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O Movimento Fundador das dimensões educativas da Biblioteconomia do

Brasil

No Brasil a trajetória das bibliotecas iniciou-se com as ordens religiosas dos


Beneditinos, Franciscanos e Jesuítas. No entanto, o marco inicial foi a criação da Biblioteca
Nacional (BN), campo de ensino da Biblioteconomia no Brasil. Esta biblioteca é o que restou
da biblioteca Real da Ajuda, depois do terremoto de 1 de novembro de 1755, que destruiu a
antiga Biblioteca Real, criada por D.Pedro 1º, rei de Portugal. Com a invasão das tropas
francesas de Junot, a família real portuguesa sentindo-se ameaçada refugiou-se. Devido a
isso, eles vieram para Brasil, originando a Real Biblioteca, também considerada a Biblioteca
do Rio de Janeiro da Corte.
Segundo Rubens Borba de Moraes, a coleção de Diogo Barbosa Machado dividia-se
em três grupos: o primeiro, formado por obras diversas, dentre elas, edições de clássicos
portugueses, espanhóis, latinos e obras religiosas. A segunda, formada por coleção de
folhetos, um detalhe importante é que ele organizava-os de uma forma estranha, por exemplo,
quando eram grandes ele cortava, e quando pequenos ele os emendava. A terceira era
formada por coleção de retratos, ele recortava tarjas ou molduras de outros livros para formá-
los.
O acervo foi instalado nas salas do andar superior da biblioteca, por ordem superior
Terceira do Carmo. No ano de 1810 foi a sua fundação, após o ano de sua fundação foi
permitido apenas aos estudiosos o acesso, somente em 1814 devido a exigências foi
totalmente aberta à população.
Dentre as várias mudanças que ocorreram, destacamos a direção da biblioteca por
Benjamin Franklin Galvão, e o regulamento em 1879 que divide-a em três seções: impressos,
cartas geográficas, manuscritos e estampas. O grande marco da sua administração foi a
realização de concursos públicos para o preenchimento dos cargos. O historiador João
Capistrano de Abreu Dias, considerou este concurso o marco inicial da formação
profissional da biblioteconomia do Brasil. Estes concursos seguiam os modelos da École de
Chartes de Paris, que foi a primeira escola do mundo a formar pessoas para as bibliotecas. É
importante destacar que o termo bibliotecário passou a ser utilizado na biblioteca nacional
a partir de 1824, quando houve a aprovação do segundo
dispositivo legal - Artigos Regulamentares para o Regimento da Biblioteca Imperial e
Pública, elaborado pelo frei Antônio de Arróbida.
Em 1897 o Dr. Manoel Cícero Peregrino da Silva assume a direção, ele estabeleceu
um novo regulamento para a Biblioteca Nacional, aprovado pelo decreto 8.835 de 11 de
junho de 1911, ficando dividida em quatro seções: a primeira seção continha os impressos,
que abrangia livros, folhetos, publicações periódicas, músicas impressas e impressos avulsos;
o segundo, os Manuscritos, que abrangia obras de paleografia e diplomática; o terceiro, as
Estampas, que abrangia os desenhos, chapas gravadas, fotografias, cartas e coleções
geográficas, planos e obras de iconografia; o quarto, Moedas e Medalhas, que abrangia
cédulas, vales condecorações títulos representativos de valor, distintos, jetons e obras de
numismática, sigilografia e filatelia.
Os artigos 34 a 45 e o art 137 deste decreto são da maior relevância para o estudo da
Biblioteconomia brasileira, ele trata dos Serviços de Permutas Internacionais de
Bibliografia e Documentação, e os primeiros do Curso de Biblioteconomia.

A Trajetória do ensino da biblioteconomia no Brasil;o caso da


biblioteca nacional

O curso da Biblioteconomia foi criado em 1911, que tinha como objetivo sanar as
dificuldades existentes na biblioteca, mas somente em 1915 iniciou suas atividades. Em 1912
o curso não pôde funcionar por desistência dos escritórios,na maioria funcionários da própria
instituição. Ao se reportar ao curso de Biblioteconomia no relatório de 1915, referente a
1914, Peregrino da Silva afirma que o mesmo não havia funcionado por falta de candidatos.
Em 1915 foram abertas as inscrições de 15 a 31 de março, vinte candidatos foram
aceitos por atenderem as condições determinadas pelo o regulamento de 1910, no seu Art.36,
as quais constavam os exames de admissão, que se compunha de prova escrita de português
e prova orais de Geografia, Literatura, História Universal e de Línguas: francês, inglês latim.
Era condição, para ser bibliotecário, possuir cultura geral o que incluía, além de
conhecimento da língua materna, demonstrado em prova escrita, aliado aos domínios dos
idiomas falados nas Artes, Ciências e Letras. Os aprovados realizavam estágios, sem
remuneração,
nas diversas seções da Biblioteca Nacional com acompanhamento de um bibliotecário.
O curso da BN funcionou regularmente até 1922. Em 2 de agosto de 1921 foi criado o
curso TÉCNICO, que tinha por finalidade formar profissionais para atuarem nesta instituição,
a Biblioteca Nacional e o Arquivo Nacional, este curso teria a duração de dois anos. A partir
de então a BN começaria a depender desse curso para a admissão de funcionários. Em 1923,
este curso não funcionou, apesar de se terem inscrito catorze alunos, e a causa foi a recusa
dos professores Constâncio Alves e Mario Behring em ministrar as disciplinas História
Literária e Paleografia.
A segunda etapa, de retomada de princípios do curso, iniciou-se em 1931 através do
decreto n° 20.673, de 17 de Novembro, com grande repercussão nas imprensas carioca e
mineira. Para ingressar no curso nessa segunda fase, era exigido, além da apresentação do
requerimento do diretor geral, certificado de aprovação nos exames da 5° série do curso
secundário. Não houve com o passar dos anos mudanças na forma de ingresso, pois
predominavam na década de 30 as mesmas diretrizes repetiram-se para o preenchimento do
cargo de bibliotecário, determinadas por Ramiz Galvão.

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