Você está na página 1de 8

1.

INTRODUÇÃO

O exame de DNA, também chamado de teste de DNA ou, ainda, de mapeamento genético,
é um procedimento laboratorial que compara amostras de material genético de indivíduos
diferentes. A partir dessa análise, é possível determinar graus de semelhança entre as
amostras coletadas e, dessa forma, pode ser utilizado para comprovar o parentesco,
geralmente a paternidade, entre dois indivíduos.

O teste de paternidade é utilizado como prova do vínculo biológico entre indivíduos,


principalmente em questões judiciais, como reivindicação de herança, direitos paternos,
benefícios sociais, entre outras. Contudo, apenas apresenta validade jurídica se a coleta do
material genético obedecer a padrões bem estabelecidos tanto de coleta, quanto de
transporte e armazenamento da amostra.

O grau de confiabilidade do exame de DNA é bastante alto, estabelecendo uma certeza de


99,9% de que o resultado encontrado esteja correto. Outra aplicação do mapeamento
genético é na medicina forense, para identificar suspeitos utilizando amostras de material
genético encontradas em cenas de crimes.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. DEFINIÇÃO DE TERMOS E CONCEITOS

Exames:

DNA:

Exames do DNA:

3. DNA

O Ácido Desoxirribonucleico (DNA) é encontrado em todos os organismos existentes,


podendo ser localizado no interior do núcleo dos eucariontes, ou no próprio citoplasma dos
procariontes.

Estruturalmente, o DNA é constituído por duas longas cadeias polinucleotídicas formadas a


partir de monômeros chamados nucleotídeos. Os nucleotídeos são formados através da
ligação entre um íon fosfato, o açúcar desoxirribose e uma base nitrogenada que pode ser
timina, guanina, adenina e citosina. As bases nitrogenadas se pareiam através de ligações de
hidrogênio de forma altamente específica, a adenina se pareia com a timina e a guanina
com a citosina, formando a estrutura tridimensional conhecida como DNA: uma escada em
espiral ou uma dupla hélice

A estrutura do DNA é altamente conservada entre os organismos, inclusive com longos


trechos idênticos. Essa conservação da molécula está relacionada à sua função, que é a de
armazenar informações genéticas.

O DNA é como um manual contendo todas as características de um indivíduo. Essas


características são determinadas através da sequência de bases nitrogenadas contidas em
uma fita. Nos trechos de DNA, as informações contidas em trechos, chamados de genes,
são reescritas na forma de RNA, através do processo de Transcrição. Após a síntese de
RNA, o mesmo leva a informação aos ribossomos, para a síntese protéica pelo processo de
tradução.

Além de armazenar as informações genéticas, o DNA também é responsável por transmitir


essa informação genética para os descendentes. Em reproduções sexuadas, os gametas
(células reprodutoras) levam parte do código genético na forma de DNA, o qual, após a
fecundação, forma o DNA completo do descendente, que passa a se desenvolver. Metade
do DNA de um ser humano é de origem paterna, enquanto a outra metade é herdada da
mãe. É devido a essa herança de trechos de DNA que é possível determinar a paternidade
de indivíduos.

Dentro da molécula de DNA dos mamíferos, existem pequenas sequências chamadas de


VNTR (Variable Number of Tandem Repeats: repetições de sequências de números
variáveis) e cada pessoa tem um padrão específico de repetição dessas unidades, que é
herdado dos pais. Portanto, um dos métodos de identificação do parentesco entre duas ou
mais pessoas é analisar esse padrão repetitivo herdado através de sondas capazes de
detectar essas sequências.

O uso das VNTR diminuiu o tempo de espera para o resultado do exame, já que diminuiu a
quantidade de DNA para ser analisado. Atualmente, não é preciso analisar todo o genoma
dos indivíduos que serão submetidos ao mapeamento genético, mas apenas as regiões
VNTR.
3.1. ETAPAS DO EXAME DO DNA

O processo experimental é chamado de DNA fingerprint. A primeira etapa do exame de


DNA consiste na coleta das amostras de todos os indivíduos relacionados. No caso, de um
exame de paternidade, é preciso coletar não só amostras de material genético do(s)
suposto(s) pai(s) e do(s) filho(s), como também da mãe, já que metade do material genético
do filho é herdado da mãe.
A amostra pode ser sangue, pêlos e fios de cabelo contendo raiz, pedaços de pele, esperma
e todo e qualquer material que contenha células dos indivíduos. Atualmente o método mais
utilizado é o esfregaço da mucosa bucal com uma haste flexível para coletar células da
boca.
Uma vez coletadas as amostras, elas passam por processos de extração e purificação do
DNA, a fim de que, ao final dos processos, apenas o DNA dos indivíduos possa ser
submetido às demais etapas.
Após a purificação, o DNA de cada indivíduo é colocado, separadamente, em contato com
enzimas de restrição muito utilizadas na Engenharia Genética. Essas enzimas possuem a
capacidade de clivar (quebrar) a molécula de DNA ao encontrar sequências específicas de
pares de base, formando, assim, um conjunto de moléculas de DNA separadas em vários
pedaços de tamanhos variados.
É muito importante que seja usada a mesma classe de enzimas de restrição em cada amostra
de DNA dos indivíduos. Como metade do material genético é herdado do pai e metade é
herdado da mãe, espera-se que o padrão de fragmentos encontrado na amostra do(s)
suposto(s) filho(s) seja similar aos fragmentos encontrados na amostra de DNA materno e
do(s) suposto(s) pai(s).
Uma vez que o DNA de todos os indivíduos esteja fragmentado, as amostras são
submetidas a um processo de separação chamado eletroforese. A eletroforese faz com que
moléculas carregadas migrem de um pólo a outro dentro um gel de eletroforese quando
submetidas a uma corrente elétrica. Ao longo dessa migração, ou "corrida eletroforética",
as moléculas menores de DNA tendem a "correr" mais rapidamente para o polo oposto,
enquanto as moléculas maiores, devido a dificuldade em se movimentarem com o pulso
elétrico, acabam não correndo tão rapidamente.
Ao final da corrida, as moléculas menores tendem a se localizar na região mais baixa do
gel, enquanto as moléculas maiores tendem a se concentrar na região inicial da corrida,
localizada na parte superior do gel. As concentrações dessas moléculas formam bandas ao
longo do gel que, ao ser corado com corantes específicos e submetido à luz UV, pode ser
analisado.
3.2. INTERPRETAÇÃO DO EXAME DE DNA

Sabendo que o padrão observado na coluna do DNA do(s) suposto(s) filho(s) deve ser
encontrado do DNA materno e/ou na coluna do DNA do(s) suposto(s) pai(s), os cientistas
analisam banda por banda do gel encontrado.
A banda que não for similar entre a mãe e o filho (a mãe possui uma banda e o filho não ou
o filho possui uma banda e a mãe não) é, então, comparada entre o filho e o suposto pai. Se
as bandas forem semelhantes, isto é, se os indivíduos possuírem o mesmo padrão (ausência
ou presença de banda), significa que o DNA é complementar e, portanto, apresenta um grau
de parentesco.
As faixas observadas são únicas para cada pessoa e são geradas a partir união do DNA
materno presente no óvulo e do DNA paterno presente no espermatozóide no momento da
fecundação, por isso, esse processo também é conhecido como impressão digital genética.

3.3. FATORES QUE PODEM INTERFERIR NO RESULTADO DO TESTE


DE DNA

Caso algum dos indivíduos já tenha feito transfusão de sangue, isso deve ser avisado no
laboratório;
Erros na manipulação da amostra podem acusar falso-negativos (quando o resultado do
teste é negativo, mas deveria ser positivo);
Outro motivo para falso-negativos é a incidência de mutação, mas é um fato muito raro de
ocorrer;
Um resultado falso-positivo (quando o resultado deu positivo, mas não deveria) ocorre
apenas por erros na interpretação ou uso de técnica inadequada, usando poucos marcadores
genéticos.
No caso de gêmeos univitelinos, quando o DNA de ambos os irmãos é idêntico, o
procedimento para conseguir diferenciar um DNA do outro é mais complexo e demorado.
Praticamente todo o genoma precisa ser analisado de ambos os irmãos a fim de buscar
mutações que possam ser semelhantes a da amostra comparada. Enquanto o processo de
DNA fingerprint leva aproximadamente 24 horas para dar o resultado, no caso de gêmeos
univitelinos, o processo pode demorar até 30 dias.
3.4. PARA QUE SERVE O TESTE DE DNA

O exame de DNA pode identificar possíveis alterações no DNA da pessoa, podendo indicar
a probabilidade do desenvolvimento de doenças e a chance de ser transmitida para as
futuras gerações, além de ser útil para saber suas origens e seus ancestrais. Assim, algumas
doenças que o teste de DNA pode identificar são:

 Vários tipos de câncer;

 Doenças cardíacas;

 Alzheimer;

 Diabetes tipo 1 e tipo 2;

 Síndrome das pernas inquietas;

 Intolerância à lactose;

 Mal de Parkinson;

 Lúpus.

Além de ser utilizado na investigação de doenças, o exame de DNA também pode ser
utilizado no aconselhamento genético, que é um processo de quem como objetivo
identificar alterações no DNA que possam ser transmitidas para a futura geração e a
probabilidade dessas alterações resultarem em doença.
3.5. COMO É FEITO

O teste de DNA pode ser feito a partir de qualquer amostra biológica, como sangue, fios de
cabelo, esperma ou saliva, por exemplo. No caso do teste de DNA realizado com sangue, é
necessária que a coleta seja realizada em um laboratório de confiança e a amostra seja
enviada para a análise.

No entanto, existem alguns kits para coleta domiciliar que podem ser adquiridos pela
internet ou em alguns laboratórios. Nesse caso, a pessoa deve esfregar o cotonete contido
no kit na parte interna das bochechas ou cuspindo dentro de um recipiente próprio e enviar
ou levar a amostra para o laboratório.

No laboratório, são realizadas análises moleculares para que possa ser analisada toda a
estrutura do DNA humano e, assim, verificar possíveis alterações ou compatibilidade entre
as amostras, no caso da paternidade, por exemplo.
ALVES-SILVA, J. et al. The ancestry of Brazilian mtDNA lineages. Am J Hum
Genet Brasil - Primeira configuração espacial. Brasília - DF: Mapas Editora e Consultoria,
2000

ARCTANDER, P. Mitochondrial recombination? Science [S.I.], v. 284, p. 2090-2091,


1999.

ATKINSON, Q. D. et al. mtDNA variation predicts population size in humans and reveals
a major Southern Asian chapter in human prehistory. Mol Biol Evol [S.I.], v. 25, n. 2,
p.468-74, Feb 2008.

BARBOSA, A. B. G. et al. Mitochondrial DNA control region polymorphism in the


population of Alagoas State, North-Eastern Brazil. Journal of Forensic Science [S.I.], v. 53,
n. 1, p. 142-146, 2008.

BONATTO, S. L.; SALZANO, F. M. Diversity and age of the four major mtDNA
haplogroups, and their implications for the peopling of the New World. Am J Hum
Genet [S.I.], v. 61, n. 6, p. 1413-23, Dec 1997a.

BRANDÃO-FERREIRA, L. Diversidade do DNA mitochondrial de populações


brasileiras ameríndias e afrodescendentes. (2006). PhD - Tese de Doutorado,
FMRPUSP, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, Brasil, 2006.

CALLEGARI-JACQUES, S. M. et al. The Wai Wai Indians of South America: history and
genetics. Ann Hum Biol [S.I.], v. 23, n. 3, p. 189-201, May-Jun 1996.

DRUZHYNA, N. M. et al. Mitochondrial DNA repair in aging and disease. Mech


Ageing Dev [S.I.], v. 129, n. 7-8, p. 383-90, Jul-Aug 2008.

EYRE-WALKER, A. et al. How clonal are human mitochondria? Proceedings of the


Royal Society B: Biological Sciences [S.I.], v. 266, p. 477-483, 1999.

Você também pode gostar