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Velhice - Atitudes, mitos e estereótipos

“Burro velho não aprende línguas”


“Velhos são os trapos”

MITOS

Mitos são histórias que representam a maneira de pensar e agir de


uma sociedade e são transmitidos de geração em geração, qualificando ou
desqualificando comportamentos e ações, quer de homens quer de
mulheres. Um dos objetivos do mito, na antiguidade, era transmitir
conhecimento e explicar factos que a ciência ainda não havia explicado,
através de rituais em cerimónias, danças, sacrifícios e orações.

ESTEREÓTIPOS
Estereótipo é o conceito ou imagem preconcebida, padronizada e
generalizada estabelecida pelo senso comum, sem conhecimento
profundo, sobre algo ou alguém. Podemos definir estereótipo como o
conjunto de crenças que dá uma imagem simplificada das características
de um grupo ou dos membros de um grupo. Trata-se de um processo de
categorização que nos permite adaptar ao meio e dar sentido ao mundo.
Usamos categorias sociais como “estudantes”, “socialistas”, “brancos”,
“negros”, “desportistas”, “jovens”, “liberais”, porque nos são úteis. Servem
para colocarmos os indivíduos que nos rodeiam em “gavetas”, o que nos
permite, de uma forma rápida e económica, orientarmo-nos na vida social.
Uma vez interiorizado o estereótipo é aplicado de uma maneira quase
mecânica

Vídeo sobre estereótipos

https://www.youtube.com/watch?v=95n0RzmnkY8

Mitos e estereótipos sobre a velhice e o envelhecimento

À medida que as pessoas envelhecem, a sociedade em geral tende a


fazer algumas suposições que não poderiam ser menos precisas. Há
muitos mitos sobre o envelhecimento ou sobre os idosos que
simplesmente não são verdadeiras. Isto conduz a estereótipos,
preconceitos e conceções erradas e sentimentos negativos sobre o
envelhecimento. Apresentam-se de seguida alguns mitos sobre o
envelhecimento e, seguidamente, os factos.

Mito: As pessoas mais velhas têm "velhas formas de pensar", são


conservadoras.
Verdade: Cada indivíduo, jovem e mais velho, tem os seus próprios
pensamentos e sentimentos sobre a sociedade. É uma afirmação geral
injusta assumir que todas as pessoas acima (ou abaixo) de 60 anos têm as
mesmas crenças. Tomar tempo para falar com pessoas mais velhas sobre
os seus pensamentos sobre o mundo, e as suas próprias experiências
passadas, pode lançar alguma luz sobre esta verdade. Existem idosos que
são mais modernos, na sua forma de pensar e de aceitar o mundo, do que
algumas pessoas mais jovens.

Mito: As pessoas perdem a memória à medida que envelhecem.

Verdade: Nem todos os idosos sofrem de doenças de perda de


memória, como demência ou doença de Alzheimer. Existem atividades e
estratégias de estimulação cognitiva que permitem diminuir o risco de
problemas associados à memória. É verdade que o envelhecimento traz
mudanças no nosso organismo, incluindo alterações neurológicas que
comprometem as nossas funções cerebrais. No entanto, é possível evitar
que lapsos de memória aconteçam com frequência mantendo o cérebro
ativo. É importante exercitá-lo com atividades intelectuais como aprender
uma nova língua ou algum instrumento musical, por exemplo. Há muita
gente que pensa que todos os idosos têm problemas de memória, mas eu
conheço alguns que têm melhor memória do que eu.

Mito: As pessoas mais velhas são menos adaptáveis à mudança.

Verdade: Esta é uma preferência pessoal: algumas pessoas gostam


da novidade e do entusiasmo da mudança, enquanto outras podem estar
mais preocupadas com a mudança. No entanto, este não é um problema
relacionado com a idade. As pessoas mais velhas têm enfrentado
inúmeros desafios e situações de mudança quando atingem uma certa
idade, por isso, embora possam ser um pouco mais lentas para se
adaptarem, são certamente capazes de mudar.

Mito: Os mais velhos são menos aventureiros.

Verdade: Há muitas pessoas mais velhas que esperaram durante


toda a sua vida pela oportunidade de se reformarem para poderem viajar
pelo mundo e ver coisas novas. É importante conhecer o significado da
empatia e ver que não somos todos iguais, mesmo quando chegamos a
uma idade mais avançada. Por outro lado, também há pessoas mais novas
que não são aventureiras.

Mito: As pessoas tornam-se menos produtivas à medida que


envelhecem.

Verdade: Reforma não significa que as pessoas mais velhas só


queiram ficar sentadas o dia todo. Enquanto numa certa idade e
dependendo de problemas de saúde, algumas pessoas mais velhas podem
precisar de mais descanso ao longo do dia, muitas pessoas em idade de
reforma desfrutam de uma vida ativa. Um relatório do Bureau of Labor
Statistics dos EUA, por exemplo, relata que 24% dos idosos se tornaram-se
voluntários durante os seus anos de reforma.
Mito: As pessoas são menos criativas à medida que envelhecem.

Verdade: Muitas pessoas têm hobbies ou fazem artesanato nos seus


últimos anos de vida que realmente levam a uma segunda carreira e/ou
renda. Quer se trate de madeira, arte ou tecelagem, as atividades criativas
mantêm o cérebro e a destreza dos adultos mais velhos.

Mito: As pessoas mais velhas estão irritadas ou deprimidas.

Verdade: A depressão é uma doença real e muito difícil de


diagnosticar, não um sentimento que possa ser usado como uma
afirmação geral. Não há nenhuma evidência que mostre que as pessoas
mais velhas estão de mau humor; as pessoas que geralmente estão
sempre "de mau humor" nos seus anos mais novos podem continuar
assim. As pessoas que escolhem ser felizes costumam continuar com essa
mentalidade nos seus anos dourados. Tudo se resume à atitude.

Mito: Os mais velhos estão sozinhos.

Verdade: Os ambientes abertos das comunidades de retiro para


idosos e das instalações de vida assistida estão destinados a fazer com que
os seus moradores se sintam em casa e oferecer um vasto calendário
social de atividades para que os idosos possam interagir com os seus
vizinhos. Muitos idosos mantêm uma vida social ativa e, agora que têm
mais tempo com a reforma, têm um horário muito ocupado.
Mito: As pessoas mais velhas são incompetentes.

Verdade: As pessoas mais velhas que continuam a desafiar os seus


cérebros, a exercitar os seus corpos e a alimentar as suas almas são
perfeitamente competentes nos seus últimos anos. Mesmo à medida que
envelhecem e alguns experimentam alguma perda de memória ou
demência, mantêm a capacidade de compreender, tomar decisões
racionais, participar e simplesmente aproveitar a vida.

Mito: A envelhecimento traz limitações físicas.

Verdade: Com o avanço da ciência e da medicina, adiaremos cada


vez mais o surgimento de doenças crónicas e consequentes limitações.
Segundo um estudo feito pelo International Institute for Applied Systems
Analysis (IIASA) em parceria com a Universidade de Washington e o
Instituto Max Planck, atualmente, grande parte dos homens passa 63% de
toda a sua vida com boa saúde, sem doenças sérias, demência ou perda de
autonomia. Em 2050, essa parcela passará de 80%. As mulheres viverão
com boa saúde durante 70% de sua vida ante os 60% atuais.

Mito: Doenças como diabetes e hipertensão são obrigatórias no


envelhecimento

Verdade: Doenças não podem ser consideradas normais. No


máximo, comuns. Enfermidades como diabetes do tipo 2 e hipertensão
podem e devem ser evitadas com uma alimentação saudável, com a
prática de exercícios físicos e com o acompanhamento de um médico.
Mito: Na velhice, há um progressivo afastamento dos interesses.

Verdade: Muitas pessoas não só continuam interessadas nos


diversos planos sociais e familiares, como também é nesta etapa que
participam ainda mais. Há quem diga que os idosos não são sociáveis e
não gostam de se reunir, mas isso também não é verdade, pode até ser o
contrário. Aliás, podemos ver que normalmente os passeios das juntas de
freguesia dirigidos à 3ª idade têm muito sucesso e adesão por parte dos
idosos. Também é verdade que alguns idosos gostam de se reunir para
jogar às cartas e outros jogos, conversar e contar as suas recordações.

Mito: O envelhecimento é uma etapa totalmente negativa.

Verdade: O envelhecimento é uma etapa vital peculiar, que tem


muitas coisas boas.

Mito: Envelhecer implica ter de renunciar à sexualidade, perde o


interesse e a capacidade sexual.

Verdade: Com a idade não desaparece a sexualidade. Ocorre


redução da frequência, falta de interesse, de parceiros;

Mito: O velho não aprende, é desatento, não presta atenção a


nada; “Caduco…”

Verdade: Aprendem e prestam atenção ao que lhes interessa, ao


que corresponde às suas necessidades, aos seus anseios. Há muitas
pessoas que dizem que os idosos são conservadores e incapazes de mudar
e que não são capazes de aprender coisas novas, mas isso não é
necessariamente verdade, senão como é que existem tantos idosos a
utilizar as redes sociais, aprendem a usar o computador, telemóveis, ir ao
multibanco e pagar com cartão?

Mito: A maioria dos idosos é senil e doente.

Verdade: Existem idosos saudáveis porque levam um estilo de vida


saudável.

Mito: A maior parte dos idosos é infeliz.

Verdade: Há idosos felizes e idosos infelizes, tal como as pessoas


mais jovens.

Mito: Todos os idosos se assemelham.

Verdade: Somos todos diferentes uns dos outros,


independentemente da nossa idade. Os idosos são como as pessoas mais
novas, cada um tem a sua personalidade, não são todos iguais.

Mito: Os idosos são todos religiosos

Verdade: Os idosos não são todos religiosos nem vão todos à missa
– uns vão, outros não. A religiosidade não tem nada a ver com a idade, e
há pessoas mais novas, incluindo crianças e jovens que são mais religiosos
e crentes que muitos idosos.

Mito: Os idosos não têm vaidade.

Verdade: Muita gente pensa que os idosos não são vaidosos nem se
preocupam com a sua aparência, mas isso não é verdade. Existem homens
e mulheres idosos que se cuidam e preocupam mais com a aparência do
que muitas pessoas mais jovens, vestem-se muito bem e até usam
maquilhagem.

Mito: Os idosos são todos pobres.

Verdade: Existem idosos pobres, de classe média e ricos. A idade


não tem nada a ver com a condição social (ser rico ou pobre).

De uma forma resumida, os estereótipos podem ser apresentados


da seguinte forma:

 A velhice é um problema e os velhos devem ser protegidos


pela Medicina e pelo Estado.
 A velhice é uma fase de perdas, dependência, afastamento,
solidão, depressão, ressentimento, problemas de identidade,
inferioridade, confusão mental, dificuldade geral de
adaptação e problemas de relacionamento.
 As perdas da velhice são irreversíveis.
 A velhice e os seus problemas não discriminam género, etnia,
classe social, escolaridade, idade, profissão, estilo de vida,
história passada, ajuste social, recursos pessoais e problemas
de identidade por ocasião da reforma.

Mas, afinal, o envelhecimento não traz limitações?

Entre os muitos mitos e verdades sobre envelhecimento está a


crença de que envelhecer significa ter uma vida limitada e pouco plena.
Isso não é verdade. O envelhecimento saudável permite manter a
capacidade funcional do indivíduo e o bem-estar em idade avançada.

Para isso, é preciso manter uma rotina de vida saudável ao longo da


vida, que inclui uma alimentação balanceada, a prática regular de
exercícios físicos, bem como atividades intelectuais e sociais. Vale a pena
investir numa rotina de vida equilibrada e feliz para garantir uma velhice
mais tranquila e com saúde.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, os idosos não são


obrigatoriamente infelizes. Há muitos idosos que vivem muito felizes e
podem manter-se a trabalhar, sendo tão ou mais produtivos que muitos
jovens. Existem, na verdade, idosos bastante ativos fisicamente, que
realizam muita atividade física e desporto, e que não têm problemas de
saúde preocupantes nem precisam de ajuda dos mais novos. Veja-se, por
exemplo, os idosos que continuam a trabalhar na agricultura e criação de
animais, atividades que requerem força e vigor físicos.

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