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MANUAL DO OPERADOR DE TRATORES

Regulagens e Operações dos implementos

CENTRO DE TECNOLOGIA CANAVIEIRA

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PIRACICABA/SP

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INTRODUÇÃO

As máquinas e os implementos agrícolas destinam-se a ajudar o homem em todas as


fases da produção agrícola. No entanto, a falta de informação sobre a utilização destas
máquinas com segurança tem sido responsável por inúmeros acidentes.

Figura 1

A formação profissional..., a consulta aos manuais técnicos das máquinas..., a orientação


do responsável imediato..., o cumprimento das normas estabelecidas pela empresa..., e a
participação em treinamentos são fatores importantes para a redução das ocorrências
ocasionadas por desconhecimento do operador do trator.

Este manual visa explorar as utilidades dos diversos implementos agrícolas e a forma de
regulá-los para a realização das operações agrícolas de forma correta e segura.

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GRADES

Devido ao grande rendimento operacional e à variedade de utilização, as grades têm sido


utilizadas no preparo do solo para a cultura da cana-de-açúcar (Fig. 2).

Em empresas que utilizam o arado de aivecas, as grades poderão ser empregadas antes
ou após a aração, conforme o manejo de solo utilizado.

Figura 2

A grade aradora é indicada para serviços pesados de preparo de solo. Dependendo do


tamanho dos discos, é possível atingir profundidade de trabalho de até 30 cm. Devido a
esta característica, a grade é indicada para erradicação da soqueira de cana-de-açucar.

A grade niveladora é indicada para trabalhos de acabamento onde a mesma quebra os


torrões deixados pela grade aradora, nivelando o solo para as operações seguintes.

As principais funções das grades de discos são:


• Arar o solo
• Picar e incorporar baixa vegetação e resto de culturas
• Destruir soqueiras
• Descompactar a camada superficial
• Nivelar e destorroar a área, preparando-a para as demais operações.

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No acoplamento da grade ao trator o operador deverá observar o alinhamento do
cabeçalho da grade em relação à barra de tração do trator , ambas terão que ficar na
posição horizontal (Fig. 3 e 4).

Figura 3 Figura 4

Os discos das grades são montados em dois ou mais grupos denominados seções .

Nas grades com duas seções, estas podem estar situadas lado a lado ou uma atrás da
outra. Nas grades com mais de duas seções, estas são colocadas uma atrás da outra,
duas a duas.

Os discos são fabricados com aço extremamente duro que, como nos arados, são
também côncavos, facilitando a penetração e o tombamento da terra.

A quantidade de discos e seus diâmetros são variados:


• Uma grade com quantidade maior de discos, não é necessariamente mais pesada
que um implemento com menor número de discos. Isto depende da constituição e
da finalidade da grade.
• As grades com discos de menor diâmetro se adaptam melhor para a pulverização
do solo, devido ao menor espaçamento entre os discos, além da maior velocidade
de rolamento. Os discos podem ter as bordas lisas ou recortadas.

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Existem grades com:
• todos os discos lisos
• todos os discos recortados
• mistas

Nas grades mistas, metade dos discos são lisos e a outra metade são recortados. Neste
caso, os discos recortados são montados na seção dianteira.

Os recortes nos discos têm como finalidade aumentar o ataque destes sobre o material
que está sendo trabalhado, dificultando sua fuga quando atingido pelos discos.

Durante a operação, os discos montados na seção dianteira movimentam a terra num


sentido e os montados na seção traseira movimentam a terra no sentido contrário,
gerando um equilíbrio de forças entre as seções.

A seção dianteira faz o trabalho de aração e a seção traseira, a gradagem do solo., ou


seja, dois serviços distintos numa só operação.

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REGULAGENS

Devido às diversidade de tipos e modelos de grades, as regulagens diferem uma das


outras. Por este motivo, apresentaremos os pontos básicos de regulagem para a maioria
das grades.

Posicionamento dos discos

Os discos da seção traseira estão efetivamente trabalhando no meio dos espaços dos
discos da seção dianteira (Fig. 5).

Figura 5

Todos os discos estão trabalhando na mesma profundidade.

Todos os discos em trabalho, giram à mesma velocidade, isto é, para uma determinada
distância, dão o mesmo número de rotações.

Esta regulagem é conseguida abrindo ou fechando o ângulo formado pelos eixos


longitudinais das seções dianteira e traseira. Este ângulo pode ser aumentado ou
diminuído, conforme a necessidade.
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Barra de tração

Para que um trator trabalhe com o implemento perfeitamente centrado e sem provocar
esforços laterais, nas grades off-set consegue-se o alinhamento através dos movimentos
laterais do conjunto, barra de tração e chapas triangulares, deslocando-as para a direita ou
para a esquerda (Fig. 6 e 7).

Figura 6 Figura 7

Em terrenos que as condições de trabalho são normais, a barra de tração da grade é


fixada no furo central das chapas triangulares.

Mudando a posição de fixação da barra de tração nos furos das chapas triangulares,
haverá diferentes ângulos de corte dos discos:

• Se fixarmos a barra nos orifícios da direita das chapas triangulares, o ângulo de


corte dos discos diminuirá.

• Se a fixarmos a barra nos orifícios da esquerda das chapas, o ângulo de corte


aumentará.

As regulagens da barra de tração permitem também pequenos deslocamentos laterais do


conjunto da grade em relação ao trator.
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Chapas verticais

Nas chapas verticais que estão ligadas à estrutura principal da seção dianteira, existem
grades com dois ou três furos para o engate da barra off-set (Fig. 8 e 9).

Figura 8

Para trabalho em solos leves ou para pouca penetração, a barra off-set deve ser montada
nos orifícios inferiores da chapa vertical. Para solos de condições médias nos orifícios
centrais, e para solos pesados ou para maior profundidades de trabalho, são usados os
orifícios superiores da chapa.

Figura 9

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Abertura da grade

Outro meio para se obter maior ou menor profundidade de trabalho é fazer a abertura ou o
fechamento entre as seções dianteira e traseira, variando o ângulo formado pelos eixos
longitudinais dos conjuntos.

O operador deverá observar sempre que o ângulo da seção dianteira fique igual ou menor
que o ângulo da seção traseira (Fig. 10 e 11).

Figura 10

Nas grades equipadas com rodas para transporte, a profundidade de trabalho poderá ser
diminuída, através de acionamento do comando hidráulico que atua sobre o trem de
transporte, limitando a penetração dos discos, geralmente em solos leves.

Nas grades com pneus para transporte, o operador poderá efetuar manobras para
qualquer lado, desde que a grade esteja apoiada sobre os pneus, sendo que na grade de
arrasto o operador deverá ter o cuidado de efetuar manobras sempre à esquerda.

O sistema de abertura ou fechamento entre as seções se diferencia em mecânico e


hidráulico.
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Em grade com controle remoto o cilindro hidráulico é utilizado para o fechamento, sendo
que para a abertura entre as seções, deve-se colocar a alavanca do comando hidráulico
na posição flutuante e deslocar o trator para frente.

Em alguns tipos de grades, as seções são fixadas em um chassi através de parafusos.

Figura 11

Retirando os parafusos pode se fazer a movimentação das seções até as posições


desejadas, voltando a colocar e apertar todos os parafusos nos seus novos lugares.

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Nivelamentos

Outros pontos a serem observados nas grades equipadas com rodas para transporte são o
nivelamento transversal e o longitudinal .

Com a grade acoplada ao trator e em posição de transporte, pode-se verificar estes


nivelamentos.

Com a grade totalmente levantada, verificar num dos lados da grade se os dois extremos
dos conjuntos porta discos estão nivelados entre si (Fig. 12).

Estando o extremo esquerdo do corpo dianteiro mais alto que o extremo do mesmo lado
do corpo traseiro, devemos apertar o parafuso da mola estabilizadora ou reposicionar os
furos no travessão longitudinal da grade.

Figura 12

Os pontos de regulagem diferem de fabricante para fabricante, assim, as regulagens


devem ser feitas conforme a orientação destes.

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Mola estabilizadora

Quando nivelamos a grade, deve-se verificar se a porca ajustadora da mola estabilizadora


está muito apertada ou muito solta (Fig. 13).

A compressão da mola estabilizadora eleva o corpo dianteiro e faz baixar o corpo traseiro.

• Quando muito comprimida resulta na excessiva rigidez da grade, não permitindo um


bom trabalho.

• Quando solta, a operação não tem estabilização.

Figura 13

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OPERAÇÃO COM A GRADE

As operações com grade podem ser realizadas:

• no sentido de fora para dentro

• no sentido de dentro para fora

• em talhões com terraços

O método a ser utilizado para uma gradagem tecnicamente correta e com eficiência na
operação, é determinada pelos responsáveis do preparo do solo da usina.

Com grade de arrasto as manobras devem ser efetuadas sempre para a esquerda (Fig.
14). Em operação de deslocamento, a grade deve estar totalmente fechada.

Figura 14 – Sentido das manobras com a Figura 15 - Grade trabalhando no sentido de


grade. fora para dentro.

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Na gradagem de dentro para fora, obtem-se maior controle e conseqüentemente,
perfeição no resultado da operação (Fig. 16)

Quando se estiver andando muito nas cabeceiras convém iniciar outra quadra.

Em terrenos com terraços, é usual começar dois talhões de cada vez, tendo o cuidado de
iniciar o trabalho com o terraço do lado esquerdo do operador

Figura 16 - Gradagem de dentro para fora.

Figura 17 – Operação em terrenos com terraços.

A decisão de como efetuar a operação deve ser realizada em função:

• do formato e tamanho dos talhões

• da topografia do terreno

• da presença de obstáculos na área

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SUBSOLADOR

Devido à mecanização intensiva das camadas superficiais do solo, é comum ocorrer a


formação de uma camada endurecida a uma certa profundidade, menos permeável que a
porção superior.

Esta camada é formada por um adensamento ou concentração de argila, compactada


pela constante passagem de implementos, sobretudo o arado e a grade, numa mesma
profundidade, popularmente conhecida como pé de grade (Fig. 18).

Figura 18

Às vezes, essa camada é tão dura e impermeável que, além de não permitir a passagem
do ar e da água, dificulta a penetração das raízes da cana, diminuindo a região de
exploração de nutrientes, com reflexos na alimentação e fixação das plantas (Fig. 19).

1,54 metros 1,42 metros

0 cm
B
10 cm A D
1,38 g/cm³ C
1,27 g/cm³ 1,45 g/cm³
20 cm 1,38 g /cm³

30 cm E
F 1,34 g/cm³
1,30 g/cm³
40 cm

50 cm

Figura 19

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Essa camada quando situada a pequena profundidade, pode acelerar o processo de
erosão. Ao penetrar no solo, a água da chuva desce até encontrar a região de
compactação.

Nessa camada, a água caminha mais lentamente que na parte superficial, saturando o
solo da camada superficial e acelerando o processo erosivo que desgasta e rebaixa o
solo.

A camada compactada deve ser rompida, o que pode ser feito utilizando vários métodos. A
operação pode ser feita por arações mais profundas, mas a operação mais indicada é a
subsolagem.

Há modelo de subsolador acoplado ao engate de três pontos do trator (Fig. 20) e modelo
acoplável à barra de tração (Fig. 21 e 22).

Figura 20 Figura 21 Figura 22

Os modelos que operam engatadas à barra de tração são equipados com rodas para
transporte. Este tipo de subsolador só é utilizado com máquinas de grande potência.

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REGULAGENS

Hastes

Os subsoladores possuem 3 tipos de hastes:

• haste reta

• haste semi-parabólica (Fig. 23 e 24)

• haste parabólica

Figura 23 Figura 24

Independente do tipo de haste montada na barra porta-ferramentas, os resultados obtidos


com a subsolagem são semelhantes

As hastes podem ser fixas ou oscilantes. As oscilantes permitem angulagem e realizam


um trabalho melhor quando a operação da subsolagem é feita em nível.

Geralmente as hastes são montadas nas barras porta-ferramentas em forma de seta,


facilitando o deslocamento lateral da terra, diminuindo assim os esforços.

As regulagens do conjunto trator-implemento, são feitas em lugar plano, fazendo:

• O nivelamento longitudinal por meio do terceiro ponto (Fig. 25), deixando o


implemento na horizontal.

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• O nivelamento transversal por meio dos braços intermediários (Fig. 26) do trator,
possibilitando que as hastes do subsolador trabalhem com uniformidade na
profundidade determinada.

Figura 25 Figura 26

A profundidade de trabalho é determinada pelos responsáveis das operações de preparo


de solo, que por meio de levantamentos, identificarão a camada compactada a ser
rompida.

A regulagem da profundidade de trabalho é feita por rodas laterais acopladas ao


implemento (Fig. 27). Estas rodas têm seu posicionamento alterado pelos furos existentes
no suporte (Fig. 28).

Figura 27 Figura 28

Para a execução desta regulagem, basta posicionar o pino trava na altura desejada, ou
seja, quanto mais para cima a roda estiver posicionada, maior será a penetração das
hastes no solo.

Outro recurso que pode ser utilizado para maior ou menor profundidade são os pontos de
fixação das barras inferiores do trator ao subsolador.

As hastes do subsolador são fixadas no quadro porta-ferramentas por parafusos de


fixação. A distância entre as hastes é determinada reposicionando os parafusos de fixação
juntamente com as hastes.

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Com o subsolador acoplado ao mecanismo de três pontos do trator, o sistema hidráulico
deve ser regulado para trabalhar em flutuação, acompanhando as irregularidades do
terreno.

Havendo algum obstáculo, o sistema de molas do implemento permitirá que a haste


desarme (Fig. 29). O operador deve parar o trator, erguer o implemento, e retornar a haste
para a posição de trabalho.

Figura 29

Antes de iniciar a operação normal dentro da área, recomenda-se que a operação de


subsolagem seja realizada em volta da quadra a ser trabalhada, sempre acompanhando o
sentido do carreador. Desta forma, o sistema hidráulico do trator não sofrerá sobrecargas,
o que permitirá que as operações subseqüentes cheguem sempre o mais próximo
possível do carreador.

Outro procedimento a ser utilizado na operação é ao chegar próximo ao carreador, o


operador ir levantando gradativamente o subsolador até sair totalmente do solo. Após
passar o carreador, deve-se abaixar o implemento com o trator em movimento até a
profundidade determinada.

A trajetória percorrida pelo trator com o subsolador não poderá ser superior a 45 graus em
relação às ruas de cana (Fig. 30 e 31).

Figura 30 Figura 31

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Após a conclusão do talhão, o operador deve realizar o acabamento, subsolando
internamente em volta de toda área já subsolada. Esta operação é recomendada para
locais com declividade inferior a 8%.

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SULCADOR

A finalidade do sulcador-adubador é efetuar duas operações ao mesmo tempo, ou seja, a


abertura de sulcos e a adubação para o plantio da cana (Fig. 32).

Figura 32

As hastes sulcadoras são montadas nas barras porta-ferramentas do implemento,


geralmente em número de duas ou três hastes.

REGULAGENS

Nivelamentos longitudinal e tranversal

As regulagens do conjunto trator e implemento, devem ser realizadas em lugar plano.

• O nivelamento longitudinal é realizado por meio do terceiro ponto, deixando o


implemento na horizontal (Fig. 33 e 34).

Figura 33 Figura 34

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• O nivelamento transversal é realizado por meio dos braços intermediários do trator,
possibilitando que ambas as hastes do sulcador trabalhem na mesma profundidade
(Fig. 35 e 36).

Figura 35 Figura 36

Espaçamentos e largura dos sulcos

A regulagem do espaçamento entre os sulcos é feita por meio de grampos que fixam o
conjunto à barra porta ferramenta.

Para se obter maior ou menor espaçamento basta soltar as porcas dos grampos de
fixação e remover o conjunto, de acordo com a largura desejada (Fig. 37 e 38).

Figura 37 Figura 38

A largura do sulco é feita pelas asas do sulcador. Para aumentá-la ou diminuí-la, basta
remover os parafusos e os reposicionar conforme for necessário (Fig. 39 e 40).

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Figura 39 Figura 40

O acionamento das adubadeiras é feito pela roda do trator, através de engate rápido
automático por corrente e a regulagem da dosagem do adubo é feita através de caixa de
engrenagens.

Para que o funcionamento de levantar e abaixar do implemento não seja prejudicado, é


necessário que a corrente tenha uma folga suficiente para que o mecanismo automático
possa ser desligado no momento em que o implemento é suspenso. Esta folga deve estar
entre 5 e 8 cm, com o implemento apoiado no solo (Fig. 41 e 42).

Figura 41 Figura 42

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Profundidade de trabalho do implemento.

A profundidade de trabalho (Fig. 43) é determinada por técnicos do setor e é feita por meio
do sistema hidráulico que posiciona a altura e regula a sensibilidade para flutuação do
implemento no momento da sulcação.

Figura 43

O sistema hidráulico do sulcador deverá ser regulado para trabalhar em flutuação


acompanhando as irregularidades do terreno.

Outro recurso que poderá ser utilizado para maior ou menor profundidade são os pontos
de fixação das barras inferiores do trator ao sulcador.

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CULTIVADOR

A escarificação nas entrelinhas das soqueiras da cana de açúcar, associada à adubação e


à gradagem compõem o cultivo tríplice. Esta operação é um recurso para amenizar o
problema da compactação do solo (Fig. 44).

Figura 44

Toda vez que ocorre qualquer operação sobre o solo, ocorre modificações nas
propriedades físicas originais, ocorrendo uma compactação na camada superior,
aumentando a densidade do solo, prejudicando a aeração, a penetração da água e o
crescimento das raízes.

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REGULAGENS

Após o acoplamento do cultivador ao trator, o operador deverá fazer a centralização do


implemento (Fig. 45) e travar as barras telescópicas deixando um pouco de folga (Fig. 46),
para evitar quebra dos braços inferiores e possibilitar a flutuação do sistema hidráulico.

Figura 45 Figura 46

A regulagem estará realizada quando os depósitos de adubo estiverem com a parte


superior na posição horizontal e as hastes rentes ao solo.

As regulagens do conjunto trator-implemento, são feitas em lugar plano:

• O nivelamento longitudinal é feito por meio do terceiro ponto (Fig. 47), deixando o
implemento na horizontal

• O nivelamento transversal é feito por meio dos braços intermediários do trator (Fig.
48), possibilitando que as hastes do cultivador trabalhem na profundidade
determinada de maneira uniforme. O implemento só estará nivelado quando a base
de sustentação estiver na mesma altura em ambos os lados.

Figura 47 Figura 48
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A profundidade de trabalho é determinada por técnicos do setor de solos que por meio de
levantamento identificarão a profundidade da camada compactada.

O sistema hidráulico do cultivador deverá ser regulado para trabalhar em flutuação


acompanhando as irregularidades do terreno.

O conjunto dos discos da seção traseira deve ser regulado de modo a ocupar a mesma
largura por onde passam as hastes, evitando a destruição das soqueiras (Fig. 49 e 50).

Figura 49 Figura 50

Para a regulagem de abertura dos discos basta remover os parafusos de fixação e


deslocar o conjunto dos discos até a posição desejada.

O acionamento do distribuidor de adubo é feito por meio de motores hidraúlicos ou através


de corrente, acionada por uma engrenagem fixada na roda do trator (Fig. 51).

Figura 51 Figura 52

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Para que o funcionamento do mecanismo de levantar e abaixar o implemento não seja
prejudicado é necessário que a corrente tenha uma folga suficiente para que o mecanismo
possa ser desligado no momento em que o implemento for suspenso. Esta folga deve
estar entre 5 e 8 cm com o implemento apoiado ao solo (Fig. 52).

A operação de cultivo das entrelinhas, também pode ser realizada com adubo líquido, que
é conduzido ao solo por tubulação suporte acoplada na parte posterior da haste
subsoladora (Fig. 53).

Por meio da bomba de pistão ou rotativa, acionadas pela TDP do trator, o adubo líquido é
conduzido a uma determinada profundidade, ao lado das linhas da cana.
Simultaneamente o implemento faz o cultivo deixando o solo destorroado e nivelado (Fig.
54).

Figura 53 Figura 54

O operador do trator deve verificar regularmente se há entupimento da linha de aplicação


do adubo líquido. Percebendo alguma irregularidade o sistema deve ser reparado.

Figura 55 - Bomba rotativa Figura 56 - Registro do Figura 57 - Fechamento do


acionada pela TDP. reservatório de adubo líquido registro do filtro da tubulação
sendo fechado. de adubo líquido.

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Figura 58 - Desmontagem do Figura 59 - Sujeira retida pelo Figura 60 – Limpeza do filtro
compartimento do filtro da filtro da tubulação do adubo da tubulação do adubo
tubulação do adubo líquido. líquido. líquido.

Após a limpeza, o operador deverá fazer a operação inversa, não devendo esquecer de
abrir o registro do reservatório.

Reabastecimentos e reparos no implemento

Para o reabastecimento dos reservatórios de adubo liquido, o operador deve posicionar o


trator de forma que facilite o acoplamento da mangueira de abastecimento. O
acoplamento não deve permitir vazamentos e conseqüentemente, desperdício do produto
(Fig. 61 e 62).

Figura 61 Figura 62

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Após o acoplamento, o colaborador responsável pelo reabastecimento deve abrir o registro
do equipamento abastecedor. Havendo necessidade de reparos no implemento, o
operador deve erguer e calçar o implemento; desligar o motor e só então realizar o reparo.

Por razões de segurança, o operador não deverá improvisar "macacos" para consertos ou
reparos e muito menos entrar por baixo do implemento (Fig. 63 e 64) quanto não houver
um calço seguro ou quanto o motor do trator estiver em funcionamento.

Figura 63 Figura 64

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ARADO DE AIVECAS

A aração é a operação agrícola básica. A existência de um solo adequado para o bom


desenvolvimento do sistema radicular das canas depende da boa realização desta
operação.

Figura 65

A aração constitui-se numa operação de inversão de camadas. O arado corta uma faixa de
solo, denominada leiva, que é elevada e invertida fazendo com que a camada da
superfície seja movimentada para baixo, e a de baixo suba para a superfície (Fig. 65 e 66).

Figura 65

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Além do chassi (estrutura), o arado de aivecas é composto de:

• Relha: Lamina de aço ou ferro fundido que corta uma fatia de solo por baixo e inicia
seu levantamento que é completada pelas aivecas (Fig. 66).

• Aiveca: Chapa de aço lisa ou recortada que fica acima da relha e é especialmente
desenhada para levantar, girar, deslocar lateralmente e reconduzir a leiva de volta
ao solo, parcialmente ou totalmente invertida (Fig 67).

• Costaneira/Rasto: Peça que dá estabilidade lateral ao arado. Em arado pequeno a


costaneira maior deve ser posicionada na ultima aiveca (Fig 68).

• Talão: Peça fixada junto a costanera que a protege contra o desgaste (Fig 69).

• Coluna: Estrutura que fixa o corpo do arado ao chassi (Fig 70).

• Sega: Disco localizado à frente do corpo do arado. Tem movimento rotativo


destinado ao corte vertical da leira. (Fig 71).

Figura 66 - Relha Figura 67 - Aiveca

Figura 68 – Costanera/Rasto Figura 69 - Talão

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Figura 71 - Sega

Figura 70 - Coluna

REGULAGEM

O arado deve estar sem deformação em sua estrutura e nos acessórios. O sistema de
ondulação do trator deve estar em perfeitas condições de uso e o implemento deve estar
regulado.

As forças verticais e transversais devem ficar em equilíbrio, de forma que apenas a força
de arraste seja necessária à operação, ou seja:

• Centralização: Consiste em fazer com que o centro de resistência do arado


coincida com o eixo de simetria do trator. Este procedimento evita tração
deslocada.

• Nivelamento longitudinal e transversal: Para que as aivecas cortem a uma


mesma profundidade de trabalho de maneira uniforme

• Largura de corte: Feita na barra transversal.

A aiveca deve possuir folga entre o corpo da aiveca e o solo (sucção vertical) de 5 a 13
mm. Esta sucção auxilia ao arado penetrar no solo.

A aiveca deve também possuir folga entre o rasto e a lateral (parede do sulco) de 5 a 13
mm, dependendo do tipo de aiveca e de presença ou não de roda guia. Esta sucção faz
com que o rasto se mantenha constantemente em contato com a parede do sulco,
absorvendo os esforços laterais.

Antes de se iniciarem as regulagens nos arados, deve-se adequar o trator às


características operacionais do implemento, ou seja, determinar a quantidade necessária
de lastro para execução da operação, bem como a bitola entre as rodas. É necessário
saber previamente se o trator tem potência suficiente para tracionar o implemento.

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O formato da aiveca influi no serviço e na exigência da aração. O arado de aiveca promove
a inversão completa da leiva, proporcionando perfeita incorporação dos resíduos da cultura
anterior no solo (Fig. 72).

Figura 72 Figura 73

Os arados podem ser montados com aivecas recortadas , as quais são utilizadas para
operações em solos argilosos e pegajosos (Fig. 73). Existe também as aivecas lisas para
solo arenoso e as aivecas com polietileno que têm múltipla finalidade por operar em solos
pegajoso e em solos arenosos.

A conexão da coluna ao chassi é feita através de dois parafusos, sendo um para a fixação
e o outro de cisalhamento que, atuando como elemento fusível, se romperá ao ocorrer
colisão do conjunto ativo do arado com algum obstáculo (Fig. 74).

Figura 74

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É importante salientar que os arados de aivecas não são indicados para trabalho em
terrenos recém-desmatados ou pedregosos. Em terrenos já trabalhados a utilização do
arado de aivecas pode ser feita sem restrições.

Para abertura do primeiro sulco, o arado de aiveca deve ser regulado de forma preliminar.
Concluído o primeiro sulco é necessário fazer a regulagem definitiva de trabalho.

Na aração, o trator trabalha com as rodas do lado esquerdo na área ainda não trabalhada
e a rodas do lado direito posicionada na parede do sulco deixada pela ultima relha.

A velocidade ideal de operação deve ser entre 4 e 7 km/h, ajustada de acordo com as
características do solo, da potência e tipo de trator utilizado.

Em arados em que as aivecas são recortadas é possível realizar regulagens adicionais da


curvatura o que contribuí para melhor escoamento da leiva, promovendo a completa
inversão da faixa cortada.

A regulagem feita na fabrica normalmente atende as mais diversas características de solo,


entretanto, para casos extremos, torna-se necessário executar ajustes no implemento no
momento da operação.

Para executar estes ajustes no campo, é necessário observar primeiro o escoamento e o


tombamento da leiva, identificando a necessidade de ajuste. O ajuste deve ser feito
alterando a curvatura da aiveca por meio dos esticadores, até conseguir com que as leivas
sejam totalmente invertidas.

A finalidade da sega circular é cortar a palhada superficial para auxiliar o corte vertical da
leiva.

O trator deve estar lastrado de forma que a porcentagem de patinagem seja observada. A
patinagem recomendada é de 12 a 15%.

A bitola do trator deve estar ajustada para que a distância interna entre os pneus traseiros
seja de 140 cm. Os pneus devem estar calibrados obedecendo as recomendações do
2
fabricante. Recomenda-se ainda a colocação de 2 lb./pol a mais, no pneu do lado direito
pois este receberá maior carga durante a operação.

A torre do arado deverá estar centralizada em relação ao trator e a mesa do chassi


paralela em relação ao solo (fig. 75 e 76), outro ponto a ser observado é o alinhamento
vertical, feito no terceiro ponto do trator. Para isso, deve-se colocar o arado sobre um piso
plano e deixá-lo assentar completamente de forma que as pontas das relhas e suas
extremidades opostas toquem simultaneamente no piso.

37
Figura 75 Figura 76

As distâncias entre as relhas devem ser verificadas. Não deverão apresentar distancias
superiores a 13 mm uma das outras.

Além das regulagens necessárias, outro fator determinante para a boa operação é o
funcionamento da sensibilidade de ondulação do sistema hidráulico.

Havendo embuchamento no arado devido a restos de cultura (Fig. 77), o operador deve
parar o trator, erguer o arado de aiveca, dar marcha a ré até a saída total da bucha.(Fig.
78). Na seqüência, deve-se posicionar novamente o arado de aiveca no sulco, para a
continuidade da operação (Fig. 79).

Figura 77 Figura 78 Figura 79

Durante a operação com o arado de aiveca, o operador deverá acelerar o trator utilizando a
alavanca de aceleração manual (Fig. 80). A aceleração por meio do pedal (Fig. 81), deverá
ser utilizado nas manobras, nos desembuchamento e nos deslocamentos.

Figura 80 Figura 81
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ARADO DE AIVECAS DE ARRASTO

O acoplamento do arado de aiveca de arrasto é feito na barra de tração do trator, que deve
estar destravada para a operação.

A regulagem da abertura do cabeçalho serve para posicionar o trator em relação a terra


arada:
• mais perto, quando está fechada

• mais longe, quando está aberta.

Para inicio do serviço deve-se fechar a rosca telescópica do pistão dianteiro e realizar o
primeiro corte. Em seguida, retificam-se as regulagens dos pistões para o nivelamento
transversal e longitudinal do arado, achando a profundidade ideal de trabalho.

Dois parafusos batentes da roda traseira fazem a regulagem da altura da roda com a
mesma altura do rabicho, que faz a função da roda guia, alinhando o arado dentro do
sulco.

Em terreno de textura mais dura as colunas das aivecas desarmam com freqüência. Deve-
se achar a regulagem da mola apertando até 2 fios de roscas.

Na operação com arado de aivecas de arrasto não deve se dar marcha a ré, mesmo que a
aiveca seja desarmada. Nas manobras as curvas devem ser feitas em 8 ou com giro
longo.

Para as manobras do trator, o comando hidráulico deve ser acionado até o arado se
posicionar totalmente fora do solo. No transporte do arado, o travamento dos três suportes
deve ser realizado por meio de barras, aliviando em seguida o pistão hidráulico. Para fazer
a operação deve-se destravar, retirando-se as barras.

Nos arados de arrasto existe um gicle de fluxo de óleo para controle de levante ou abaixe
do implemento. Esse gicle faz com que a parte da frente do implemento abaixe ou levante
primeiro que as outras partes do implemento.

As ponteiras das laminas de corte, podem ser invertidas quando gastas.

Em solos duros que dificultam a penetração, as aivecas devem ser inclinadas por meio do
parafuso de regulagem da inclinação.

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BIBLIOGRAFIA

1 Massey Ferguson Perkins S.A.

“Manual do operador trator agrícola MF-296”

141 p.

2 Valmet do Brasil S.A.

“Manual do operador tratores agrícolas - 880, 880 - 4x4, 980 - 4x4”

114 p.

3 Valmet do Brasil S.A.

“Manual do operador tratores agrícolas - 128, 128 - 4x4, 148 - 4x4”

100 p.

4 Canavieira

“Manual do operador de carregadora de cana”

Treinamento para multiplicadores

31 p.

5 Canavieira

“Manual de manutenção de máquinas e implementos agrícola”

108 p.

É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU


PARCIAL DESTE MANUAL SEM A PRÉVIA
AUTORIZAÇÃO DO CENTRO DE
TECNOLOGIA CANAVIEIRA.

Dezembro/2005

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