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Introdução .......................................................................................................... 3
Conclusão ........................................................................................................ 11
Bibliografia........................................................................................................ 12
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Resumo
O presente estudo incide no estudo da Fábrica de São Paulo em Vila Viçosa,
um bem cultural que incide claramente no âmbito do Património Industrial dado
que é um vestígio da cultura industrial que marca a identidade e memoria na
região que o acolhe. Este trabalho relata a contextualização histórica do
edifício, seguido de uma análise quanto ao impacto que teve na região
enquanto e industria e ainda as alterações que teve, quer em termos de usos
quer em termos arquitectónicos. É finalizado com a análise do seu estado
actual e futura reutilização, seguido de duas possíveis propostas de valorização
patrimonial.
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Introdução
No âmbito da disciplina de Património Técnico e Industrial foi proposto
aos alunos um trabalho pertencente à avaliação continua onde a pares ou
individualmente se escolhesse um elemento patrimonial que se insira na
tipologia de património técnico e/ou industrial (material ou imaterial) de modo a
contextualiza-lo historicamente, analisá-lo de maneira a entender o seu valor
cultural e industrial, as alterações que sofreu ao longo dos tempos e os
respectivos usos, o impacto que teve ou tem na região em que se encontra, e
por fim a sua situação actual seguida de uma proposta de valorização do bem
patrimonial em questão.
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Contextualização Histórica
Os Eremitas de São Paulo da Serra de Ossa instalaram-se na região do
Alto Alentejo a partir da segunda metade do século XIV. Em 1416 foi fundado o
eremitério de Vila Viçosa, passando pouco mais tarde para convento regular.
Em 1482, a congregação já era regida por um provincial e quase um século
mais tarde, recebeu a designação de Nossa Senhora do Amparo, cuja igreja
seria inaugurada em 1613. (DGPC, 2010)
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A escolha do antigo convento para a instalação e a sua transformação
em fábrica deveu-se apenas à questão da técnica industrial que era aplicada a
este tipo de indústria. Isto justifica-se porque, “A moderna indústria de moagem
que se vinha afirmando em toda a Europa necessitava de espaços amplos com
estruturas maciças ao nível das fundações que permitissem tanto a ampliação
em altura como suportassem o peso de grande maquinaria com recurso à
moderna técnica da utilização do betão armado, fossem edifícios construídos
de raiz ou edifícios sem função como o caso dos conventos depois de extintas
as ordens religiosas e comprados ao desbarato, normalmente em hasta
pública.” (Quintas, 2014, p. 231)
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Impacto Regional
Como já foi referido, o edifício foi adquirido pela SOFAL, uma sociedade
fabril do Alentejo, sendo convertida a Fábrica designou-se Fábrica de São
Paulo. Este complexo fabril teve algumas evoluções no que toca à sua
tecnologia: “Esta grande indústria será apetrechada com a melhor tecnologia à
época com destaque para o sistema Austro-Húngaro que organiza a moagem
com base numa linha de produção aperfeiçoada, disposta por andares,
utilizando grande maquinaria, tendo como finalidade a produção de farinha fina
através da moagem do núcleo do grão, utilizando para isso cilindros de metal
ao invés das mós de pedra das azenhas e moinhos.” (Quintas, 2014, p. 231)
Ou seja, estas evoluções na sua tecnologia podem ser identificadas para
explicarem o porquê do seu influente impacto regional e até nacional sendo
que chega a ser designada como o “celeiro de Évora”, os seus métodos de
produção eram recentes e bastante produtivos, sendo que chegavam a
abastecer Lisboa. Contudo, a aposta nesta industria deriva da crise económica
e política que se sentia um pouco por toda a Europa, então a indústria
cerealífera impôs-se como primordial, não só para o desenvolvimento regional
mas também nacional.
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Principais Alterações
Como já foi referido, a edificação do Convento de São Paulo iniciou-se
em 1590. A sua construção deu-se em duas fases, a primeira decorreu entre
1590 e 1620, esta envolveu a construção total da igreja, protagonizada pelo
Frade Martinho de São Paulo; a segunda, durante o início do século XVIII,
consistiu na edificação da sacristia e do claustro, os seus custos foram da
responsabilidade de Frade Luís Gralho. Este convento encontrava-se
construído em forma de quadrilátero, que circundava o claustro. (Galrão, 2013,
p. 56)
Foi apenas no início do século XX que a vida voltou a este edifício, com
a compra pela Sociedade Fabril Alentejana que assim o adaptou e transformou
num edifício fabril. Esta adaptação na estrutura do convento não a alterou na
totalidade, apesar de certas partes deste terem sido demolidas. No entanto, a
igreja, com planta em cruz latina, dimensões monumentais, abóbada de
penetrações, cruzeiro e capela-mor, manteve a sua estrutura inicial. (Galrão,
2013, p. 57). Foi apenas acrescentado um piso novo a meia altura da nave da
igreja, uma parede a separar a nave do transepto, e outras pequenas
adaptações nesta zona. Foi também construída uma ala de oficinas ao longo
da rua do convento, aproveitando-se assim a arcada sudoeste do claustro.
Houve também um aproveitamento da ala oriental do terreno para edificação
de várias oficinas de trabalho. Por fim, foram erguidas duas altas chaminés em
tijolo. Estas chaminés tinham como utilidade sustentar as necessidades fabris
desta indústria.
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Situação Actual do Bem
Passados poucos mais de 60 anos de actividade, a Fábrica de São
Paulo em 1982 entrou em insolvência. Numa entrevista informal ao centro de
investigação ‘CECHAP’, foi possível apurar que após o encerramento do
complexo fabril seguiram-se anos de processos em tribunal que acabou por
resultar na divisão de bens por diversos credores. Anos mais tarde, o famoso
coleccionador de arte e empresário Joe Berardo comprou todos os direitos de
propriedade da antiga fábrica que já se encontrava em ruínas. Com a seguida
crise financeira em Portugal entre os anos de 2008 e 2011, o edifício passou
para o Banco Espírito Santo, mais tarde com a queda deste banco o edifício
passaria para o Novo Banco que viria a vender o imóvel a um grupo de
imobiliário, nomeadamente o grupo Aureum Investiment, para dar origem a um
Hotel de cinco (5) estrelas. O processo burocrático terá decorrido entre os anos
de 2018 e 2019 para que em 2020 se iniciassem as intervenções ao hotel que
veria a ganhar um nome de ‘Royal São Paulo Hotel Resort’.
Análise ao Projecto
Será então importante referir que o bem em questão encontra-se
classificado como Monumento de Interesse Municipal desde 2015, e no período
presente (Janeiro de 2021) o imóvel ainda se encontra num alto estado de
degradação.
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Através do visionamento de uma maquete (Figura 1) presente no
projecto da obra do Hotel, foi possível verificar que as duas chaminés que
existem actualmente no edifício também se encontram no projecto, relembrar
que as chaminés são elementos característicos da estética e arquitectura
industrial, e deste modo se estes elementos fossem conservados seria já um
aspecto positivo neste empreendimento. Do mesmo modo, a sua fachada
principal ao que tudo indica também será mantida.
Figura 1. Maquete do Futuro Royal São Paulo Hotel Resort, retirada do site Aureum Group.
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Proposta de Valorização
Para finalizar, surge ainda uma proposta de valorização, tendo em conta
que não será possível actuar mais na área onde se erguia o Convento de São
Paulo dado o projecto mencionado que se seguirá, sugere-se que se elabore,
no âmbito das Humanidades Digitais, um museu virtual do espaço onde ilustre
toda a história do edifício, toda a sua evolução arquitectónica, tendo em conta
que existem muitas informações das suas características arquitectónicas desde
a sua função como Convento, até à sua função como Fábrica e por fim como
Hotel para que se consiga delinear verdadeiramente a sua evolução como um
bem patrimonial industrial.
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Conclusão
Em jeito conclusivo, podemos afirmar que a Fábrica de São Paulo foi um
marco industrial bastante importante para a região de Vila Viçosa e para todo o
Alentejo, não só pelo impacto económico e social que teve para a sua região,
mas também por ser símbolo da evolução industrial que marcava Portugal no
início do século XX, assim como pela sua história antecessora. Este edifício é
também de tamanha importância patrimonial pois engloba vestígios do seu
tempo como fábrica e também, dos seus primórdios como convento; os seus
vestígios conventuais não se perderam nem durante o período de adaptação
fabril, sendo que ainda nos dias – mesmo que em ruínas – se conseguem
observar.
Desde que a fábrica foi à falência nos anos 80 do século XX que este
edifício foi deixado ao abandono e atualmente, apesar da sua classificação
como Monumento de Interesse Municipal em 2015, encontra-se num grave
estado de degradação. No entanto, este virá a ser reaproveitado com a
construção de uma unidade hoteleira, que esperamos que preserve ao máximo
alguns dos seus elementos antigos, o que deve vir a acontecer pelo que
observamos do planeamento do futuro projeto. Esta nova construção será um
importante fator para quiçá impulsionar o turismo e economia local.
Para além disso, seria de grande valor para a história local recorrer às
humanidades digitais para encontrar soluções modernas para preservar e
expor a história e evolução deste edifício. Desta forma seria então possível
preservar e adaptar o edifício às suas novas futuras funções enquanto,
simultaneamente, se preserva o passado deste e da sua importância para a
região de Vila Viçosa.
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Bibliografia
DGPC. (2010). Convento de Nossa Senhora do Amparo, ou de São Paulo, ou
Fábrica de São Paulo. Obtido em 27 de Dezembro de 2020, de Direção
Geral do Património Cultural:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-
imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-
classificacao/geral/view/14479150
Galrão, I. F. (Março de 2013). Diálogo entre a Memória e Contemporaneidade.
Uma Proposta de Reconversão do Convento e Fábrica de São Paulo,
em Vila Viçosa, num Centro de Artes, Cultura e Residência para Artistas.
Quintas, A. (2014). A Fábrica e a Sociedade Sofal de Vila Viçosa - O Processo
de Constituição e seus Intervenientes. Vila Viçosa .
Salgueiro, T. (12 de Janeira de 2018). Convento de São Paulo - Antiga SOFAL
(Sociedade Fabril Alentejana). Obtido em 27 de Dezembro de 2020, de
Sentir Vila Viçosa:
http://sentirvilavicosa.blogspot.com/2018/01/convento-de-sao-paulo-
antiga-sofal.html
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