moradores.
Perguntas suleadoras
Nome do/a morador/a?
Idade?
Quais plantas são cultivadas no seu quintal?
Quem cuida da manutenção do quintal?
Quando começou a cultivar plantas no seu quintal e motivo?
Qual a importância da agricultura urbana pra você?
Com quem você aprendeu a cultivar?
No quarto encontro falamos sobre a saída de campo e as impressões sobre as/os estudantes do
campo e começamos a dialogar sobre o relatório de campo e as entrevistas feita com os
moradores, mapeando quais plantas mais utilizadas na comunidade, pesquisando o nome
científico destas espécies assim unindo os conhecimentos científicos e acadêmico. O
desdobramento dessa atividade vai acontecer em dois encontros.
Finalizando esse PCC com uma cartilha das plantas encontradas nos quintais da comunidade
com seus usos tradicionais bem como seu nome científico e por fim a ilustração de cada
espécie. Podendo ser construído em dupla ou sozinho essa cartilha, essa será a atividade
avaliativa deste planejamento, para além da avaliação processual.
Avaliação: A avaliação será processual com o desenvolvimento de cada estudante bem como
a elaboração da cartilha com as plantas encontradas no quintas da comunidade.
Referências Bibliográficas:
Santa Catarina. Governo do Estado. Secretaria de Estado da Educação. Política de
educação escolar quilombola / Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado da
Educação. – Florianópolis : Secretaria de Estado da Educação, 2018.
POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA - SC
A tradição dos quintais e a agricultura urbana” Angela Gomes -
https://www.youtube.com/watch?v=wysDL0wEA5M&t=928s
SABERES “INVISÍVEIS” NA CIDADE : DA SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL
ÉTNICA À CONSTRUÇÃO DA JUSTIÇA AMBIENTAL.
autoras: GOMES Ângela Maria da Silva, Centro Universitário de Belo Horizonte-UNI-
BH, WAKISAKA, Maria Lúcia Yoshico, Centro Universitário de Belo Horizonte-UNI-
BH.
Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/historico/
BNCC_EnsinoMedio_embaixa_site_110518.pdf
Rotas e diálogos de saberes da etnobotânica transatlântica negro-africana:
Terreiros, Quilombos, Quintais da Grande BH Autora: Angela Maria Gomes