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XI - SISTEMAS DE MANEJO

CONSERV ACIONISTA E QUALIDADE


DE SOLOS, COM ÊNFASE NA MATÉRIA
ORGÂNICA
Cimélio Bayer11, Jeferson Dieckow11, Paulo César Conceição31 &
Júlio Cézar Franchini dos Santos41

11 Faculdade de Agronomia, Departamento de Solos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.


Porto Alegre, RS. E-mail: cimelio.bayer@ufrgs.br
21 Depa rtamento de Solos e Engenharia Agrícola, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, PR.
E-mail: jefersondieckow@u fpr.br
31 Coordenação de Agronomia, Universidade Tecnológica Federal do Pa raná, Campus Dois Vizinhos.
Dois Vizinhos, PR. E-mail: pauJocesar@utfpr.edu.br
~, Embrapa Soja. Londrina, PR. E-mail: juLio.franchini@embrapa.br

Conteúdo

INTRODUÇÃO ......................................................... ......................................................... .......................... 315


TERMODINÂMICA. FUNDAMENTOS DO MANEJO CONSERVACIO !STA E QUALI DADE
DO SOLO ............................... ........................ ........ ... .................. .................................................... ............. 316
PRODUTIVIDADE DAS CULTURAS ···································································································· 322
DINÂMICA DA MATÉRIA ORGÀNICA NO SOLO ............................................................................ 32-l
FRACIONAMENTO DA MATÉRIA ORGÂNICA .... ........... ............ .............................. ....................... 331
Fracionamento tisico granulométrico ····· ······················ ·············································································
Fracionamento físico densimétrico ........................ ................................................................................. .. 33 _
TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS NO ESTUDO DA MATÉRI A ORGÂNICA ............................. 333
CONS IDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................. ..... 336
LIT ERATURA CITA DA ··························································································································· 337

INTRODUÇÃO

Sistemas conservacionistas de manejo visam a produção de alimentos em longo


prazo, com a preservação dos recursos naturais. O não revolvimento e o alto aporte de

Bertol I, De Maria IC, Souza LS, editores. Manejo e conservação do solo e da úgua. Viçosa, r-, IG: Sol'.iedade
Bras ileira d e Ciência do Solo; 2018.
316 CIMÉLIO BAYER ET AL.

fitomassas residuais são fundamentos do manejo conservacionista en1 regiões tropicais e


su_btropic~is fu1udas, e sua adoção permite que a intensidade dos processos o rde n ativos
seJa superior a dos processos dissipativos (ordenativos/ dissipativos > 1). Assin1, os solos
agrícolas apresentam um ganho em qualidade, com reflexos na produtividade d as culturas.
A recuperação da qualidade do solo é um processo de natureza biológica, pois todos os
processos ordenativos no solo são mediados pela microbiota, cuja atividade é decorrente
dos flu ·os de energia e matéria oriundos das h·ansformações do C fotossintetizado. A
recuperação de solos degradados, quando da adoção de sistemas conservacionistas de
manejo, passa pela formação de palhada, com reflexos em curto prazo na produtividade
das culturas. O máximo potencial produtivo, por sua vez, é decorrente do acúmulo de
matéria orgânica no solo, processo que demanda um período de tempo usualmente
superior a 10 anos. Quanto ao acúmulo de matéria orgânica, a diversificação dos sistemas
de cultura e o aporte de biomassa de maior qualidade são conceitos a serem introduzidos
tanto em 1úvel do setor produtivo como o da pesquisa científica. Os benefícios do ambiente
menos oxidativo do solo sob sistemas conservacionistas de manejo sobre a matéria
orgânica extrapolam aspectos quantitativos relacionados aos estoques de C e N no solo,
envolvendo aspectos relacionados ao acúmulo de frações lábeis da matéria orgânica, que
tem forte impacto na qualidade do solo. Conceitos mais recentes como a proteção física e
a coloidal da matéria orgânica e saturação de C no solo são importantes para o adequado
entendimento do impacto de sistemas de manejo sobre a matéria orgânica em solos com
diferentes textura e mineralogia.

TERMODINÂMICA, FUNDAMENTOS DO MANEJO


CONSERVACIONISTA E QUALIDADE DO SOLO

Termodinamicarnente, o solo é um sistema aberto. Isso significa que o solo troca


energia e matéria com o ambiente ao seu redor, onde a entrada de energia solar alimenta
processos ordenativos e dissipativos que ocorrem no solo. A relação entre ambos determina
a degradação (ordenativos/ dissipativos < 1) ou conservação/recuperação (ordenativos/
dissipativos > 1) do solo.
A intensidade dos processos dissipativos e ordenativos e, consequentemente, a
qualidade do solo são drasticamente acometidas pelas práticas de manejo. Práticas que
constituem sistemas convencionais de manejo de solo intensificam processos dissipativos
e minimizam processos ordenativos, promovendo urna intensa degradação do solo. O
revolvimento do solo pela lavração e gradagens determina que a sua superfície fique exposta
à radiação solar e, nesta condição, ocorra a máxima entrada de energia diretamente pela
sua superfície, aquecendo-o e intensificando processos dissipativos como a decomposição
microbiana da matéria orgânica e a desagregação do solo.
Aincorporação de energia solar em compostos orgânicos via processo de fotossíntese
pela planta determina uma entrada de energia e matéria no solo, intensificando os
processos ordenativos; entretanto, esse processo é mirumizado p ela adoção de prá ticas
como pousio invernal, monocultivo de espécies de baixo aporte de fitomassas residuais
e queima de fitomassa dos cereais de inverno, p_ráticas que simbolizaram o manejo dos
solos n as décadas d e 1970-1980 no sul do Brasil. A associação d e prep a ro intenso do

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


XI - S I S TEM/\ D E MANEJO (ONSERVACTONISTA E Q UALIDAD E DE · · · 3 17

so lo e o ba ixo apo rte de fitomassa resid ua l, pe la a lta freq uê ncia de pousio inve rnal,
monoc ullurél e qu eima de fítom assa r s iclu al determina m uma baixil intensidade dos
processos ordenativos e elevadél inten id él dc de processos di s ipativos (o rdenativos/
dissipativos < 1), promovendo d iminuição no níve l d e o rd m do so lo (a umento da
e ntropia) e redução da energia a rmazenélda no solo (redu ção de enta lpia). A im , com
es tas práticas de manejo, os solos ag rícolas bras il eiros ex perime nta rél m uma in ten a e
rápida degradação (Mielniczuk, 1999).
A aná lise da termodinâmica do s is tema solo permite inferir q ue o ma nejo
conservacionista do solo deve envolve r dois fundament os: o não revolvimento e o
alto aporte de fitomassas residuais, cuja adoção concom itante é essencia l pa ra que
a inte nsidade dos processos ordenativos seja s uperior à inten idade dos p rocesso
dissipativos (o rdenativos/ dissipativos > 1), fazendo com que o solo passe a ex perimentar
uma melhoria grad ua l da sua qualidade. Na figura 1, exemplifica m-se o flu xos de Cem
Argissolo sob preparo convenciona l (preparo convencional-PC, lav ração e gradagem) e
ba ixo aporte de fitomassas resid ua is (aveia/ milho - A/ M, sem a du bação nitrogenada ).
N esta s ituação, os processos ordenativos no solo são alimentad os pela incorporaçdo
a nual de 0,9 t ha·1 a no·1 de C na matéria orgânica do solo. Po r sua vez, os proces os
dissipativos ocorrem a uma intensidade equivalente a 1,4 t ha·1 d e C, demon trando que
nesse manejo, que não apresenta nenhum dos fundamentos do manejo conservacioni ta,
a intens idade dos processos dissipativos é superior a dos processos o rdenati vos (Figu ra
la) e o solo perde qualidade ao longo do tempo. A partir da adoção simultànea do
fundamentos de não revolvimento (semeadura direta-SD) e do alto aporte de fitoma as
residuais (aveia+erviJhaca /milho+caupi - A+E/M+C), a taxa dos processos dissipativos
(equivalente a 1,1 t ha· 1 ano·1 de C) passa a ser menor do que a dos processos ordena tivo
(equivalente a 1,6 t ha·1 ano·1 de C) (Figura lb), e o solo passa acumular matéria o rgà nica
e aumenta a qualidade.
Solos s ubmetidos a sistemas convencionais de manejo (ordenativo / dissipa tivo < 1)
apresentam um decréscimo no nível de ordem (Figura 2a). Por s ua vez, solos s ubmetid o
a sistemas conservacionistas de manejo (ordena ti vos/ dissipativos > 1), que contemplam
os dois fundamentos do manejo (não revolvimento e alto aporte de fitomassas residuais),
tendem a se organizar e a apresentar nível de ordem mais elevado (Figura 2a). 1 a figura
2b, verifica-se a similaridade entre a evolução dos estoques de C da matéria orgânica do
solo ao longo de 13 anos de aplicação de diferentes sistemas de manejo de solo (Bayer et
al., 2000), em relação ao comportamento teórico da organização do solo em relação aos
sistemas de manejo adotados (Figura 2a).
Cabe salientar que os sistemas de manejo q ue constam na figura _b ão os me mos
d a figura 1. Verifica-se, assim, que os s is temas de manejo, q ue determinam proces os
ordenativos menos intensos do que os processos dissipativos(PC / 1) no solo, resultam
numa d iminuição do nível de ordem no solo, caracterizado por um rápido e inten o
processo de degradação (Figuras la e 2b). Por sua vez, sistemas de manejo q ue envolvem
a adoção simultânea dos dois fundamentos do manejo (não revolvimento do solo e a lto
aporte de fitomassas residuais, SD A+E/M+C) determinam um balanço positi O d os
processos ordenativos em relação aos processos dissipativos (ordenativos/ dissipativos> l)
e uma elevação no nível de ordem do solo, promovendo a con ervaçào ou melhoria da
qualidade do solo (Figuras lb e 2b).

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


318 CIMÉLIO BAYER ET AL.

(a) lnvemo Verão

A/ 1 PC

IJwerno Verão

co,
(b) 1
8,0
A+E/M+C 50

1,1

Figura 1. Ciclagem de Cnum Argissolo submetido a um (a) manejo com intenso revolvimento (preparo
convencional-PC, lavração e duas gradagens) e baixo aporte de fitomassas residuais (aveia/
rnilho-A/M, sem adubação nitrogenada); e a (b) manejo que contempla os fundamentos do não
revolvimento (semeadura direta-SD) e do alto aporte de fitomassas residuais (aveia+ervilhaca/
milho+caupi - A+E/M+C). Fluxos de C calculados a partir de Lovato et ai. (2004).

O conceito do solo como "sistema" significa que o solo é formado por sub-sistemas
(físico, quínúco e biológico), que interagem entre si. Isto implica que a adoção de sistemas
conservacionistas de manejo determina melhoria em indicadores químicos, físicos e
biológicos de qualidade do solo, resultando na melhoria da qualidade do solo como
um todo. Os indicadores de qualidade do solo são referidos por alguns autores como
"propriedades emergentes" (Vezzani, 2001), sugerindo que se tratam de propriedades
que O solo somente passa a apresentar quando submetido a sistemas conservacionistas de
maneJo.
Nos diferentes estados de organização do solo, que estão representados na figura 2a,
surgem as propriedades emergentes. No 1úvel de ordem alto, caracterizado pela presença
de estruturas mais complexas, que são os macroagregados, e grande quantidade de matéria
orgânica retida, as propriedades emergentes que se destacam são: resistência às erosões
hídrica e eólica, aumento da CTC e do estoque de nutrientes, adsorção e complexação de
compostos orgânicos e inorgânicos, favorecimento dos organismos do solo, promoção da

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


XI - SISTEMA D E MAN EJO CONSERVACIONISTA E QUALIDADE DE .. · 319

ciclagem dos e lementos químicos, sequestro d e e, aume n to da divers idade da população


microbiana, resistência a pe rtur bações e resiliência . Es ta s propriedades emergen tes
conduzem o solo a au mentar a habilidade de produzir quantidades crescen tes de matéria
vegetal, favorecendo a retroalimentação de energia e maté ria geradora de o rdem. Ne s a
condição, o solo é capaz de cumprir s uas funções e, dessa forma, atingir qualid ade (Vezzani,
2001).

(a)
Nível de ordem alto
,,,,,, 50 A+ E/M + C

Nível de ordem baixo


.,,,,- PDA/M

Tempo
(b) 40
_._PCA/M
-O- SDA+E/M+ C
36

ç
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o
oUl
2 28
u
24

o -'----,---,,.---.----,---.----,---.---..--
0 2 4 6 8 10 12 14
Anos

Figura 2. (a) Figura teóric~ da razão entre ~s processos ordenativos e ctissipativos e a organização do
sistema solo sob os ststemas de maneio PC A/ Me SD A+E/ M+C [adaptado de ezzani (2001)
em analogia~ _Prigogine (19:6)] e sua sim~aridade com o (b) comportamento dos estoques de e
orgânico veriftcado em Arg1ssolo subtropical sob os mesmos sistemas de manejo.
Fonte: (Bay er et a i, 2000).

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


320 CIMÉLIO BAYER ET AL.

Na figura ", são apresentadas as propriedades emergentes do solo nos sistemas de


manejo PC A/ Me SD A+E/ M+C, onde os ah'ibutos do solo sob vegetação natural (campo
nativo) são considerados como referência (=100). Verifica-se que com a maior entrada de
C fotossinteti zado e o menor revolvimento do solo, este avançou para niveis de ordem
mais ele, ados, e surgiram propriedades emergentes como o aumento da atividade e
biomassa microbiana, estoques de C e N na matéria orgânica e na fração particulada, N
potencialmente mineralizável, entre ouh·as (Conceição, 2002).

e. Org.

Quoc.
Met.

C>53

Ntotal

Figura 3. Propriedades emergentes de um Argissolo subtropical em manejo convencional (PC,


lavração e gradagem; baixo aporte de fitomassas residuais no sistema aveia/milho-A/M,
sem adubação nitrogenada) e manejo conservacionista que envolve os dois fundamentos
do manejo (não revolvimento - semeadura direta (SD) e alto aporte de fitomassas residuais
vegetais pelo sistema aveia+ervilhaca/milho+caupi - A+E/M+C), em comparação ao solo sob
vegetação natural (campo nativo; referência=lO0). C. org= C de compostos orgânicos, NMP= N
potencialmente mineralizável, C>53= C na matéria orgânica particulada, C-Bio;::; C na biomassa
microbiana, Ntotal;::;nitrogénio total, C-CO2 ;::;atividade microbiana, N>53;::; N na matéria
orgânica particulada e Quoc. Met.= quociente metabólico.
Fonte: Adoptad o de Conceição (2002).

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


XI - S I STEMA DE MAN EJO CONSERVACIONIST A E QUALIDADE DE .. · 321

Um aspecto importante nes ta d iscussão é q ual a q uantidade de biomassa vegeta l


deve ser a portada an ua lmente para mante r a q ua lidad e d o o lo . A partir do dado
apresentados na fi gura 4, pode-se inferir que a razão e ntre o processos orden tivos
e dissipativos no solo passa a ser s uperior a 1 (o rd ena ti vos/ d issipa tivos > 1) em D,
1 1
quando o aporte de biomassa é igual ou s uperior a aproximadam ente lO t ha· ano·
de matéria seca das culturas. Portanto, a ad iç5o a nu al de lO t ha·1 é ,1 quantidade de
biomassa tomada como referência para a ma nutenção d a qu a lidade de solos em D.
Por sua vez, emsolos sob PC, a quantidad e a nua l de biomassa vegeta l a ser adicionada,
visando manter a qualidade do solo,passa a se r s u perior a 17 t ha· 1, e a fa lta de opçõe
de sistemas de cu lturas, que permitam aporta r anualmente essa quantidade de biomas~a
vegetal, implica que a agricultura conve nci onal, com base e m i te mas com intenso
revolvimento do solo, seja inviável, técnica e ambien ta lmente, e m regiões tropicai e
subtropicais úmidas, por resultar em deg radação do solo.

Ordenativos/Dissipativos 0,6 Paustian et al (1992) Lovato (2001)


5,4°C 19,5 °C
570mm/ano 1 347 mm/ ano •
-r- 0,4 35% argila CP 31 % argila
§
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PC •
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-0,6
3,0 9,0 17,0
1
Adição anual de biomassa (t ha. )

Figura 4. Razão entre a razão da intensidade dos processos ordena ti vos e dissipativo no solo avaliada
pela taxa de alteração anual (t ha·1 ano- 1) do estoque de C de compos tos o rgânico (CO) no o lo
em dois preparos do solo (PC=preparo convencional e SD=semeadura d ireta) e da quantidade
de C adicionado anualmente pelas culturas.
Fonte: Adaptado d e Mie lniczuk et al. (2003) .

Também, um aspecto importante é a análise comparativa entre reg1oe tropicai /


subtropicais e temperadas, que podem ser observada na figura 4. Os re ultados demons tram
que enquanto são necessárias mais de 17 t ha·1 de adição anual de biomassa vegetal
para estabelecer um balanço entre os processos ordenativos e dissipati os em s lo - sob
preparo convencional no subtrópico brasileiro, num solo da Suécia, com te. tura similar,
esse balanço é obtido com a adição de apenas 3 t ha·1 ano·1• E isso se de e basicamente ao
fato de que a energia recebida via radiação solar é aproximadamente o dobro nas regiões
tropicais/ subtropicais (400 cal cm.:i d·1) do que nas temperadas (200 cal m ·2 d·1) , e isso tem
forte implicação nas taxas dos processos de na tureza biológica.

MAN EJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


322 CIMÉLIO 8AYER ET AL .

É importante res altar que es a maior energia incidente tem reflexos na maior taxa d os
pro essos de natureza biol gica, o que faz com que, ern regiões tropicais e subh·opicais, 0
balanço dos proce so ordenativos e processos dissipativos no solo som ente seja alcançado
a partir da adoção simultânea dos dois fundamentos do manejo de solo (não revolvimento
do solo e alto aporte de biomassa vegetal). Isso significa relatar que a adoção isolada de um
ou de outro fundamento do manejo não terá o resultado esperado em relação à melhoria da
qualidade do solo. Essa análise permite inferir as implicações negativas da alta frequência
de pousio invernal e da monocultura, entre outras práticas, sobre a qualidade de solos em
semeadura direta.

PRODUTIVIDADE DAS CULTURAS

A produtividade das culturas em diferentes manejos responde às alterações que


ocorrem na qualidade do solo (Figura 5). Resultados de rendimento de soja de experimento
de longa duração conduzido na Embrapa-Soja (Londrina, PR) evidenciam as diferentes
fases da SD. No período inicial (3-5 anos) de adoção desse manejo conservacionista, as
alterações no solo são pouco intensas e caracterizam uma fase crítica de transição onde os
rendimentos das culturas em SD são similares ou até inferiores aos verificados no solo sob
PC. Posterior a essa fase, a SD entra numa fase de consolidação em que as alterações na
qualidade do solo já são mais expressivas e se refletem em produtividade das culturas um
pouco mais elevadas em relação ao solo em PC. A partir de aproximadamente 10 anos, a
magnitude das alterações na qualidade do solo já entra numa fase de estabilização, e a SD
entra em maturidade, fase em que a produtividade das culturas responde sensivelmente às
alterações ocorridas na qualidade do solo em SD, e passa a ser consistentemente superior à
produtividade das culturas no solo em PC.
Os períodos de tempo que caracterizam cada fase da SD são variáveis em razão
das práticas de manejo adotadas e, possivelmente, variam em função do tipo de solo e
das condições iniciais do solo (grau de degradação) quando da implantação do manejo
conservacionista, além das condições climáticas da região. Nesse sentido, merece destaque,
na figura 5, a influência do sistema de culturas adotado em relação à duração das diferentes
fases. Verifica-se que na monocultura trigo-soja a fase crítica se estende até o 5° ano após
a implantação, seguida pelas fases de consolidação (5º ao 11º ano) e de maturidade (a
partir do 11º ano). Por sua vez, a utilização de um sistema de rotação de culturas, com a
introdução de leguminosas e gramíneas de cobertura, no inverno, e de milho em rotação
com soja, no verão, resultou numa redução desses períodos. A fase crítica se estendeu
apenas até o 3º ano, e a fase de maturidade já foi atingida no 7º ano, após a implantação da
SD, representando uma antecipação de quatro anos na consolidação desse manejo. Estes
resultados indicam que a adoção de um sistema de culturas diversificado e com maior
aporte de fitomassas residuais intensifica a melhoria na qualidade do solo, e isso se reflete
na produtividade das culturas.

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


XI - SISTEMA D E MAN EJO (ON SE RVACIO NI ST A E QUALIDA D E DE · · ·
323

2000 Maturidade
Monocultura ,,,,.. .......
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1'-- 2 5 7 9 11 13 15 17 19 21
Anos
Figura 5. Diferença na produtividade de soja (kg ha·1) entre semeadura direta e preparo convencional
(SD-PC, em que valores + = SD > PC; e valores - = SD < PC) em diferentes fases que ocorrem
no decorrer do período de adoção da SD (crítica, consolidação, maturidade) em Latossolo
Vermelho na monocultura trigo-soja e na rotação de culturas tremoço-milho/ aveia-preta-- ja/
trigo-soja/ trigo-soja. ns e* = diferença não significativa e significa tiva em nível de 5 % (Tukey),
respectivamente. Embrapa-Soja, Londrina, PR.
Fonte: De biasi e l ai. (2013).

Em relação ao efeito da matéria orgânica (MO) e da cobertura do solo na produti idad


das culturas em solos em SD, a figura 6 é muito ilustrativa. variação do teor de matéria
orgânica de 18 g kg·1 para 35 g kg·1 determinou um incremento na produ ti idade da soja
de 12 se ha·1 (720 kg ha·1), enquanto a variação de 0,3 t ha·1 para 7,6-7,9 t ha·1 de palhada
sobre o solo em SD determinou um incremento na produtividade de 2- e ha·1 (1 3_0 kg

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


324 CIMÉLIO BAYER ET AL.

ha·1). O efeito combinado desses da i fatores totalizou 34 se ha·1 ou 2 040 kg h a- 1 d e soja.


Esses resultados refor am entendimento de que um manejo sem revolv imento, mas com
baixo aporte de biomassa vegetal, apresentará pequeno incremento do teor de MO no solo
e terá uma baixa quantidade de palhada sobre o solo e evidenciará um efeito bastante
restrito na produtividade das culturas, decorrente das alterações pouco expressivas na
qualidade do solo. Estes resultados também indicam que o processo de recuperação da
qualidade do solo começa pelo aumento na produção de palhada, o que tem impacto sobre
a produtividade no curto prazo. No entanto, para que o máximo potencial produtivo seja
atingido é necessário que o aumento de qualidade do solo relacionado ao aumento do teor
da 10 ocorra, e este é um processo que demanda um maior período de tempo (> 10 anos).

·~ 66

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MO (gkg·1) 18 18 35 35 Média -
Palha (t ha"1) 0,3 7,9 0,4 7,6

Figura 6. Produtividade de soja em função do teor de matéria orgânica e da cobertura de s olo em


semeadura direta, em Lucas do Rio Verde, MT, safra 2010/11.
Fonte: Adaptado de Costa et aJ. (2014).

Considerando a grande importância da MO na melhoria das condições quínúcas,


físicas e biológicas de solos agrícolas submetidos a sistemas conservacionistas de manejo,
será apresentada a seguir urna abordagem amplificada da dinânúca da fração orgânica
no solo, das técnicas de fracionamento utilizadas para um melhor entendimento dos
fatores envolvidos na estabilização da MO no solo e do uso de técnicas espectroscópicas na
avaliação da qualidade da matéria orgânica do solo.

A r A

DINAMICA DA MATERIA ORGANICA NO SOL O

A variação do estoque de C orgânico no solo (dC/ dt) depende da adição (JsA) e


da perda (JsC) anual de CO do solo, em que k 1 é o coeficiente iso-húnúco e representa a

MANEJ O E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁG UA


XI - SISTEM/\ DE MANEJO CONSERVACIONISTA E QUAUDADE DE .. · 32S

proporção do fotossintelizado (parl c1érea e raízes) adicionado ao solo, que é incorpo r_ ~


na ma té ria o rgânica do solo no prazo de um .:ino; e kl' a ta xa anua l de d~compo 1çao
microbiana do C estocado na matéria orgân ica do solo (Figura 7) . E ta dinci mica é expre S d
na seguinte equação:

(1)

1 Pre paro do ~lo j


J Sistem a de Culturas J

\ \ K.C
\
\

A \___ _. \Mos \
1Resíd uos+ Raízes\ k1

Figura 7. Balanço de entradas (~A) e das perdas de C (k 2C) são determinantes do. es toques de C n..1
matéria orgànica no solo.
Fonte: Adapta do de Bayer et ai. (2006a).

A integração desta expressão ilus tra a variação dos estoques de C no solo ao longo
dos anos de adoção de diferentes manejas, que integra as perdas de CO do solo decorrente
da oxidação microbiana (C0 e - k2 1) e o acúmulo de C adicionado pela biornas a vegetal ao
solo [~~
(1 - e·½')], em que t é o tempo (anos); CO,o estoque de C inicial no solo; e e, ba
natural dos logaritmos neperianos.

(2)
et= eºe -k1 ' +k1A
k (1 -e·k.·.,1)
2

A partir das expressões 1 e 2, pode-se inferir que, para manter ou recuperar os e toques
de C no solo, os manejes deverão implementar um elevado apor te de fitomassas re iduai
(A) e uma reduzida taxa de decomposição (k 2) de MO, de forma que haja um equilíbrio
~A=~C) ou um balanço positivo das entradas em relação às perdas de C (k1 .-\ > _C).
Basicamente, a adoção simultânea dos dois fundamentos do manejo de solo resultam
normalmente no balanço positivo das entradas em relação às perdas de C, em razão do efeito
do alto aporte de fitomassas residuais, que define uma alta adição de C foto sintetiz do, e
o não revolvimento do solo em SD, que determina uma redução da ta. a de decompo ição
da MO em relação a solos sob PC. Portanto, a adoção dos dois fundamento do manejo
impacta m favoravelmente a dinâmica da MO no solo, tanto red uzindo perdas como
a umenta ndo as adições, tendo como resultado uma variação positiva dos e -toques de C n
solo (dC/dt > O).
Na figura 8 é ilustrado o impacto de dilerentes prepares (PC e D) nas taxas de
decomposição da matéria orgânica em dois solos com textura e mineralogia distintas, e no
quad ro 1, o efeito de sistemas de preparo e de culturas nos estoques de C orgânico no s lo
e no tempo médio de residência (TMR) da ma téria orgânica num Argissolo subtropi ai.

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


--
326 CIMÉLIO BAYER ET AL.

-rc
4 SD

0-----
Argissolo Latossolo
Temperatura média anual ("C) 19,4 21,2
Precipitação (mm ano·1) 1440 1713
Teor de argila(%) 22 68
1
Fed (g kg· ) 11,8 87,6
Fe (gkg"1)
0
0,9 2,5

Figura 8. Ta>cas anuais de decomposição Os) da matéria orgânica em Latossolo e Argissolo


subtropicais, sob preparo convencional (PC) e semeadura direta (SD).
Fonte: Bayer (1996).

Quadro 1. Efeito de diferentes preparas (PC=preparo convencional e SD=semeadura direta) e de


sistemas de cultura (A/M=aveia/milho e A+E/M+C=aveia+ervilhaca/milho+caupi) sobre
os estoques e C orgânico original remanescente, C das culturas estocado no solo ao final do
período de 13 anos de adoção dos diferentes sistemas de preparo e de cultura e tempo médio de
residência da matéria orgânica (TMR) no solo, sob os diferentes manejas

Manejos corigin,J e remanescente c,uJturu e total TMR


-- t ha·1 --- ---------------------- anos
PC A/M 32,55 19,29 6,34 25,70 25
A+E/M+C 19,29 11,27 30,63 25

SD A/M 25,52 6,59 32,02 40


A+E/M+C 25,52 11,60 37,03 40
Fonte: Bayer et aL (2006a).

Em comparação ao solo em PC (k2=0,040 ano·1), a eliminação do revolvimento do solo


determinou uma redução expressiva da taxa de decomposição anual da MO no solo em

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


XI - SISTEMA DE MAN EJO (ONSERVACIONISTA E QUALIDADE DE · · · 327

SD (0,025 ano- 1). Esse a mbiente menos ox id a tivo d o solo e m SD di scrimina um aume nto no
tempo médio de residência (TMR = 1 ) da MOS no solo, q ue é o te mpo q ue o C perma nece
ne le, o u seja, o tempo que transcorr~2 descle a entrada d o C fo tossintetizado no solo até .:i
su a oxidação microbiana a COi- Ver-ifica-se que a redu ção da taxa de decomposição anuill
da MOS no solo aumenta o TMR de 25 para 40 anos (Quadro 1), ou seja, a perma nência
da MOS no solo em SD é bem s uperior do que no solo em PC, e isso é mu ito importa n te
pois amplia os benefícios da ciclagem da MOS no solo. Além do efe ito benéfico da SD nn
preservação do C residual ("velho") do solo, os resultados também evidenciam o impacto
do aporte de fitomassas residuais (A+E/ M+C > A/M) no acúmulo d e C das culturas
(" novo"), proveniente de adição recente de C fotossintetizado.
Além das condições ambientais, principalmente da tempera tura, as taxas de
decomposição (k2) da MO e, em consequência, o TMR são fortemente influenciados pela
textura e mineralogia do solo. Na figura 8, verificam-se os valores de Is mais elevados
e o maior impacto da SD em reduzir o va lor de k, em relação ao PC num Argissolo da
Depressão Central do RS do que num Latossolo da r~gião do Planalto do RS, e es a vari<1ç5o
não tem relação com a temperatura média e o volume de chuvas anual nes tas regiões, mas
sim com a maior estabilização do C no La tossolo argiloso com teor mais elevad o de óxidos
de ferro do que no Argissolo de textura média e com predomínio de caulinita (Bayer, 1996).
Em razão da interação organomineral, os microrganismos podem ter alguma res trição de
acesso ao substrato orgânico pela interação com a superfície mineral através de grupos
funcionais hidrofílicos e exposição de grupos hidrofóbicos, a qual tem ca ráter aditivo às
dificuldades que os microrganismos tem de remover o composto orgânico da superfície
mineral onde está adsorvido, além da adsorção de enzimas (Christensen, 1996; Sollins e t
al., 1996). A interação organorninera1 é o principal mecanismo controlador da estabilidade
em longo prazo da MO (Kõgel - Knabner et ai., 2008), enquanto a recalcitrância e oclusão
teriam papéis mais relevantes na estabilidade em curto prazo. Em latossolos oxídicos do
Cerrado, a textura e mineralogia do solo (interação organomineral) também são reportadas
como fatores mais importantes que a estrutura do solo (ocl usão) no processo de retenção
de C (Zinn et ai., 2007).
Nas mais de quatro décadas de SD no Brasil, muito se consta tou sobre os benefíci os
ambientais e econômicos deste manejo (Casão-Junior et al., 2012). Em termos d e
acúmulo de C no solo, Bayer et ai. (2006c) estimaram que solo sob SD sequestra 0,-lS e
0,35 t ha·1 ano-1 na camada de 0-20 cm em regiões s ubtropicais e tropicais b ra s ileiras,
respectivamente. Estimativas de Bernoux et ai. (2006) para a mesma camada e regiões
são um pouco maiores: 0,68 e 0,65 t ha-1 ano-1 na subtropical e tropical, respectivamente.
Entretanto, contabilizando estoques até 1 m de profundidade, Boddey et al. (2010)
estimaram que as taxas de sequestro de Cem solos sob SD podem ser q uase 60 % maiores
do que as estimadas para a camada 0-20 cm, principalmente, no caso de sistemas de rotação
d e culturns intensivos e com a inserção de leguminosas de cobertura do solo.
O preparo do solo, por influenciar o grau d e mobilização dos agregados, de termina 0
coeficiente k2 • Jastrow (1996) definiu isso co mo a reciprocidade do tunzoz,er de agregad os
e d o tu rnover da MO. A proteção física d a MO por oclusão em agregados de solo dific ulta
a ação de microrganismos e de suas enz imas sobre o substrato orgân ico, por atuar com o
uma barreira física e diminuir a disponibilidade de O'.! para os processos m.ida ti. os
d e deco mposição (Baldock et a i., 1992; Hassink e Whitmore, 1997; Sextone et ai., 19 S;
Balesd ent e t a i., 2000b). Six et ai. (2000) utilizaram essa ideia de fll m u 'ª de a g regad os
e de MO e propuseram um modelo para explicar mecanisticamente o acúmulo de C

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


328 CIMÉLIO BAYER ET AL.

em solo b D. D acordo com este modelo, a fitomassa residu a l tanto n a SD como


n PC é incorporado inicialmente em macroagregados, na forma d e maté ria orgânica
particulad a ( OP) grosseira (> 250 ~un) . Com o tempo, a MO pa r ticul a da (MOP)
gro seira ~ d~composta para MOP fina e incorporada em microagre gados(< 250 µm)
dentro do macroagregado , num grau de proteção física maior. Com a decomposição
d a '1.OP grosseira, os macroagregados eventualmente podem ser d esestabilizados e
liberar o microagregados. Enh·etanto, com nova adição de fitomassa cultural residual,
os microagregados se unem novamente en1 macroagregados, reiniciando o " ciclo da
agregação" . o caso do solo manejado em PC, a mobilização rompe os macroagregados e
e inicia a d ecomposição acelerada da MOP grosseira, sem que esta tenha " oportunidade"
d e ser incorporada e protegida na forma de MOP fina em microagregados.
Embora haja evidência clara de a SD proporcionar acúmulo de C nos solos tropicais
e subtropicais brasileiros (Sá et al., 2001; Amado et ai., 2006; Bayer et ai., 2006c; Bernoux
et ai., 2006; Boddey et ai., 2010), em nível internacional, alguns estudos questionam 0
papel da SD en1 acumular MO e mitigar aquecimento global (Baker et al., 2007; Angers
e Eriksen-Hamel, 2008; Blanco-Canqui e Lal, 2008; Powlson et al., 2014; Vandenbygaart,
2016). a abordagem de Angers e Eriksen-Hamel (2008), os estoques de C no solo sob
SD ou PC são equivalentes, sob a argumentação que o acúmulo de Cem superfície no
solo sob SD é compensado pelo acúmulo de C na parte inferior da camada "arável"
(até 21-25 cm) do solo sob PC, em razão da simples inversão de camada e incorporação
de fitomassa residual superficial neste manejo. No entanto, trabalhos conduzidos em
condições tropicais e subtropicais indicam que o acúmulo de C na SD pode se extender
para bem além dos 21-25 cm de profundidade (Sisti et ai., 2004; Dieckow et ai., 2005b;
Boddey et al., 2010). Seguindo com os questionamentos, Vandenbygaart (2016) afuma
que a capacidade da SD em mitigar mudanças globais do clima é um mito, pois, em seu
entendimento, não está totalmente provado que a SD globalmente promove sequestro
de C no solo, e, mesmo que promovesse, este não seria quantitativamente significativo
numa mitigação das emissões globais.
lndependentemente dessa discussão, o fato é que a SD bem manejado e aliado a
sistemas de culturas de alta produção primária líquida (alto aporte de biomassa vegetal)
apresenta resultados promissores de sequestro de C no solo. O que convém, no entanto,
é o questionamento autocrítico de como a SD está sendo praticado, especialmente nas
la\ ouras brasileiras, e se a rotação de culturas e o manejo de cobertura e estrutura do solo
estão sendo efetivamente tratados conforme os princípios da agricultura conservacionista.
a maior parte das lavouras de grãos do Brasil, o desafio da conversão do PC para a SD
foi s uperado, ou está mais próximo de ser superado. Agora, nas áreas de SD, o desafio
corrente é trabalhar o sistema de culturas visando um alto aporte de palhada (A), além
da diversificação de espécies.
Embora a adição A seja o fator mais manejável nos sistemas de culturas, o coeficiente
k não pode ser negligenciado. Quanto maior o k1, melhor, e isso depende da recalcitrância
dtolecular (razão lignina/N), mas, possivelmente, em maior parte, da acessibilidade
microbiana à biomassa residual (Balesdent e Balabane, 1996; Bolinder et al., 1999). A
recalcitrãncia molecular da MOS refere-se à resistência intrínseca das moléculas orgânicas
ao a taque microbiano. Atualmente, porém, se reconhece que a recalcitrância não é o mais
importante mecanismo d e estabilização da matéria orgânica (von Lützow et al., 2006;
Marschner e t ai., 2008; Oieckow et ai., 2009; Kõgel-Knabner e Kleber, 2012) . Estruturas
d e carboidra tos, s upostamente mais "lábeis" são observadas em frações físicas (argila)

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


XI - SISTEMA DE MAN EJO CONSERVACIONISTA E QUALIDADE DE · • · 329

o nde a matéria orgânica tem maior tempo de lurnover (Dick et al., 2005, Dieckow et al.,
2009). No entanto, cabe destacar que a recalci trâ ncía ainda tem sua devida import nci
nas fases iniciais de decomposição das fitomassas residuai (von Lützow et ai., 2006;
Carvalho et ai., 2009; Kõgel-Knabner e Kleber, 2012).
O k 1 de raízes é geralmente maior que o da parte aérea, possivelmente por r 1ze
estarem enterradas no solo e fisicamente protegidas em agregado e por terem maior
relação lignina/N (Bolinder et al., 1999). O k1 da parte aérea va ria entre 0,08 e 0,26 e é em
média 0,12 (Gregorich et ai., 1995; Bolinder et al., 1999). Para sistemas de cultura anuai
e subtropicais brasileiros com aveia-preta, ervilhaca, caupi e milho, Bayer et al. (200 b)
estimaram um k 1 conjunto de parte aérea e raiz de 0,15, tanto em solo em PC como em
SD. Para a cana-de-açúcar, Cerri (1986) obteve um k 1 = 0,20.
Seguindo o entendimento de que o coeficiente iso-húmico (is) de raízes é maior que
o da parte aérea, vários estudos indicam que a raiz é o principal contribuinte para formar
a MO do solo e não a parte aérea. Katterer et al. (2011) estimaram, para nove culturas
agrícolas, um k1 médio de raízes 2,3 vezes maior que o da parte aérea (0,35 vs 0,15); um
resultado coerente com o TMR 2,4 vezes maior para C-raiz que C-parte aérea da revisão
de Rasse et al. (2005). No sul do Brasil, Tahir (2015) verificou, com marcação 13 C, ue
após um ano do cultivo de ervilhaca, ervilha forrageira e trigo, em média 30 % do C de
suas raízes ainda estavam presentes no solo (0-30 cm), contra somente 5 % do C da parte
aérea, numa clara indicação da maior contribuição de raízes ao estoque de MOS.
Paradoxalmente, justamente a quantificação da adição por raízes é uma da
maiores dificuldades nos estudos de manejo de solo e matéria orgânica. Amostragen
de solo+raízes geralmente são trabalhosas e danificam as parcelas dos experimento
de manejo do solo de longa duração, as quais normalmente apresentam pequena
dimensão. Além disso, os métodos de avaliação de raízes não consideram a quantidade
de C adicionado ao solo via rizodeposição, embora Bolinder et al. (2007) proponham que
Crizodeposiçlo = Cbiomassa raízes X 0,65.

Na quantificação das raízes, o emprego da razão parte aérea-raiz ( hoot to root) é


prática, pois basta ter a biomassa da parte aérea para estimar a de raízes, mas não está
livre da enorme variabilidade que existe por trás de cada valor de razão parte aérea-
raiz. Bolinder et ai. (2007) estimaram em ambiente temperado razões parte aérea-raiz
de 7,4 para cereais de inverno; 5,6 para milho; 5,2 para soja; e 1,6 para forrageiras, com
expressivos coeficientes de variação de 50-75 %.
Com relação ao potencial de espécies leguminosas de cobertura de olo em
aumentar o estoque de MOS, é importante destacar o papel delas no acúmulo de C e
no solo, seja pelo seu efeito no aporte de biomassa vegetal ao solo pela própria produção
de fitomassa, seja pelo benefício do N fixado sirnbioticamente no aporte de e pécie
gramíneas (normalmente o milho) cultivadas em sucessão (Amado et ai., 200_; Diec ov
et al., 2005b). Recentemente, Cotruio et al. (2013) estabeleceram uma análise teóric que
relaciona a maior qualidade da fitomassa residual em uma maior eficiência no acúmulo
de C e N no solo, em comparação a fitomassas residuais com menor qualidade (menor
teor de N, por exemplo). A figura 9 ilustra a análise teórica realizada por Cotrufo et l.
(2013).

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


330
CIMÉLIO BAYER ET AL.

se: Qualidade do resíduo


"'
"'5.
o Recalcitrante Estrutural
-o
"'
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i
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Lábil j Metabólico
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da decomposição
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o
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...
o.
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::,
ti)

Lábil

Figura 9. Ilustração do impacto da maior eficiência em acumular matéria orgânica no solo a partir de
fitomassas residuais de maior qualidade.
Fonte: Adaptado de Cotnúo el al. (2013).

A maior eficiência em acumular C e N no solo para fitomassas residuais de alta


qualidade, como os provenientes de espécies leguminosas de cobertura de solo somado ao
efeito destas espécies em ampliar o aporte de biomassa vegetal ao solo, resulta em elevadas
taxas de acúmulo de C e Nem comparação a sistemas de culturas constituídos apenas
de espécies gramíneas, e isso vem sendo comprovado em inúmeras pesquisas (Dieckow
et ai., 2005b; Amado et ai., 2006; Boddey et ai., 2010; Conceição et ai., 2013), que deverão
contribuir para desmistificar o entendimento existente de que espécies leguminosas, em
razão da rápida decomposição de suas fitomassas residuais, pouco contribuem para o
acúmulo de MO no solo.

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


XI - SISTEMA DE MAN EJO (ONSERVACIONISTA E QUALIDADE DE · · · 331

Nas condições s ubtropicais do sul do Bras il, destaca-se o cu ltivo de espécie como
a ervilhaca-comum (Vicin sativn L.), ervilhaca-peluda (Vicin vi/Iasa Roth), tremoço-azul
(Lupi1111 s nngus tífolius L.), chicharo (Lnthyrus sativ 11s L.), comichão (Lotus comirnlnt11s L),
a lém de outras. O nabo-forrageiro (Raphnnu s sativus L. va r. oleíferus Metzg.), ape ar de
não ser uma leg uminosa, possui papel de destaque na recic lagem e fornecimento de N
no outono e no inverno. Com relação às leguminosas esti vais o u de cU ma tropic.il, cabe
destacar o cultivo de caupi (Vigna unguiculnta (L.) Walp .), crota lá ri as (Crotalaria p .), guandu
(Caímrn s cajans), lab-lab (Lablab p11rpureu s (L.) Sweet) e mucu na (Mucuna pruriens).Além da
sua importância no acúmulo de MO, essas espécies são muito importantes como fo nte de
N para culturas comerciais cultivadas em s ucessão, permitindo red ução dos cu tos com a
a dubação nitrogenada.
A introdução de forrageiras e ani mais no sistema de produção, como na integração
lavoura-pecuária (ILP), também pode aumentar a adição de fito massa e o e toqu de C no
solo (Studdert et al., 1997;Salton, 2005; Jantalia et al., 2006; Tracy e Zhang, 2008; Carvalho
et al., 2010; Salton et al., 2011; Carvalho et al., 2014), pois o ani mal d inamiza o istema solo-
planta-animal-atmosfera pelos cíclos de pastejo-rebrote (Mo raes et al., 2007; Su lc eTrucy,
2007). No Cerrado sul-mato-grossense, uma rotação de nabo fo rrageiro/milho/ aveia
preta/ soja/ trigo/ soja praticamente não a lterou o estoque inicial de 41,9 t ha·1 de Cem 0-20
cm de um Latossolo argiloso após nove anos; entretanto a ILP, com pas tagem de Brachiaria
decumbens por dois anos e trigo/soja por mais dois, aumentou esse estoque para 48,0 t h,r 1
de C, a uma taxa de ~0,7 t ha- 1 ano· 1 de C (Salton et al., 2011). Ainda no Cerrado, Carvalho
et al. (2010) relataram taxa de sequestro de 1,0 t ha·1 de C na ILP. Contudo, nem sempr
ocorre aumento no estoque de C com adoção da ILP (Souza et a l., 2008; Ernst e Siri-Prieto,
2009; Salvo et ai., 2010; Franzluebbers e Stuedemann, 2013; Piva et al., 2014).
Num Latossolo Bruno de região fria no Paraná (clima Cfb), a fLP com pastagem de
azevém e lavoura de milho não alterou o estoque de C a té 1 m de produnclidade após 3,5
anos de adoção (Piva et al., 2014), e nem após nove anos (Ramalho, 2016). Tais resultados
pelo menos demonstram não haver efeito negativo da ILP e seus cíclos de pastejo sobre
estoques de C do solo (Franzluebbers e Stuedemann, 2013), sem prejuízo, portanto, para as
demais vantagens produtivas e econômicas da ILP (Macedo, 2009;Moraes et al., 201-l). l 'ão
há uma condição única de ILP com efeitos replicáveis em todos os locais. Clima (tropical
ou subtropical), tipo de rotação (plurianual, com pasto por a lguns anos seguid o de lavoura
por outros; ou anual, com pasto e lavoura no mesmo ano safra), espécie de pasto e de
cultura de grãos e outros fa tores podem interferir no potencial da ILP em alterar estoques
de C e N no solo.

FRACIONAMENTO DA MATÉRIA ORGÂNICA

Diversos métodos têm sido utilizados no estudo dos mecanismos de estabilização da


MO (H assink et ai., 1993, 1997, Skjemstad et ai., l993; Balesdent et ai., 2000b; Si. et al., 2002).
Entre esses, o mais difundido é o fracionamento da MO, que pode ser químico ou fisi o. O
químico é mais utilizado principalmente no estudo da composição da 10 , no que se refere
ao tipo de compostos presentes (ácidos fúlvicos, húmicos e huminas), obtidos de acordo
com a solubilidade dos compostos orgânicos em solução e, tratara. Os métod 5 físicos,

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


332 CIMÉLIO BAYER ET AL.

no entanto, perrnitem estudar a relação entre a composição da MO e a s ua localização na


estrutura do olo e interação com a fração mineral (Christensen, 1992).
O fracionamento físico pode ser densimétrico ou granulométrico, ou a combinação de
am_bos. Tais 111.étodos têm sido amplamente utilizados em estudos da MOS (Cambardella e
Elhott, 1992; Beare et al., 1994; Golchin et ai., 1994b,Barrios et ai., 1996; Besnard et al., 1996;
Jastrow, 1996; Ao ama et ai., 1999; Six et ai., 1999; Puget et ai., 2000; Bayer et al., 2001; Roscoe
et al., 2001; Bayer et al., 2002b; Conceição, 2002; Freixo et ai., 2002b; Pinheiro et al., 2004,),
visando avaliar a importância das interações entre componentes orgânicos e inorgânicos
do solo no tempo de permanência da MOS (Christensen, 2001). O uso do fracionamento
físico resulta em separação de reservatórios funcionais e dinâmicos da MOS.

Fracionamento físico granulométrico


O fracionamento físico granulométrico baseia-se na separação de frações em razão
do tamanho de partículas, permitindo a separação de complexos organo-minerais (COM)-
secundários, ou a separação de COM-primários definidos pela classe de tamanho: areia,
silte e argila (Roscoe e Machado, 2002).
A fração de MO recuperada na fração tamanho areia ( > 53 µm) pelo método
granulométrico, também chamada de fração grosseira, matéria orgânica particulada (MOP)
ou carbono orgânico particulado (COP) (Cambardella e Elliott, 1992; Six et al., 1999, 2002) é
constituída principalmente por biomassas residuais em estádios iniciais de decomposição,
sendo possível a identificação de fragmentos de material vegetal (Christensen, 2000)
similar às frações leves obtidas pelo fracionamento densimétrico (Six et al., 2002). Em razão
da sua área superficial específica (ASE) reduzida e baixa densidade superficial de carga, a
fração tamanho areia apresenta pouco ou nenhum material orgânico associado a ela, tendo
menor participação na manutenção de MO como COM-primários (Baldock et al., 1992;
Christensen, 1992).
Por sua vez, as frações de tamanho silte e argila (< 53 µm) contêm material mais
humificado, sendo constituintes fundamentais dos COM-primários do solo (Christensen,
1996; Feller e Beare, 1997).

Fracionamento físico densimétrico


O fracionamento densimétrico baseia-se na diferença de densidade entre as frações
orgânica e mineral do solo (geralmente maior que 2,6 kg dm·3). Para esse fim, diversas
soluções densas têm sido utilizadas, sendo, no entanto, as mais comuns o Iodeto de Sódio
(NaI) e O politungstato de Sódio (PTS). Durante o processo de decomposição, parte da
MO associa-se fortemente a partículas minerais do solo, acumulando-se em frações de
maior densidade (Barrios et aJ., 1996), e a parte não decomposta, que constitui a fração
leve (FL), permanece no interior dos agregados (FLO) ou livre entre os agregados (FLL).
A obtenção da FLL ocorre mediante agitação branda em líquido de densidade conhecida
antes da dispersão completa dos agregados em COM-primários. A FLO é separada após
a completa dispersão do solo em suas partículas primárias (por agitação ou sonicação),
e a fração pesada (FP) corresponde ao C ligado aos COM-primários (Roscoe e Machado,
2002).

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


XI - SISTEMA DE MANEJO (ONSERVACION [ STA E QUALIDADE DE · · · 333

O fréJcionéJmento físico cl ens im ' tríco permite a obte nção de compa rtim ntos
relacionados com a loca lização, meca nism e; de proteção e funçõ e; no solo: n prim iro
(FLL), menos decomposto (Ba ld ock ct ai., 1990, Chris tens n, 1992, Golchin et ai., 1994b;
Skjems tad et ai., 1996; Pillon, 2000; Freixo e t a i., 2002a), mas mai exposto à ação dos agentec:
oxidativos, tendo co mo único mecanis mo de proteção a recalci trância mol cu lar (So lli n et
ai., 1996); o segund o (FLO), mais decomposto, porém protegjdo em razcio da recalcitrãncic1
e da sua localização dentro de éJgregados; e o terceiro (FP), onde o três mecani mo, de
proteção estão atuantes.
A quantidade de FLL é influenciada pelo tipo de vegetação, normalmen te havendo
um acú mulo nos horizontes superficiais, pois o meca nismo de proteção atuando na FLL é
a recalci trância do material constituinte dessa fração (Sollins et a i., 1996). Portanto, a FLL
tende a ser a mais disponivel para a microbiota entre as frações d nsimétricas (Golchin et
ai., 1994a). Em sistemas dominados pela deposição s uperficia l de liteira, como florestas
e savanas densas, este acúmulo é mais acentuado que em istemas onde predomina a
d e posição de liteira subteJTânea (fitomassas residuais de raízes), como pastagens nativas
e cultivadas (Roscoe et ai., 2001). A FLL da 10 encontra-se depositada na _uperfície dos
agregados, sendo também denominada de fração interagregados.
A FLO compreende um diversificado conjunto de compostos orgànico , incluindo
fitomassas residuais de plantas, peletes fecais, pelos racliculares e e truturas fúngica.
com um tamanho reduzido e um grau de decomposição mais avançado em com paração à
FLL (Golchin et ai., 1994a; Christensen, 2000; Pillon, 2000; Chris ten en, 2001; Freixo et ai.,
2002a,). Assim como a FLL, a quantidade de FLO tende a decrescer com a profundidade,
uma vez que o teor total de C também reduz com a profundidade. A FLO é também
dita fração intra-agregados por causa da s ua localização no interior do agregado , e o
mecanismos dominantes para proteção dessas estruturas são a recalcitrãncia molecular e,
principalmente, a oclusão ou proteção física por agregados (Sollins et ai., 1996).
Finalmente, a FP é constituída, basicamente, por materiai orgânicos em avançado
estádio de decomposição, não identificáveis visua lmente, fortemente ligados à fração
mineral, constituindo os COM-primários (Chris tensen, 1992). É uma fração dominada por
compostos orgânicos de elevada recalcitrância, como remane centes de cutina e suberina,
assim como materiais resistentes s_intetizados pela microbiota durante o proces o de
decomposição (Baldock et al., 1992). E considerada a mais estável da fraçõe den imétrica. ,
sendo caracterizada por uma baixa taxa de ciclagem, pois todos os proces os de proteção
da MOS (recalcitrância química, oclusão e proteção coloidal) podem e tar envolvido na
sua estabilização no solo (Christensen, 2000).

TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS NO ESTUDO DA


MATÉRIA ORGÂNICA

Apesar do volume significativo de informações quantitati a obre o efeit do manej


do solo nos estoques de matéria orgânica, informações sobre efeito e m sua qualidade ainda
são relativamente limitadas, principalmente para olo de regiões tropicais e ubtropicais.
As razões disso incluem algumas carência de método de preparo e máli e de an1 o · tras tã
complexas e heterogêneas, como são as de solo, onde, por exem pl , c nsti tuintes minerais

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


334 CIMÉLIO BAYER ET AL.

podem interf rir na an lise dn matéria orgânica, como também carências ins trumentais por
causado cu t elevado d aqui ·içãoemanutençãode equipamentos analíticos. Vá rias técnkas
de envolvida originalmente na química analítica são empregadas na Ciência do Solo para
identificar e quantificar estruturas moleculares da MO, destacando-se as espectroscópicas
como a ressonância magnetica nuclear (RMN) (Knicker e Lüdemann, 1995; Kõgel-Knabner,
2000), ressonância paramagnética eletrônica (EPR) (Senesi e Steelink, 1989; Martin-Neto et
al., 1994) e fluorescência induzida por laser (FTL) (Bayer et ai., 2002a; Milori et al., 2002).
Resultado de ressonància magnética nuclear do 13C com polarização cruzada e ângulo
mágico de giro (CPMAS 13C RMN), RMN no estado sólido indicam que a distribuição
espectral da intensidade relativa do sinal de 13C em solos brasileiros segue um padrão
mais ou menos definido (Dick et ai., 2005; Oieckow et al., 2005a; 2009; Boeni et ai., 2014),
com o sinal de C-o-alquil predominando, seguido por C-alquil, C-aromártico e C-carbonil.
O interessante neste padrão é que o tipo de C mais abundante, C-o-alquil, é um associado
às estruturas moleculares potencialmente lábeis, como a de carboidratos/ polisacarídeos,
enquanto o C-aromático, potencialmente mais recalcitrante, está em proporção bem menor.
A interação entre os polisacarídeos e a superfície de óxidos de ferro e a estabilização,
por óxidos em geral, de microagregados (< 250 ~1m), que protegem fisicamente a matéria
orgânica (Balesdent et ai., 2000a; Krull et al., 2003; von Lützow et ai., 2006), são processos que
podem explicar essa predominância do C lábil o-alquil. Ao contrário do entendimento que
MO é constituída principalmente por estruturas poliméricas de natureza mais aromática
e alto peso molecular (Stevenson, 1994), espectros de RMN de amostras de solo indicam
que MO é urna mistura de estruturas derivadas de carboidratos, lipídios, peptídios e
lignina de origem vegetal ou microbiana. Isso se refere à substituição da teoria de estrutura
macromolecular da MO humificada pela teoria da estrutura supra.molecular, muito
discutida nas últimas duas décadas (Wershaw, 1999; Piccolo, 2001; Burdon, 2001;Kleber e
Johnson, 2010).
Mudanças de uso da terra como a conversão de cerrado ou campo nativo em lavoura
anual em PC, além de reduzirem o estoque de MO, alteram significativamente sua
composição original, com diminuição de C-o-alquil e C-alquil e aumento da concentração
relativa de e-aromático, C-carbonil e da razão aromático/ o-alquil (Dieckow et ai ., 2005a,
2009). Tais alterações de composição indicam que houve mineralização preferencial, mas
não completa, de constituintes como polisacarídeos (o-alguil) e lipídios (alquil), aumentando
assim a concentração relativa de estruturas mais recalcitrantes como as aromáticas, mas
não sua quantidade absoluta.
No entanto, com a substituição do PC pela SD, ocorre uma recuperação parcial da
composição original da MO, principalmente com incremento de C-o-alquil e diminuição
da concentração relativa de C-aromático (Dieckow et ai., 2005a,2009). Isso é um indicativo
que a recalcitrância não é o principal mecanismo responsável pela estabilização de C no
solo, e reforça a hipótese que a proteção física por oclusão, m ell1orada por agregados mais
estáveis, e a interação com as superfícies minerais estejam desempenhando o papel mais
relevante na estabilização de C no solo sob SD.
Radicais livres estáveis, como semiquinona, derivados possivelmente de estruturas
a romáticas (Steelink e Tollin, 1962; Riffaldi eSchnitzer, 1972), geralmente apresentam
maiores concentrações em solos manejados sob PC em relação aos manejados sob SD.
Aplicando a técnica EPR, Bayer et ai. (2002a) verificaram que a concentração de 14,0 x 1017
s pins g-1 d e radicais livres da fração ácido húmico da camada d e 0-2,5 cm de um Argissolo

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


XI - 5 I STE MI\ DE MAN EJO (ONSE RVACIONI STA E QUALIDADE DE · · · 335

Vermelho sob P reduziu em quase s i vezes no solo em 50 por nove a nos (2, >< 101-
s pins g- 1).
O grau de humificação da MO da ca mada d 0-2,5 cm de Latossolo Verm Ih do
Cerrado foi medido via FIL por Milori ct ai. (2006), os quais ncontra ram um índice de
humificação de 195><10·6 (unidades arbitrá rias) em solo sob PC e uma red ução par 12 ><
10·6, quando em SD, indicando novamente a maior recalcitrãncia da roem o lo sob PC.
Avaliando o potencial da ILP com um ou dois anos de lavour eguido por doi
ou três anos de pastagem de Brnchínrín dec111nbens em alterar quaJi tativamente a matéria
orgânica, Boeni et ai. (2014), trabaJha ndo em três experimentos d longa duração n
Cerrado, observaram que este sistema, comparado e lavoura contínua ob semeadura direta,
também awnento u a proporção de C-o-alquil, tanto do solo inteiro como das frações fisica
leve livre, leve eclusa e pesada. No solo sob pastagem perene de Brncl,inria dernmben , te
aumento foi ainda maior. Tanto na ILP como na pastagem perene, o incremen to de o-alqui1
pode ser atribuído ao respectivo incremento na adição de fitomassa de tes sistemas, aliado
a não mobilização do solo.
Enquanto mudanças de uso do solo ou de sistema de preparo alteram mais
significativamente a qualidade da MO, o mesmo não pode er afirmado com relação ao
efeitos de sistemas de culturas de grãos e m SD, que parecem exercer menor influencia _obre
a composição da MO, apesar de promover significativas al terações no toque (Skjemstad
et al., 1986; Oades et ai., 1988; Golchin et al., 1995a; Dieckow et aL, 2005a). Porém, o fato de
não se detectar alterações não significa que essas não existam; pode er uma limitação da
técnica em não possuir sensibilidade suficiente ou em sofrer interferência de outros fatore ,
como a presença de Fe3• sobre sinais de RMN.
Contudo, sistemas de culturas tendem a modificar a compo ição da MOP, numa
tendência de se aproximar da composição do tecido das plantas, mas não o uiiciente para
que isso seja perceptível na composição da matéria orgânica total do solo (Oades et ai.,
1988; Dieckow et ai., 2005a). Apesar disso, tal efeito não deve s r desprezado e merec
ser investigado com mais profundidade, no sentido de entender melhor o pap I da
composição das plantas sobre a composição da MOP e, por conseguinte, obre o acúmulo
de C nessa fração. O índice de hidrofobicidade (IH) (Spaccini et al., 2002) da parte aérea d
plantas parece exercer um controle na decomposição de fitomas as residuais e no acúmulo
de MOP; por exemplo, o maior IH da parte aérea de guandu (IH = 0,-15) parece er um
fator que explica o maior acúmulo de MOP no sistema guandu+milho, em relaçã ao
sistema aveia-preta/ milho, onde a parte aérea da aveia tem um IH de O,?? [adaptado d
Dieckow et ai. (2005a)]. O tempo de decomposição de fitoma as re iduai na uperficie
do solo também parece ter uma relação mais estreita com o IH do qu com a relação C
da fitomassa residual das espécies e demonstra a vantagem que s leguminosa tropicaí
como mucuna (IH=0,44) e guandu (IH=0,45) apresentam nes e ntido (Car lh et t.,
2009).
Na fração argila, a similaridade na composição da matéria orgânica ntre · t m
de culturas pode estar associada ao fato de essa [0 a saciada ao min rai r deriv da
principalmente de produtos microbianos (Oade et al., 19 ; Golchin et al., 1 Sa). Port nto,
a não ser que as mudanças ocorram na comunidade microbic na e nos u rr p ndent
metabólitos e mucilagens, a composição da matéria orgànica a ociada a min rai tende
a permanecer a mesma, independentemente da quantidade e qualidad d fit m
cultural residual adicionada.

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


336 CIM ÉLIO 8AYER ET AL .

ssim como sistema de cultura não têm influenciado a compos ição da m atéria
orgânica, a aplicação de tamb m não, de acord o com resultado de RMN (Ra ndall
~t ai., 1995; Oi kow et ai., 2005a). No entanto, Capriel (1997) aplicou es pectroscopia
mfravennelho (DRIFT) e observou um mnior índice de hidrofobicid ade (grupos C-H) no
~olo adubado com PK, em relação ao não adubado. Também, com uso de espectroscopia
1nfravermelho, Ellerbrock et ai. (1999) observaram alterações na com posição da m atéria
orgânica em razão d utili zar adubação orgânica + ad ubação mineral, de m an eira que a
intensidade da banda de C carboxílico foi maior em sistemas adubados e m re lação ao não
ad ubado, com r fl exos p o itivos na CTC do solo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A energia solar que chega à superfície te1Teste em ambientes tropicais e s ubtropicais


é de apro ' Ímadamente 400 cal cnY2 d·1, aproximadamente o dobro do que em ambientes
temperados. esses ambientes, a obtenção de uma razão positiva entre a intensidade dos
processos ordenativos e de dissipativos, que ocorrem no solo (ordenativos/ dissipativos > 1)
para que não haja degradação da qualidade do solo, demanda que dois fundamentos
do manejo sejam adotados simultaneamente: não revolvimento do solo e alto aporte de
fitomassas residuais. A implementação desses dois fw1darnentos caracteriza sistemas
conservacionistas de manejo de solo. Nesses sistemas, ocorre uma melhoria da qualidade
do solo, dependente de processos de natureza biológica, que se expressa na produtividade
das culturas.
A alta energia solar incidente que promove o aquecimento do solo e a ciclagem da
matéria orgânica nos ambientes tropicais e subtropicais resulta em taxas elevadas de
decomposição microbiana e torna o período de permanência da MO no solo curto. Portanto,
a eliminação do revolvimento do solo, em razão do seu efeito na taxa de decomposição,
é uma prática primordial quando objetiva-se promover o acúmulo de MO no solo. Em
solos de textura m édia, a taxa de decomposição da MO em solos sob SD é pratican1ente a
metade da taxa verificada em solos sob PC, sendo esse efeito menos expressivo em solos de
textura argilosa e com médio a alto teor de óxidos de ferro e alunúnio. Com a diminuição
da taxa de d ecomposição no solo em SD, o tempo médio de permanência da MO no solo
aumenta consid eravelmente. O tempo médio de permanência da MO é um fator muito
importante em relação ao impacto dos sistemas conservacionistas de manejo na qualidade
física, química e biológica de solos agrícolas.
A a doção de sistemas de cultw·as com alto aporte de fitomassas residuais promove
a umento nos estoques de MO, com destaque para sistemas envol vendo plantas leguminosas
de cobertura. Resultados de pesquisa recentes têm contribu ído para a d esmis tificação
que estas espécies apresentam uma baixa contribuição para o acúm ulo d e MO no solo,
impressão errônea decorrente da rápida decomposição das fitomassas culturais residuais
sobre O solo. Conceitos mais recentes, como a maior eficiência de acúmulo de C e N no solo
a partir de fitomassas residuais de alta qualidade e a saturação de C no solo, deverão ser
cada vez mais aprofundados e considerados na interpretação dos res ultados d e pesquisa e,
somente assim, serão alcançados avanços no entendimento da dinâmjca d a MO em solos
agrícolas e na influência dos sistemas conservacionjstas de manejo na qualidade do solo.

MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA


XI - SISTEMA DE MAN EJO (ON SE RVACIONI STA E QUALIDA D E DE · · · 337

O ( rél c ionélme nlo fís ico e a~ t e nicas espcc troc; ó pica pnip1 oc1 m c1 p ro fund a r o
con hecimento em él s pectos rc lacion,1d osà es tJ bilização e qu ;di J a d e da M O, res p ec tiva m e nte.
A proteção fís ica é s ugerida co m o um d os principa is meca n is m os re l.ic 1o nc1d os ao ,Kúm ul o
de frélções lábe is da MO (alta qualidad e) e m solos sob s is te m éls co nser vacionis tas de
m anejo, co ntribuind o para a m e lh o ria na q ua li d ad e d o s o lo.

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