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de que os
pacientes com danos cerebrais muito raramente conseguem a recuperação total; nossa
incapacidade
de observar as atividades microscópicas do cérebro vivo ; e a ideia — que remonta
aos primórdiosda ciência moderna — de que o cérebro é semelhante a uma máquina
magnífica. E embora façam
muitas coisas extraordinárias, as máquinas não mudam nem se desenvolvem.
Todas
essas disciplinas terão de aceitar o fato de que o cérebro se transforma, que a
arquitetura cerebral
difere de uma pessoa para outra e se altera no decorrer da vida de cada indivíduo.
William Harvey (1578-1657), que estudou anatomia emPádua, na Itália, onde Galileu
dava aulas, descobriu como nosso sangue circula pelo corpo e
demonstrou que o coração funciona como uma bomba, claramente uma máquina simples.
Logo
muitos cientistas passaram a crer que uma explicação, para ser científica, tinha de
ser mecanicista —
isto é, sujeita às leis mecânicas do movimento.
para
que se recuperassem, os pacientes precisavam ser motivados como seu pai o fora, com
exercícios
que se aproximassem bastante de atividades da vida real
Qualquer dúvida razoável de que os sentidos possam ser reconstruídos foi calada por
um dos
experimentos de plasticidade mais admiráveis de nossa época.
A importância de Paul Bach-y-Rita está no fato de ele ter sido o primeiro de sua
geração de
neurocientistas a entender que o cérebro é plástico e, ao mesmo tempo, aplicar
concretamente esse
conhecimento para atenuar o sofrimento humano. Implícita em todo o seu trabalho
está a ideia de
que todos nascemos com um cérebro mais adaptável, multifuncional e oportunista do
que
pensávamos.
Todos nós temos algumas funções cerebrais mais fracas, e as técnicas baseadas na
neuroplasticidade têm um grande potencial para nos ajudar. Nossos pontos fracos
podem ter um
efeito profundo em nosso sucesso profissional, uma vez que muitas carreiras exigem
o uso de
múltiplas funções cerebrais.
quando
tocava certas partes do cérebro, suscitava lembranças de infância há muito perdidas
ou cenários
oníricos — o que implicava que as atividades mentais superiores também eram
mapeadas no
cérebro.
costuraram a pálpebra de um filhote durante esse período crítico, para que o olho
não
recebesse estímulo visual. Quando abriram o olho costurado, descobriram que as
áreas visuais no
mapa do cérebro, que normalmente processariam o input do olho fechado não tinham se
desenvolvido, deixando o gatinho cego daquele olho pelo resto da vida. Claramente,
durante o
período crítico, o cérebro de filhotes de gato era plástico: sua estrutura
literalmente se formava por
meio da experiência.
O desenvolvimento da linguagem,
por exemplo, tem um período crítico que começa na infância e termina entre os 8
anos e a
puberdade. Encerrado esse período, a capacidade de uma pessoa de aprender uma
segunda língua
sem sotaque é limitada. Na realidade, outras línguas aprendidas depois do período
crítico não são
processadas na mesma parte do cérebro que processa a língua materna.
A questão para Merzenich era: como essa ordem topográfica surge no mapa cerebral?
28 A
resposta a que ele e sua equipe chegaram foi engenhosa. Uma ordem topográfica surge
porque
muitas de nossas atividades diárias envolvem sequências repetidas numa ordem fixa.
29 Quando
pegamos um objeto do tamanho de uma maçã ou de uma bola de beisebol, normalmente
oseguramos primeiro com nosso polegar e nosso indicador, depois passamos os outros
dedos em
volta dele, um por um. Como o polegar e o indicador em geral tocam o objeto quase
ao mesmo
tempo, mandando seus sinais para o cérebro quase simultaneamente, o mapa do polegar
e do
indicador tendem a se formar próximos no cérebro