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Dedico este livro aos meus pais, David e Lois, que são uma inspiração
no modo como vivem plena e vibrantemente, quase na sua nona década de
vida, e ao Jack e ao Danny, que fazem as minhas células felizes.
— Elissa Sarah Epel
ÍNDICE
13
Nota das autoras:
Por que motivos escrevemos este livro
_
17
Introdução:
História de dois telómeros
_
35
Parte I
Telómeros: um caminho para uma vida mais longa
Capítulo 1 — De como as células prematuramente
envelhecidas o fazem parecer, sentir-se e agir como
um velho, 37
Capítulo 2 — O poder dos telómeros longos, 62
Capítulo 3 — Telomerase, a enzima que regenera
os telómeros, 74
Laboratórios de renovação: Um guia, 88
_
89
Parte II
As suas células ouvem os seus pensamentos
Avaliação: O seu tipo de resposta ao stress, 91
Capítulo 4 — Esclarecimento: De como o stress entra
nas nossas células, 95
Capítulo 5 — Dê atenção aos seus telómeros:
Pensamento negativo, pensamento resiliente, 122
Avaliação: De como a sua personalidade influencia
as suas respostas ao stress, 150
Capítulo 6 — Quando o azul se transforma em
cinzento: Depressão e ansiedade, 161
Dicas para a renovação: Técnicas de redução do stress
que já demonstraram estimular a manutenção dos
telómeros, 177
_
183
Parte III
Ajude o seu corpo a proteger as suas células
Avaliação: Qual é a trajetória dos seus telómeros?
Fatores de proteção e de risco, 185
Capítulo 7 — Treine os seus telómeros: Quanto
exercício é o suficiente?, 197
Capítulo 8 — Telómeros cansados: Da exaustão
à regeneração, 215
Capítulo 9 — A contribuição dos telómeros:
Um metabolismo saudável, 233
Capítulo 10 — Alimentação e telómeros: Comer para
otimizar a saúde das células, 251
Dicas para a renovação: Sugestões com base científica
para mudanças duradouras, 272
_
283
Parte IV
Do exterior para o interior: o mundo social molda
os nossos telómeros
Capítulo 11 — Os lugares e os rostos que mantêm
os nossos telómeros, 285
Capítulo 12 — Gravidez: O envelhecimento celular
começa no útero, 311
Capítulo 13 — A infância influencia a vida: De como
os primeiros anos moldam os telómeros, 326
_
353
Conclusão
Interligação: O nosso legado celular
O manifesto dos telómeros, 361
_
363
Agradecimentos
_
367
Informações sobre os testes comerciais aos telómeros
_
371
Autorizações
_
375
Notas bibliográficas
_
Nota da s au tor a s
Por que motivos escrevemos este livro
Com uma vida que chegou aos 122 anos, Jeanne Calment foi uma das
mulheres com maior longevidade de que há registo. Quanto tinha
85 anos, começou a praticar esgrima. Já passara a barreira dos 100 anos
e ainda andava de bicicleta.1 Quando celebrou o seu centenário, deu
uma volta a pé pela sua cidade natal, Arles, em França, agradecendo
às pessoas que lhe davam os parabéns. 2 O gosto de Calment pela
vida reflete aquilo que todos desejamos: uma vida mais saudável
até ao último momento. O envelhecimento e a morte são factos
incontornáveis, mas não o modo como vivemos até ao nosso último
dia. Isso depende de nós. Podemos levar uma vida melhor e mais
plena, tanto agora como nos anos vindouros.
O campo relativamente novo da ciência dos telómeros tem impli‑
cações profundas que podem ajudar-nos a atingir este objetivo. A sua
aplicação pode ajudar a reduzir as doenças crónicas e a melhorar
o bem-estar, e a sua influência será tão profunda, que atingirá até
as nossas células, e tão abrangente, que afetará toda a nossa vida.
Escrevemos este livro para partilhar consigo estas informações.
Esta é uma nova forma de pensar o envelhecimento humano,
uma visão científica, atual e dominante, defensora de que o ADN das
nossas células vai sofrendo um desgaste progressivo, o que leva a que
as células se tornem irreversivelmente envelhecidas e disfuncionais.
Mas qual é o ADN que sofre esse desgaste? Porque o sofre? As res‑
postas completas ainda não são conhecidas, mas, de momento, todos
os indícios apontam fortemente para os telómeros como os princi‑
pais culpados. As doenças podem parecer distintas, porque envolvem
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I N TRO D U Ç Ã O
H i s t ó r i a de d o i s t e l ó m e r o s
É
uma tarde fria de sábado em São Francisco. Duas mulheres
estão sentadas na esplanada de um café, beberricando café
quente. Para as duas amigas, aquele é o seu momento de evasão
da vida de casa, família, trabalho e listas de assuntos a tratar que
parece nunca se reduzir.
A Kara está a falar de como se sente cansada. De como se sente
sempre cansada. O facto de apanhar todas as constipações que apa‑
recem no escritório também não ajuda, nem o de essas constipações
se transformarem, invariavelmente, em sinusites terríveis. Ou de o
seu ex‑marido estar sempre a «esquecer‑se» de que é a vez dele de ir
buscar os filhos. Ou de o seu patrão mal‑humorado, na empresa de
investimentos onde trabalha, a repreender — mesmo na frente da sua
equipa. E, por vezes, quando se deita na cama à noite, o seu coração
dispara, descontrolado. A sensação dura apenas alguns segundos,
mas a Kara fica acordada muito depois de passar, preocupada.
«Talvez seja apenas o stress», diz a si própria. «Sou demasiado jovem
para ter um problema de coração. Não sou?»
«Não é justo», suspira, para a Lisa. «Somos da mesma idade,
mas eu pareço mais velha.»
E tem razão. À luz da manhã, a Kara parece macilenta. Quando
estende a mão para a chávena de café, move‑se com cuidado, como se
o pescoço e os ombros lhe doessem.
Mas a Lisa tem um aspeto vibrante. Tem os olhos e a pele brilhan‑
tes; aqui está uma mulher com energia mais do que suficiente para
as atividades do dia. Além disso, sente‑se bem. Na verdade, a Lisa não
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pensa muito na sua idade, exceto para se sentir grata por encarar
agora a vida com mais sensatez do que antes.
Vendo a Kara e a Lisa lado a lado, pensar‑se‑ia que a Lisa fosse
realmente mais nova do que a amiga. Se fosse possível espreitar‑lhes
para debaixo da pele, verificar‑se‑ia que, nalguns aspetos, este desfasa-
mento é ainda maior do que parece. Cronologicamente, as duas mulhe‑
res têm a mesma idade. Biologicamente, a Kara é décadas mais velha.
Terá a Lisa um segredo? Cremes faciais caros? Tratamentos der‑
matológicos a laser? Bons genes? Uma vida livre das dificuldades que
a amiga parece enfrentar ano após ano?
Nem por sombras. A Lisa tem a sua quota parte de stress. Perdeu
o marido há dois anos num acidente de viação; agora, como a Kara,
é mãe solteira. Vive com um orçamento apertado, e a empresa start‑up
de tecnologia para a qual trabalha parece estar sempre a um relatório
trimestral de ficar sem capital.
O que se passa? Porque envelhecem estas duas mulheres de for-
mas tão diferentes?
A resposta é simples, e está ligada à atividade no interior das células
de cada uma delas. As células da Kara estão a envelhecer precocemente.
Ela parece mais velha do que é e está num caminho acelerado para
doenças e problemas relacionados com a idade. As células da Lisa estão
a renovar‑se. Ela está a viver uma vida mais jovem.
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Comprimento do telómero
Idade
(em pares de bases)
Recém‑nascido 10 000 pares de bases
35 anos 7500 pares de bases
65 anos 4800 pares de bases
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Por exemplo:
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O que aí vem
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O SANTO GRAAL?
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Parte I
T E LÓM E ROS :
UM C AM I N H O P ARA UMA V I D A MA I S J OV E M
C A P Í TULO 1
D e c o m o a s c é l u l a s p r e m a t u r a m en t e en v e l hecid a s
o f a z e m p a r ece r , s en t i r ‑ s e e a g i r c o m o u m v e l h o
F
aça a si mesmo as seguintes perguntas.
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›› o sistema imunitário;
›› o intestino;
›› os ossos;
›› os pulmões;
›› o fígado;
›› a pele;
›› os folículos capilares;
›› o pâncreas;
›› o revestimento do sistema cardiovascular;
›› as células musculares lisas do coração;
›› o cérebro, nalgumas partes que inculem o hipocampo (o cen-
tro de aprendizagem e de memória do cérebro).
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Envelhecimento cutâneo
A camada exterior da pele, a epiderme, é feita de células proliferativas
que estão constantemente a regenerar‑se. Algumas destas células
cutâneas (os queratinócitos) produzem telomerase, por isso não se
desgastam nem se transformam em células senescentes, mas a maio‑
ria perde rapidez na sua capacidade de se regenerar.3 Por baixo desta
camada visível de pele, encontra‑se a derme, uma camada de células
cutâneas (fibroblastos cutâneos) que cria a base para uma epiderme
saudável e firme — produzindo colagénio, elastina e fatores promo-
tores do crescimento, por exemplo.
Com a idade, esses fibroblastos segregam menos colagénio e
elastina, o que faz com que a camada exterior de pele visível pareça
velha e solta. Este efeito é transportado para fora, através das camadas
da pele, criando uma aparência exterior mais envelhecida. A pele
envelhecida torna‑se mais fina, pois perde depósitos de gordura
e ácido hialurónico (que age como um hidratante natural da pele e
das articulações). Fica mais permeável aos elementos.4 Os melanóci-
tos envelhecidos levam a manchas de idade, mas também a um aspeto
pálido. Em suma, a pele envelhecida adquire o aspeto manchado,
descaído e enrugado que tão bem conhecemos, em especial devido aos
fibroblastos envelhecidos, que já não mantêm as células exteriores.
Nas pessoas mais velhas, as células cutâneas perdem, muitas
vezes, a sua capacidade de se dividir. Algumas pessoas idosas têm
células cutâneas capazes de continuarem a dividir‑se. Quando os
investigadores observam as suas células, veem que estas se defendem
melhor do stress oxidativo e têm telómeros mais longos.5 Embora os
telómeros curtos não provoquem, necessariamente, o envelhecimento
da pele, desempenham nele o seu papel, em especial quando se trata de
envelhecimento causado pelo sol (também chamado fotoenvelhe‑
cimento). Os raios UV captados através da exposição solar podem
danificar os telómeros.6 Petra Boukamp, uma investigadora dos
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Perda óssea
O tecido ósseo é reconstruído ao longo da vida, e consegue‑se um
nível saudável de densidade óssea quando existe um equilíbrio
entre as células construtoras dos ossos (osteoblastos) e as células
destruidoras dos ossos (osteoclastos). Os osteoblastos precisam de
telómeros saudáveis para continuarem a dividir‑se e se regenerarem;
e, quando os telómeros são curtos, os osteoblastos envelhecem e dei-
xam de conseguir acompanhar os osteoclastos. O equilíbrio falha,
e os osteoclastos erodem os ossos.7 Não ajuda nada que, depois de
os telómeros estarem desgastados, as células ósseas envelhecidas
se tornem inflamatórias. Os ratos de laboratório criados para terem
telómeros extracurtos sofrem de perda óssea precoce e de osteopo‑
rose;8 tal como as pessoas nascidas com uma doença genética que
faz com que os seus telómeros sejam extraordinariamente curtos.
Cabelo grisalho
Num certo sentido, todos nascemos com cabelo pintado. Cada fio de
cabelo começa dentro de um folículo próprio e é feito de queratina,
que produz um cabelo branco. Mas existem células especiais dentro
dos folículos (melanócitos, o mesmo tipo de células responsável
pela cor da pele) que injetam pigmentos nos cabelos. Sem estas
células que pintam o cabelo naturalmente, a cor do cabelo perde‑se.
As células estaminais contidas no folículo produzem os melanó-
citos. Quando os telómeros dessas células estaminais se desgastam,
as células deixam de conseguir regenerar‑se com rapidez suficiente
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Lembra‑se do que fazer quando vir esta imagem? Consulte a página 13.
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Inflam‑idade
Não seria interessante poder espreitar para dentro das células que
compõem cada pessoa presente naquela reunião e medir o compri‑
mento dos seus telómeros? Se pudesse fazê‑lo, veria que as pessoas com
telómeros mais curtos são, em média, as mais doentes, mais fracas
ou cujos rostos revelam o desgaste de lidar com problemas de saúde
como diabetes, doenças cardiovasculares, enfraquecimento do sis-
tema imunitário e doenças pulmonares. É provável que também verifi‑
casse que as pessoas com telómeros mais curtos sofrem de inflamação
crónica. A observação de que a inflamação aumenta com a idade e é
uma causa das doenças do envelhecimento é tão importante, que os
cientistas têm um nome para ela: «inflam‑idade». Trata‑se de uma
inflamação persistente, de baixo grau, que pode acumular‑se com
a idade. Existem vários motivos para a sua ocorrência, tais como a
deterioração das proteínas. Uma outra causa comum de inflam‑idade
está relacionada com danos nos telómeros.
Quando os genes de uma célula são danificados ou os seus teló‑
meros são demasiado curtos, essa célula sabe que o seu precioso ADN
está em perigo. A célula reprograma‑se para emitir moléculas que
possam deslocar‑se até outras células e pedir ajuda. Essas moléculas,
coletivamente designadas fenótipo secretor associado à senescência,
ou FSAS, podem ser úteis. Se uma célula se tornou senescente por ter
sido danificada, pode enviar sinais às células imunitárias vizinhas
e a outras células com funções reparadoras, para chamar as tropas
capazes de iniciar o processo de cura.
E é aqui que as coisas correm terrivelmente mal. Os telómeros
têm uma resposta anormal aos danos no ADN. O telómero está tão
preocupado em proteger‑se a si mesmo, que, embora a célula tenha
pedido ajuda, o telómero não deixa a ajuda entrar. É como as pes‑
soas que teimam em recusar assistência em momentos de adversi‑
dade porque têm medo de baixar a guarda. Um telómero curto pode
ficar no interior de uma célula envelhecida durante meses, a emitir
mais e mais sinais de ajuda mas sem permitir que a célula aja para
remediar o dano. Estes sinais incessantes mas inúteis podem ter
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a CIêNCIa Da JuvENtuDE
Figura 5: Uma maçã podre num cesto. Pense num cesto de maçãs.
A saúde de todo o cesto depende de cada uma das maçãs. Uma maçã
podre emite gases que apodrecem as outras. Uma célula senescente envia
sinais às células que a rodeiam, promovendo a inflamação e fatores que
levam ao que chamamos «apodrecimento celular».
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Rabugento Otimista
Dependente Capaz
Frágil Autoconfiante
Confuso Sábio
Amargo Afetuoso
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Dois caminhos
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›› «Quando for velho, quero ser como a atriz Judi Dench, espe‑
cialmente a personagem M, que representou nos filmes de
Bond: de cabelos brancos, mas sempre a dominar a situação,
e sempre a mais esperta na sala.»
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