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Multiplexagem por divisão de tempo

Conforme vimos no capitulo anterior ao fazermos a amostragem de um sinal de informação


qualquer, é possível recuperar o sinal original desde que mantenhamos uma frequência de
amostragem conveniente. Tendo como exemplo a figura abaixo, podemos verificar que a
duração de cada amostra τ , é bem pequena comparada com o tempo Τ .

Por exemplo, para sinais de voz com faixa até 3400Hz a frequência de amostragem usual é de
1 1
8 KHz, que corresponde a um período de T = = =125 μsegundos . Sendo cada amostra
f 8000
τ ≅ 2,1 μs como valor usual.

ω 0=2∗3400 Hz=6800 Hz

2∗4000=8000 Hz

ω 0 ≥ 2 wm – frequência

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Fig. 2.1. Transmissão de um sinal amostrado

Se desejarmos transmitir este sinal amostrado (fig. 1.1.b) por um meio qualquer de
transmissão, poderíamos dispor do meio durante todo o tempo, ou durante os intervalos de
tempo em que estiverem presentes as amostras do sinal. A estes intervalos de tempo em que o
meio de transmissão fica disponível para o sinal, chamamos de janela (fig. 1.1.c). É evidente
que a janela deve possuir uma duração maior que o intervalo τ caiba dentro da janela, bem
como dentro delas (fig. 1.1.d).

Por exemplo, para os sinais de voz com faixa até 3400 Hz em que o intervalo de amostragem
τ =2 ,1 μs, alguns sistemas utilizam uma janela de τ =3,9 μs (125 :32=3,9 μs).

Ainda podemos anotar pela fig.1.1.c, entre duas janelas consecutivas, restará um tempo
disponível muito grande para o meio de transmissão. Por exemplo, para janelas de
3,9 μs .T =125 μs, teremos uma disponibilidade para o meio de transmissão de 121,1 μs .

É evidente pois que (fig.1.2) para um aproveitamento mais racional do meio de transmissão,
poder-se-á utilizar o tempo disponível para abrir outras janelas destinadas a transmissão de
outros sinais amostrados. Esta abertura de janelas que permite a transmissão de diferentes
sinais através de um único meio, mediante a locação conveniente de canais, a estas janelas
constitui o principio básico de multiplexação por divisão de tempo (TDM).

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Fig. 2.1. Multiplexação por divisão de tempo de 3 canais

Nesta fig.2.1 temos 3 canais amostrados f 0 ( t ) , g 0 ( t ) e h0 (t ), respectivamente nos canais 1,2 ,3


para os quais foram abertas sequentemente janelas no meio de transmissão, de tal maneira

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que os sinais amostrados se interlaçam, dando origem a um sinal composto, que é o sinal
TDM (sinal multiplexagem no tempo).

Esquema prático de TDM

Fig.1.2. Maneira simplificada de obtenção do TDM

Na transmissão (T x ), os vários canais são explorados periodicamente e em uma ordem pré-


determinada por um selector, desta maneira as amostras de cada um dos sinais f ( t ) , g ( t ) e h(t )
são colocados nas respectivas janelas, obtendo o sinal de TDM.

Na recepção ( R x), o selector está sincronizado em frequência e fase como o de transmissão,


recupera cada um dos sinais amostrados f 0 ( t ) , g 0 ( t ) e h0 (t ).

Estrutura do sinal Multiplexado por divisão de tempo

A característica essencial de estrutura do sinal TDM é a janela (slot), que vimos


anteriormente.

Ao conjunto de janelas associadas a canais diferentes e seguindo uma certa ordem pré-fixada,
que se repetem de período, dá-se o nome de quadro.

Deste modo, para determinar a configuração de um TDM, teremos que considerar dois
aspectos fundamentais:

1. Nº de janelas dentro de um quadro;


2. Duração do quadro.

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Como a duração de um quadro é definida pelo tempo entre duas janelas sucessivas associadas
ao mesmo canal, a janela 16 do quadro “0” é utilizado para alinhamento de multiquadro.

As janelas 16 de todos os outros quadros são utilizados para sincronização do sinal de voz.

Existe ainda uma outra característica, na estrutura do sinal TDM, que se relaciona com as
informações de sincronismo, alarmes, etc. do sistema TDM. Esta característica é o
multiquadro, definido como a sequencia de quadros finda a qual são completadas as
informações de sinalização, sincronismo, alarmes etc. de N canais. Por exemplo, no sistema
TDM-PCM para 24 canais o multiquadro tem a duração de 12 quadros, enquanto que no
sistema TDM-PCM para 32 canais o multiquadro tem a duração de 16 quadros.

Sincronismo

O selector de transmissão e o selector de recepção devem ser perfeitamente sincronizado em


frequência e fase.

- Os dois selectores devem gastar o mesmo período exploração dum quadro e explorarem
simultaneamente o mesmo quadro, o sinal que um permite, isto é, o sinal de alinhamento
multiquadro.

- Têm que haver uma perfeita identificação de janelas de cada canal, o que as permite, isto é,
o sinal de alinhamento de quadro.

 As janelas de 16 e O são utilizados para sincronismo do sistema Europeu.


 As janelas “0” dos quadros pares são utilizados para alinhamento de quadro.
 As janelas “0” dos quadros impares são utilizados para alarmes e sinalização.

TDM de ordem superior

Como vimos no principio deste tema, é possível fazer a multiplexação por divisão de tempo
de canais, cujos sinais já tenham sido previamente multiplexados no tempo. Para este caso
especifico, os canais são chamados de tributários, sendo o sistema TDM chamado TDM de
ordem superior.

Vamos explicar esta multiplexação através de um exemplo, onde tomamos quatro sistemas
TDM idênticos (mesma duração de quaro T e mesmo numero de canais N), designamos
sistemas A, B, C e D, que estão em fase, isto é, as janelas correspondentes aos canais de
mesma numeração de cada sistema se abrem ao mesmo tempo.

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Fig. 2.4. Multiplexação por divisão tempo de sinais TDM.

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Se considerarmos estes quatro sistemas como tributários de um TDM de ordem superior,
designado sistema E, poderemos representar os sistemas idênticos pelos seus selectores A, B,
C e D, cujas saídas estão ligadas ao selector E do TDM de ordem superior, conforme a figura
2.4.a.

Nesta configuração, os canais dos tributários passam a se comportar como sinais do multiplex
de ordem superior, sendo numerados de 1 a 4N, conforme mostra a figura 2.4.b. Deste modo,
o sistema TDM E deverá ter um tempo de quadro igual ao tempo de quadro dos seus
tributários A, B, C e D, visto que é necessário manter a mesma frequência de amostragem dos
sinais dos canais originais. Alem disso, durante o período em que as janelas de cada sistema
de cada tributários estão abertas para um canal, o sistema de ordem superior deve abrir 4
janelas de período τ /4 , uma janela para cada um dos canais dos tributários. Para que o
sistema TDM de ordem superior tenha o mesmo período de quadro T, com um numero de
janelas que é igual a quatro vezes a de um dos tributários, é fácil concluir que o selector E
deverá ter uma velocidade de amostragem quatro vezes maior que o dos selectores A, B, C e
D. por exemplo, nos sistemas TDM-PCM para 32 canais, em cada janela temos 8 bits de
informação, perfazendo um total de 32 x 8 = 256 bits por quadro, ou 256 x 8kHz (frequência
de amostragem) = 2048 kbits/s de taxa de sinalização binária (velocidade de transmissão). Se
fizermos uma multiplexação de quatro sistemas TDM-PCM de 32 canais, obteremos um
TDM de ordem superior, cuja estrutura do sinal apresenta um quadro contendo 4 x 256 =
1024 bits, ou 1024 x 8kHz = 8192 kbits/s de taxa de sinalização binária.

Esta é basicamente a regra de formação do TDM de ordem superior, ou seja, a taxa de


sinalização binária do mesmo é igual a soma das taxas de sinalização binária dos tributários.

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Hierarquia do TDM

A fim de que se obtivesse um crescimento ordenado e racional dos sistemas TDM, visando
principalmente, fazer com que os TDM de baixa taxa de sinalização binária pudessem ser
tributários dos TDM de alta taxa de sinalização binária e que , na composição de diferentes
sistemas, se utilizassem as mesmas unidades fundamentais, facilitando assim a fabricação dos
equipamentos, o CCITT padronizou o processo de multiplexação por divisão de tempo de
acordo com as taxas de sinalização binária, ordenando-os em:

- TDM de 1ª. Ordem

- TDM de 2ª. Ordem

- TDM de 3ª. Ordem

- TDM de 4ª. Ordem

- TDM de 5ª. Ordem

Entretanto, como até esta data (1978) já existem diversos equipamentos em funcionamento
ou em fase experimental, cada qual empregado numa composição diferente para o TDM, o
CCITT, em caracter provisório, prupou os sistemas TDM em três conjuntos, chamados
“Hierarquia Europeia”, “Hierarquia Americana” e “Hierarquia Japonesa”.

A seguir apresentaremos estas hierarquias, indicando para cada ordem do TDM o numero de
tributários, bem como as taxas de sinalização binária.

É importante observar nestas hierarquias, que a taxa de sinalização do TDM de ordem


superior é geralmente maior que a soma das taxas de sinalização binária dos seus tributários,
conforme já exemplificamos no item anterior.

Hierarquia Europeia

Os TDM utilizados nesta hierarquia estão apresentados na figura a seguir:

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Fig. 2.5. Hierarquia européia dos TDM

Como podemos verificar pela Fig. 2.5, o TDM de 1ª. ordem cuja taxa de sinalização binária é
de 2048 kbits/s, é formado por 30 tributarios de 64 kbits/s. Por sua vez, o TDM de 2ª. ordem
cuja taxa de sinalização binária é de 8448 kbits/s, é formado por 4 tributarios de 2048 kbits/s,
ou seja, 4 TDM’s de 1ª. ordem.

De maneira semelhante são obtidos os TDM de 3ª. ordem e o TDM de 4ª. ordem. O TDM de
5ª. ordem na hierarquia Europeia não foi padronizado até o momento.

Para o TDM de 4ª. ordem o CCITT admite uma alternativa no esquema da Fig. 2.5, em que
são considerados 16 tributarios de 8448 kbits/s para a sua formação, não existindo neste caso
o TDM de 3ª. ordem.

Hierarquia Americana

Os TDM utilizados nesta hierarquia estão apresentados na fig. 2.6, sendo sua obtenção
análoga àquela descrito no item hierarquia Europeia.

Quanto ao TDM de 5ª. ordem, este também ainda não foi padronizado na hierarquia
Americana.

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Fig.2.6. Hierarquia Americana dos TDM

Hierarquia Japonesa

Os TDM empregados nesta hierarquia estão apresentados na Fig. 2.7, sendo sua obtenção
também análoga àquela descrita no item hierarquia Europeia. Neste caso, o TDM de 5ª.
ordem está padronizado.

Fig. 2.7. Hierarquia Japonesa dos TDM

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