Você está na página 1de 70

SUMÁRIO

Objectivos .......................................................................................................................... 11
Sumário .............................................................................................................................. 11
Resumo .............................................................................................................................. 11
Bibliografia ......................................................................................................................... 11
TIPIFICAÇÃO SANGUÍNEA ............................................................................................................... 12
Objectivos .......................................................................................................................... 12
Introdução .......................................................................................................................... 12
Requisitos .......................................................................................................................... 15
Procedimento ..................................................................................................................... 15
Interpretação ...................................................................................................................... 15
Questionário ....................................................................................................................... 16
Bibliografia ......................................................................................................................... 16
REGISTO DE ECG ............................................................................................................................... 17
Objectivos .......................................................................................................................... 17
Introdução .......................................................................................................................... 17
Requisitos .......................................................................................................................... 19
Procedimento ..................................................................................................................... 19
Questionário ....................................................................................................................... 19
Bibliografia ......................................................................................................................... 20
INTERPRETAÇÃO DO ECG .............................................................................................................. 21
Objectivos .......................................................................................................................... 21
Introdução .......................................................................................................................... 21
Requisitos .......................................................................................................................... 22
Interpretação ...................................................................................................................... 22
Questionário ....................................................................................................................... 27
Bibliografia ......................................................................................................................... 27
PULSO ARTERIAL E AUSCULTAÇÃO CARDÍACA .................................................................... 28
Objectivos .......................................................................................................................... 28
Introdução .......................................................................................................................... 28
Requisitos .......................................................................................................................... 31
Procedimento ..................................................................................................................... 32
Experiência 1 – Avaliação do Pulso Arterial Periférico .................................................... 32
Experiência 2 – Auscultação Cardíaca .................................................................................. 32

8
Questionário ................................................................................................................................... 34
Bibliografia ...................................................................................................................................... 34
MEDIÇÃO CLÍNICA DA PRESSÃO ARTERIAL ............................................................................. 35
Objectivos .......................................................................................................................... 35
Introdução .......................................................................................................................... 35
Medição Indirecta da Pressão Arterial ................................................................................ 36
Recomendações .......................................................................................................................... 37
Método de Medição Indirecta ................................................................................................... 39
Erros na Medição ........................................................................................................................ 40
Requisitos .......................................................................................................................... 40
Procedimento ..................................................................................................................... 41
Método Palpatório (de Riva–Rocci) ........................................................................................ 41
Método Auscultatório (de Korotkoff) ..................................................................................... 41
Interpretação ...................................................................................................................... 42
Questionário ....................................................................................................................... 43
Bibliografia ......................................................................................................................... 43
Anexo ................................................................................................................................. 44
AUSCULTAÇÃO PULMONAR E OXIMETRIA DE PULSO .......................................................... 45
Objectivos .......................................................................................................................... 45
Introdução .......................................................................................................................... 45
Experiências ....................................................................................................................... 47
Auscultação Pulmonar ..................................................................................................... 47
Requisitos ....................................................................................................................................... 47
Procedimento ................................................................................................................................. 47
Interpretação .................................................................................................................................. 48
Oximetria de Pulso ........................................................................................................... 48
Requisitos ....................................................................................................................................... 49
Procedimento ................................................................................................................................. 49
Interpretação .................................................................................................................................. 50
Questionário ....................................................................................................................... 50
Bibliografia ......................................................................................................................... 50
ESPIROMETRIA ................................................................................................................................... 51
Objectivos .......................................................................................................................... 51
Experiências ....................................................................................................................... 54

9
1. Espirometria Básica (Capacidade Vital Lenta) ........................................................ 54
2. Capacidade Vital Forçada ......................................................................................... 55
Questionário ....................................................................................................................... 57
Bibliografia ......................................................................................................................... 57
MOTILIDADE E SECREÇÃO NO TUBO DIGESTIVO ................................................................... 58
Objectivos .......................................................................................................................... 58
Sumário .............................................................................................................................. 58
Resumo .............................................................................................................................. 59
Bibliografia ......................................................................................................................... 59
DIGESTÃO E ABSORÇÃO NO TUBO DIGESTIVO ...................................................................... 60
Objectivos .......................................................................................................................... 60
Sumário .............................................................................................................................. 60
Resumo .............................................................................................................................. 60
Bibliografia ......................................................................................................................... 60
CLEARANCE RENAL.......................................................................................................................... 61
Objectivos .......................................................................................................................... 61
Introdução .......................................................................................................................... 61
Exercícios ........................................................................................................................... 65
Exercícios sobre o Fluxo Sanguíneo Renal e a Taxa de Filtração Glomerular................... 65
Exercícios sobre o Clearance Renal .......................................................................................... 68
Bibliografia ......................................................................................................................... 69
REGULAÇÃO RENAL DE SÓDIO, POTÁSSIO E CÁLCIO ......................................................... 70
Objectivos .......................................................................................................................... 70
Sumário .............................................................................................................................. 70
Resumo .............................................................................................................................. 71
Bibliografia ......................................................................................................................... 71
FISIOLOGIA DO ESFORÇO E TEMPERATURA ........................................................................... 72
Objectivos .......................................................................................................................... 72
Introdução .......................................................................................................................... 72
Requisitos .......................................................................................................................... 73
Procedimento ..................................................................................................................... 73
Interpretação ...................................................................................................................... 74
Questionário ....................................................................................................................... 75
Bibliografia ......................................................................................................................... 75

10
IMUNIDADE ADQUIRIDA
Objectivos
Que os estudantes sejam capazes de:

Geral
1. Explicar os mecanismos de gênese, activação e acção dos componentes da
imunidade adquirida.
Específicos
1. Descrever os mecanismos de gênese e activação da imunidade humoral.
2. Explicar os mecanismos de acção dos anticorpos.
3. Descrever os mecanismos de gênese e activação da imunidade celular.
4. Explicar os mecanismos de acção dos linfócitos T.
5. Descrever os tipos de imunização e de vacinas.
6. Explicar o processo de tolerância imunológica.

Sumário
1. Imunidade adquirida
1.1. Definição
1.2. Tipos
2. Imunidade Humoral
2.1. Componentes
2.2. Gênese
2.3. Activação
2.4. Mecanismo de acção dos anticorpos
3. Imunidade Celular
3.1. Componentes
3.2. Gênese
3.3. Activação
3.4. Mecanismo de acção dos linfócitos T
4. Imunização
5. Tolerância Imunológica

Resumo
A Imunidade Adquirida é um mecanismo de defesa específico do corpo humano ante
a invasão de um agente infecioso, sendo caracterizada pela mediação de linfócitos B
e T após a exposição a um antigénio específico, e pela formação da memória
imunológica. Pode resultar da exposição prévia a um agente infeccioso ou seus
elementos, por uma infecção ou uma vacina (Imunidade Activa), ou da transferência
de anticorpos ou linfócitos de um doador imune à um receptor não-imune (Imunidade
Passiva).

Bibliografia
1. Hall JE; Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica; 12ª Edição; Elsevier; RJ; 2011

11
TIPIFICAÇÃO SANGUÍNEA

Objectivos
Que no final da aula, os estudantes sejam capazes de:

Geral
1. Identificar o tipo sanguíneo de um indivíduo mediante a reacção de aglutinação
antígeno-anticorpo.

Específicos
1. Definir grupo sanguíneo.
2. Definir aglutinogénio e aglutinina.
3. Descrever os tipos de sangue segundo os sistemas A-B-O e Rh.
4. Descrever a origem e a localização dos aglutinogénios e das aglutininas.
5. Explicar o papel e a técnica da tipificação sanguínea
6. Realizar a técnica de tipificação sanguínea.
7. Interpretar os resultados de uma tipificação sanguínea.
8. Explicar a fisiopatologia de uma reacção transfusional.

Introdução
Toda reacção imunológica (específica) é desencadeada pela exposição a um
determinado antígeno.

Cada tecido do organismo apresenta uma constituição antigénica que é específica do


referido tecido e do próprio indivíduo. Os antígenos funcionam como marcadores que
identificam as diferentes células e tecidos, sendo a sua constituição herdada
geneticamente.

Por este motivo não se podem fazer transferências de tecidos ou orgãos de um


indivíduo para outro, sem que se façam testes prévios de compatibilidade. A não
realização dos mesmos tem a probabilidade de desencadear respostas imunes com
consequente rejeição do tecido

O sangue é um tipo de tecido conjuntivo especial, constituído por células e plasma, e


que apresenta propriedades imunológicas singulares. Do ponto de vista imunológico,
está constituído por antígenos da superfície das hemácias (aglutinogénios) e por
anticorpos do plasma (aglutininas).

A Tipificação Sanguínea corresponde a determinação pré-transfusional do tipo


sanguíneo do receptor e do dador, mediante a reacção antígeno-anticorpo. Ela é útil
para se determinar a compatibilidade entre os sangues, evitando as típicas reacções
transfusionais, sendo também um importante instrumento de medicina legal.

12
Do ponto de vista laboratorial, define-se Grupo Sanguíneo, ao conjunto de todos os
sangues que não aglutinam entre si e que possuem em relação aos restantes sangues,
as mesmas propriedades aglutinantes.1

Aglutinogénios

Os aglutinogénios são moléculas (glicoproteínas ou glicolípidos) encontradas na


superfície das hemácias e nos líquidos corporais, que se comportam como antígenos.
No sangue existem diversos tipos de antígenos (A, B, D, C, c, E, e, Kell, Duffy, Lewis,
etc); todavia os que têm uma capacidade de desencadear frequentemente reacções
transfusionais são os dos sistemas de antígenos ABO e Rh.

Sistema A-B-O

No sistema A-B-O encontram-se os antígenos do tipo A e do tipo B, e estes ocorrem


numa grande proporção dos seres humanos. Dependendo da herança genética, os
indivíduos podem exprimir ou não estes antígenos, sendo estas substâncias, as
responsáveis pela aglutinação das hemácias e pela definição dos grupos sanguíneos.2

Existem quatro tipos de sangue no sistema A-B-O dependentes da presença ou da


ausência dos aglutinogénios referidos:

 O sangue do tipo O não apresenta aglutinogénios A nem B;


 O sangue do tipo A apresenta o aglutinogénio A;
 O sangue do tipo B apresenta o aglutinogénio B;
 O sangue do tipo AB apresenta ambos aglutinogénios A e B. 2

Sistema Rh

No sistema Rh, existem seis tipos de antígenos ou factores Rh, designados por C, c,
D, d, E e e. Cada pessoa desenvolve apenas um dos factores dos 3 pares de antígenos,
sendo o antígeno D, o mais antigénico. O indivíduo que apresenta o antígeno D é
considerado Rh+ (positivo) e o que não apresenta, Rh- (negativo). 2

Aglutininas

As aglutininas são gama globulinas plasmáticas (anticorpos) produzidas pelos


plasmócitos da medula óssea e do tecido linfóide. Na sua maioria são moléculas de
imunoglobulinas IgG e IgM.

Indivíduos do tipo sanguíneo A ou O possuem aglutininas anti-B no plasma;

Indivíduos do tipo sanguíneo B ou O possuem aglutininas anti-A no plasma.

Indivíduos do tipo sanguíneo AB não possuem aglutininas no plasma. 2

13
Aglutinogénios e Aglutininas dos Grupos
Sanguíneos do Sistema A-B-O
Aglutinogénios Aglutininas
Grupo Sanguíneo
O ----- Anti-A e Anti-B
A A Anti-B
B B Anti-A
AB A+B -----
Fonte: Guyton & Hall; Tratado de Fisiologia Médica; 12ª edição

Aloimunização

É o processo de produção de anticorpos (aloanticorpos) contra antígenos sanguíneos


de um outro indivíduo. O estímulo para a produção de anticorpos no sistema A-B-O
não está claro, porém sabe-se que é secundário a exposição natural à substâncias que
mimetizam os antígenos A e B e que podem ser encontrados nos alimentos e nas
bactérias intestinais. No sistema Rh, as aglutininas anti-D são sempre secundárias a
exposição ao antígeno D, através de uma transfusão de sangue Rh + ou no caso de
mães Rh- que gestam filhos Rh+ (caso em que os anticorpos maternos, Ig G, podem
atravessar a barreira placentária e aglutinar os eritrócitos fetais). 2

Aglutinação

A aglutinação é um processo imunológico caracterizado pela agregação das hemácias,


resultante da reacção antígeno-anticorpo, aquando da mistura de dois sangues
incompatíveis. Para que ela ocorra, é necessário que pelo menos um deles tenha
anticorpos plasmáticos (aglutininas), acima de determinada concentração, que reagem
especificamente com antígenos (aglutinogénios) da membrana dos eritrócitos do outro
sangue; se acontecer “in vivo”, esses aglutinados de eritrócitos não podem atravessar
os capilares e acabam por ser destruídos pelas células fagocitárias ou pelos anticorpos,
com a intervenção do sistema de complemento (hemólise intravascular).2

Reacção Transfusional

É um distúrbio imunológico pós-transfusional caracterizado pela hemólise do sangue


do dador, resultante da incompatibilidade entre os sangues do dador e do receptor. Ela
pode ocorrer no sistema:

1. A-B-O – em que a reacção é imediata e acentuada logo na 1ª exposição.

2. Rh – em que a reacção é inicialmente retardada e moderada, e após a sensibilização


ou imunização, passa a ser imediata e acentuada. 2

14
Requisitos
 Observador e sujeito de experiência
 Campo estéril
 Luvas estéreis
 Marcador
 Lâminas de vidro
 Varetas de vidro
 Soros de prova (anti-AB, anti-A, anti-B e anti-D)
 Algodão
 Álcool a 96º
 Lanceta estéril

Procedimento
1) Lavar as mãos (observador e sujeito de experiência);
2) Calçar as luvas (observador);
3) Com o marcador, identificar as lâminas designando-as de Anti-AB, Anti-A, Anti-B e
Anti-D;
4) Colocar uma gota de cada soro na respectiva lâmina;
5) Com algodão embebido em álcool, desinfectar cuidadosamente a polpa do dedo
anelar do sujeito de experiência
6) Com a lanceta, puncionar a polpa do dedo até que saia sangue;
7) Pressionar a extremidade da polpa e colocar uma a duas gotas de sangue em cada
lâmina;
8) Com a vareta de vidro, misturar o sangue com o soro
9) Passados alguns minutos observar as lâminas para constatar se houve ou não
aglutinação; geralmente a aglutinação com o soro anti-D é mais difícil de observar
(aglutinados de menores dimensões) e demora mais tempo (cinco ou mais minutos).

Interpretação
A tipificação sanguínea visa a identificação do tipo de aglutinogénio das hemácias, e
com isto o tipo sanguíneo, mediante a reacção com as aglutininas dos soros. A
aglutinação das hemácias é sinal de reacção positiva (+) e a sua ausência, de reacção
negativa (-).

Para o sistema A-B-O, observar a reacção com os soros anti-AB, anti-A e anti-B.

 O sangue do tipo O não tem aglutinogénios, logo não reage com os soros;
 O sangue do tipo A tem aglutinogénio A, logo reage com o soro anti-AB e anti-A;
 O sangue do tipo B tem aglutinogénio B, logo reage com o soro anti-AB e anti-B;
 O sangue do tipo AB tem aglutinogénios A e B, logo reage com todos soros.1

15
Resultados da Tipificação Sanguínea
Grupo
Soros
Sanguíneo
Anti-AB Anti-A Anti-B
O - - -
A + + -
B + - +
AB + + +
Para o sistema Rh, a reacção positiva (+) com o soro Anti-D determina o grupo Rh+.

Preencher a tabela abaixo indicando se houve ou não aglutinação e o respectivo grupo


sanguíneo.

Soros
Experiência Anti-AB Anti-A Anti_B Anti-D Grupo Sanguíneo
1
2

Discutir sobre os possíveis dadores e receptores dos sujeitos de experiência.

Questionário
1. Defina grupo sanguíneo.
2. Defina e classifique aglutinogénio e aglutinina.
3. Explique a origem dos aglutinogénios e aglutininas do sangue.
4. Diga os tipos sanguíneos do sistema ABO e Rh.
5. Defina transfusão sanguínea e descreva a sua importância.
6. Explique a importância da tipificação sanguínea.
7. Descreva o dador e receptor universal. Justifique.
8. Explique a fisiopatologia da reacção transfusional.
9. Explique a fisiopatologia da eritroblastose fetal.

Bibliografia
1. Fresta M et al; Textos de Apoio: Guia Teórico-Prático de Fisiologia; 1986
2. Hall JE; Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica; 12ª Edição; Elsevier; RJ; 2011
3. Fauci A et al; Harrison´s Principles of Internal Medicine; 18ª Edição; McGraw Hill; 2008

16
REGISTO DE ECG

Objectivos
Que no final da aula, os estudantes sejam capazes de:
Geral

1. Descrever a técnica de registo do ECG convencional.

Específicos

1. Definir electrocardiograma.
2. Mencionar a importância fisiológica e clínica do ECG.
3. Definir derivação electrocardiográfica.
4. Descrever os eléctrodos referentes a cada uma das derivações do ECG padrão.
5. Identificar as áreas onde os eléctrodos devem ser colocados.

Introdução
O Electrocardiograma (ECG) é o registo gráfico das forças eléctricas geradas pelo
coração, detectadas e captadas pelos eléctrodos e registados por um galvanómetro. A
história do ECG, remonta de 1902 quando Willem Einthoven registou uma corrente
eléctrica do coração utilizando um galvanómetro. Desde então, a electrocardiografia
avançou em muitas direcções.
O ECG é frequentemente usado para diagnosticar o aumento das câmaras, anomalias
de condução (bloqueio cardíaco), arritmias, enfarte do miocárdio, efeitos
farmacológicos, alterações electrolíticas e muitas outras anomalias.
Outras aplicações da tecnologia electrocardiográfica mais avançada incluem a prova
de esforço para o diagnóstico de doença das artérias coronárias, a monitorização de
telemetria/Holter e o estudo electrofisiológico para o diagnóstico e tratamento de
arritmias.
O ECG convencional de doze derivações regista a actividade eléctrica do coração a
partir de doze pontos diferentes. Cada derivação fornece uma imagem única dos
impulsos eléctricos transmitidos do coração para a superfície do corpo. Uma derivação
electrocardiográfica, corresponde ao circuito formado entre dois eléctrodos e seus fios,
ligados ao electrocardiográfo.

Das doze derivações do ECG convencional, três são bipolares e os seus eléctrodos se
localizam nos membros (DI, DII, DIII). Elas medem a diferença de potencial entre um
eléctrodo positivo e um eléctrodo negativo.
As nove derivações restantes, são consideradas unipolares, sendo três destas, dos
membros ou periféricas (aVR, aVL e aVF – Fig 1) e as outras seis, do tórax ou pré-
cordiais (V1, V2, V3,V 4,V 5 e V 6 – Fig 2). As derivações unipolares medem a diferença de
potencial entre um eléctrodo indiferente (potencial zero) e um eléctrodo explorador
(positivo).

17
As derivações têm os seus eléctrodos localizados nas seguintes áreas:

DI – braço esquerdo (+) e o braço direito (-)


DII – perna esquerda (+) e o braço direito (-)
DIII – perna esquerda (+) e o braço esquerdo (-)
aVR – braço direito
aVL – braço esquerdo
aVF – perna esquerda
V1 – 4º espaço intercostal, bordo direito do esterno;
V2 – 4º espaço intercostal, bordo esquerdo de esterno;
V3 – Entre V2 e V 4, na diagonal;
V 4 – 5º espaço intercostal esquerdo, linha média clavicular;
V 5 – 5º espaço intercostal esquerdo, linha axilar anterior;
V 6 – 5º espaço intercostal esquerdo, linha média axilar

Fig. 1 – Eléctrodos dos membros

18
Fig 2 – Eléctrodos precordiais

Requisitos
 Electrocardiógrafo
 Eléctrodos
 Gel e álcool
 Marquesa
 Experimentador e sujeito de experiência

Procedimento
1. O sujeito deve retirar a roupa que cobre o tronco, deitar-se na marquesa e o
experimentador deve fazer a limpeza da área precordial com álcool.
2. O experimentador deve colocar os eléctrodos de acordo as figuras 1 e 2.
3. O experimentador deve fazer a identificação do sujeito no electrocardiógrafo.
4. O experimentador deve iniciar o registo electrocardiográfico.

Questionário
1. Qual é a importância clínica do ECG?
2. Quantos e quais são os eléctrodos usados para o registo electrocardiográfico?
3. «No ECG convencional, as derivações bipolares têm os seus eléctrodos
posicionados nos membros». Comente esta afirmação.
4. O que acontece ao traçado electrocardiográfico se existir troca de cabos, por ex.
entre os eléctrodos do antebraço direito e esquerdo?

19
Bibliografia
1. Biopac Student Laboratory Manual; 2000; pág. 2-17.
2. Fresta M et al; Textos de apoio: Guia teórico-prático de Fisiologia; 1986
3. Hall JE; Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica; 12ª Edição; Elsevier; RJ; 2011 .
4. DeGowin & DeGowin. Exame Clínico. 6ª Edição, Mc Graw-Hill, Portugal, 1999, 357-368.
5. Lopes. J.A. Manual de Exploração (Propedêutica clínica).
6. Report of Committee on Electrocardiography, American Heart Association;
Recommendations for standardization of leads and of specifications for instruments in
electrocardiography and vectorcardiography.Circulation 1967; 35: 583-602.
7. Sociedade Brasileira de Cardiologia, Directriz de interpretação de electrocardiograma de
repouso, Arq. Brás. Cardiol. Volume 80, (suplemento II); 2003.

20
INTERPRETAÇÃO DO ECG

Objectivos
Que no final da aula, os estudantes sejam capazes de:

Geral
1. Interpretar de forma básica um traçado eletrocardiográfico normal.

Específicos
1. Identificar os componentes de um traçado normal.
2. Caracterizar os componentes de um traçado normal.
3. Relacionar cada componente do traçado com o ciclo cardíaco.
4. Descrever as características da calibração padrão e do papel milimétrico utilizado
no registo de ECG.
5. Determinar o ritmo, a frequência cardíaca e o eixo eléctrico médio normal.

Introdução
O electrocardiograma (ECG) é um gráfico obtido a partir de potenciais eléctricos com
origem no coração e que são captados à superfície do corpo. Os potenciais são
captados por eléctrodos metálicos ligados aos membros e à parede torácica e depois
são amplificados e registados pelo electrocardiógrafo.

Deve-se notar que no ECG apenas são registadas diferenças de potencial instantâneas
entre os eléctrodos.

Apesar das suas limitações, o ECG é o exame auxiliar mais usado no diagnóstico de
doenças cardíacas. Isto resulta do facto de ser um exame não invasivo, barato e
versátil.

O ECG pode ser útil para conhecer:


- A orientação anatómica do coração;
- O tamanho relativo das câmaras cardíacas;
- As alterações do ritmo e da condução;
- A extensão, a localização e a progressão de lesões isquémicas do miocárdio;
- Os efeitos de alterações de concentrações de electrólitos
- A influência de determinados fármacos (p. e. os digitálicos).

O traçado electrocardiográfico tem uma representação gráfica, que possibilita distinguir


diferentes configurações morfológicas do ritmo cardíaco.

21
Requisitos

1. Um electrocardiograma normal
2. Régua de ECG

Interpretação
Para se interpretar um ECG, é indispensável que se saiba previamente a morfologia
normal, o significado dos componentes do ECG, e que se cumpra com determinados
princípios.

Figura 1 – ECG Normal.

A. Morfología dos Componentes do ECG Normal

Os componentes de um ECG podem ser classificados em:

 Onda: é uma deflexão de valor positivo (quando apresenta convexidade para cima)
e negativo (quando apresenta convexidade para baixo).
 Segmento: é uma linha isoeléctrica situada entre duas ondas.
 Intervalo: é o conjunto de um segmento e uma ou mais ondas.

No ECG normal se identificam os seguintes componentes:

Onda P: corresponde a despolarização dos átrios; é simétrica e positiva em todas as


derivações excepto em aVR que é negativa; Voltagem (altura) 0,1 a 0,3 mV; Duração
(tempo) 0,08 a 0,11segs.

Segmento PR (PQ): corresponde ao retardo nodal (fim da onda P ao início do complexo


QRS).

22
Intervalo PR ou PQ: corresponde ao tempo necessário para o impulso supraventricular
despolarizar os átrios, sofrer o retardo nodal fisiológico, atravessar o nódulo AV e entrar
no sistema de condução ventricular (vai do inicio da onda P ao inicio do complexo
QRS). Os valores normais variam entre 0,12 a 0,20 segs.

Complexo QRS: corresponde a despolarização ventricular. Este complexo está


constituído por 3 ondas (a onda Q que representa a despolarização do lado esquerdo
do septo interventricular, a onda R que corresponde a despolarização da ponta do
ventrículo esquerdo e a onda S que representa a despolarização da base do ventrículo
esquerdo. A voltagem do complexo QRS é muito variável, sua duração normal varia
entre 0,08 a 0,11 segs.

Segmento ST: representa o início da repolarização ventricular. Os valores normais


estão entre 0,27 a 0,33 segs.

Onda T: representa a repolarização ventricular; é sempre positiva em todas as


derivações excepto em aVR que é negativa; tem uma duração de 0,15 a 0,35 segs.

Intervalo QT: representa a sístole eléctrica ventricular; valores normais entre 0,35 a
0,42 segs.

Intervalo RR: distância entre duas ondas R consecutivas;

Intervalo PP: num ritmo sinusal regular deve ser igual ao intervalo RR.

Onda U: Apresenta-se como uma onda arredondada e de baixa voltagem, não


ultrapassando 0,5 mm nas derivações clássicas; representa a repolarização das fibras
distais de Purkinje; é melhor observada nas derivações precordiais, principalmente em
V5 e V6.

Figura 2 – ECG normal.

23
B. Princípios para Interpretação de um ECG

Deve-se adoptar uma abordagem sistemática quando se observa um traçado.

1. Identificação do exame
2. Padronização e condições técnicas do registo
3. Cálculo da frequência cardíaca
4. Avaliação do Ritmo
5. Cálculo do eixo eléctrico médio do complexo QRS
6. Morfologia e duração da Onda P
7. Intervalo PR (PQ)
8. Morfologia e duração do Complexo QRS
9. Morfologia do segmento ST
10. Morfologia e duração da Onda T
11. Morfologia da onda U
12. Intervalo QT

1. Identificação do exame

Como em qualquer outro exame, é de extrema importância que esteja identificado com
dados relevantes como o nome, idade, sexo, raça, peso, altura, PA, medicação
(digitálicos), informação clínica, data e hora em que o mesmo foi executado.

2. Padronização e condições técnicas do registo

A padronização (calibração) permite que se configure as características do aparelho


segundo critérios pré-estabelecidos, para que o resultado do registo seja o mais fiel
possível, evitando deste modo falsos diagnósticos ou interpretações.

Verificamos se o papel de registo electrocardiográfico é um gráfico milimétrico (em que


linhas verticais e horizontais estão presentes em intervalos de 1 mm). Linhas mais
carregadas estão presentes em intervalos de 5 mm. O tempo é medido ao longo das
linhas horizontais. No ECG de rotina, a velocidade de inscrição é de 25 mm por
segundo, 1 mm = 0,04 segs; 5 mm = 0,2 segs. A amplitude (linhas verticais), 1mm =
0,1mV; 10 mm = 1mV

As condições técnicas influenciam bastante no resultado obtido, obrigando-nos a


avaliar a qualidade do registo. Logo, é necessário ter em conta alguns aspectos para
evitar o aparecimento de artefactos nos registos efectuados:

a) Verificar se os eléctrodos foram colocados correctamente antes do registo.


b) Esteve o sujeito em jejum, repousado, relaxado e sem exposição considerável a
superfícies com temperatura variável, Já que, as refeições podem causar alterações
electrolíticas assim como quaisquer movimentos musculares podem ser visíveis no
ECG alterando o registo e dificultando a sua interpretação.
24
3. Cálculo da frequência cardíaca

Se o ritmo for regular determina-se a frequência cardíaca, dividindo-se 1500 pelo


número de quadrados pequenos de 1mm entre duas ondas R consecutivas (1500/X),
ou pode ser calculada dividindo 300 pelo número de quadrados grandes de 5 mm entre
duas ondas R consecutivas (300/X).

Se o ritmo for irregular, deve-se contar o número de complexos QRS durante um


período de 6 segundos (30 quadrados grandes) e multiplicar por 10.

4. Avaliação do Ritmo

Na avaliação do ritmo, analisamos os intervalos RR, se pouco variarem diz-se que há


ritmicidade. Um ritmo diz-se sinusal se a origem do impulso eléctrico for o nódulo
sinusal. O ritmo sinusal implica a presença de três condições:

a) Onda P com morfologia constante


b) Intervalo P-P e R-R iguais e regulares
c) Frequência auricular e ventricular idêntica, entre 60 e 100 bpm

5. Cálculo do eixo eléctrico médio do complexo QRS

O eixo eléctrico pode ser definido por um vector com origem no centro do triângulo de
Einthoven. Embora o termo eixo eléctrico possa ser usado relativamente a qualquer
um dos principais componentes do ECG (ondas P, T e complexo QRS), é geralmente
aplicado apenas ao complexo QRS.

O vector médio do QRS no plano frontal, ou eixo eléctrico médio do complexo QRS,
pode ser calculado a partir das derivações dos membros DI, DII, DIII, aVF, aVR e aVL,
usando o sistema de referência triaxial derivado do triângulo de Einthoven.

A regra geral para encontrar a direcção de qualquer vector é decidir qual a derivação
dos membros que apresenta uma deflexão maior ou menor. O vector é paralelo ao eixo
da derivação com maior deflexão ou perpendicular à derivação de menor deflexão. Se
a menor deflexão for exactamente isofásica, então o vector é exactamente
perpendicular à derivação.

A orientação ou sentido do vector médio pode ser determinada examinando a


perpendicular ao complexo isofásico. Consoante seja negativo ou positivo, o eixo
apontará no sentido correspondente.

Uma forma fácil de calcular o eixo eléctrico médio é através do Método de Quadrante.
É um método simples e rápido mas impreciso. Ele coloca o eixo num certo quadrante,
mediante o uso de duas derivações: DI e aVF.

25
Figura 3 – Método de Quadrante

Outra forma de se determinar o eixo eléctrico é pelo Método de Duas Derivações (por
ex. DI e aVF ou DII e aVL), pela soma algébrica das deflexões de QRS.

Fig 4 – Método de Duas Derivações

Os valores do eixo eléctrico médio, em indivíduos adultos, variam entre -30º e +110º.
Valores entre -30º e -90º (DI positivo e DII negativo) correspondem a Desvio Esquerdo
do Eixo. Valores entre +110º e + 180ºcorrespondem a Desvio Direito do Eixo .
Valores entre -900 e + 1800 ( DI e DII negativos) Desvio Extremo do Eixo.

26
Figura 5 – Eixo Elétrico Médio. Figura 6 – Roda dos Eixos

Questionário
1. Quais são os componentes do electrocardiograma normal?
2. O que representam as ondas P, Ta, T, U e complexo QRS no electrocardiograma
normal.
3. Relacione cada componente do ECG com o ciclo cardíaco.
4. Como se determina o ritmo cardiaco, frequência cardíaca e o eixo eléctrico médio
no ECG?

Bibliografia
1. Biopac Student Laboratory Manual; 2000.pág 2-17.
2. Fresta M et al; Textos de Apoio: Guia Teórico-Prático de Fisiologia; 1986
3. Hall JE; Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica. 12ª Edição;. RJ: Elsevier; 2011.
4. DeGowin. Exame Clínico. 6ª Edição, McGraw-Hill; Portugal, 1999, 357-368.
5. Lopes. J.A; Manual de Exploração – Propedêutica clínica;
6. Report of Committee on Electrocardiography, American Heart Association.
Recommendations for standardization of leads and of specifications for instruments in
electrocardiography and vectorcardiography.Circulation 1967; 35: 583-602
7. Sociedade Brasileira de Cardiologia, Directriz de interpretação de electrocardiograma de
repouso, Arq. Brás. Cardiol. Volume 80, (suplemento II), 2003 Versão eletrônica
8. Diagnostico de las enfermidades cardiacas, http://www.aibargentina.com.ar/ acedido a 03
de Agosto de 2009
9. Electrocardiografia.es, http://www.electrocardiografia.es/info_clinica.html acedido a 03 de
Agosto de 2009
10. Interpretacion, Disponível em:
http://sabanet.unisabana.edu.co/crear/paginas/electrocardiograma2/interpretacion.htm#5
acedido a 03 de Agosto de 2009

27
PULSO ARTERIAL E AUSCULTAÇÃO CARDÍACA

Objectivos
Que no final da aula os estudantes sejam capazes de:

Geral
1. Explicar a relação entre os eventos do ciclo cardíaco e a sua tradução palpatória e
auscultatória.

Específicos
1. Avaliar o pulso arterial em diferentes regiões do corpo.
2. Identificar e auscultar os principais focos cardíacos.
3. Relacionar os sons cardíacos com os eventos mecânicos do ciclo cardíaco.

Introdução
O sistema cardiovascular é constituído pelo coração e vasos sanguíneos, com a função
de manterem a circulação sanguínea ou seja o fluxo ideal para a manutenção do bom
funcionamento do organismo.

Ao conjunto de eventos cardíacos que ocorrem do início de cada batimento cardíaco


até ao próximo batimento cardíaco atribui-se a designação de ciclo cardíaco, e é
dividido em dois períodos, um período de relaxamento ventricular, chamado diástole,
durante o qual há o enchimento das câmaras ventriculares. E um período de sístole,
em que há contração ventricular.3

Este circuito de sangue através das câmaras é unidireccional e está assegurado pelas
válvulas atrioventriculares e semilunares.

No lado esquerdo do coração a válvula atrioventricular é chamada de mitral, e a válvula


semilunar de aórtica; no lado direito do coração, a válvula atrioventricular é chamada
de tricúspide e a válvula semilunar de pulmonar.

As contrações cardíacas causam vibrações do músculo cardíaco, aparelho valvular e


vasos sanguíneos, que são transmitidas á superfície da pele, podendo ser detectadas
com a aplicação de um estetoscópio sobre a parede torácica ou com a palpação do
pulso.

A auscultação cardíaca continua a ser um recurso indispensável no diagnóstico de


doenças cardíacas, mesmo com a disponibilidade de exames complementares de
diagnóstico.1

28
Existem quatro sons cardíacos básicos e estes estão associados ao encerramento das
válvulas (S1 e S2) e/ou ao fluxo de sangue nos ventrículos durante a diástole (S3 e
S4). O S1 e S2 são sons de alta frequência, facilmente distinguíveis, sendo deste modo,
os principais sons cardíacos auscultados. O S3 e S4 são sons de baixa frequência e
por este motivo não são auscultados frequentemente.1

O primeiro som cardíaco (S1) marca o início da sístole e é causado pelo encerramento
das válvulas atrioventriculares (mitral e tricúspide). 1,3 Em cerca de metade de pessoas
normais, o S1 está desfasado, percebendo-se o componente mitral (M1) antes do
tricúspide (T1); isto é conhecido como Desdobramento Fisiológico de S1 e não está
relacionado à respiração.

O segundo som cardíaco (S2) marca o início da diástole e é causado pelo


encerramento das válvulas semilunares (aórtica e pulmonar). A intensidade de A2 e de
P2 é, por sua vez, influenciada pela pressão diastólica na aorta e no tronco pulmonar,
respectivamente.2

Em condições fisiológicas A2 (som aórtico) precede P2 (som pulmonar), pelo facto de


o tempo da ejecção ventricular direita ser mais prolongado que o tempo da ejecção
ventricular esquerda; este achado é melhor observado durante a inspiração e
denomina-se Desdobramento Fisiológico de S2. 2

Figura 1 – Desdobramento Fisiológico de S2 2

O terceiro som cardíaco (S3) é um som diastólico, causado pelo fluxo turbulento de
sangue nos ventrículos durante o enchimento ventrícular rápido (protodiástole),
imediatamente após S2. É um som de ocorrência rara, auscultado principalmente em
crianças e adultos jovens. É melhor auscultado com o indivíduo em decúbito lateral
esquerdo, no foco mitral e com o auxílio da campânula. 1

29
Figura 2 – Terceiro Som (S3) 2

O quarto som cardíaco (S4) é também um som diastólico, causado pelo fluxo turbulento
de sangue nos ventrículos durante a sístole atrial (telediástole ou pré-sístole),
imediatamente antes de S1. É também um som de ocorrência rara, auscultado
principalmente em crianças e adultos jovens. É melhor auscultado com o indivíduo em
decúbito lateral esquerdo, no foco mitral e com o auxílio da campânula. Raramente é
um som fisiológico. 1

Figura 3 – Quarto Som (S4)

A sístole ventrícular inicia uma onda de pressão que é transmitida a circulação por
intermédio das paredes arteriais. A pressão aumenta na sístole e diminui na diástole. 1
Ao aumento e a diminuição cíclica da pressão intra-arterial, designamos de Pulso
Arterial.

Na práctica clínica, a avaliação do pulso arterial é realizada frequentemente, sendo


muitas das vezes o primeiro contacto do paciente com o médico. 1 Ela é efectuada
palpando-se qualquer artéria que seja superficial e se encontre sobre um plano
anatómico duro, habitualmente uma superfície óssea.

Por rotina avalia-se o pulso radial, mas também pode ser avaliado os pulsos carotídeo,
braquial (na região do sangradouro), femoral (no triângulo femoral), poplíteo (no
escavado poplíteo) tibial posterior (na goteira retromaleolar medial) e pedioso (entre o
primeiro e o segundo metatarsiano).

30
O pulso arterial deve ser avaliado de acordo com os seguintes parâmetros: ritmo,
amplitude, regularidade, simetria e frequência.

Ritmo – corresponde ao intervalo de tempo entre as pulsações; pode ser classificado


em rítmico ou arrítmico; informam-nos sobre a actividade eléctrica cardíaca.

Amplitude – corresponde a altura da onda pulsátil; pode ser classificado em ausente


(0), diminuído ou parvus (1), normal (2), e amplo ou magnus (3). A amplitude indica-
nos o estado da função ventricular esquerda.

Regularidade – corresponde a estabilidade ou não da amplitude do pulso; pode ser


classificado em regular ou irregular; tal como a amplitude, indica-nos o estado da
função ventricular esquerda.

Simetria – corresponde a semelhança ou a diferença nas características do mesmo


pulso arterial em ambos lados do corpo; pode ser classificado em simétrico ou
assimétrico; indica-nos o estado da circulação arterial.

Frequência – corresponde ao número de pulsações por minuto. Para o pulso rítmico,


contam-se as pulsações durante 30 segundos e multiplica-se o resultado por 2. Para o
pulso arrítmico deve-se contar o número de pulsações durante um minuto. Tal como o
ritmo, informam-nos sobre a actividade eléctrica cardíaca. No entanto, é de recordar
que o pulso depende da frequência cardíaca, e esta é um dos determinantes do débito
cardíaco, podendo variar em função de factores extra-cardíacos (por ex. metabolismo,
volémia). O pulso varia de acordo a idade, conforme a tabela a seguir. 6

VALORES DE REFERÊNCIA
RN 120 a 160 ppm
Lactentes 90 a 140 ppm
Pré-Escolar 80 a 110 ppm
Escolar 75 a 100 ppm
Adolescente e Adultos 60 a 100 ppm

Quando a frequência do pulso está acima do normal para idade denomina-se


Taquicárdia ou Taquisfigmia (por ex. exercício, emoções, hemorragia, desidratação,
febre, sépsis, doenças cardíacas e da tireóide,). Quando esta está abaixo do normal
para idade denomina-se Bradicárdia ou Bradisfigmia (por ex. em atletas, nas doenças
do coração e da tireóide, choque neurogénico).

Requisitos
1. Marquesa
2. Estetoscópio convencional
3. Observador e sujeito de experiência

31
Procedimento
Experiência 1 – Avaliação do Pulso Arterial Periférico

A avaliação do pulso radial é feita da seguinte forma:

a) Higienizar as mãos (observador).


b) Aquecer as mãos, friccionando-as (observador).
c) O sujeito deverá estar sentado, com o antebraço direito apoiado sobre a mesa e em
semi-pronação.
d) Localizar a artéria radial entre a apófise estiloide do rádio e o tendão dos flexores
no antebraço do sujeito, mediante uma leve aplicação da polpa dos dedos indicador
e médio do observador sobre a referida artéria.
e) Avaliar o pulso segundo o ritmo, a amplitude, a regularidade e a frequência.
f) Repetir este procedimento no antebraço esquerdo, avaliando a simetria.
Preencher a tabela a seguir, anotando os achados encontrados na avaliação:
Parâmetros de avaliação Achados do Pulso Radial
Ritmo
Amplitude
Regularidade
Simetria
Frequência

Experiência 2 – Auscultação Cardíaca

a) Estetoscópio e Focos Auscultatórios


O estetoscópio convencional tem vários componentes: olivas (1), binaurais (2), tubo
(3), campânula (4) e diafragma (5); a sua utilização obedece a algumas regras.

Figura 4 – Estetoscópio convencional7

O diafragma utiliza-se na audição dos sons de alta frequência, devendo o examinador


premi-lo com força sobre a pele do sujeito. A campânula, por sua vez, permite uma
melhor audição dos sons de baixa frequência, devendo ser encostada levemente na
pele do sujeito.
32
Os sons cardíacos são melhor auscultados em determinados pontos da parede torácica
denominados por focos auscultatórios.
Foco aórtico – localiza-se no segundo espaço intercostal direito junto ao bordo esternal.
Tem uma irradiação para cima em direcção á artéria carótida direita e para o terceiro
espaço intercostal esquerdo, junto ao bordo esternal, no também chamado foco aórtico
acessório.
Foco pulmonar – localiza-se no segundo espaço intercostal esquerdo, adjacente ao
bordo esternal.
Foco tricúspide – localiza-se na base do apêndice xifóide, junto ao bordo esternal
esquerdo.
Foco mitral – localiza-se no cruzamento do quinto espaço intercostal esquerdo com a
linha média clavicular.

Figura 5 – Localização dos focos de auscultação cardíaca 4

b) Características dos sons cardíacos


É conveniente começar a auscultação cardíaca pelos focos da base (aórtico e
pulmonar), onde S2 é ouvido mais intensamente, seguido dos focos do ápex.
Os sons da base são melhor auscultados com o sujeito inclinado, preferencialmente,
para diante; os sons apicais, são melhor observados com o sujeito em decúbito lateral
esquerdo.
O S1 e o S2, são parecidos as expressões «tum» (S1) e «tá» (S2).

33
c) Procedimento

Deve ser efectuado num ambiente silencioso, iluminado e confortável; o sujeito deve
estar com o tronco devidamente exposto, respeitando, no entanto, o pudor deste. A
auscultação deve ser feita em 3 posições (sentado, decúbito dorsal e lateral esquerdo)
e usando sistematicamente o diafragma e a campânula do estetoscópio.
Respeitando certos passos, proceder a auscultação
1. Com o sujeito sentado e usando o diafragma, auscultar sequencialmente os focos
cardíacos (A-P-T-M), reconhecendo S1 e S2, segundo a seguinte sequência
onomatopaica: TUM_TÁ___TUM_TÁ___TUM_TÁ___TUM_TÁ
2. Descrever as diferenças observadas entre os focos da base e os do ápex.
3. Pedir ao sujeito para realizar uma inspiração profunda. Descrever o que acontece a
S2 no foco pulmonar e explicar o motivo.
4. Repetir o procedimento com o sujeito em decúbito (dorsal e lateral esquerdo),
usando o diafragma e a campânula do estetoscópio.

Questionário
1. Diga qual é a causa dos sons cardíacos?

2. Quais são os parâmetros de avaliação do pulso? Qual é a importância de se avaliar


a simetria?

Bibliografia
1. Porto CC, Porto AL; Semiologia Médica; 6ª Edição; Rio de Janeiro; Guanabara Koogan;
2012

2. Albuquerque RR, Coelho TH e Moreira AL; Auscultação Cardíaca; Texto de Apoio;


Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; Disponível em:
https://turmafcml0612.files.wordpress.com/2010/09/ausccard.pdf

3. Coelho TH, Albuquerque RR et al; Pulsos e Pressão Arterial; Texto de Apoio de Aula
Práctica; Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; Disponível em:
https://www.estudaetal.com/thebox/theboxficheiros/8607b616bb955df0b2561bd3113e826
7fa59

4. Pazin-Filho A, Schmidt A e Carlos Maciel BC; Ausculta Cardíaca: Bases fisiológicas-


fisiopatológicas; Simpósio de Semiologia da Faculdade de Medicina do Ribeirão Preto;
2004; Disponível em: http://revista.fmrp.usp.br/2004/vol37n3e4/3ausculta_cardiaca.pdf

5. Hall JE; Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica; 12ª edição; Elsevier; RJ; 2011

6. Aragão H; Sinais Vitais – Pediatria; Disponível em:


http://enfermagembio.blogspot.com.br/2015/02/sinais-vitais-pediatria.html

7. Carvalho VO, Souza GE; O estetoscópio e os sons pulmonares: uma revisão da literatura;
Revista de Medicina – São Paulo; 2007; Disponível em:
http://medicina.fm.usp.br/gdc/docs/revistadc_128_224-231%20864.pdf

34
MEDIÇÃO CLÍNICA DA PRESSÃO ARTERIAL

Objectivos
Que no final da aula, os estudantes sejam capazes de:
Geral
1. Medir a pressão arterial de um indivíduo segundo a técnica de Riva-Rocci e de
Korotkoff.

Específicos
1. Explicar a técnica de medição da pressão arterial de Riva Rocci e de Korotkoff.
2. Descrever as normas e recomendações para a medição da pressão arterial.
3. Mencionar os principais factores que afectam a medição da pressão arterial.
4. Medir a pressão arterial em ambos os braços de um indivíduo em repouso.
5. Calcular a pressão de pulso e a pressão arterial média do indivíduo.

Introdução
O sangue flui pelas artérias submetido a uma certa pressão, facto que se comprova
facilmente ao se seccionar um vaso arterial, uma vez que o sangue jorra com grande
força do seu interior, sendo projectado a certa distância. Este facto foi documentado
pela primeira vez pelo Reverendo Stephen Hales (1677-1761) em 1733, ao medir a
pressão arterial em uma égua.1

A Pressão Arterial (PA) significa a força exercida pelo sangue contra qualquer unidade
de área da parede arterial que o contém.2 Este termo é frequentemente confundido
com tensão arterial, que é, a reacção elástica da parede do vaso à pressão do sangue.
A relação entre elas é expressa pela lei de Laplace3 :
Pxr
T = ____________
h
Onde: T – tensão; P – pressão; r – raio do vaso; h – espessura da parede do vaso.

Devido a actividade pulsátil do coração ao bombear o sangue, a pressão arterial oscila


entre um nível máximo e um nível mínimo designados de pressão arterial sistólica
(PAS) e pressão arterial diastólica (PAD), respectivamente. A diferença entre estas
duas pressões (PAS e PAD) é chamada de pressão diferencial (PD) ou pressão de
pulso (PP). A PP representa as oscilações da PA que ocorrem nas artérias, como
resultado da ejecção ventricular intermitente e da propriedade elástica das grandes
artérias. A pressão arterial média (PAM) é a pressão responsável pela perfusão dos
tecidos e está mais próxima da PAD devido a maior duração da diástole ao longo do
ciclo cardíaco. Elas podem ser calculada mediante as fórmulas apresentadas no anexo.

35
Para a manutenção constante do fluxo sanguíneo para os tecidos, a PA deve ser
mantida dentro de estreitos limites de variabilidade, pelos diversos mecanismos que
participam na sua regulação.4 Quando os seus níveis permanecem elevados para além
destes limites, surge a hipertensão arterial (HTA), que constitui um dos mais
importantes factores de risco de morbimortalidade por doença cardiovascular.5

Vários estudos têm sido feitos para explicar os mecanismos de surgimento da HTA.
Um destes estudos associa o aumento da pressão arterial em alguns grupos da
população, a um aumento da rigidez dos grandes vasos arteriais.6

A hipertensão arterial pode ser diagnosticada antes do surgimento de manifestações


clínicas sugestivas de lesões de orgãos-alvo. Por este motivo, a medição da pressão
arterial é uma atitude de grande interesse clínico e epidemiológico na prevenção,
diagnóstico e tratamento das doenças cardiovasculares.

Medição Indirecta da Pressão Arterial


A PA pode ser medida de forma directa, através da inserção de um catéter no lúmen
de uma artéria, sendo este método, utilizado especialmente para fins de pesquisa, ou
de forma indirecta, através da aplicação de uma pressão externa com um manguito,
sobre os tecidos que envolvem a artéria, opondo-se esta pressão à pressão do sangue
na referida artéria, ao ponto de a igualar ou ultrapassar.1,7 A forma indirecta é a mais
usada na práctica, sendo útil na medição clínica (ou convencional), ambulatorial e na
auto-medição (em casa ou no trabalho) da pressão arterial.8

A esfigmomanometria é um método de medição indirecta da PA, através do uso de um


aparelho designado esfigmomanómetro. Os esfigmomanómetros podem ser manuais
(de coluna de mercúrio – padrão ouro; e aneróides), automáticos e híbridos
(combinados). São constituídos por três componentes essenciais: um manómetro que
indica as pressões em milímetros de mercúrio (mmHg), uma braçadeira com uma bolsa
insuflável (manguito) que envolve a artéria e um compressor (ou pêra insufladora) que
aumenta ou diminui a pressão sobre a artéria.8,9, 10

Figura 1 – Esfigmomanómetro de coluna de mercúrio9.

36
A selecção do método á ser usado para medição indirecta da PA, varia de acordo ao
local de medição e ao tipo de esfigmomanómetro utilizado. O método palpatório
(palpação de pulso) e o auscultatório (com o auxílio de estetoscópio) são os métodos
mais usados para a medição clínica (convencional), sendo o esfigmomanómetro de
coluna de mercúrio, o aparelho preferencialmente usado, por ser considerado o padrão
ouro. 8,9, 10 Ambos métodos serão descritos adiante.

O método oscilométrico baseia-se na detecção das variações da pressão intra-arterial


devido aos movimentos da parede arterial provocados pelo manguito. O uso deste
método tem aumentado nos últimos anos, sendo frequentemente usado para a auto-
medição e a medição ambulatória da PA.

A Pressão Arterial pode ser influenciada por vários factores, e estes são comuns á
todos métodos de medição indirecta, tais como9,10:

 Variabilidade da PA – a pressão arterial por ser um fenómeno hemodinâmico


variável, é influenciada por vários factores que podem ser intrínsecos do
indivíduo (idade e raça), ou atribuídos ás circunstâncias em que este se
apresenta, nomeadamente: ritmo circadiano, emoção, exercício físico, refeição,
uso de tabaco, temperatura, respiração, distensão vesical e dor.

 Efeito da Bata Branca – situação em que o indivíduo apresenta valores elevados


da PA, durante medições repetidas em ambiente hospitalar; os valores são
normais ou mais baixos, quando obtidos pela medição ambulatória ou pela auto-
medição; este fenómeno deve-se á “reacção de alarme” do indivíduo ante a
presença do observador (médico, enfermeiro), sendo comum tanto em
indivíduos hipertensos ou normotensos.

 Hipertensão mascarada ou Hipertensão Ambulatória isolada (situação contrária


á anterior, em que a pressão arterial está normal pela medição clínica, porém
elevada pela medição ambulatorial)

 Limitações do aparelho a ser utilizado (estado de conservação, calibração e


precisão).

Por estes motivos, é necessário o cumprimento de determinadas recomendações, para


que se minimizem os erros durante a medição da PA.8

Recomendações
Explicar ao indivíduo o procedimento á ser efectuado e pedir para que o mesmo não
fale durante o procedimento.8

O observador deve estar relaxado, numa posição confortável e não deve apressar o
procedimento de medição. Deverá certificar-se de que o paciente não está com a
bexiga cheia; exercício físico, café, tabaco, bebidas alcoólicas e refeições devem ser
evitados até trinta minutos antes da medição.8,9,10
37
Deixar o paciente descansar, de preferência em ambiente calmo e com temperatura
adequada.

A PA pode ser medida com o paciente na posição deitada, sentada ou ortostática. Pedir
ao paciente que adopte a posição sentada (posição padrão), com os pés descruzados
e sobre o chão, devendo o mesmo descansar por pelo menos 5 minutos antes da
medição.8-12

As roupas do doente não devem comprimir a raiz do membro.8-11

O braço em que é feita a medição, deve estar apoiado sobre uma superfície plana e
em posição horizontal, ao nível do coração (nível médio – esternal),
independentemente da posição do doente.8-11,13

Figura 2 – Braço ao nível do coração9

O manómetro não deve estar localizado para além de 1 m do observador. A coluna de


mercúrio deve estar em posição vertical e ao nível dos olhos do observador. 8-11 O
manómetro aneróide deve ser observado de forma directa, com os olhos situados
perpendicularmente ao centro do manómetro.8

A dimensão da bolsa deve ser ajustada á dimensão do braço do doente, devendo a


mesma envolver toda circunferência do braço.8 Quando a bolsa não envolver
completamente o braço, o seu centro deverá estar sobre a artéria braquial e esta
deverá envolver pelo menos 80% da circunferência do braço.8,11,12

Tabela 1: Valores recomendados da bolsa insuflável


Dimensões da Bolsa (cm) Paciente Circunferência do Braço (cm)
12 x 18 Crianças e Adultos magros < 23
12 x 26 Maioria dos Adultos 24 – 32
12 x 40 Sobrepeso 33 – 50
20 x 42 Obesos 51 – 53

Recomendações de Guidelines da British Hypertension Society8,10,11

38
Os tubos de borracha da bolsa insuflável são habitualmente colocados para baixo,
porém recomenda-se que se coloquem para cima, ou até posteriormente (caso a bolsa
envolva completamente o braço), de forma a deixar a fossa antecubital facilmente
acessível para a auscultação.8,9,11

O bordo inferior da braçadeira deve-se situar 2 – 3 cm acima do ponto de pulsação da


artéria braquial.8,9

Figura 3 – Braçadeira na sua localização preferencial.10

Efectuar pelo menos duas (2) medições espaçadas entre 1 – 2 minutos, e medições
adicionais se os valores das 2 primeiras forem muito diferentes.

No primeiro exame do doente, a PA deve ser medida em ambos membros. 8,13

Registar os valores da PA logo após a sua medição8,9,10

Método de Medição Indirecta


O método de medição indirecta da pressão arterial, mais usado na prática clínica, tem
sido o palpatório-auscultatório que combina as técnicas de Riva-Rocci e de
Korotkoff, respectivamente.

Método Palpatório – Auscultatório

Princípio

A técnica de medição segundo Riva-Rocci/Korotkoff, baseia-se no seguinte princípio8,9:

Ao insuflar-se o manguito, transmite-se uma determinada pressão aos tecidos que


envolvem a artéria que quando ultrapassa a pressão arterial máxima (PAS), provoca a
sua oclusão. Ao desinsuflar-se o manguito, a pressão no seu interior vai reduzindo de
forma gradual. Assim que esta cai abaixo da PAS, o sangue começa a fluir pela artéria
parcialmente ocluída provocando uma vibração. Nessa altura, recomeça-se a sentir o
pulso (PAS segundo Riva-Rocci) e a ouvir sons síncronos com os batimentos cardíacos
(PAS segundo Korotkoff) até ao momento em que os sons desaparecem,
correspondendo á pressão mínima no interior da artéria (PAD).

Acredita-se que os sons de Korotkoff sejam causados em sua maior parte, pelo fluxo
de sangue sob a forma de jacto, ao passar pelo vaso parcialmente ocluído. O jacto
39
provoca turbulência no vaso aberto adiante do manguito, desencadeando vibrações
ouvidas por meio do estetoscópio.1

Os sons inicialmente fracos e repetitivos, tornam-se nítidos e vão aumentando


gradualmente de intensidade entre cada dois batimentos, assinalando a fase I de
Korotkoff. No início da fase I dos sons de Korotkoff regista-se a PAS.9

A medida que a pressão no manguito diminui, os sons passam a ser menos batidos e
adquirem um carácter sibilante na fase II de Korotkoff. Posteriormente, tornam-se mais
intensos, por vezes, excedendo a intensidade dos sons na fase I, representando a fase
III de Korotkoff. O significado clínico das fases II e III ainda não está bem definido. Por
fim, quando a pressão no manguito diminui até igualar a PAD, a artéria não apresenta
variação detectável do seu diâmetro. Por conseguinte, os sons mudam subitamente,
para um tom suave e abafado, fase IV de Korotkoff, e geralmente desaparecem de
seguida, assinalando a PAD (fase V de Korotkoff).9

Erros na Medição
Os erros na medição podem ocorrer em cada um dos pontos de interacção da técnica
de Riva-Rocci/Korotkof. O mais frequente é o relacionado ao observador. Outros erros
estão relacionados aos aparelhos utilizados.

Uma fonte muito comum de erro nos esfigmomanómetros, é a válvula de controlo.


Válvulas defeituosas tornam o controlo de libertação da pressão dificultada, isto leva a
subestimação da pressão sistólica e a sobrestimação da diastólica.9

Erros do observador9

Em 1964, Geoffrey Rose e seus colegas classificaram os erros do observador em três


categorias: erros sistemáticos, preferência pelos dígitos terminais e o preconceito do
observador.

Erros Sistemáticos: podem ser causados pela falta de concentração, deficiente


audição, etc. Sua causa principal, reside na falha de interpretação correcta dos sons
de Korotkoff, (especialmente a pressão diastólica).

Preferência pelos Dígitos Terminais: este, refere-se ao fenómeno pelo qual, o


observador termina o registo do valor de pressão com um dígito da sua escolha,
frequentemente “zero”.

Preconceito do Observador: o observador simplesmente ajusta o valor de pressão,


àquele que vá de encontro a sua noção, isto é, sobre aquilo que a pressão deveria ser 8.

Requisitos
1. Observador e sujeito de experiência
2. Esfigmomanómetro de coluna de mercúrio
3. Estetoscópio convencional
4. Álcool e algodão
40
Procedimento
Na descrição a seguir consideramos a medição clínica da pressão arterial, com o
esfigmomanómetro de coluna de mercúrio, num indivíduo sentado com o membro
superior em posição supina e apoiado sobre uma superfície plana ao nível do coração.
Serão realizadas duas medições em cada um dos membros superiores e com o
indivíduo sentado e em repouso. Após a medição, deverá ser preenchido o relatório
apresentado em anexo. Deverão ser realizados os seguintes procedimentos 8,9,10,12:

Método Palpatório (de Riva–Rocci)


1. Localizar a artéria braquial na fossa antecubital por palpação.
2. Colocar o manguito a volta do braço, sem exercer pressão excessiva, e verificar se
o comprimento e largura da bolsa insuflável obedecem as recomendações
estabelecidas.
3. Posicionar os olhos ao mesmo nível da coluna de mercúrio.
4. Palpar o pulso radial com a mão contrária a do paciente e insuflar o manguito. Para
insuflar o manguito, deve-se fechar a válvula do sistema de compressão de ar na
base da pêra de borracha do esfigmomanómetro. A pressão deverá ser elevada até
cerca de 30 mmHg acima do ponto onde o pulso desaparece. Em seguida,
desinsuflar o manguito lentamente e observar o ponto em que o pulso reaparece.
Este é o valor aproximado da PAS, estimado pelo método palpatório.

Método Auscultatório (de Korotkoff)


5. Aguardar 1 a 2 minutos antes de insuflar novamente.
6. Colocar o estetoscópio com as olivas viradas para diante e posicionar o diafragma
do estetoscópio suavemente sobre a artéria braquial, na fossa antecubital, evitando
a compressão excessiva. A campânula, o diafragma e o tubo de borracha do
estetoscópio não devem tocar outros objectos para não se produzir sons de atrito
(Ver Figura 3).
7. Solicitar ao paciente para que não fale durante o procedimento de medição.
8. Insuflar rapidamente o manguito até cerca de 30 mmHg acima do valor da pressão
sistólica estimado pelo método palpatório (nível máximo de insuflação).
9. Proceder a desinsuflação, com uma velocidade constante de 2 mmHg por segundo,
ou por batida de pulso.

41
10. Determinar a PAS no momento do aparecimento do primeiro som (fase I de
Korotkoff).
11. Determinar a PAD no momento do desaparecimento dos sons (fase V de Korotkoff),
excepto em condições especiais em que não se identifica o fim da fase IV dos sons
de Korotkoff. Quando isso acontece, a PAD deve ser determinada no momento do
abafamento brusco dos sons (fase IV de Korotkoff).
12. Após a extinção dos sons, a pressão deve ser reduzida até cerca de 30 mmHg
(abaixo do ponto de desaparecimento dos sons) e só depois se deve proceder
deflação rápida e completa, evitando a congestão venosa e desconforto para o
paciente.
13. Registar imediatamente os valores das PAS/PAD, considerando sempre que o valor
de pressão á registar deverá estar nos 2 mmHg mais próximos da escala do
manómetro. Quando não se observar a fase V de Korotkoff, a pressão arterial
deverá ser registada da seguinte forma: PAS/PAD/0.
14. Realizar pelo menos 2 medições em cada membro, respeitando sempre o intervalo
de 1 minuto entre as medições, bem como o facto de que a pressão deve ser medida
em ambos os braços, no primeiro encontro com o paciente.8,9

O que anotar?

Deverá ser anotado o seguinte9:

1. Os valores da pressão arterial.


2. A posição do indivíduo (deitado, sentado ou de pé)
3. O braço em que foi feita a medição (direito ou esquerdo)
4. O estado do doente (relaxado ou ansioso)
5. O tamanho da braçadeira e da circunferência do braço.
6. A presença de um vazio (hiato) auscultatório.

Interpretação

Tabela 2 – Classificação da Pressão Arterial em Adultos (≥ 18 anos)


Classificação PA Sistólica PA Diastólica
(mmHg) (mmHg)
Normal <120 e <80
Pré-Hipertensão 120-139 ou 80-89
HTA Estágio 1 140-159 ou 90-99
HTA Estágio II ≥160 ou ≥100
42
Questionário
1. Qual é a diferença entre os métodos de medição directa e indirecta da PA?
2. Que diferença existe entre o método de medição de Riva-Rocci e o de Korotkoff?
a) Descreva o tipo de PA avaliada em cada um deles?
3. Qual dos tipos de pressão arterial, determina o fluxo de sangue pela circulação?
4. «A pressão arterial média corresponde a média aritmética simples das pressões
sistólica e diastólica». Concorda com a afirmação? Justifique.
5. Defina pressão de pulso.
a) Explique como varia a PP durante o exercício.
6. Mencione três fontes de erro na medição convencional da pressão arterial?

Bibliografia
1. Introcaso L., História da Medida da Pressão Arterial, 1996.
2. Guyton AC & Hall JR; Tratado de Fisiologia Médica; 11ª edição; Elsevier; RJ; 2006; 175
3. Aires MM; Fisiologia; 3ª edição; Guanabara Koogan; RJ; 2008; Norton JM; 478 – 496
4. Amaral, F. T. et al; Reflexos Cardiovasculares; Programa de Pós-Graduação em Ciências
Fisiológicas, Centro Biomédico UFES, Vitória – ES; 1998; 3.
5. III Consenso Brasileiro de HTA, BG Cultural, SP, 1998, 1 – 38.
6. Ferreira, A. V. L. et al; Hypertensive Adults, Journal of Hypertension; 1999 (17): 631– 637.
7. De Gowin, R. L; Exame Clínico; 6.ª edição; McGraw-Hill; Portugal; 1999, 390 – 394.
8. O’Brien E et al; European Society of Hypertension recommendations for conventional,
ambulatory and home blood pressure measurement; Journal of Hypertension; 2003 (21):
821–848
9. O’Brien E. et al; ABC of Hipertension: Blood Pressure Measurement; British Medical
Journal; 2001 (322): 1043 – 1047.
10. Parati G et al; Recommendations for blood pressure measuring devices for office/clinic use
in low resource settings; Blood Pressure Monitoring; 2005 (10): 3–10.
11. British Hypertersion Society; Measuring blood pressure using a mercury blood pressure
device; disponível em http://www.bhsoc.org/how_to_measure_blood_pressure.stm
12. National High Blood Pressure Education Program; The Seventh Report of the Joint National
Committee on Prevention, Detection, Evaluation and Treatment of the High Blood Pressure;
disponível http://www.nhlbi.nih.gov/guidelines/hypertension/jnc7full.pdf
13. Mancia G, Backer GD et al; 2007 Guidelines for the management of Arterial Hypertension
– The task force for the management of arterial hypertension of the European Society and
of the European Society of Cardiology; Journal of Hypertension; 2007 (25): 1105 – 1187
14. Bell K, Twiggs J, Olin BR; Hypertension, The Silent Killer: Updated JNC-8 Guideline
Recommendations; 2015; Disponível em:
https://c.ymcdn.com/sites/aparx.siteym.com/resource/resmgr/CEs/CE_Hypertension_The_
Silent_K.pdf

43
Anexo
A. Relatório da Experiência – Medição Clínica da PA

Nome:_______________________________________;Idade:______;Sexo:____;Peso_____

Método Palpatório (de Riva – Rocci)

Membro Direito Membro Esquerdo

P. A
(mmHg) 1 2 Média 1 2 Média
Sistólica

Método Auscultatório (de Korotkoff)


Membro Direito Membro Esquerdo

P. A (mmHg) 1 2 Média 1 2 Média


Sistólica

Diastólica

P Pulso

PA Média

Pressão Diferencial ou Pressão de Pulso (PP)

PP = PAS - PAD

Pressão Arterial Média/ Pressão de Perfusão (PAM)

PAM = PP + PAD ou PAM = PAS + 2 PAD


3 3

44
AUSCULTAÇÃO PULMONAR E OXIMETRIA DE PULSO

Objectivos
Que no final da aula, os estudantes sejam capazes de:
Geral
Avaliar o estado da função respiratória de um indivíduo mediante a realização da
auscultação pulmonar e da oximetria de pulso.

Específicos
1. Caracterizar os sons respiratórios fisiológicos.
2. Auscultar os sons respiratórios segundo a técnica descrita.
3. Descrever os principais factores que influenciam a oximetria.
4. Proceder a oximetria de pulso segundo a técnica descrita.
5. Interpretar os resultados da oximetria.

Introdução
A respiração tem como principal objectivo fornecer oxigénio aos tecidos, e deles
remover o dióxido de carbono, sendo o resultado da integração de quatro (4) processos
fisiológicos:

1. Ventilação pulmonar.
2. Difusão de O2 e CO2 entre o sangue e os alvéolos.
3. Transporte de O2 e CO2 no sangue e líquidos corporais.
4. Respiração celular.

A ventilação pulmonar corresponde a troca de ar entre os alvéolos pulmonares


e a atmosfera, durante os ciclos respiratórios.1

A auscultação pulmonar é um importante método de avaliação da função


respiratória, pois ao confirmar a passagem de ar pelas vias respiratórias durante
os ciclos respiratórios, avalia de certa forma, o estado da ventilação pulmonar.2
Ela é um método de diagnóstico muito antigo; já no tempo de Hipócrates, o
mesmo recomendava a colocar o ouvido sobre o tórax do paciente para ouvir os
sons “provenientes do meio interno.”3 Hoje ela é usada durante o exame físico
do doente, sendo ainda muito útil pelo seu baixo custo, grande praticidade e
sensibilidade.2,3

Os sons respiratórios têm sido melhor estudados desde o século XIX (1816), a
partir da invenção do estetoscópio pelo médico francês René Laennec.3 Eles
resultam da turbulência do ar ventilado ao passar nas vias aéreas de maior
calibre, transmitida através do parênquima pulmonar e da parede torácica.4

45
O transporte de O2 e CO2 no sangue é desempenhado pela Hemoglobina (Hb),
dos eritrócitos, constituindo do ponto de vista funcional, a oxihemoglobina e a
desoxihemoglobina, respectivamente.1

Uma molécula de hemoglobina pode transportar até quatro moléculas de


oxigénio e por este motivo diz-se que está “saturada” com oxigénio. Quando
todos sítios de união com a hemoglobina estão ligados ao oxigénio diz-se que a
hemoglobina tem uma saturação de 100%. Um indivíduo saudável, com a função
cardiorrespiratória íntegra, respirando ao nível do mar tem uma saturação de
oxigénio no sangue arterial de 95 – 100%.5

O sangue arterial tem uma coloração “vermelho brilhante” enquanto o sangue


venoso tem a coloração “vermelho escuro”. Esta diferença na coloração deve-se
a diferença de saturação da hemoglobina. Quando o paciente está bem saturado
de oxigénio, a sua língua e os lábios têm uma côr rosada; quando está
dessaturado tem uma côr azul, sinal clinicamente conhecido como cianose.
Todavia, este sinal não é bem observável em negros, e o grau de dessaturação
de oxigénio no paciente (hipóxia) pode existir até ser menor de 90%, quando o
mesmo se torna observável clinicamente.5

Por outro lado, a cianose é visível quando a Hb desoxigenada no paciente está


acima de 5 g/dL. Deste modo, um paciente com anemia severa pode não
apresentar cianose apesar de estar extremamente hipóxico, devido a pouca
quantidade de Hb circulante nos tecidos.5

A observação do grau de oxigenação do sangue melhorou bastante com o


advento da oximetria de pulso. De facto, ela era feita pela gasimetria arterial que
mede as pressões parciais de O2 (PaO2) e de CO2 (PaCO2), o pH e a
concentração de bicarbonato no sangue arterial. Existe uma relação entre
pressão parcial de oxigénio e a saturação de oxigénio no sangue. 5

Figura 1 – Curva de Dissociação da Oxihemoglobina


Quando a saturação de oxigénio medida pela oximetria diminui abaixo de 90%,
a PaO2 diminui rapidamente, diminuindo a entrega de O2 aos tecidos, podendo
levar a uma paragem cardíaca.5

46
O oxímetro de pulso é um aparelho que avalia de forma não invasiva o grau de
saturação de oxigénio da hemoglobina arteriolar (expressa em percentagem),
num determinado local da circulação periférica. Ele tem a vantagem de medir a
oxigenação do sangue minuto a minuto. Deste modo, a oximetria é útil na
monitorização contínua do grau de oxigenação tecidual, principalmente em
doentes do Bloco Operatório ou das Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).

O oxímetro mede a saturação de oxigénio da Hb arteriolar (SpO2), mediante as


alterações de absorção de luz que resultam das pulsações do sangue arterial.
Além disso ele mede também a frequência cardíaca.

Experiências
Auscultação Pulmonar
A eficiência da auscultação pulmonar depende do treinamento do observador, o
que é alcançado pela práctica constante.

Durante a auscultação o observador avalia a qualidade e a intensidade dos sons


respiratórios, durante um ciclo respiratório. A maior duração da expiração em
relação á inspiração faz que normalmente os sons respiratórios sejam menos
intensos na expiração.4 Os sons respiratórios normais são divididos em:

1) Som traqueal ou traqueobrônquico – é um som rude e soprado, que se


pesquisa na projeção parietal da árvore traqueo-brônquica sem interposição do
parênquima pulmonar (traqueia, articulação esterno-clavicular direita e espaço
inter-escapular posterior direito).

2) Som ou Murmúrio Vesicular – é um som grave e suave que corresponde à


propagação do som traqueo-brônquico através do pulmão arejado. Apesar do
termo vesicular este som se origina da turbulência do ar ao passar pelos
brônquios intralobares e intralobulares e não pelos alvéolos.3,4

Requisitos

1. Observador e sujeito de experiência


2. Estetoscópio
3. Algodão e álcool

Procedimento
1. O sujeito deverá estar com o tórax descoberto.
2. O sujeito deverá sentar-se com a face anterior do tórax justaposta ao encosto
da cadeira e os braços cruzados sobre o encosto.
3. O sujeito deverá respirar de forma pausada e profunda com a boca entre-
aberta, sem fazer ruído.
4. O observador deverá posicionar-se atrás do sujeito.
5. Com o diafragma do estetoscópio, auscultar a área de projeção da traqueia,
na base do pescoço.

47
6. Com o diafragma do estetoscópio, auscultar a face posterior do tórax
iniciando da base (até 4 dedos transversais abaixo da ponta da escápula) ao
ápex. Auscultar cada foco durante um ciclo respiratório e de forma simétrica.
Ver figura 2
7. Repetir o procedimento anterior auscultando a face lateral do tórax.
8. Pedir ao sujeito para sentar-se com o dorso justaposto a cadeira e as mãos
sobre a cintura e auscultar a face anterior do tórax.

Figura 2 – Áreas de auscultação pulmonar

Interpretação
1. Descrever as características dos sons respiratórios e identificar as suas áreas
de auscultação. Por ex., a auscultação de um som rude e soprado no tórax é
sugestivo de consolidação pulmonar; este som denomina-se sopro tubar.
2. Identificar as possíveis assimetrias na auscultação do murmúrio vesicular.
Por ex., a diminuição ou ausência do murmúrio vesicular num hemitórax é
sugestiva de presença de líquido ou ar na cavidade pleural, de colapso
pulmonar, ou de uma consolidação pulmonar extensa.

Oximetria de Pulso
Os oxímetros de pulso se baseiam no princípio da absorção diferencial da luz
para determinar a percentagem de saturação de oxigénio da hemoglobina do
sangue arterial (Sp02); este valor se denomina Sa02 quando se determina a partir
de uma amostra de sangue arterial.

48
O sensor do oxímetro de pulso aplica-se em regiões periféricas, como por
exemplo, no dedo da mão e do pé ou no lóbulo da orelha. Este sensor transmite
duas longitudes de onda de luz através da pele, sendo de 660 nm a vermelha e
930 nm a infravermelha. Estas longitudes são absorvidas de forma diferente,
sendo a infravermelha absorvida pela oxihemoglobina e a vermelha absorvida
pela desoxihemoglobina. A razão entre a luz vermelha e a infravermelha usa-se
para determinar a saturação de oxigénio.

O fotodetector no outro lado do tecido transforma a luz transmitida em sinais


eléctricos proporcionais a absorção. Assim, o sinal é processado pelo
microprocessador do oxímetro, que de seguida, apresenta os valores de
saturação do oxigénio da hemoglobina arteriolar.

Os alarmes sonoros geralmente se activam quando os limites da SpO 2 e da


frequência de pulso, passam os valores considerados normais.

A maioria destes alarmes podem ser desactivados manualmente, de forma


temporária ou permanente.

Existem certos factores que interferem na oximetria de pulso, a saber:

1. Hipovolémia – causa má perfusão tecidual e pulso débil.


2. Vasoconstrição periférica – pode ocorrer devido ao ambiente frio.
3. Tremores – o movimento dificulta a leitura do sinal pelo sensor.
4. Luz – por ex., o sol, as lâmpadas fluorescentes e as do Bloco Operatório.
5. Intoxicação por monóxido de carbono – a carboxihemoglobina, um tipo de Hb
com grande afinidade ao monóxido de carbono, diminui a ligação da Hb ao
O2. Pode ocorrer em doentes expostos ao fumo dos incêndios
6. Metemoglobina, oxidação do ião ferroso à forma férrica, o que impede a
ligação da hemoglobina com o oxigénio.
7. Erros de leitura devido a elevação dos níveis séricos de lípidos e bilirrubina
alterando os níveis de carboxiemoglobina e metemoglobina séricos
8. Corantes intravasculares, como o azul-de-metileno, indocianino verde e
índigo vermelho.
9. Má calibração do aparelho.
10. Verniz das unhas

Requisitos
1. Observador e sujeito de experiência.
2. Oxímetro de pulso SpO2.
3. Condições ambientais favoráveis.

Procedimento
1. O sujeito de experiência deverá estar sentado; conectar o cabo com o sensor
a um dos dedos das mãos do sujeito.

49
2. Ligar o oxímetro de pulso e este automaticamente começará a registrar o
pulso e o grau de saturação do oxigénio (SpO2).

3. Anotar e interpretar os valores obtidos.

Figura 3 – Sensor do oxímetro de pulso

Interpretação
A saturação de oxigénio de um paciente deve ser sempre igual ou superior a
95%. Quando está abaixo deste valor, o paciente está hipóxico e necessita de
ser tratado rapidamente. Uma saturação inferior a 90% é uma emergência
clínica.

Questionário
1. «Na práctica clínica, a auscultação pulmonar foi ultrapassada pelos meios
modernos de diagnóstico». Concorda com esta afirmação. Justifique.
2. Qual é o motivo provável da auscultação no tórax, de um som rude e soprado
à inspiração?
3. Qual é a importância da oximetria de pulso?
4. Quais são os factores que interferem na oximetria?

Bibliografia
1. Hall JE; Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica; 12ª edição; Guanabara
Koogan; Rio de Janeiro; 2011
2. Porto CC & Porto AL; Semiologia Médica; 6ª Edição; Rio de Janeiro; Guanabara
Koogan; 2012
3. Carvalho VO, Souza GE; O estetoscópio e os sons pulmonares: uma revisão da
literatura; Revista de Medicina – São Paulo; 2007; Disponível em:
http://medicina.fm.usp.br/gdc/docs/revistadc_128_224-231%20864.pdf
4. Albuquerque Jr RR, Moreira AL; Auscultação Pulmonar e Espirometria, Texto de
apoio de aula teórico-prática; Faculdade de Medicina da Universidade do Porto,
Serviço de Fisiologia; 2001; Disponível em:
http://ccfmup06-12.med.up.pt/files/fisiologia/AuscPulm.pdf
4. Fauci A et al; Harrison´s Principles of Internal Medicine; 18ª Edição; McGraw Hill;
2008
5. Organização Mundial de Saúde; Manual de Oximetria de Pulso Global; 2010;
Disponível em:
http://www.lifebox.org/wp-content/uploads/2012/11/WHO-Pulse-Oximetry-Training-
Manual-Final-Spanish.pdf
6. Oximetria do pulso (SpO2), Manual de Uso do Oxímetro de Pulso M Séries (SpO2)

50
ESPIROMETRIA

Objectivos
1. Efectuar o registo da espirometria básica e da capacidade vital forçada, e
explicar sua importância.

2. Analisar as variáveis mais utilizadas no estudo da ventilação pulmonar.

3. Comparar os valores observados com os valores normais e descrever a


influência do género, altura e idade sobre os mesmos.

Introdução
A respiração é um processo complexo que ocorre a nível intracelular (respiração
interna) e extracelular (respiração externa). No interior da célula é considerado
como processo de produção de energia com o consumo de oxigénio e produção
de água e dióxido de carbono, enquanto que a nível extracelular tem como
objectivo fornecer oxigénio aos tecidos e deles remover o dióxido de carbono.

Assim o oxigénio é necessário para o metabolismo celular, daí que a medição


do volume pulmonar e a velocidade do movimento do ar são ferramentas
importantes para avaliar as capacidades e estado de saúde do indivíduo.

A espirometria (do latim spirare = respirar + metrum = medida) é um exame que


mede o volume de ar que o indivíduo inspira ou expira em função do tempo (ATS,
1995). É considerada padrão de ouro na prevenção, diagnóstico, quantificação
e acompanhamento das doenças respiratórias, e os valores obtidos devem ser
comparados a valores previstos adequados para a população avaliada.

Os aparelhos utilizados são os espirómetros, que podem ser de 2 tipos: os que


medem volume (selo de água, pistão e fole) e os que medem fluxo de gás
(pneumotacógrafos, termístores, turbinómetros e ultrassónicos), podem ainda
ser abertos, quando o indivíduo inspira fora do sistema, antes de se iniciar o
teste, e fechados, quando a manobra é realizada totalmente dentro do circuito
do aparelho.

Os equipamentos devem ser devidamente calibrados e aferidos, usando


técnicas padronizadas.

O espirograma é o registo das trocas de volumes durante um período de tempo.


(ver Figura 1)

51
Fig.1 – Espirograma

Nesta aula usar-se-à um espirómetro portátil que transforma o fluxo aéreo em


volume de ar. Este programa permite avaliar 3 volumes que são:

1. Volume Corrente (VC): é o volume de ar inspirado e expirado durante uma


respiração normal. Em repouso o VC é aproximadamente de 500 ml e durante
o exercício físico pode superar os 3 litros.

2. Volume de Reserva Inspiratória (VRI): é o volume máximo de ar que pode ser


inspirado no final da inspiração normal e o valor normal em repouso num
adulto jovem do sexo masculino é de 3300 ml aproximadamente e 1900 ml
em adultos jovens do sexo feminino.

3. Volume de Reserva Expiratória (VRE): é o volume máximo de ar que pode


ser expirado ao final de uma expiração normal, com um valor normal em
repouso de 1000ml aproximadamente no jovem do sexo masculino e 700ml
em jovens do sexo feminino.

4. Volume Residual (VR): Este volume não pode ser medido com o espirómetro
e nem com o transdutor de fluxo, corresponde ao volume de ar remanescente
nos pulmões no final da expiração máxima ou forçada. Ao contrário do VRI,
VRE e do VC, o volume residual não varia com o exercício físico, mas o seu
valor normal em média num homem é de 1200ml e de 1100ml nas mulheres.
O VR é o reflexo de que depois de uma expiração os alvéolos pulmonares
nunca se esvaziam totalmente.

Capacidades Pulmonares: é a soma de dois ou mais volumes pulmonares


primários. Existem cinco capacidades pulmonares que se calculam como se
segue:

1. Capacidade Inspiratória (CI): CI = VC + VRI


2. Capacidade Expiratória (CE): CE = VC + VRE
3. Capacidade Residual Funcional (CRF): CRF = VRE + VR
4. Capacidade Vital (CV): CV = VRI + VC + VRE
5. Capacidade Pulmonar Total (CPT): CPT = VRI + VC + VRE + VR

52
Os volumes e capacidades pulmonares são geralmente medidos quando se
explora o aparelho respiratório, já que os valores dos volumes e capacidades
variam com as doenças pulmonares; por exemplo a capacidade inspiratória é
normalmente 60-70% da capacidade vital.

Nesta aula será possível medir o volume corrente, o volume de reserva


inspiratória, volume de reserva expiratória; o volume residual não pode ser
medido com o espirómetro nem com o transdutor de fluxo, mas pode ser
calculado. Também é possível calcular a capacidade inspiratória, capacidade
vital e a percentagem observada da capacidade vital.

A capacidade vital estimada para homens maiores de 15 anos pode ser


calculada mediante fórmula matemática de Baldwin, Cournand e Richards, se
conhecermos a altura em centímetros e a idade:

CV (ml)=27,63 –(0,112 x Idade) x Altura(cm)

A ventilação Minuto é a quantidade total de ar novo movido para o interior das


vias para o interior das vias respiratórias a cada minuto; calcula-se multiplicando
a frequencia respiratória pelo volume corrente, em média corresponde a 6
litros/min

Também podem ser medidas as seguintes variáveis:

1. Capacidade Vital Forçada (CVF) é a quantidade máxima de ar que uma pessoa


pode expirar forçosamente depois de uma inspiração máxima.

2. Volume Expiratório Forçado (FEV) é a percentagem de CVF que uma pessoa


forçadamente expira em intervalos de 1, 2 e 3 segundos (VEF1, VEF2 e VEF3).

3. Máxima Ventilação Voluntária (MVV), é um teste de função pulmonar que troca


o volume e velocidade do fluxo para avaliar a ventilação pulmonar geral.

Requisitos
1. Sujeito de experiência e Experimentador
2. Espirómetro SPIROVIT SP - 2
3. Peça bucal descartável
4. Pinça do nariz
5. Seringa de calibração 2 litros

Calibração

1. Ligar o aparelho no botão START/STOP


2. Pressione o botão MENU e escolha a opção CALIBRATION
3. Coloque uma peça bucal no aparelho
4. Conecte a seringa de calibração ao filtro bocal
5. Tire o êmbolo da seringa de calibração completamente para fora
6. Aperte no botão ENTER
7. Introduza a temperatura ambiente e aperte ENTER para selecionar
8. Aperte em CAL, e selecione a tecla ENTER

53
9. Aparecerá no visor a mensagem “hold sensor still press START”
10. Espere 1 segundo e pressione o botão START/STOP
11. Faça o ciclo com o piston da seringa entrando e saindo completamente apenas 1
vez.
12. Aperte em START/STPO no final
13. A mensagem “calibration OK” aparecerá no visor.

Nota – Se após a calibração a mensagem “EXCESSIVE DEVIATION” aparecer no visor,


significa que o volume registado é demasiado elevado, nesse caso, verifique a
temperatura e o volume da seringa e repita a calibração.

Experiências

1. Espirometria Básica (Capacidade Vital Lenta)


Para a presente experiência determinar-se-á: o volume corrente (VC ou VT); o
volume de reserva inspiratória (VRI); o volume de reserva expiratória (VRE), a
capacidade expiratória (CE) e a capacidade inspiratória (CI).
Dados do sujeito

Nome Data de nascimento Género Altura Peso Raça

Registo de Dados

A. Pressione o botão MENU e escolha a opção PATIENT


B. Preencha os dados pessoais do sujeito de experiência (Nome, nº de indentificação,
data de nascimento, género, altura, peso, raça, se fuma ou não).
C. Insira uma peça bucal descartável no aparelho
D. Coloque uma pinça no nariz do sujeito de experiência instruído-o a respirar pela
boca
E. Apartir do MENU selecione a opção TEST e escolha SVC (slow vital capacity)
F. Aparecerá no visor a mensagem “before the measurement hold the sensor still Press
START”
G. Pressiona o botão START/STOP
H. Aparecerá no visor a seguinte mensagem “READY FOR MEASUREMENT # 4”.
I. Pressiona o botão START/STOP, para iniciar a manobra;
J. Peça ao sujeito para realizar as seguintes manobras (ver Fig. 2):
a) Respire normalmente por três ciclos;
b) Faça uma inspiração profunda seguida de uma expiração profunda e
prolongada (pelo menos 6 segs);
c) Volte a respirar normalmente
d) A manobra termina quando ouvir um ruído sonoro (beep).

54
Fig. 2 – Capacidade Vital Lenta

K. Pressione RESULT e faça a revisão de dados, registando os valores obtidos na


tabela a seguir.

Tabela 1 – Capacidade vital lenta

Volumes/Capacidades Valores medidos

CVL

VRE

VRI

VC (VT)

CI

CE

2. Capacidade Vital Forçada

Para a presente experiência determinar-se-á:

A capacidade vital forçada (CVF), volume expiratório máximo forçado no 1º


segundo (FEV1 ou VEMS), índice de Tiffeneau (relação FEV1/CVF), o fluxo
expiratório máximo (PEF) e os fluxos expiratórios forçados a 25 – 75% (FEF 25
– 75%).

55
Registo de Dados

1. Utilizando a mesma peça bucal


2. Coloque a pinça no nariz do sujeito de experiência instruído-o a respirar pela boca
3. Apartir do MENU selecione a opção TEST e escolha FVC (Forced vital capacity)
4. Aparecerá no visor a mensagem “before the measurement hold the sensor still Press
START”
5. Pressiona o botão START/STOP
6. Aparecerá no visor a seguinte mensagem “READY FOR MEASUREMENT # 4”.
7. Apenas poderá armazenar 6 medições no total (3 pré-teste e 3 pós-teste).
8. Peça ao sujeito para realizar as seguintes manobras (Fig. 3):
a) Respire normalmente fora do aparelho;
b) Faça uma inspiração profunda, pressiona em START/STOP, seguida de uma
expiração rápida e forçada (pelo menos 6 segundos).
c) Quando ouvir um ruído sonoro (beep), faça uma inspiração profunda, a manobra
termina quando ouvir o ruído sonoro (beep).

Fig. 3 – Capacidade vital forçada

9. Pressiona em RESULT e faça a revisão dos dados, registando os valores obtidos


tabela a seguir.

Tabela 2 – Capacidade Vital Forçada

Volumes/Capacidades Valores medidos Valores preditos % valores medidos / valores


(PRED) (MEAS) preditos (% PRED)
CVF
FEV1
FEV1/CVF
PEF
FEF 25%
FEF 50%
FEF 75%

56
Questionário
1. Quais são as variáveis mais utilizadas no estudo da ventilação pulmonar?

2. Explique a importância funcional da espirometria básica, e da capacidade


vital forçada.

3. Qual é a influência do género, altura e idade sobre as capacidades


pulmonares?

Bibliografia
1. American Thoracic Society; ATS. Standardization of spirometry; 1994 update. Am.
J. Respir.care med., New york, 1995.
2. Biopac Student Laboratory Manual; 2000.
3. Drumond SC; Valores de referência de parâmetros espirométricos em crianças e
adolescentes com diferentes índices de massa corporal; UFMG; 2006.
4. Fresta M et al; Textos de Apoio Guia Teorico-Prático de Fisiologia; 1986
5. Hall JE; Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica; 12ª Edição; Elsevier; 2011
6. Pflanzer; Manual spirovit; Schiller, 2003..
7. Experimental and Applied Physiology including BIOPAC Lab Experiments; 6a
Edição; McGraw-Hill; 1999
8. Rhoades RA, Tanner G; Fisiologia Médica; 2ª Edição; Guanabara Koogan; 2003

57
MOTILIDADE E SECREÇÃO NO TUBO DIGESTIVO

Objectivos

Geral

1. Explicar a fisiologia da motilidade e da secreção do tubo digestivo.

Específicos

1. Descrever a estrutura da parede do tubo digestivo.


2. Mencionar as características fisiológicas do músculo liso gastrointestinal.
3. Descrever os tipos básicos de movimentos do tubo digestivo.
4. Enunciar a lei do intestino.
5. Explicar a actividade motora dos diferentes segmentos do tubo digestivo.
6. Descrever a regulação da motilidade do tubo digestivo.
7. Descrever o papel das diferentes secreções do sistema digestivo.
8. Descrever a regulação da secreção do tubo digestivo.

Sumário

1. Introdução
2. Objectivos
3. Estrutura da parede do tubo digestivo.
4. Características fisiológicas do músculo liso gastrointestinal.
5. Tipos de movimentos do tubo digestivo
6. Actividade motora dos diferentes segmentos do tubo digestivo.
7. Regulação da motilidade do tubo digestivo.
8. Secreções do sistema digestivo.
9. Regulação da secreção do sistema digestivo.
10. Conclusões
11. Bibliografia

58
Resumo

O tubo digestivo corresponde a uma série de orgãos ocos interligados, com início
na boca e com término no ânus. O seu papel principal é fornecer nutrientes ao
organismo. As principais funções do tubo digestivo são: motilidade, secreção,
digestão, absorção e excreção.

A motilidade corresponde a actividade motora do tubo digestivo; ela garante o


trânsito alimentar. Cada segmento do tubo digestivo possui uma actividade
motora específica, porém existem movimentos básicos que são comuns aos
diferentes segmentos: os movimentos de mistura e os de propulsão. A motilidade
é regulada por factores nervosos e hormonais.

A secreção corresponde a actividade secretora do tubo digestivo e glândulas


anexas; ela garante a digestão dos alimentos e a protecção da mucosa
gastrointestinal. Cada segmento gastrointestinal possui uma secreção
específica. A secreção é regulada por factores nervosos e hormonais.

Bibliografia

1. Hall J; Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica; 12ª Edição; Elsevier; RJ; 2011
2. Barret KE, Barman SM et al; Ganong Fisiologia Médica; 23ª edição; McGraw-Hill,
2010

59
DIGESTÃO E ABSORÇÃO NO TUBO DIGESTIVO

Objectivos
Geral

1. Explicar a fisiologia da digestão e absorção de nutrientes no tubo digestivo.

Específicos

1. Descrever os tipos de nutrientes e sua importância.


2. Descrever os princípios básicos da digestão e da absorção.
3. Explicar os processos de digestão de macronutrientes.
4. Explicar os mecanismos de absorção de nutrientes.
5. Descrever o processo de formação e a composição das fezes.

Sumário
1. Nutrientes (definição; tipos e importância)
2. Princípios básicos da digestão e da absorção
3. Digestão de macronutrientes
2.1 Carbohidratos
2.2 Proteínas
2.3 Gorduras
4. Absorção de nutrientes
3.1 Macronutrientes (carbohidratos, proteínas e gorduras)
3.2 Micronutrientes e outros nutrientes (água; sais minerais; vitaminas)
5. Formação das fezes

Resumo
A manutenção do metabolismo depende do fornecimento contínuo de nutrientes
(água, micronutrientes e macronutrientes) pelo tubo digestivo. A maioria dos
macronutrientes dos alimentos não podem ser absorvidos em suas formas
naturais pela mucosa gastrointestinal e, por este motivo, devem passar por
diversos processos digestivos antes da sua utilização pelas células.

Bibliografia
1. Hall JE; Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica; 12ª Edição; Elsevier; RJ; 2011
2. Barret KE, Barman SM et al; Ganong Fisiologia Médica; 23ª edição; McGraw-Hill,
2010.

60
CLEARANCE RENAL

Objectivos

Que no final da aula, os estudantes sejam capazes de:

1. Definir a clearance renal;


2. Calcular a clearance renal de qualquer substância e interpreta-la;
3. Calcular o fluxo plasmático renal (FPR), fluxo sanguíneo renal (FSR), fracção
de excreção e reabsorção e fração de filtração (FF);
4. Relacionar a clearance renal com o funcionamento e processamento pelo
néfron

Introdução
Uma das funções dos rins, que em tempos se julgou a única, é depurar
(depuração, clearance “limpeza” renal) o sangue, ou seja, retirar dele os produtos
nocivos (escórias metabólicas, tóxicos, substâncias demasiado concentradas)
para os eliminar pela urina (excreção renal). Para além da função excretora (que
regula o volume e osmolaridade dos líquidos corporais, o equilíbrio ácido-base e
a concentração de diversas substâncias específicas) os rins produzem
eritropoietina (eritopoiese), renina (pressão arterial) e 1,25-dihidroxicolecalciferol
(metabolismo do cálcio).

Clearance Renal

A clearance renal duma substância X (simbolicamente Cx) é o volume de plasma


completamente libertado da substância X na unidade de tempo (geralmente 1
minuto). Na realidade o plasma não é habitualmente “completamente” libertado
da substância X, entendendo-se a clearance como o volume de plasma que
contém a quantidade de substância X que é eliminada na unidade de tempo.

Ex.: Se num minuto são eliminados 2 mg da substância X e a concentração da


substância X no plasma for de 1 mg/100 ml, então a clearance renal dessa
substância é de 200 ml/ mn (200 ml é a quantidade de plasma que contém 2 mg
da substância X).

Fluxo Sanguíneo Renal

Os rins são órgãos altamente vascularizados e normalmente oferecem baixa


resistência ao fluxo sanguíneo intra-renal. Recebem 25% do débito cardíaco, o
valor máximo é atingido entre 20 e 30 anos de idade, depois começa o declínio
gradual atingindo os 60% do valor máximo nos octagenários; Existem vários
factores que aumentam o FSR cronicamente, como: a gravidez pode aumentar
até 40% do normal, a remoção de um rim leva o FSR do rim remanescente
dobrar.

61
Métodos de Medida do FSR

A medida do FSR pode ou não depender da determinação do fluxo urinário; O


uso do fluxo urinário necessita a aplicação do princípio da conservação ou
principio de Fick, que se baseia na comparação da concentração da substância
no sangue arterial e venoso, no caso do rim deverá ser uma substância não
sintetizada e metabolizada;

FSR = Ux . V/Ax - Vx ou FSR = (Ux . V/Px - Vx) x (1/1-Ht)

FPRc = UPAH . V/APAH

Onde:

FSR = fluxo sanguíneo renal (ml/min)


FPRc = fluxo plasmático renal cortical
x = substância não metabolizada nem sintetizada pelo rim
Ux = concentração urinária da substância (mg/ml)
V = fluxo urinário (ml/min)
Ax = concentração da substância no sangue arterial (mg/ml)
Vx = concentração da substância no sangue venoso (mg/ml)
UPAH = concentração urinária de paraamino-hipurato
PPAH = concentração plasmática de paraamino-hipurato

Fracção de Excreção e de Reabsorção de uma Substância

A fracção de excreção (FE) corresponde a percentagem de carga filtrada que é


excretada, logo pode ser obtida pelo seguinte cálculo:

FE = (carga excretada/carga filtrada) x 100


Onde:
Carga filtrada = RFG . Px e Carga excretada = Ux . V
Fracção de reabsorção (FR) = 100 - FE
Fracção de filtração (FF): é a relação entre o ritmo ou taxa de filtração glomerular
(TFG ou RFG) e o fluxo plasmático renal (FPR);
FF = TFG/FPR

Taxa de Filtração Glomerular

A clearance renal duma substância X (Cx) é calculada pela seguinte fórmula:

Cx = ([X]u . Vu) / [X]p

Onde [X]u é a concentração da substância X na urina, Vu é o fluxo urinário e [X]p


é a concentração da substância X no plasma. A urina para determinação da
clearance é recolhida em 24 horas, mas já existem estudos que mostram

62
resultados seguros da substituição da urina colhida em 24 horas pela urina
colhida durante 12 horas (Molina et al. 2003; Silva ABT et al. 2010; Mill et al.
2012).

As concentrações são expressas por mililitro e a diurese em mililitros por minuto


(um dia tem 1440 min), assim como o clearance também é dado em ml/min. No
entanto o cálculo do clearance renal deve ser feito tendo em conta a superfície
de área corporal de cada indíviduo, pelo que faz-se o cálculo prévio da área de
superfície corporal ou a correção pela multiplicação do resultado do clearance
por 1,73m2.

Fórmula de DuBois e Dubois para o cálculo da superfície corporal:

BSA(m2) = 1 + altura(cm) –160 + peso(Kg) / 100

Clearance e Processamento pelo Néfron

Dependendo da forma em como a substância é depurada pelas células tubulares


renais, existem quatro possibilidades:

1. Se X é livremente filtrado no glómerulo mas não secretado nem reabsorvido


a nível tubular, então Cx iguala a Taxa de Filtração glomerular (GFR).
Ex.: CINULINA (um polissacárido exógeno).
2. Se X é livremente filtrado no glomérulo e secretado (mas não reabsorvido) a
nível tubular, então Cx excederá GFR (GFR + Tx).
Ex.: CPAH (ácido para-aminuhipúrico, o qual serve para medir o Fluxo
sanguíneo Renal por ser completamente secretado).
3. Se X é livremente filtrado no glomérulo e reabsorvido (mas não secretado) a
nível tubular, então Cx será inferior s GFR (GFR - Tx).
Ex.: CSÓDIO, CCLORETO, CCÁLCIO, CGLUCOSE (esta última, em condições normais,
é totalmente reabsorvida, pelo que o seu clearance será zero).

4. Se X é livremente filtrado no glomérulo e secretado e também reabsorvido a


nível tubular, então o valor de Cx dependerá da dimensão relativa daqueles
valores.
Ex.: CÁCIDO ÚRICO.

Clearance de Creatinina

Sendo a creatinina uma substância endógena (resultante da degradação da


creatina e da fosfocreatina muscular) cuja produção é relativamente estável, e
cujo processamento renal é semelhante ao da inulina, prefere-se utilizar o
CCREATININA, na prática clínica, como indicador da TFG. Na realidade a creatinina
é secretada pelos túbulos em pequena quantidade, pelo que a sua clearance
excede um pouco o da inulina (a verdadeira TFG).

63
Embora a concentração sanguínea de ureia e de creatinina sejam utilizadas na
clínica como uma primeira estimativa da função renal, a CCREATININA é um método
mais sensível e preciso.

Os valores normais são:

Variável Valor normal


[ureia]PLASMA 2,5 – 6,7 mmol/l ou 20 – 40 mg/dl
[creatinina]PLASMA 70 – 150 μmol/l ou 0,5 – 1,2 mg/dl
CCREATININA > 100 ml / mn(varia com a idade) e MG
MG – Quantidade de massa magra

O valor do ClrCr encontrado pode ser corrigido pela superfície corporal aplicando
a seguinte fórmula:

ClrCr/SC/1,73 = ClrCr*1,73/SC

onde:

ClrCr – Clearance da Creatinina; SC – Superfície Corporal;

Determinação do Fluxo Sanguíneo Renal e Fluxo Plasmático Renal (FPR)

• Os rins recebem cerca de 1,2


L/min de líquidos;
• De 5 a 10% vai para medula
renal;
 Hematócrito= 0,55
 FSR= 1,1L/ min
 TFG= 125mL/min
• FPR= hematócrito x FSR/ min
• FF= TFG/FPR

64
Valores de Referência da Clearance da Creatinina

Exercícios
Exercícios sobre o Fluxo Sanguíneo Renal e a Taxa de Filtração
Glomerular

1. Um indivíduo possuí um hematócrito (Ht) de 47%, débito urinário de 1840 ml


com as seguintes concentrações de inulina e paraamino-hipurato (PAH) em
mg% ou mg/dL

Dados Inulina PAH


Concentração plasmática arterial 10 2
Concentração urinária 500 600
Concentração plasmática venosa 8,5 0,2

a) Calcule o fluxo sanguíneo renal e a fluxo plasmático renal


b) Calcule o fluxo plasmático cortical

65
2. Em um indivíduo de 40 anos de idade sexo masculino peso 74 Kg, estatura
168cm, débito urinário de 2650 ml, foram encontradas as seguintes
concentrações das diferentes substâncias no plasma e urina:

Sibstância Plasma Urina


Inulina 10 mg/dL 600 mg/dL
Creatinina 1,2 mmol 115 mmol
Sódio 137,5 mM 85 mM
Potássio 4,2 mM 284 mM
Cálcio 2,4 mM 23 mM
Glicose 86 mg/dL 1,8 mg/dL

a) Calcule a TFG ou Clearance de cada substância;


b) Calcule a fracção de filtração, fracção de excreção e reabsorção de cada
substância;
c) Use os dados de referência na tabela e comente os resultados do clearance
da creatinina;

66
Cálculo da TFG com base na Creatinina Plasmática

Nos casos em que não existe condições para determinação da creatinina urinária
é possível estimar a função renal através do cálculo da TFG utilizando a
creatinina plasmática com aplicação da Fórmula de Cockroft & Gault;

Homem: Clearence de Creatinina = [((140-Idade) x Peso(kg)) / (Creatinina


Sérica x 72)]

Mulher: Clearence de Creatinina = [((140-Idade) x Peso(kg)) / (Creatinina Sérica


x 72)] x 0,85

Cálculo da Função Renal em Crianças e Adolescentes

Valores de Referência do Clearance da Creatinina em Lactentes

67
Exercícios sobre o Clearance Renal
1. O doente A tem

[ureia]PLASMA = 8 mmol/l - Idade: 38 anos; Sexo: Masculino

[creatinina]PLASMA = 120 μmol/l - Peso: 72 Kg; Altura: 1,67m

[creatinina]URINA = 5 mmol/l

Débito Urinário = 2500 ml/d

a) Determine a CCREATININA e comente

2. O doente B tem

[ureia]PLASMA = 8 mmol/l - Idade: 42 anos; Sexo: Masculino

[creatinina]PLASMA = 200 μmol/l - Peso: 83 Kg; Altura: 1,72m

[creatinina]URINA = 10 mmol/l

Débito Urinário = 800 ml/d

a) Determine a CCREATININA e comente.

3. O doente C tem

[ureia]PLASMA = 8 mmol/l - Idade: 29 anos; Sexo: Feminino

[creatinina]PLASMA = 145 μmol/l - Peso: 57,6 Kg; Altura: 1,63m

[creatinina]URINA = 12 mmol/l

Débito Urinário = 2500 ml/d

a) Determine a CCREATININA e comente.

4. O doente D tem

[ureia]PLASMA = 7,6 mmol/l - Idade: 85 anos; Sexo: Masculino

[creatinina]PLASMA = 200 μmol/l - Peso: 83 Kg; Altura: 1,72m

[creatinina]URINA = 10 mmol/l

Débito Urinário = 900 ml/d

a) Determine a CCREATININA e comente.

68
Bibliografia
1. Aires, MM; - Fisiologia; 4ªedição – 2012;
2. Eaton & Pooler; Fisiologia Renal de Vander, 6ª edição
3. Guyton AC & Hall JE [2006] Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Guanabara
Koogan, Rio de Janeiro. Formação de Urina pelos Rins II: Processamento Tubular
do Filtrado Glomerular cap 26.
4. Molina MCB, Mill JG; Consumo de sal e hipertensão arterial. Nutrição Brasil, 2003;
2(4):218-224.
5. J.G. Mill, A.B.T. da Silva, M.P. Baldo, M.C.B. Molina and S.L. Rodrigues; Correlation
between sodium and potassium excretion in 24- and 12-h urine samples; Braz J Med
Biol Res 2012;
6. Silva ABT, Molina MCB, Lamego SR, Pimentel EB, Baldo MP e Mill JG; Correlation
between the creatinine clearance in the urine collected during 24 hours and 12 hours;
J Bras Nefrol 2010;32(2):165-172;
7. Silva, A BT. Dissertação de Mestrado,2009. “Correlação do Clearance da
Creatinina e dos Eletrólitos medidos na urina coletada em 12 e 24 horas”.

69
REGULAÇÃO RENAL DE SÓDIO, POTÁSSIO E CÁLCIO

Objectivos

Geral

1. Explicar o papel do rim na regulação da osmolaridade do LEC e do equilíbrio


hidro-electrolítico.
Específicos

1. Descrever a osmolaridade e a composição iónica dos líquidos corporais.


2. Explicar a regulação da osmolaridade do LEC.
3. Explicar a regulação do volume de LEC.
4. Explicar a regulação da concentração de electrólitos no LEC.
5. Explicar a regulação da excreção renal de electrólitos.
6. Descrever o processamento renal de electrólitos.
7. Mencionar os efeitos fisiológicos resultantes das alterações electrolíticas.

Sumário

1. Introdução
2. Objectivos
3. Osmolaridade e Composição Iónica do LEC
4. Regulação do equilíbrio de sódio e do volume de LEC
4.1 Regulação da osmolaridade e da concentração de Na+ no LEC
4.2 Processamento renal de Na+
4.3 Regulação da excreção renal de Na+ e do volume de LEC
4.3.1Papel da natriurese e da diurese por pressão
4.3.2 Papel dos factores nervosos e hormonais
5. Regulação do equilíbrio de potássio.
5.1 Regulação da distribuição de K+ nos líquidos corporais
5.2 Processamento renal de K+
5.3 Regulação da secreção renal de K+
6. Regulação do equilíbrio de cálcio
6.1 Distribuição de Ca++ nos líquidos corporais.
6.2 Regulação da concentração de Ca++ no LEC
6.3 Processamento renal de Ca++
6.4 Regulação da excreção renal de Ca++
7. Alterações electrolíticas e seus efeitos fisiológicos
8. Conclusões
9. Bibliografia

70
Resumo

O rim é um órgão responsável pela manutenção da homeostasia. Para o efeito,


se requer uma estreita regulação da osmolaridade, do volume e composição
iónica do LEC (equilíbrio hidro-electrolítico).

A osmolaridade plasmática normal varia entre 280 a 310 mOsm/L, sendo a


concentração de sódio o seu principal determinante e o sistema osmorreceptor-
ADH e o mecanismo de sede, os principais factores de regulação.

O equilíbrio hídrico é mantido mediante a regulação da excreção renal de Na+ e


água, sendo esta, influenciada por determinados factores hemodinâmicos, como
o nível de PA (natriurese e diurese por pressão), e por factores neuro-hormonais
como o SNS, a Angiotensina II-Aldosterona, a ADH e o PNA.

O equilíbrio electrolítico resulta do ajuste entre a ingestão e a excreção. A


composição de K+ e Ca++ no LEC depende ainda do pH (equilíbrio ácido-básico),
sendo este factor, determinante na excreção renal destes iões. A regulação da
composição iónica é efectuada por factores neuro-hormonais.

Bibliografia

1. Hall JE; Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica; 12ª Edição, Elsevier, RJ, 2011
2. Barret KE, Barman SM et al; Ganong Fisiologia Médica; 23ª edição; McGraw-Hill,
2010.
.

71
FISIOLOGIA DO ESFORÇO E TEMPERATURA

Objectivos
1. Desenvolver um conhecimento geral da aplicação da Fisiologia do Exercício
às actividades físicas.

2. Analisar as principais adaptações ventilatórias, cardiorespiratórias,


hemodinâmicas e neuromusculares em diferentes situações de exercício.

3. Explicar os mecanismos de produção e perda de calor e como varia a


temperatura corporal durante o exercício físico.

Introdução
A actividade física regular é considerada desde há muito como um componente
preponderante de um estilo de vida saudável. Recentemente, esta ideia tem sido
reforçada por novas evidências científicas que associam positivamente a
actividade física regular a um vasto rol de benefícios na saúde física e mental.
Não obstante esta evidência, bem como a aceitação aparentemente
generalizada da importância da actividade física, milhões de pessoas optam por
um estilo de vida sedentário.

A Fisiologia do Esforço estuda os processos adaptativos relacionados com a


actividade física na execução de tarefas motoras em diferentes situações de
exercício. A partir do conceito de adaptação, pretende-se desenvolver no
aluno um conhecimento integrado da fisiologia humana em situações de
exercício.

A estimulação das adaptações estruturais e funcionais que aprimoram o


desempenho em tarefas específicas constitui o principal objectivo do
treinamento com exercícios. Essas adaptações tornam necessárias a adesão
aos programas minuciosamente planeados, com a atenção focalizada na
frequência e na duração das sessões de trabalho, tipo de treinamento,
velocidade, intensidade, duração e repetição da actividade, intervalos de
repouso e competição apropriada.

Os seres humanos possuem mecanismos de termorregulação bastante


eficientes, que mantém a temperatura interna constante durante sua vida. Estes
sistemas controlam a variação da temperatura para que os diferentes sistemas
orgânicos funcionam dentro de um equilíbrio

72
Requisitos
1. Sujeito de experiência
2. Cicloergometro
3. Oxímetro de pulso SpO2 com cabo de alimentação e o cabo com o sensor
4. Esfigmomanometro de coluna de mercúrio, aneroide ou oscilométrico
5. Estetoscópio clínico
6. Termómetro clínico
7. Condições ambientais favoráveis

Procedimento
1. Sujeito preparado e equipado em condições de realizar actividade física.
2. Fazer exercícios de alongamento (fexibilidade, extensibilidade ou
expansibilidade) durante dois minutos antes de sentar-se no cicloergómetro.
3. Após sentar-se no cicloergómetro, manter-se em repouso durante 5 minutos;
posteriormente colocar o sensor do oxímetro e verificar a frequência cardíaca
e a saturação de oxigénio; medir a temperatura axilar, a pressão arterial e de
seguida iniciar o exercício.
4. Os mesmos dados deverão ser avaliados no 5º minuto de exercício, no 10º
minuto e no período pós-exercício ou fase de recuperação (2º e 5º minuto
após o fim do exercício).
5. Calcular o consumo máximo de oxigénio com base no protocolo de Katch e
McArdle 1985, sendo:

Homens = VO2máx = 111,33 - 0.42 x FC ao final do teste


Mulheres = VO2máx = 65,81 - 0,1847 x FC ao final do teste
Com os resultados obtidos preencher a tabela que se segue:

Fase Linha de Durante o Exercício Após Exercício


Parâmetro Base 5 min 10 min 2 min 5 min
Pressão Arterial
(mmHg)
Freq.Respiratória
(ciclos/min)
Frequência
Cardíaca (bpm)
Saturação O2 no
sangue (%SpO2)
Temperatura
corporal (ºc)
VO2 max (l/min ou
ml/kg/min)

73
Interpretação

Limiar Anaeróbico
É o ponto onde a predominância de fornecimento de energia passa do aeróbico
para anaeróbico.

Os sedentários têm seu limiar anaeróbico por volta dos 53% do VO2 máximo.
Com os atletas de quadra é perto de 70% do VO2 máximo. Os maratonistas têm
seu limiar perto dos 85%, é por isso que é muito difícil se fazer trabalho
anaeróbico com maratonistas, a faixa aeróbica deles é muito grande. Os atletas
podem trabalhar aeróbicamente por uma faixa muito maior do que os
sedentários.

VO2 Máximo
É o volume máximo de oxigênio consumido pelo corpo por minuto de exercício
ao nível do mar. Quando mede-se a capacidade de consumo de O2, mede-se

mulheres : de 2,5 a 4,5 L/min, homens: de 3,0 a 6,0 L/min. Só como comparação,
o valor médio para um cavalo é de 600 L/min.
Os bilhões de células envolvidas no movimento precisam de O2 para a produção
de ATP, esse O2 consumido é medido para saber-se o VO2 máximo.
Para receber esse O2 e utilizá-lo, as fibras dependem basicamente de duas
coisas: um sistema externo que entregue O2 pras células, e que as mitocôndrias
façam o processo de transferência de energia. Ou seja, um bom sistema
cardiovascular e uma boa capacidade oxidativa no músculo esquelético. O fator
limitante para um alto VO2 máximo é a entrega de O2 para o músculo, se o
músculo for bem oxigenado não há problema. Como prova disso, uma melhora
na capacidade oxidativa do músculo de 30% aumenta em apenas de 15 a 25%
o VO2 máx.. As características do músculo não são o fator principal do VO 2
máximo, mas sim o volume bombeado de sangue.

Temperatura e o Exercício Físico


Quando o indivíduo encontra-se na prática de actividade física ocorre um aumento
no metabolismo interno dos tecidos, já que a ação do movimento proporciona maior
consumo de oxigênio, aumento do metabolismo celular e proporcionalmente a
temperatura interna. O exercício vai aumentar as demandas do sistema
cardiovascular, além de aumentar o consumo de glicogênio pelos músculos
estriados esqueléticos.

Todas essas alterações se tornam mais elevadas quando o exercício é realizado em


ambiente quente. Neste caso, ocorrem respostas fisiológicas a actividade física no
calor. Quando o indivíduo necessita de regulação da sua temperatura na prática de
exercícios em ambiente quente, o sistema circulatório transporta o calor produzido

74
nos músculos para a superfície da pele onde ele pode ser transferido para o meio
ambiente. No entanto, ocorre uma disputa de sangue pelos músculos ativos e pela
pele.

Os músculos necessitam de sangue e oxigênio para manter a sua actividade e


a pele necessita de sangue para facilitar a perda de calor como mecanismo de
termorregulação. Quando o sangue é direcionado para a pele ocorre o aumento
da actividade das glândulas sudoríparas com o aumento da perda de calor.

Pressão Arterial (PA)


Durante o exercício é normal que a pressão arterial sistólica (PAS) aumente
provavelmente devido a capacidade inotropica e cronotrópica (componente
simpático) e a diastólica pode até baixar. Após uma vasodilatação causada por
exercício aeróbico, a pressão pode cair por 4 ou 5 horas.

Questionário
1. Qual é a importâncias dos exercícios de alongamento?
2. Que factores poderiam explicar as diferenças individuais na responsividade
de um grupo de indivíduos submetidos ao mesmo programa de treinamente
com exercícios?
3. De que maneira específica o treinamento com exercícios anaeróbicos
poderia aprimorar o desempenho na actividade física explosiva?

Bibliografia
1. Hall JE; Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica; 12ª Edição; Elsevier; 2011
2. McArdle WD; Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano;
Guanabara Koogan; 2003
3. Putman CT, Jones NL et al; Effects of short-term submaximal training in humans on
muscle metabolism in exercise; Am. J. Physiol. 275 (38): E132-E139; 1998
4. Rogatto GP; Metabolic profile during physical exercise: influence of effort intensity
and duration on the utilization of energetic substrates; Revista Digital - Buenos Aires
- Año 8 - N° 54 - Novembro de 2002

75
SUMÁRIO (Conteúdo Temático)

1. Imunidade Adquirida
2. Tipificação Sanguínea
3. Registo do ECG
4. Interpretação do ECG
5. Pulso e Auscultação Cardíaca
6. Medição Clínica da Pressão Arterial
7. Auscultação Pulmonar e Oximetria de Pulso
8. Espirometria
9. Motilidade e Secreção no Tubo Digestivo
10. Digestão e Absorção no Tubo Digestivo
11. Clearance Renal
12. Regulação Renal de Sódio, Potássio e Cálcio
13. Fisiologia do Esforço e Temperatura

ESTRUTURA DO PROTOCOLO DE AULA PRÁCTICA


1. Objectivos
2. Introdução
3. Requisitos
4. Procedimento
5. Interpretação
6. Questionário
7. Bibliografia

ESTRUTURA DO GUIA DE SEMINÁRIO


1. Objectivos
2. Sumário
3. Resumo
4. Bibliografia

ESTRUTURA DO “CADERNO DE SEMINÁRIO”


(…a ser elaborado pelos estudantes…)
1. Introdução
2. Objectivos
3. Revisão Bibliográfica
4. Conclusões
5. Bibliografia

76
77

Você também pode gostar