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Mosteiro de Arnoso

Vila Nova de Famalicão

Trabalho realizado no âmbito da Unidade Curricular


Arte Medieval/História da Arte Medieval

A98832, João Pedro Gomes Pereira


A99173, João Pedro Monteiro Silva
A99176, Maria Beatriz Pereira Torrinha
A98830, Pedro Miguel Couto Ferreira

janeiro de 2023

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Índice
Introdução ................................................................................................................................................... 3

1. Contexto histórico ............................................................................................................................. 4

Fundação ................................................................................................................................................ 4

2. Características arquitetónicas de estilo românico e/ou gótico .......................................................... 7

3. Outras características do românico ou do gótico ............................................................................. 11

4. Comparação com outros monumentos similares.............................................................................. 11

5. Construção ............................................................................................................................................ 11

Conclusão ................................................................................................................................................. 14

Bibliografia ................................................................................................................................................ 15

Webgrafia .................................................................................................................................................. 16

Anexo/Apêndice ........................................................................................................................................ 17

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Introdução

No âmbito da Unidade Curricular de História da Arte Medieval, integrada no primeiro


semestre do segundo ano dos cursos de História e Arqueologia, foi-nos solicitado, pela docente
Joana Serqueira, a realização do presente trabalho.

Assim, aproveitando o facto de que mais de metade dos integrantes deste


grupo de trabalho pertencem ao concelho de Vila Nova de Famalicão e conhecem a
cidade, decidimos, como grupo, abordar o Mosteiro de Arnoso que se situa na União
de freguesias de Arnoso Santa Maria, Arnoso Santa Eulália e Sezures. Como
habitantes deste concelho, consideramos como objetivo principal da realização do
trabalho conhecer a importância de Famalicão, Arnoso e ainda o mosteiro. Ademais,
queremos possibilitar a hipótese de dar a conhecer o património famalicense, já que
não é aproveitado, reabilitado e dado a sua devida importância histórica, tanto como
ao Mosteiro de Arnoso ou o concelho de Vila Nova de Famalicão.

Deste modo, a estrutura do presente trabalho consiste na exploração inicial do contexto e


importância histórica de ambos Vila Nova de Famalicão e a aldeia de Arnoso Santa Eulália. Após
isto, seguiremos com uma breve contextualização do estilo românico. De seguida vamos abordar
as características arquitetónicas de estilo românico do Mosteiro de Arnoso e, consecutivamente,
falaremos brevemente das características românicas que não se encontram no mosteiro em
analise. Posto isto, iremos apresentar um conjunto de igrejas e capelas que podem ser
consideradas similares ao Mosteiro de Arnoso. Acabamos, assim, com uma explicação sobre a
história do templo, abordando pontos como a sua construção inicial e reconstrução. Para facilitar
a compreensão dos factos descritos iremos apresentar imagens do interior e exterior do mosteiro.

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1. Contexto histórico
Fundação

Vila Nova de Famalicão

Os vestígios arqueológicos atuais dizem-nos que houve, de facto, vários povoados no


território a que hoje podemos chamar de Vila Nova de Famalicão. Assim, O Castro de São-Miguel-
o-Anjo, o Castro do monte das Ermidas e o Castro das Eiras mostram-nos que este território
remonta à idade do Ferro. Desta forma, é relevante destacar a “Pedra Formosa” que foi encontrada
no castro das Eiras, que pertencia a um complexo de banhos. Este achado que está datado por
arqueólogos como sendo do primeiro milénio antes de Cristo.

Assim, Vila Nova de Famalicão nasceu a um de julho de 1205, não como cidade, mas sim
como um reguengo de D. Sancho I. Este elabora uma carta de foral para cerca de quarenta
povoadores desse território, chamado de Vila Nova. Deste modo, os povoadores tinham a
autorização do rei, D. Sancho I, para cuidarem do reguengo e todo o lucro que retirassem dele,
poderiam, então, considerá-lo como seu. Na carta de Foral, o monarca acrescenta, ainda, que se
devia fazer uma feira de quinze em quinze dias, quinzenal, o que se seguiu até aos dias de hoje,
porém esta feira é feita, agora, toda as quartas-feiras, passando de quinzenal a semanal.

Posto isto, a evolução deste território não teve uma velocidade tão grande, em 1706
contava com apenas uma centena de habitantes naturais, mas é com a criação da nova divisão
judicial do Reino de Portugal, a 21 de março de 1835 por alvará régio da Rainha D. Maria II, que
se formou o concelho de Vila Nova de Famalicão, recebendo autonomização política. Assim, com
a constante evolução da qualidade dos equipamentos e o sucessivo aumento da qualidade das
infraestruturas na segunda metade do século XX, mais precisamente a 14 de agosto de 1985, Vila
Nova de Famalicão é, finalmente, reconhecida como cidade, com a aprovação da Assembleia da
República.

Para além disso, Vila Nova de Famalicão é uma das cidades que mais promove a
economia portuguesa além-fronteiras, devido às suas indústrias. Sendo assim, neste distrito
destaca-se a indústria de pneus, calçados e bens alimentares, tornando-se, assim, um
imprescindível centro cultural, comercial e industrial. É, então, importante realçar que além de se
destacar a nível económico, esta cidade, que muitos pensam ser só um ponto de passagem entre
o norte e o centro de Portugal, foi a casa de grandes figuras marcantes como Camilo Castelo
Branco, Bernardino Machado, Arthur Cupertino Miranda bem como Alberto Sampaio.

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A cidade que pertence ao distrito de Braga consta atualmente com cerca de 133574
habitantes, deslocados pelas 34 freguesias que fazem parte do concelho, das quais se destaca a
freguesia de Vila Nova de Famalicão e Calendário com 20935 habitantes.

União de freguesias de Arnoso Santa Maria, Arnoso Santa Eulália e Sezures

Esta união de freguesias é criada aquando da reorganização de 2012/2013, no entanto, o


nosso foco neste trabalho é a freguesia de Arnoso Santa Eulália, que acolhe o mosteiro

Como o próprio nome indica o Mosteiro de Arnoso encontra-se na freguesia de Arnoso


Santa Eulália, uma pequena localidade com cerca de mil habitantes. Apesar de pequena, Arnoso
Santa Eulália carrega a sua relevância histórica. Assim, o seu nome deriva do latim «arenosus»,
que pretende designar um local abundante de areia. Posto isto, nas Inquirições de D. Afonso II, a
localidade aparece como o nome «Santa Vaia de Arnoso», segundo estas Inquirições, todos os
habitantes da paróquia de “Santa Vaia de Arnoso” pagavam ou davam uma galinha por ano ao
rico-homem da “terra”, que na época era Diogo Viegas, prestameiro de Arnoso.

Ademais, a freguesia é atravessada pelo rio Este, cuja força motriz era utilizada para
mover os rodízios das azenhas, e o rio Guisande, cujas quedas de água constituem uma das
atracões turísticas desta freguesia.

O Mosteiro de Arnoso é, potencialmente, o centro de maior interesse e de


desenvolvimento da freguesia de Arnoso Santa Eulália, contudo, existem outros pontos fulcrais
que constituem a história da freguesia e dos municípios. Assim sendo, a freguesia tem a Igreja
Paroquial e das alminhas da Minhoteira e da Carvalheira. Ademais, no âmbito do turismo, destaca-
se a Ponte d’Azevedo e o Buraco do Olheiro que originam uma lenda sobre mouros e castelos
encantados. Por último, é marcada por fortes tradições agrícolas, mantendo-se esta atividade, no
entanto, outras têm vindo a desenvolver-se, merecendo especial destaque a metalurgia e a
silvicultura. Associadas à agricultura, encontram-se as azenhas, que embora sejam pouco
utilizadas na atualidade, constituíram já uma importante ferramenta de trabalho. Fazem, assim,
parte do património da freguesia, que convém preservar como memória de um passado não muito
remoto.

2.Estilo Românico: contexto

A arquitetura românica pode ser definida como um estilo medieval que surgiu com o
propósito de permitir a resistência a ataques de povos inimigos e das invasões bárbaras,
consequentemente, estas construções priorizavam a robustez e a força.

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Assim, é fortemente inspirada na arquitetura da Roma Antiga, derivando daí o termo
«românico». Desta forma, ainda não foi possível chegar a um consenso sobre a data precisa do
surgimento deste estilo. Para alguns estudiosos, os seus primeiros indícios datam do século VI.
Contudo, para a grande parte dos especialistas, este estilo desenvolveu-se, de facto, no século X,
na Europa, mais precisamente, na região da Normandia, que se prolonga até à segunda metade
do século XII.

Posto isto, várias regiões da Europa foram influenciadas por este estilo arquitetónico e
começaram a adotá-lo nas suas construções e monumentos. Apesar de existirem vários pontos
em comum nas construções deste estilo, cada região desenvolveu o seu próprio estilo românico,
com características distintas.

Muitos castelos medievais que hoje conhecemos, por exemplo o Castelo de Almourol no
concelho de Vila Nova da Barquinha (Fig. 1), apresentam características da arquitetura românica.
Todavia, os monumentos com propósito espiritual, como as igrejas e os mosteiros, são as
construções que mais se evidencia do românico.

Figura 1 Castelo Almourol

Fonte: London, sô!

Sendo assim, as principais características deste estilo, na arquitetura, são as paredes


robustas, os arcos arredondados e as janelas pequenas.

Em suma, a arquitetura medieval trouxe grandes contribuições para a história, de uma


forma geral, e muitas destas contribuições surgiram com as igrejas românicas, também
conhecidas como igrejas de peregrinação. É relevante também realçar que foi na arquitetura
românica que os arquitetos começaram a fazer experiências com elementos arquitetónicos como
arcos ogivais, que posteriormente se tornaram num dos elementos icônicos da arquitetura gótica.

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Por fim, é muito importante fazer uma honrosa referência à Rota do Românico. Isto é, esta
rota tem caracter turístico-cultural e surge a partir da excessiva necessidade de aproveitar o
potencial de qualificação cultural e turística e desenvolver de forma sustentável várias regiões.
Assim, através desta iniciativa, os monumentos que a ela pertencem foram alvo de obras de
restauro e conservação, porém, nem todos sofreram destas requalificações. Hoje em dia, conta-
se com 58 monumentos de concelhos como Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes,
Penafiel, Castelo de Paiva, Cinfães, Resende, Baião, Marco de Canaveses, Amarante e,
finalmente, Celorico de Basto.

3. Características arquitetónicas de estilo românico


O mosteiro de arnoso foi construído em estilo românico e como tal apresenta várias
características deste estilo arquitetónico.

De modo geral, a planta longitudinal do edifício é composta por uma nave e capela-mor
retangulares. A fachada principal está orientada para oeste/poente para assim os fiéis efetuarem
as suas orações viradas para este/nascente, uma vez que esta orientação tem um sentido
simbólico dado que o sol, que nasce a este, representa Cristo.

A nível estrutural, a igreja possui paredes robustas. Esta característica fundamenta-se


pelo facto dos mosteiros e igrejas serem usados como lugar de refúgio e defesa contra os inimigos,
sejam estes bárbaros ou povos inimigos distintos, deste modo, as paredes eram grandes e sólidas
de modo a resistir aos ataques e investidas dos inimigos.

Assim, o edifício possui aberturas limitadas que permitam a passagem de luz tendo
apenas 4 vãos de iluminação (Fig.2), cada uma das 3 entradas é composta pelos característicos
arcos de volta perfeita, que se tornaram muito comuns na arquitetura romana. A fachada oeste
possui um portal de tímpano vazado em cruz, neste caso em forma de arco, mas também podem
ser triangulares, eram usados nas entradas de igrejas, catedrais ou templos, podendo ser lisos,
ter ornamentos ou esculturas. Encontramos também três arquivoltas de arco redondo.

O arco intermédio é decorado com motivos geométricos, lanceolados e entrelaçados. Para


além disso, o arco interno já possui uma decoração mais elaborada, é profusamente decorado
com lavores biletados na esquina das aduelas onde se destacam alguns temas zoomórficos como
um cavalo e algumas aves, estão também representadas figuras animalescas com quatro patas e
uma cabeça de um ser humano. Assim, estão, também, presentes duas colunas e os respetivos
capiteis decorados com figuras quadrúpedes com uma só cabeça, apesar dos capiteis serem
inspirados na arquitetura romana, estes possuem uma decoração diferente. Ainda na fachada

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oeste, estão presentes decorações de “corações invertidos” ou “pares de cerejas”. As fachadas
laterais, norte e sul, são percorridas por cachorros ou mísulas (Fig.4). Os portais dessas mesmas
fachadas têm tímpanos vazados em cruz, sendo que o lado Sul possui modilhões lisos, temas
geométricos, antropomórficos e zoomórficos (Fig. 6), já o lado norte (Fig.5) possui um par de
cabeças de animais.

Figura 2 Interior no Mosteiro

Fonte: Famalicão ID, PEREIRA, Paulo (2008-08-27)

Figura 3 Portal da fachada Oeste

Fonte: Visitar Portugal

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Figura 4 Cachorros laterais

Fonte: Google Maps, GONÇALVES, José (2020)

Figura 5 Tímpano do portal da fachada norte

Fonte: Famalicão ID, PEREIRA, Paulo (2004)

Figura 6 Portal da fachada Sul

Fonte: Google Maps, GONÇALVES, José (2021)

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Ainda sobre o exterior, o Mosteiro possui um telhado de duas águas e duas cruzes no topo
com parecenças às cruzes celtas. Posto isto, no interior do Mosteiro encontram-se arcos cegos
adossados às paredes laterais com colunas e capiteis com lanceolados, acantos e volutas (Fig.7).
Além disso, possui um arco toral e triunfal que sofreu de bastantes modificações em relação ao
original. De cada lado percorre as paredes uma falsa arcaria de volta perfeita, assente em capitéis
decorados com motivos antropomórficos, zoomórficos, volutas e folhagens. Deste modo,
observamos, também, pinturas a fresco quinhentistas com episódios da vida de Nossa Senhora
que se encontram num mau estado de conservação. Na fresta da capela-mor, os temas dos
capitéis das finas colunas que a definem são vegetais. A capela-mor é de dois tramos e é coberta
por uma abóbada cilíndrica.

Figura 7 Interior do mosteiro

Fonte: Google Maps, CAMPOS, Paulo (2021)

Figura 8 Pinturas a fresco quinhentistas

Fonte: Famalicão ID, GONÇALVES, Paulo (2008-08-27)


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4. Outras características do românico
Anteriormente foi mencionado que o mosteiro de arnoso foi construído com características
do estilo românico, e que, consequentemente, apresenta várias particularidades deste estilo
arquitetónico.

Todavia, existem certas características marcantes do românico, mencionadas


anteriormente, que não estão presentes no mosteiro. Primeiramente, as janelas minúsculas típicas
destas construções que não se encontram no mosteiro de arnoso. De seguida, arcos ogivais que
também nao podem ser encontrados nesta construção, porém podemos evidenciar estes arcos
noutros monumentos como no aqueduto das águas livres em Lisboa, mas também, a nível
religioso, encontramos estes arcos na Abadia de Fontenay, localizada na França. É importante
relembrar que os arcos ogivais são utilizados com maior frequência nas construções de estilo gótico,
porém aparecem em algumas construções românicas como forma de experimentar, sendo, por isso,
uma característica rara. Por fim, os frontões, também, por sua vez, não marcam presença no
mosteiro de arnoso. É um elemento mais comum no românico desenvolvido na Itália, já que têm
um aspeto mais leve e delicado, ao contrário das construções românicas no resto da Europa. Um
exemplo da utilização dos frontões é a Abadia de Cluny, na França.

5. Comparação com outros monumentos similares


Como já foi referido anteriormente, o estilo românico foi se espalhando e influenciando o
país todo, principalmente na construção de igrejas, por isso, a seguir apresentamos algumas
igrejas e mosteiros similares ao mosteiro em analise.

Primeiramente, apresentamos a Igreja de Santa Maria de Gondar em Gondar, no concelho


de Amarante. A sua fundação e percurso histórico ligam-se à linhagem dos Gundares, cujos
membros alcançaram fama na região ao longo da Idade Média. Embora não haja vestígios de
possíveis anexos do mosteiro, a Igreja de Gondar atesta ainda o seu carácter originariamente
monástico: as mísulas, pedras salientes de apoio, que se evidenciam nos paramentos exteriores,
demonstrando a existência de estruturas anexadas à igreja de ambos os lados. Assim, o traçado
românico da Igreja foi se conservando na sua totalidade, apesar das modificações de que foram
alvo na Época Moderna. Os cachorros de perfil quadrangular e composição dos portais
comprovam a presença do românico.

Para além disso, a Capela da Senhora da Livração de Fandinhães, no concelho de Marco


de Canaveses, é outra edificação românica de característica similares ao mosteiro de Arnoso.
Assim, é um monumento arruinado, isto é, à primeira vista é uma pequena capela, porém, noutrora,

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apresentava uma estrutura de maior dimensão. É através das escavações arqueológicas em 2016
que se comprova este facto. Foram encontrados alicerces das paredes norte e sul da nave,
demonstrando a continuidade do templo. Aqui se cruzam várias influências românicas. As figuras
apoiadas em folhas salientes no portal, no adro veem-se vestígios de uma cornija sobre arquinhos,
motivo comum no românico da bacia do Sousa, que a esta chegou via Coimbra. O monumento
apresenta, também, uma cabeça de animal com um bico proeminente na fresta lateral sul, bem
como cachorros com motivos geométrico e apenas um apresenta uma figura masculina
representada nua e com a mão direita sobre os órgãos genitais. Por fim, no adro encontramos
duas tampas sepulcrais, uma com a representação de uma espada e outra com uma cruz inscrita.

Finalmente, referenciamos a Igreja de Santa Maria de Jazente, construída no seculo XIII,


no concelho de Amarante. Deste modo, o portal da fachada é o que mais chama à atenção, o que
denuncia a sua edificação tardia, porém, é ao analisar o tímpano que se vê maior detalhe e
originalidade. Neste espaço encontramos uma cruz patada vazada sobreposta a um motivo
idêntico, gravado no lintel que a sustenta. No portal lateral sul vê-se cinco aberturas em círculo,
formando uma cruz, envoltas por um duplo círculo gravado no granito. Sendo esta uma construção
românica, no seu interior apresenta uma escultura gótica que representa o orago da Igreja, a
Virgem com o Menino Jesus ao colo, dita de Jazente.

6. Construção

O mosteiro de Arnoso é um templo religioso de estilo românico construído no século VII.


No entanto, existem algumas divergências no que concerne ao ano de fundação, sendo que se
consta que tenha sido construído entre 642 e 674. Deste modo, este mosteiro foi resultado do
incentivo de São Frutuoso, um monge e bispo godo que teve grande influência nas comunidades
visigodas da Península Ibérica, fundador de vários mosteiros, sendo um deles o referido mosteiro
de Arnoso.

Assim, no século XI, durante o período da Reconquista, os conflitos entre o povo que
habitava estas terras e os mouros levaram a que os últimos danificassem o mosteiro, chegando
mesmo a destruir algumas partes do edifício. Porém, em 1124, século XII, o mosteiro é
reconstruído sob a ordem de D. Garcia, Rei da Galícia. Esta data provém de uma epígrafe que é
possível observar no interior do edifício. Contudo, não é a única epigrafe presente. Existe ainda
uma, desta vez na parte exterior do mosteiro, na zona interior do tímpano do portal lateral da nave,
onde se pode ler «MCLXXXXIIII». Esta inscrição, que corresponde ao número 1156, supõem-se
que será o ano de sagração da igreja.

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Posto isto, seguindo para o século XVII, o mosteiro é oferecido aos frades Jerónimos de
Belém com o intuito de estes cuidarem do mesmo. Os referidos frades, de seguida, entregam o
dito monumento ao Dr. Miguel Pinheiro Figueira, um clérigo, deão e cónego da Sé de Braga.
Mais recentemente, no entanto, há 82 anos atrás, foi alvo de intervenções com o intuito de
preservação do edifício, realizadas pela D.G.E.M.N, Direção Geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais. Esta requalificação, porém, foi realizada tendo em conta a filosofia vigente no período
de construção do mosteiro, ou seja, todas as modificações efetuadas tiveram em consideração o
estilo românico próprio da época em que foi construído.

Planta longitudinal composta por nave e capela-mor retangulares. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhado de duas águas. Orientada a poente, a fachada pr incipal possui um portal de tímpano vazado em cruz com três arquivoltas de arco redondo, das quais a do meio assenta em colunas, e capitéis decorados com quadrúpedes de dois corpos e uma só cabeça. O arco intermédio é decorado com motivos geométricos, lanceolados e entrelaçados. O arco
interno é profusamente decorado, com lavores biletados na esquina das aduelas, onde se destacam quadrúpedes, aves, um cavalo, uma cabeça humana, uma ave com um peixe no bico. As fachadas laterais são percorridas por cachorros. Os portais com tímpanos vazados em cruz, possuem no lado N. um par de cabeças de animais e no lado S., modilhões lisos, outros com temas geométricos, zoomórficos e antropomórficos. Na fresta da capela-mor, os temas dos capitéis
das finas colunas que a definem são vegetais. A capela-mor é de dois tramos e é coberta por uma abóbada cilíndrica. A decorar o espaço interior salientem-se os arcos cegos adossados às paredes laterais, cujos capitéis são lavrados de lanceolados, acantos e volutas. O arco toral é original e o triunfal foi muito modificado durante as obras de reconstrução. De cada lado percorre as paredes uma falsa arcaria de volta perfeita, assente em capitéis decorados com moti vos
antropomórficos, zoomórficos, volutas e folhagens. A flanquear o arco triunfal pinturas a fresco quinhentistas com episódios da vida de N. Senhora.

642 - Fazia parte de mosteiro beneditino, fundado por São Frutuoso; 1067 - é destruído pelos mouros; Séc. 12 - é reconstruído por D. Garcia, rei da Galiza; 1156 - data inscrita no tímpano do portal S.; 1495 - D. Jorge da Costa, arcebispo de Braga, incorporou-o no mosteiro beneditino de Pombeiro; Séc. 17 - dele tomaram conta os frades Jerónimos de Belém que o entregaram ao Dr. Miguel Pinheiro Figueira com direito de apresentação de abade; é referido por Frei Leão de S.
Tomás, monge Beneditino Prof. da Universidade de Coimbra; alteração da cimalha da fachada; 1930, 14 Ago. - auto de entrega feito pela Direcção-Geral da Fazenda Pública à Comissão Fabriqueira; 1933 - pedido de obras de reparação urgente feito à DGEMN; 1941 - apeamento de três altares de talha (um deles destinado à Capela do novo Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Alijó); 1943 - pedido de substituição do altar da capela-mor pelo Pároco Baltazar da Silva
Castro da Igreja de Paço de Sousa; 1944 - cedência de um altar de Arnoso para a Igreja de Paço de Sousa; cedência de telha das obras de restauro para a Igreja de Santa Eulália; cedência de capitel românico para a coleção do Museu Soares dos Reis; 1945 - suspensão das obras de restauro iniciadas em 1941; 1945 - assentamento de azulejos decorativos; foi prescindida a transferência do pequeno altar de Arnoso para o Hospital de Alijó; 1947 - pedido do Ministério das
Finanças para conclusão das obras suspensas; 1949 - pedido para conclusão das obras suspensas (C. M. de Vila Nova de Famalicão); 1990 - limpeza e plantação de árvores no adro (C. M. de Vila Nova de Famalicão); 1994 - pedido ao IPPAR de realização das obras previstas em 1983 e alerta para o mau estado de conservação dos granitos e dos frescos quinhentistas.

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Conclusão

Falamos, assim, de uma das muitas igrejas localizadas na União de


freguesias de Arnoso Santa Maria, Arnoso Santa Eulália e Sezures, porém, podemos
dizer que é, possivelmente, a mais importante a nível histórico da freguesia.

Além disso, podemos afirmar que é uma igreja multicultural, ou seja, como
já foi dito, foi uma igreja que por lá passaram enumera s comunidades, desde os
visigodos aos mouros, que a destruíram quando lá passaram. Naturalmente, não nos
podemos esquecer das suas marcas arquitetónicas e o que elas representam para
o local. O seu estilo românico característico deteriorado, demonstra-nos um
esquecimento do edifício por parte da comunidade, assim como da câmara, que tem
maior parte da responsabilidade bem como a paroquia. Deste modo, no interior
vemos um fresco quinhentista, porém, pouco resta desta obre, comprovando o facto
anterior.

De um ponto de vista geral, o trabalho foi realizado com consideravelmente algum


sucesso, mesmo que a nossa bibliografia não seja tão extensa como tínhamos previsto. Como é
um momento muito rural, não existem muitas bibliografias que se debruçam sobre este local.
Ademais, no início da realização do trabalho, consideramos como objetivo a visita ao local em
estudo, porém, devido à indisponibilidade por parte de alguns membros do grupo, não a fizemos.
Por isso, não temos imagens do mosteiro tiradas pelo grupo, nem conseguimos consultar
documentos locais sobre o mesmo, ficando, assim, limitados ao que estava disponível na online.

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Bibliografia

DGEMN, Igreja de Santa Eulália do Mosteiro de Arnoso, Boletim nº 94, Lisboa, 1958;

IPPAR, Património Arquitetónico e Arqueológico Classificado, vol. I, Lisboa, 1993;

ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1988;
PÉREZ GONZÁLEZ, José - Arte Românica em Portugal. Aguilar de Campoo: Fundación Santa
María la Real, 2010;

Tesouros Artísticos de Portugal. Lisboa: Selecções do Reader`s Digest, 1976.

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Webgrafia
SIPA, Igreja de Santa Eulália do Mosteiro de Arnoso/ Igreja de São Salvador,
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=309, 21-12-2022;

Famalicão ID, Igreja do Mosteiro de São Salvador de Arnoso,


https://famalicaoid.org//inweb/ficha.aspx?ns=215000&id=976, 21-12-2022;

Visitar Portugal, Igreja de Santa Eulália do Mosteiro de Arnoso,


https://www.visitarportugal.pt/braga/vila -nova-famalicao/arnoso/mosteiro-arnoso,
21-12-2022

London, sô!, castelo de Almourol: uma joia escondida no meio do rio tejo ,
https://londonso.com/castelo-de-almourol-em-portugal/, 22-12-2022;
Comunidades com história: união de freguesias de Arnoso (Santa Maria e Santa Eulália) e
Sezures, https://www.uf-arnososantaeulaliasezures.pt/, 22-12-2022;
SapoBlogs, ARNOSO SANTA EULÁLIA - VILA NOVA DE FAMALICÃO - PORTUGAL,
https://manuelbacelo.blogs.sapo.pt/3533.html , 23-12-2022;
Rota do Românico; https://www.rotadoromanico.com/pt/, 26-12-2022

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Anexo/Apêndice

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